Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Assisto com cautela
geriátrica às campanhas públicas, como sempre, pirotécnicas, mormente se o
assunto tratado for de tema sexual, violência e envolvendo os jovens.
Viralizam. Aquelas notícias sobre benesses e malefícios da tal Bolsa família,
também, desde que implantada, passou a ser imexível. Proferem os denominados
cientistas políticos ser ela o mais potente cabo eleitoral brasileiro.
Varando da obstinação psicótica
(não referente a indivíduos portadores de psicose e mais como ideia fixa),
surge construída a cortina noticiosa da corrupção envolvendo as mais diferentes
plataformas difusoras; arrisco-me, como solitário contributo de médico, a
mencionar as consequências da gestação em adolescentes ou, dito de maneira
distinta: uma criança desenvolvendo outra em seu interior.
Assim, se a corrupção passou
a ser o bode expiatório das mazelas nacionais, e ela preexistia na formação da
nação brasileira, acrescento mais esta:
Para mim a crise atual não
passa de mais um episódio banal(?), corriqueiro que tomou rumos diversos das
tradicionais revoluções latino-americanas. E espero que assim continue.
Advirto, pois o País se
encontra dividido, e os grupos se digladiam em adjetivismos explosivos que nada
de positivo podem trazer. Mexer agora com eleições precoces, soluções e medidas
conjunturais é tornar muito pior o que acontece. Após escritos esses avisos
introdutório-filosóficos, acudo-me no bardo inglês William Shakespeare (1564-1616)
quando afirma: O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém.
E, no caso nosso, digo: “Poderosos
que jamais foram trocados não vão dar certo, seja reforma trabalhista ou
previdenciária, sem antes advir a reforma política”.
Peço, por favor, não me
respondam com números a este incentivo ao aumento populacional para com o
título deste artigo. O que temo ao abordar tais assuntos é envolver a Ciência
da Estatística deficiente e erros de coletas, criando mais um diagnóstico de situação,
apenas numérico, que serve exclusivamente como alavanca ao empoderamento
político-ideológico, seguido dos belos discursos, retóricos e infinitos.
Os números, nunca esquecer,
prestam-se à interpretação que convém ao poder. A minha pergunta direta é: -
Com a complementação da ajuda (Programa Bolsa Família P.B.F.), aumentada para
gestantes, e que se prolonga por seis ou mais meses, o tempo do incentivo à
amamentação não estaria ajudando o avanço do número de gestações nas jovens?
Jovens que, com a gravidez, passam a ter direito a candidatar-se ao P.B.F.,
acrescentando às suas ínfimas benesses mais um valor agregado à tal agora
contaminada Bolsa Gestação?
Em termos de sociedade (de um
país), a adição de um valor aos produtos se dá quando há remuneração de fatores
de produção. Com o programa Bolsa família não se produz coisa alguma, é sim
obra caridosa, que gera o aumento do número das gestações nas adolescentes
indigentes (como era denominado o doente pobre que não podia pagar o ato médico
e era socorrido pelas Santas Casas da Misericórdia). Isto acende a luzinha de
meu acautelar geriátrico: Não estamos aumentando a população da Miséria?
Cuidado com mais essa pseudoajuda. De nada vale ajudar os fracos e depois não
ampará-los.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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