Por Luiz Gonzaga Fonseca
Mota (*)
Nessas poucas linhas,
dentro do possível, tentaremos mostrar a riqueza sentimental de um poeta. O que
ele (a) pensa e sente procura escrever com espontaneidade e liberdade, ora
relatando um fato real, mas na maioria das vezes usando a fértil imaginação.
Senciência é a capacidade de ser feliz ou sofrer, ou seja, envolve o amor e a
dor. Esses dois sentimentos representam as inquietações da vida. Com certeza, a
bela tristeza ou a triste beleza. Álvaro de Campos e Alberto Caeiro
(heterônimos de Fernando Pessoa) disseram, cada em 4 versos, respectivamente: “Não sou nada. /Nunca serei nada, /não posso ser nada. /À
parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. – “Eu queria ter o tempo e o
sossego suficientes /Para não pensar em coisa nenhuma, /Para nem me sentir
viver, /Para só saber de mim nos olhos dos outros, refletido”. Quanta sensibilidade poética! Por sua vez, a primeira
estrofe da poesia “Motivo” de Cecília Meireles, apresenta versos com palavras
vindas do coração: “Eu canto porque o
instante existe /e a minha vida está completa. /Não sou alegre nem sou triste:
/sou poeta”. Extrema beleza! Ademais, eis um
lindo pensamento de Clarice Lispector: “O
que é preciso é não ir demais contra a onda. A gente faz como quando toma banho
de mar: procura subir e descer com a onda. Isso é uma forma de lutar: esperar,
ter paciência, perdoar, amar os outros. E cada dia aperfeiçoar o dia. Tudo isso
está parecendo idiota... Mas até que não é”.
Acreditamos ser o poeta e o filósofo figuras bastante parecidas, pois ambos
buscam entender a vida. A vida como alternância entre: a religião e a ciência,
o ser e o não ser, o eterno e o efêmero, o começo e o fim, etc. No entanto, a
harmonização da fé e da razão, manifestações complementares, nos leva a um
estado mental positivo, mostrando a importância do viver; aliás, do saber
viver.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 6/12/2019.
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