domingo, 5 de abril de 2020

PÓS-MODERNIDADE E INTERIORIDADE


Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)
A pós-modernidade desafia a Igreja a fazer inteligível a mensagem de Jesus. Jesus Cristo é modelo para todas as épocas e culturas. Como atualizar sua mensagem aos jovens? Primeiro é conhecer a realidade destas juventudes. O jovem está inserido numa época com novas denominações: "era da globalização"; "era da informação"; "sociedade do espetáculo", "era da incerteza"; entre outras. Geração denominada de Homo Zappiens, nativos digitais, com o controle da informação; utilizam linguagem própria; integram diferentes redes sociais, com amigos virtuais. Mergulhados no ciberespaço, com dezenas de amigos, encontram-se solitários. Nunca tivemos uma geração tão abastada e, tão só, ansiosa, com medos e complexos emocionais, em desamparo e incompletude. Curtem seus "conhecidos virtuais", mas não o diálogo com os mais próximos. Dialogam com os de fora, e silenciam com os de dentro, gerando vazio e poucas relações familiares. O excesso de uso das mídias digitais tem aumentado a infelicidade a níveis absurdos. Uma geração em "tempos líquidos", frágil, sem raízes e asas.
É importante observar as possibilidades de transformação desse cenário. É possível? Acreditamos, que sim, construindo pressupostos que podem servir de suporte para a transformação da vida dessa geração. O que posso fazer para que os jovens tenham dias felizes e saudáveis numa sociedade que cresce ansiosa e depressiva?
Numa perspectiva inaciana o enfoque está na construção do projeto de felicidade, que dá sentido a própria vida, educando no autoconhecimento, no saber e competências relacionais. Uma evangelização que englobe corpo, pensamento, sentimentos e movimentos interiores. A interioridade não se reduz a um intimismo, mas abre à relação com o outro, despertando solidariedade e partilha.
Uma formação de jovens conscientes, competentes, compassivos e comprometidos, para e com os outros. Jovem que desenvolve sua liberdade para viver e decidir com responsabilidade. Comprometido com a transformação da humanidade e com o cuidado da "casa comum". Quando estas atitudes interagem formamos "profetas do sentido", isto é, profetas da vida, de Deus, da felicidade.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, 8 de fevereiro de 2020. Opinião. p.14.

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