terça-feira, 7 de abril de 2020

FIQUE EM CASA


Por Weiber Xavier (*)
Diante da dramática situação da pandemia de Covid-19 em países europeus como a Itália, onde a alta taxa de transmissão levou o serviço de saúde a uma situação grave de superlotação, sabe-se desde a epidemia de influenza de 1918 onde cidades americanas que implementaram controles rigorosos, incluindo o fechamento de escolas, a proibição de reuniões públicas e outras formas de isolamento ou quarentena, retardaram o curso da epidemia e reduziram a mortalidade total.
Na realidade brasileira precária de saneamento público, entre outros desafios, o nosso já sobrecarregado sistema de saúde terá dificuldade semelhante em absorver os casos graves de Covid-19, caso eles se acentuem, diante da escassez de leitos, insumos e, particularmente, profissionais de saúde com treinamento adequado no cuidado do doente crítico.
Os dados italianos revelam que a proporção de admissões em UTI representa 12% dos casos totais positivos e 16% de todos os pacientes hospitalizados. Os pacientes mais vulneráveis, idosos e com doenças crônicas, que precisem de suporte ventilatório e cuidados de UTI caso medidas mais drásticas não sejam tomadas, terão um crescimento exponencial que o nosso sistema de saúde terá dificuldade em suportar. Nossas UTIs já estão ocupadas de doentes graves e será difícil disponibilizar leitos extras de forma tão rápida e em número tão elevado. Todos somos susceptíveis e podemos já estar transmitindo sem saber, em estudo recente a revista Science demonstrou que aproximadamente 86% de todas as infecções pelo Covid-19 ocorreram em pessoas com pouco ou nenhum sintoma.
Não existe ainda tratamento específico e as perspectivas de vacina, embora promissoras, deverão estar disponíveis possivelmente em 12 meses. Temos que nos preparar diante dessa situação de gravidade, portanto, higiene e as medidas fortes de contenção social, retardando e evitando a sobrecarga em nosso já frágil sistema de saúde são uma resposta que irá diminuir a transmissibilidade e poderá salvar vidas. Portanto, fique em casa!
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/3/2020. Opinião. p.14.

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