Por Henrique Marinho (*)
A economia
brasileira encerra o ano de 2024 com resultados positivos, mas preocupantes
para o seu o carry over para 2025. Dentre os principais resultados, o
crescimento da economia em 3,5% será uma excelente vitória, assim como a
redução do desemprego e da população em extrema pobreza. Podemos ainda citar a
aprovação da reforma tributária sobre o consumo.
No entanto,
alguns problemas não resolvidos poderão trazer dificuldades para o governo no
próximo ano, senão vejamos: o primeiro ponto será a dificuldade de o governo
manter o ritmo de crescimento da economia com a atual taxa de juros em níveis
relativamente elevados e com as pressões inflacionárias provocadas pelo
crescimento da demanda, pelo crescimento do nível do emprego e do nível da taxa
de câmbio nos patamares atuais.
A expectativa é
de que a inflação encerre o ano com 4,91% e atinja 4,84% no próximo ano,
segundo o último levantamento do Relatório Focus, ambos acima da meta
estabelecida que é de 3% ao ano, admitindo-se um viés de 1,5% acima e abaixo da
meta.
Um segundo dilema
será o equilíbrio das contas públicas que tem gerado preocupação ao mercado,
por mais que o governo tenha constantemente defendido esse equilíbrio,
cumprindo a meta fiscal e promovendo ajustes, como agora no final do ano e que
foi, em parte "abortado" pelo parlamento, principalmente quando o
corte se dá no andar de cima.
O Mercado insiste
na promoção do ajuste das contas públicas, mas não abre mão dos benefícios
fiscais dos subsídios substancias que são dirigidos às empresas com poder de
lobby e "grita", quando o governo acena com a redução do valor do
imposto de renda a ser pago pela parcela de menor renda e da elevação para os
detentores de maior renda.
Quanto ao dilema
que mais tem gerado discussões que é o nível do endividamento público, gerado
pelos constantes déficits primários, concordo que deve ser uma preocupação, no
entanto também considero que o mercado exagera na avaliação.
As maiores
economias do mundo, as liberais ou desenvolvimentistas mantém elevado níveis de
endividamento, como os Estados Unidos em 129% do PIB, Japão 264,8%, Itália
137,3%, China com 77,1% e o Brasil em torno de 80%. Claro que nos endividamos a
um custo muito elevado e deveremos pagar em 2024 somente de juros cerca de R$
800 bilhões. E aí, sobreviveremos ou resolveremos os dilemas com sucesso?
(*) Economista. Membro
da Academia Cearense de Economia. Ex-presidentes do Corecon-CE.
Fonte: O Povo, de 28/12/24. Opinião. p.15.
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