Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Em diversos momentos, neste espaço e em
outras oportunidades, vimos falando sobre a questão crucial de termos novamente
a Santa Casa em pleno funcionamento, por tudo aquilo que ela representa para a
sociedade cearense, desde o longínquo 1854, quando foram iniciadas as
tratativas para a sua criação, concretizada em 14.03.1861, com sua instalação.
Durante esses anos, a Santa Casa funcionou
como Maternidade, administrou uma Funerária e continua contando com o Hospital
da Santa Casa, o Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo, a gestão do
Cemitério São João Batista e a Clínica Eduardo Salgado.
A crise atual, agravada durante a pandemia,
é mais uma das muitas que as filantrópicas, via de regra, padecem por conta do
subfinanciamento das atividades clínicas e cirúrgicas sob a Tabela SUS, com
mais de 20 anos de defasagem.
As formas de solucionar o problema já foram
também continuadamente expostas e resultaram em reunião no Ministério da Saúde,
em setembro de 2024, de onde se saiu com o compromisso de ações, como o aporte
emergencial de recursos e a cobertura do déficit mensal hoje existente.
Lamentavelmente, em início de fevereiro,
voltou-se à estaca zero, alegando-se que as medidas haviam sido em caráter ad
referendum, carecendo, portanto, de serem reiniciadas, causando tristeza e
mal-estar entre todos os que acompanham a situação e se esforçam por
solucioná-la.
Lembramos que, em 01.10.1895, pela Lei no.
278, o governo estadual autorizou o elevado aporte de 37.000$000 (em réis da
época) para o resgate da dívida da Santa Casa. Em outros momentos, novos
aportes foram feitos, porquanto os serviços são sempre remunerados abaixo dos
reais valores.
Continuamos com a força e a resiliência em
mantê-la aberta, em prol da população mais carente, mas reivindicamos a
complementação dos valores da Tabela SUS e outras formas de transferência de
recursos. Nos últimos anos, a Santa Casa vinha realizando em média 50 cirurgias
por dia, podendo, com extensão de turnos, duplicar esse número, ajudando a
reduzir as trágicas filas de hoje no Ceará.
Vamos continuar salvando vidas? A Santa
Casa sabe como.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/02/25. Opinião. p.20.
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