Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Em 12 de junho de 1987, em frente ao Portão de Brandemburgo, em
Berlim Ocidental, o ex-presidente Ronald Reagan solicitou: "Mr. Gorbachev,
tear down this wall!" ("Derrube este muro!") A frase expressou o
desejo dos EUA e de seus aliados de unificar a Alemanha e findar a separação,
existente em Berlim desde 1961, entre a área ocidental e o território oriental,
sob controle soviético. Para Reagan, a destruição do muro marcaria o início de
reformas na União Soviética para devolver à sua população o atributo mais
importante da humanidade: a liberdade.
Agora festejam-se os 35 anos da reunificação alemã de vez que só em
9 de novembro de 1989 se deu a queda do muro, comemorada na Pariser Platz
(Praça de Paris) sob olhares do Portão de Brandemburgo, monumento que hoje
representa a liberdade e a unidade na Alemanha. Na ocasião, Leonard Bernstein
regeu músicos de orquestras de diferentes países a executar a Nona Sinfonia de
Beethoven com ênfase no 4º movimento. Este apresenta uma adaptação do genial
compositor para o poema "Ode à Alegria", de Friedrich Schiller, em
que orquestra e coro, de forma uníssona, estimulam alegria, liberdade,
fraternidade e paz. A música foi escolhida como o hino da União Europeia e,
para que nenhum idioma ou país seja privilegiado, é um hino instrumental
(portanto, sem letra).
Após a queda do Muro de Berlim, Jürgen Schadeberg, residente em
Berlim Ocidental, adentrou a Biblioteca Pública de Berlim Oriental. Seu
objetivo era devolver um livro retirado à época em que Berlim Ocidental, da
área capitalista, e Berlim Oriental eram uma só. A obra foi entregue com uma
carta, em que, num de seus trechos, o alemão, entre outras coisas, pedia
desculpas e explicava o motivo por sua devolução tão tardia. É que, no caminho,
entre sua casa e aquele espaço cultural, havia um muro. Que tal você, prezado(a)
leitor(a), por alguns segundos desligar o celular, esquecer as agitações da
vida moderna e meditar sobre a atitude de Schadeberg? Na sua opinião, qual o
percentual de brasileiros que, no lugar do alemão, faria o mesmo?
(*) Reitor do FB UNI e
Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/11/24. Opinião, p.18.
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