Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
…Após a atual
pandemia, pode ser que surjam duas ações positivas, uma no campo preventivo, a
vacina, e o outra permitindo que, quando surgir um novo vírus, as pessoas sejam
capazes de testá-lo em casa, como se faz com a urina para o teste de gravidez
ou outra secreção nasal, ocular ou oral…
Muitos estão falando e
escrevendo sobre como será o mundo após esta epidemia do coronavírus-19. Minha
esperança é de que até a segunda metade de 2021 instalações em todo o mundo
estejam fabricando a vacina. Para não ir muito longe na história, depois da
pandemia da gripe espanhola, que ocorreu após a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), o Homo sapiens nada
mudou. Não entendo como existem tantas esperanças de mudanças…
Após a atual pandemia, pode
ser que surjam duas ações positivas, uma no campo preventivo, a vacina, e o
outra permitindo que, quando surgir um novo vírus, as pessoas sejam capazes de
testá-lo em casa, como se faz com a urina para o teste de gravidez ou outra
secreção nasal, ocular ou oral.
Além dessas duas possíveis
ações, dois outros avanços médicos surgirão da pandemia. Um será no campo do
diagnóstico, através de um teste. Os pesquisadores poderão ter esse teste
pronto dentro de alguns meses após a identificação de uma nova doença.
O bilionário Bill Gates
acredita que o mundo deve aprender com a batalha contra o vírus ebola para se
preparar para uma guerra contra uma possível doença fatal e global, contando,
para isso, com a ajuda de novas tecnologias: “Um patógeno
ainda mais difícil (que o ebola) poderia surgir: uma forma de gripe, de Sars ou
um vírus nunca visto. Nós não sabemos se isso vai acontecer”.
…Os anos após
2021 podem se parecer com os anos após 1945. Mas a melhor analogia para hoje
pode ser o 10 de novembro de 1942; a Grã-Bretanha acabara de ganhar sua
primeira vitória terrestre na guerra e Winston Churchill declarou em um
discurso: “Este não é o fim. Não é nem o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do
começo.”…
Diante dessa previsão estamos
suficientemente prontos? Uma maneira de se preparar seria aliciar soldados
sanitários e médicos militares a serem treinados para responder rapidamente a
emergências de saúde. Tal preparação não seria muito diferente da forma como
preparamos nossos armamentos de defesa em fortalezas, quartéis, navios, aviões,
bases militares.
Mas nesse caso o inimigo não
deterá armas atômicas ou mísseis. O inimigo, ao invés de ser um hacker cibernético, será um hacker biológico, criará vírus sintéticos cada vez
mais difíceis de vencer por driblarem nossas defesas, micro-organismos cada vez
mais sofisticados ou mesmo algum espécime não controlável por vacinas.
Pensamos que a morte é algo
distante, que jamais vai nos pegar. A história não segue um curso definido. As
pessoas tomam a direção que escolhem e podem entrar numa curva errada. Os anos
após 2021 podem se parecer com os anos após 1945. Mas a melhor analogia para
hoje pode ser o 10 de novembro de 1942; a Grã-Bretanha acabara de ganhar sua
primeira vitória terrestre na guerra e Winston Churchill declarou em um
discurso: “Este não é o fim. Não é nem o
começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.” E ele estava certo.
Tomara que também nós
possamos em breve dizer o mesmo quanto à pandemia.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES) e da
Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford
(Grã-Bretanha).
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