Dom José Tupinambá da Frota controlou a
Igreja Católica em Sobral, durante cerca de cinquenta anos, primeiro como
vigário geral da diocese depois como seu primeiro bispo, preservando os fiéis
das tentações da maçonaria, do espiritismo, do comunismo e das alegrias do
sexo, disputando ainda a liderança política da cidade com o eterno rival, o
juiz e industrial Jose Saboya de Albuquerque.
O bispo que, em determinada época,
chegou a se assinar Bispo Conde de Sobral, não deixou marca apenas de grande
realizador de obras materiais na cidade, mais importantes que todas as outras
de responsabilidade de líderes políticos locais, foi também o antístite,
apegado às honrarias e às insígnias do posto, às exigências da liturgia e às
imposições da hierarquia.
Ele gostava de se trajar, com vestes de
bispo, cheio de arminhos, levando, ao tórax, cruz pastoral de ouro e à mão
báculo dourado, indicações de sua importância e da reverência que sua posição
exigia.
Ajoelha, cabra
Dom José exigia muito respeito às
formalidades. Quando em visita à Secretaria do Interior e Justiça, ainda sob a
ditadura, D. José foi cumprimentado com um aperto de mão pelo porteiro ou
contínuo Fialho. Não gostou e, empurrando-o levemente, ordenou: “Ajoelha,
cabra”. É que, naquele tempo, a gente se ajoelhava para beijar a mão do bispo.
E D. José não dispensava tal tipo de homenagem.
A um bispo não se chama
Certa vez, depois de despachar no Banco
de Crédito Popular com seu dirigente, saiu apressado. Seu presidente, José
Modesto Ferreira Gomes, um dos esteios da religião, construtor da Igreja do
Sumaré, lembrou-se de que ainda havia um assunto pendente, dependendo de sua
decisão. Elevou então a voz para deter o antístite, que ia apressado. “A um
bispo não se chama”, disse ele, repreendendo José Modesto Ferreira Gomes, que o
chamara em vão, quando conseguiu alcançá-lo. É que o bispo continuou andando,
como se não o estivesse ouvindo, mesmo depois de ele haver alteado a voz.
O padre Tibúrcio Gonçalves de Paula, que
morou em sua companhia do “palácio do bispo” testemunhou cena que bem define
sua preocupação com a hierarquia:
Certa feita, um sertanejo assim o
abordou:
“Senhor bispo!”
“Suba mais”
“Vossa Reverendíssima”
“Suba mais”, ordenou dom José.
“Vossa Excelência Reverendíssima”
O antístite ficou, enfim, satisfeito:
“Assim é que se trata um bispo
Magister dixit
Dom José foi, desde cedo, admirado como
aluno exemplar seja na Bahia seja no Vaticano onde se doutorou e como homem de
cultura privilegiada, exaltada pelos colegas de episcopado. Por isso, gostava
do “magister dixit” e não admitia contestação. O único sacerdote que dele
discordava, e isto na presença dos outros, e por isso merecia seu respeito não
sua estima, era Expedito Lopes que foi assassinado, depois, como bispo de
Garanhuns por sacerdote de sua diocese pouco ligado no voto de castidade que
jurava e no celibato que não respeitava. Basta ver como ambos de comportam em
discussão sobre determinado dispositivo do Direito Canônico.
Fonte: Blog Sobral na História.
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