quinta-feira, 11 de junho de 2020

A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TEMPOS DE PANDEMIA


Por Josete de Oliveira Castelo Branco Sales (*)
A educação superior pública combate, sem trégua, as posturas conservadoras de defesa de uma pseudo educação "Sem partido", de negação da ciência e de recusa das experiências de democratização do acesso à universidade. Agora, e de súbito, enfrenta uma pandemia, de dimensão planetária e, com ela, os riscos de continuidade e qualidade das suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão.
Em consequência da pandemia provocada pelo novo coronavírus e diante da distância doída, do medo e do adoecimento, das perdas sem despedida e colo, somos chamados a dar respostas às demandas cotidianas e as que surgem gigantes, em complexidade: somos chamados ao trabalho remoto, ao mesmo tempo que nos deparamos com condições inexistentes de inclusão digital e social dos nossos estudantes e servidores docentes e técnico-administrativos; reconhecemos o cumprimento do calendário letivo como nosso dever, enquanto seguimos na luta pelo direito a um retorno seguro às atividades presenciais, com as devidas condições materiais e comportamentais de proteção à saúde individual e coletiva; fazemos uso, cada vez mais, das telas, ao passo que não negligenciamos os canais de escuta, debate e formulação dos consensos possíveis; observamos o distanciamento físico necessário e continuamos mobilizados em instâncias consultivas e propositivas e apoiados nos conselhos deliberativos, próprios de cada instituição.
A pandemia chegou e nos impõe, de pronto, a reflexão sobre o que, até então, pensávamos como contraditório. Se por um lado empreendemos esforços na preservação da presencialidade em nossos cursos, precisamos adotar posturas abertas às possibilidades de uma docência crítica, ativa e dialógica, em novos formatos e com recursos complementares; se continuamos primando pela qualidade da formação dos nossos estudantes, precisamos reconhecer, também, a necessidade da formação continuada dos próprios formadores.
Nossos desafios não se resumem à sobrevivência e saúde de cada um de nós. Eles se estendem à vida e pujança das nossas instituições. Para tanto, precisamos proteger o conquistado, até aqui, sobretudo com relação às políticas de assistência estudantil e compromissos assumidos com a recomposição dos nossos quadros, mesmo que nos limites já acordados; precisamos nos conceber e agir como instituições integrantes de um Sistema Estadual de Educação Superior, imbricado em outros sistemas públicos do Ceará; apostar na riqueza do pensar junto e em redes de apoio e compartilhamento de iniciativas, a exemplo dos GTs (Grupos de Trabalho) Institucionais, do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus, do Conselho de Reitores do Ceará (Cruc), da Associação Brasileira das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), dentre outras.
Hoje, assim como desde sempre, continuemos a aprender e a crescer com as adversidades e a defender, intransigente, o caráter público e os processos democráticos e inclusivos de nossas instituições. 
(*) Doutora em Educação e reitora interina da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 4/10/20. p.17.

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