domingo, 11 de abril de 2021

A CRUZ DE FERRO E O VASCO

A major enfermeira reformada Elza Cansanção Medeiros, carioca, mas filha de alagoanos, fez parte do grupo de 73 enfermeiras brasileiras que foram à Itália, na II Guerra Mundial. Ela foi a primeira enfermeira voluntária da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e uma das cinco primeiras a desembarcar, em agosto de 1944, no teatro de operações da Itália.

Em 1987, a major Elza, detentora de quase quarenta condecorações, publicou as suas memórias da FEB, intitulando-as de “E assim a cobra fumou.” Em suas várias entrevistas e narrativas, a major Elza Cansanção relatou uma das passagens mais curiosas do período em que esteve em solo europeu, durante a II Grande Guerra, a seguir reportada:

"Certa vez, um nordestino foi servir de isca, para descobrir onde estavam os alemães. Todo mundo voltou do combate e nada de ele chegar. Até que, mais tarde, o soldado apareceu com um alemão levando um fuzil à sua frente. Todo mundo ficou doido, os superiores começaram a gritar que tinha um alemão armado, e o nordestino acalmou todo mundo:

Ele não está armado, não. Eu o desarmei. Esse aí é o meu fuzil, que mandei ele carregar porque eu estava cansado.

Para completar, contou que quase matou o alemão.

Quando eu ia enfiar a peixeira nele, vi que o cabra é do meu time.

Ninguém entendeu nada, então ele apontou a Cruz de Ferro no peito do alemão e concluiu:

Vocês não estão vendo que ele é Vasco?”

Nota 1: Por oportuno, convém esclarecer o clube de futebol carioca Vasco da Gama tem por símbolo a Cruz de Portugal, que é muito parecida com a Cruz de Malta, daí ser chamado, equivocadamente, de o clube da cruz maltina, uma vez que as caravelas usadas por esse navegador lusitano ostentavam a Cruz de Portugal em suas velas, sendo comumente confundida com a de Malta. Uma das condecorações conferidas pelos germânicos aos seus soldados por atos de bravura era a Cruz de Ferro (Eiserne Kreuz), cujo formato era o mesmo da Cruz de Malta.

Nota 2: Baseado no símbolo das Cruzadas, a Cruz de Malta é representada por uma cruz de oito pontas, sendo que quatro pontas apontam para o centro e oito pontas são externas, formando quatro braços simétricos que partem do centro e se juntam em suas bases. Vale lembrar que seu significado principal advém de suas oito pontas, que representam as forças centrípetas do espírito e simbolizam a regeneração da alma.

A Cruz de Portugal é também chamada de Cruz da Ordem de Cristo, ou ainda de Ordem dos Cavaleiros de Cristo. A Cruz de Portugal tem os braços verticais e horizontais proporcionais, formando um quadrado e é vermelha. A Cruz de Portugal foi bastante utilizada durante as cruzadas. A Cruz de Portugal é um símbolo nacional e está relacionada, em sua origem, ao cristianismo e à era das expedições marítimas e dos descobrimentos.

A Cruz de Portugal também está presente como símbolo do clube de futebol brasileiro Vasco da Gama. A Cruz de Portugal também está visível na bandeira e em equipamentos de vários times portugueses. É muito comum a Cruz de Portugal ser confundida com a Cruz de Malta, mas enquanto a Cruz de Malta possui pontas nas extremidades, formando ângulos estrelados, a Cruz de Portugal possui as extremidades quadradas.

http://www.dicionariodesimbolos.com.br/cruz-malta/

Nota 3: A Cruz de Ferro foi, originalmente, uma condecoração militar do Reino da Prússia, e, posteriormente, do Império Alemão, do Terceiro Reich e da atual Alemanha, instituída pelo rei Frederico Guilherme III e concedida pela primeira vez, em 1813 em Breslau. Foi a grande honraria militar, instituída nas Guerras Napoleônicas, reinstituída do Império Alemão, sendo entregue em guerras importantes, como na Guerra Franco-Prussiana e na Primeira Guerra Mundial. Só voltou a ser usada na Segunda Guerra Mundial, sob o Terceiro Reich alemão. A cruz de ferro não é atribuída desde maio de 1945, sendo uma condecoração exclusiva de tempos de guerra.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_de_Ferro

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Ex-Presidente da Sobrames-Ceará

* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ombro, arma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2018. 112p. p.67-68.


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