segunda-feira, 12 de abril de 2021

CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Ética e governabilidade devem caminhar juntas, buscando uma sociedade politicamente aberta, soberana, de economia forte e socialmente justa. Estas questões estão também associadas ao fenômeno da globalização, que é importante, porém sem explorados e exploradores, sem discriminação, vinculada a um debate amplo sobre tecnologia, pobreza, crescimento, meio ambiente e políticas sociais. A globalização deve ser analisada mais como um processo político e cultural do que econômico. A política é mutável ou dinâmica, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política e a moral dentro de bases éticas que respeitem a liberdade, a democracia, a estrutura legal e a justiça social. Ademais, ressalte-se, alcançaremos a verdadeira governabilidade mediante o atendimento das reais necessidades e carências do povo e não fazendo concessões e acordos que possam prejudicá-lo, objetivando a manutenção do poder. Buscar um mandato eletivo ou exercer uma atividade pública significa muita responsabilidade ética, moral e também social. Como disse François Maurice: “O ideal democrático ensina como um povo livre pode tomar-se forte e um povo forte permanecer justo”. Por outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores políticos, administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da justiça e da liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. O objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação dos espaços de poder. O embate e os jogos dos contrários constituem a essência dos sistemas democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem como evitando-se corrupção, emboscadas e conluios. É claro que a situação socioeconômica, notadamente nos países emergentes, incluindo-se o Brasil, ainda é muito grave, porém a desejada independência dos poderes constituídos, a liberdade de imprensa, a autoestima e a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, são pontos básicos para a consolidação da democracia e, em consequência, a certeza de uma melhor qualidade de vida.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 26/3/2021.


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