Lauro
Chaves Neto (*)
enhum país ou território consegue se tornar desenvolvido
sem reduzir as desigualdades extremas existentes no seio da sociedade.
Socialmente ela assola a dignidade e as aspirações dos excluídos,
economicamente ela limita tanto o mercado consumidor como o mercado de
trabalho.
A saída da recessão, mesmo com o
crescimento reduzido e lento, retirou 1 milhão de brasileiros da pobreza
extrema em 2018. Contudo, segundo o IBGE, ainda existiam 13,5 milhões de
pessoas nessa situação. Ressalte-se que a métrica usada foi a do Banco Mundial
que considera em pobreza extrema aqueles que vivem com até US$1,90 por dia, por
outro lado são considerados pobres os que vivem com menos de US$5,50 diários, o
que contempla 52,5 milhões em nosso país.
Expandindo a análise pontual sobre
a desigualdade no Brasil, para a série histórica desde 1926, o livro "Uma História da Desigualdade" do Ipea, aponta a necessidade de olhar para o
topo: uma parcela significativa da renda está concentrada no andar de cima.
Reduzir a pobreza e,
principalmente, a extrema pobreza, foram êxitos conseguidos no Mundo e no
Brasil pós-Real, principalmente nos 16 anos de FHC e Lula; porém obter sucesso
na redução da Desigualdade é tarefa bem mais complexa. A desigualdade
brasileira caiu nos períodos democráticos, de 1945 a 1964 e, em menor
proporção, na fase atual, ao passo que cresceu tanto no Estado Novo quanto no
Regime Militar.
O Prêmio Nobel de Economia James
Heckman coloca o foco na educação e na distribuição de habilidades para se
obter sucesso na redução das desigualdades e não na redistribuição de renda. A
desigualdade só cai, radicalmente, com grandes choques externos e marcos
históricos, essa hipótese é conhecida como Jencks-Piketty.
A redução da desigualdade deve ser
uma prioridade das políticas públicas dentro de uma normalidade institucional,
que incentive os valores democráticos, só assim o Brasil poderá resgatar essa
injustiça histórica.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 18/11/19. Opinião. p.20.
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