sexta-feira, 2 de abril de 2021

O PICO DA SEGUNDA ONDA DA COVID-19 CHEGOU?

Por Thereza Maria Magalhães Moreira (*)

Algo trivial na primeira e segunda ondas foi a ansiedade dos cearenses sobre a chegada ou não ao pico da curva da Covid-19. Como se sabe, o número de infectados no tempo é representado por uma curva em sino, na qual a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 aumenta inicialmente de forma linear e depois exponencialmente, seguindo padrão matemático (função com expoente maior que zero e diferente de 1), que cresce rapidamente.

A curva epidêmica tem três fases: 1) Crescimento exponencial (subida da curva, aumento de casos novos); 2) Saturação ou platô da curva (não confundir com pico, ponto mais alto do platô); 3) Decaimento exponencial (mais recuperados que novos infectados).

Assim, quanto mais casos novos no menor tempo, mais exponencial a transmissão, mais contaminados e mais mortes.

Existem modelos estatísticos que estimam data do pico, mas essa não é imutável, pois a transmissão da Covid-19 sofre influência das ações realizadas para conter sua curva.

Estatisticamente, é provado que o isolamento social horizontal é a ação que mais fortemente segura o número de casos e óbitos, pois quebra a cadeia de transmissão da doença. Usar máscaras adequadas e manter distanciamento social também é efetivo, mas não com a mesma força.

Considerando, porém, a carência e a necessidade de trabalhar do cearense, necessário é que o isolamento social seja decretado um ciclo ou mais da doença antes do platô, como no atual momento.

Então, não atingimos o pico ainda, mantemos transmissão acelerada e estamos em direção ao platô, mas ainda longe de descer a curva, que acelerará com aumento dos vacinados.

A população deve entender que, se o Ceará não parasse há 15 dias e ampliasse leitos de enfermaria e UTI Covid-19, já viveríamos o caos sofrido por Manaus.

A atual situação sanitária e econômica é difícil, mas as medidas tomadas pouparam e poupam da morte várias pessoas todo dia e é bom lembrar que fantasmas não trabalham, não compram nem pagam impostos. Assim, guardar vidas é meta precípua.

E como findar a Covid-19? Vacina é a solução! Elas custam menos e valem mais, pois são solução definitiva e coletiva. Então, aos que pedem abertura do comércio e escolas, sugiro contribuir com o Ceará na compra de vacinas e logo poderemos respirar aliviados.

(*) Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/4/2021. Opinião. p.29.

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