Na década de 1960, uma paciente,
recém-admitida no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará (UFC),
estava com a sua história clínica incompleta, porque não permitiu ao interno e
à residente do leito examiná-la, quando do seu internamento, na noite anterior.
Pela manhã, por ocasião da visita aos
pacientes das enfermarias da Unidade de Clínica Médica, os vários professores
tentaram persuadi-la da importância em ser examinada, a fim de se obter o
diagnóstico e propor o tratamento apropriado.
A mulher, plena de pudores, relutava muito
em ceder; porém, já um tanto temerosa do agravamento de sua enfermidade,
acatou, com uma condição:
– Eu aceito ser examinada, mas só por um de
vocês.
– Está bem, minha senhora! Escolha, então,
um de nós – falou o Chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital das Clínicas.
– Eu quero aquele! O mais velhinho – disse a
paciente, apontando para um dos professores.
Os colegas docentes se entreolharam, como
desejando rir da escolha feita, não o fazendo em respeito à enferma. Na
verdade, o professor por ela escolhido era o mais novo do grupo, pois apenas
possuía os cabelos encanecidos, desde bem jovem.
Felizmente, graças ao seu apurado exame, foi
possível firmar o diagnóstico e a paciente teve o seu problema debelado no
devido tempo.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sobrames/CE e da Academia Cearense
de Médicos Escritores
Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza:
Edição do Autor, 2022. 144p. p.57.
* Republicado In: AMC. Causo médico: o exame do mais velhinho. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Novembro de 2023 - Edição n.27. p.34 (online).
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