terça-feira, 7 de abril de 2020

A FRATERNIDADE É SAMARITANA!


Por Pe. Patriky Samuel Batista (*)
O tempo quaresmal nos oferece uma oportunidade singular de conversão que tem como pressuposto o amor. Iluminados pela Palavra de Deus, fortalecidos pelos sacramentos e irmanados na vida comunitária percorremos um caminho de oração, partilha, intimidade e solidariedade fraterna. Um verdadeiro retiro espiritual que nos prepara para a Páscoa do Senhor oferecendo a Ele o melhor de nós: uma vida reconciliada e pacificada no amor.
Há mais de cinco décadas, a Campanha da Fraternidade apresenta-se como um modo de viver o período quaresmal na Igreja no Brasil prestando atenção uns aos outros e nos comprometendo com a edificação do amor que faz nascer as boas obras da fé. Em 2020, avançamos nesse caminho inspirados pelo tema: "Fraternidade e vida: dom e compromisso".
A vida é dom de Deus que devemos cultivar e também um compromisso que devemos assumir. Desde a concepção e passando por todas as etapas de existência, a vida deve ser promovida e protegida, buscando sempre o horizonte da eternidade sem tirar os pés do chão e ofertando coração fraterno ao irmão. E como trilhar esse caminho? Agindo como bom samaritano. Ele é a grande inspiração e modelo para vivermos a quaresma deste ano.
Na parábola do Samaritano, descobrimos que o meu próximo é aquele de quem eu me aproximo para cuidar, com amor e ternura, independente de quem seja a pessoa e em quais condições ela se encontra. Reconhecer o próximo é romper com a indiferença. É ter a capacidade de interromper a própria rotina para se fazer próximo com atitudes concretas. Amar com gestos, decisões, agilidade, presença e carinho.
Eis o belo caminho de conversão que temos pela frente: um coração interpelado pela Palavra que converte e convoca a traduzir em atitudes os bons sentimentos que brotam da fé, são alimentados pela vida de comunidade e nutridos pelos sacramentos da Igreja. Com olhos fixos em Jesus, a Campanha da Fraternidade 2020 nos convoca a romper com toda e qualquer atitude de indiferença, vencendo o pecado pela graça redentora que nos envia como missionários da vida plena para todos, sobretudo os mais pobres e excluídos, vítimas de uma sociedade marcada profundamente pelos traços de Caim.
Olhando ao nosso redor, percebemos cada vez mais que a vida se encontra ameaçada e um sinal claro de tal ameaça é o modo de vida da sociedade marcado pela indiferença.
Uma sociedade de Caim que traz situações, atitudes e estruturas que se alimentam da indiferença e nutrem o ódio e a aversão.
Que propaga e enaltece a cultura do descarte, da morte revelada em ações injustas e desumanas.
Que a Campanha da Fraternidade nos ajude a ver com os olhos de Deus a realidade que está ao nosso lado. Ver direcionando o nosso olhar para aquele a quem chamamos de irmão e devemos tratá-lo como tal. Que a fé nos ajude a julgar segundo os critérios da compaixão e da justiça condicionados pelo amor a fim de que sejamos promotores de uma nova sociedade na qual a globalização da ternura e do cuidado sejam reais e que comece em nós, em nossos corações convertidos, as mudanças que esperamos no mundo.
Que Santa Dulce dos Pobres interceda a Deus por nós a fim de que vivamos a fé cristã com o compromisso de ver, compadecer e cuidar, pois, a fraternidade é samaritana! 
(*) Secretário Executivo para Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Fonte: O Povo, 27 de fevereiro de 2020. Opinião. p.17.

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