domingo, 21 de janeiro de 2024

DEUS QUER SER AMADO, NÃO TEMIDO!

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Este é o momento de preparação para mais um Natal. É tempo de contemplar o rosto humano de Deus. O Nascimento do Senhor é um evento rico em significado e nos traz múltiplas mensagens. O ponto central desse mistério de amor é o encontro e a identificação do Divino e do humano, do Criador e da criatura, que se encontraram e identificaram-se intimamente na pessoa de Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado, para unir de novo o que o pecado havia dividido; para restabelecer a relação que o mal havia rompido.

No momento em que o Verbo de Deus assume um rosto, todo ser humano chega à plenitude de sua realização. A "descida" de Deus até a humanidade em Belém é o que possibilita a "subida" da humanidade até Deus. No nascimento de Jesus é revelada a grandeza, a dignidade, o mistério inesgotável do ser humano; sendo frágil e finito, todo homem tem acesso ao Infinito, entra em comunhão com o Infinito, recebe uma dignidade infinita. "O Natal é Deus dizendo que divino, na realidade, é o humano. " (Rubem Alves).

Desejando o nosso Amor, Deus assumiu nossa humanidade até as últimas consequências. Quis conquistar-nos pelo afeto. Manifesta-se como criança pequena e sonolenta, necessitada de colo de mãe, diante do espanto do pai. É a fragilidade de uma criança que aviva em nós o assombro. Somos convidados a contemplar o menino na manjedoura com um sentimento de admiração e com imenso afeto, como pedia Santo Inácio. Deus quer tocar o nosso coração, despertar a nossa ternura, invocando nossa capacidade de amar. De fato, os desígnios do amor de Deus são obscuros e confusos para os que se julgam sábios e incompreensíveis para as pessoas "sérias". Isso porque todas as obras de Deus são vertiginosas e nos causam espanto, admiração, encantamento. Deus pede que o amemos. Deus quer ser amado, não temido!

Para conhecer a realidade e a verdade do Nascimento de Jesus, precisamos de um olhar novo e de um coração novo. É necessário despertar a sensibilidade escondida, velada pelo ativismo e pelo ritmo estressante de nossa vida. Natal precisa de calma, silencio e pausa. Precisamos treinar nosso olhar e nossa inteligência de maneira a não deixar fugir os sinais da Salvação de Deus a acontecer no meio de nós.

Assim ao saborear o Amor do Eterno que se faz Terno, brota em nosso coração o compromisso de comunicar ao mundo, Aquele que se comunicou a nós, revestido da nossa fragilidade. Ele nos ensinou a Amar e a descobrir o Deus que nasce em todas as coisas, e todas as coisas renascem n´Ele. Ele é nossa esperança!

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 30/12/2023. Opinião. p.28.


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