sexta-feira, 5 de junho de 2020

PESTES DA ANTIGUIDADE À PANDEMIA ATUAL

Juan Manuel Blanes. Un episodio de la fiebre amarilla. Museo de Artes Visuales. Montevideo.
O primeiro relato da ocorrência da peste aparece na Bíblia Sagrada, onde se lê que por volta do ano 1000 a.C. os filisteus foram atacados por uma praga de camundongos. Nessa época, os filisteus haviam tomado a Arca da Aliança dos israelitas. Em suas perambulações, onde quer que levassem a Arca, a peste seguia no seu rastro, fazendo com que a devolvessem aos levitas junto com cinco camundongos de ouro.
A Peste de Troia, descrita por Homero na Ilíada, irrompeu sob o reinado de Príamo, 1285 a.C. A Peste de Atenas, a epidemia partida da Etiópia, rompeu em Atenas, depois de ter passado pela Líbia e pelo Egito, em 428 a.C. durante o segundo ano da Guerra do Peloponeso, transformando-se em verdadeira catástrofe nacional. A Peste de Siracusa destroçou o exército cartaginês em 397 a.C., impedindo dessa forma que Aníbal conquistasse Roma.
A Peste Antonina ocorreu no reinado de Marcos Aurélio, tendo devastado Roma, depois toda a Itália e por último a Gália, estendendo-se até as cidades situadas além do Reno. No século VI, a peste devastou a bacia do Mediterrâneo, mas foi somente em meados do século XIV que uma epidemia se instalou nas porções setentrionais da Europa.
A Peste Negra, nascida na Mongólia e Norte da China, atingiu duramente a Europa por longos períodos na Idade Média. Nos séculos XIV e XVIII não houve praga que cobrasse tributo mais elevado em vidas humanas. Entre 1345 e 1720, ocorreram nada menos de dez pandemias de peste, matando muitos milhões de pessoas.
Para a Epidemiologia, pandemia refere-se à ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações ou mesmo continentes. Nesse sentido, considerando as condições demográficas e territoriais de épocas passadas, todas as pragas acima arroladas podem ser interpretadas como pandemias.
Em tempos recentes, a última pandemia que assolou a humanidade foi a gripe de 1918, ceifando mais vítimas do que a Grande Guerra de 1914-18. No final do ano pretérito, surgiu o novo coronavírus que, a reboque dos grandes fluxos de pessoas e mercadorias, disseminou-se, celeremente, por muitos países, sem respeitar limites, divisas ou fronteiras, causando a pandemia por Covid-19.
Espera-se que, com a graça de Deus, a inovação tecnológica e os serviços de saúde logrem debelar tão temível mazela
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor de Saúde Pública e membro do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid da Uece

* Publicado In: O Povo, de 5 de junho de 2020. Opinião, p.21.

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