quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A DESIGUALDADE QUE ENVERGONHA


Lauro Chaves Neto (*)
Nenhum país ou território consegue se tornar desenvolvido sem reduzir as desigualdades extremas existentes no seio da sociedade. Socialmente ela assola a dignidade e as aspirações dos excluídos, economicamente ela limita tanto o mercado consumidor como o mercado de trabalho.
A saída da recessão, mesmo com o crescimento reduzido e lento, retirou 1 milhão de brasileiros da pobreza extrema em 2018. Contudo, segundo o IBGE, ainda existiam 13,5 milhões de pessoas nessa situação. Ressalte-se que a métrica usada foi a do Banco Mundial que considera em pobreza extrema aqueles que vivem com até US$1,90 por dia, por outro lado são considerados pobres os que vivem com menos de US$5,50 diários, o que contempla 52,5 milhões em nosso país.
Expandindo a análise pontual sobre a desigualdade no Brasil, para a série histórica desde 1926, o livro "Uma História da Desigualdade" do Ipea, aponta a necessidade de olhar para o topo: uma parcela significativa da renda está concentrada no andar de cima.
Reduzir a pobreza e, principalmente, a extrema pobreza, foram êxitos conseguidos no Mundo e no Brasil pós-Real, principalmente nos 16 anos de FHC e Lula; porém obter sucesso na redução da Desigualdade é tarefa bem mais complexa. A desigualdade brasileira caiu nos períodos democráticos, de 1945 a 1964 e, em menor proporção, na fase atual, ao passo que cresceu tanto no Estado Novo quanto no Regime Militar.
O Prêmio Nobel de Economia James Heckman coloca o foco na educação e na distribuição de habilidades para se obter sucesso na redução das desigualdades e não na redistribuição de renda. A desigualdade só cai, radicalmente, com grandes choques externos e marcos históricos, essa hipótese é conhecida como Jencks-Piketty.
A redução da desigualdade deve ser uma prioridade das políticas públicas dentro de uma normalidade institucional, que incentive os valores democráticos, só assim o Brasil poderá resgatar essa injustiça histórica.
(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 18/11/19. Opinião. p.20.

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