Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
No coração da fé católica, a morte não
representa um fim definitivo, mas sim o início de uma nova vida, um convite a
adentrar a eternidade junto a Deus. Este mês de novembro, mês de finados, somos
chamados a lembrar nossos entes queridos que partiram e a refletir sobre o
mistério da morte sob a luz da esperança cristã.
Para o católico, o luto é acompanhado da
certeza de que "Deus enxugará toda lágrima dos olhos deles; a morte já não existirá" (Apocalipse
21, 4). Esta promessa nos impulsiona a olhar para além da dor da separação,
confiando que a vida eterna nos espera. Jesus nos ensinou, ao ressuscitar Lázaro,
que a morte é transitória para os que nele creem: "Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11, 25).
A palavra de Cristo nos encoraja a
atravessar o luto com esperança, sabendo que aqueles que partiram estão nas
mãos de um Deus misericordioso. Na tradição católica, o sentido da morte está
intimamente ligado ao mistério pascal; assim como Cristo venceu a morte na
cruz, seus fiéis também são chamados a essa ressurreição em Deus.
Assim, a morte não é o término, mas o
princípio de uma vida em plenitude, na qual não haverá mais lágrimas, apenas a paz
da presença divina. Neste tempo de recordação, cada oração e cada vela acesa
nos cemitérios tornam-se sinais de que o amor vai além da barreira da morte. A
fé católica nos assegura que, "na casa de meu Pai há muitas moradas" (João 14, 2), e que nossa
existência terrena é apenas uma preparação para o encontro eterno com Ele.
Nossos entes queridos, ainda que
ausentes fisicamente, permanecem vivos em nosso coração e em nossa fé,
aguardando a plenitude dessa vida prometida por Cristo. Vivemos, então, na
esperança de que um dia seremos reunidos com aqueles que amamos, celebrando
juntos a vida plena que só Deus pode conceder. A dor da perda se dissolve na
certeza da ressurreição, e a saudade se torna uma prece constante, um anseio
profundo por aquilo que virá.
E ao lembrar nossos mortos, somos
convidados a confiar, pois "quem acredita em mim não morrerá jamais" (João 11, 26).
Neste tempo, entre orações e homenagens, abraçamos a certeza de que, na morte,
somos chamados à luz da vida eterna, onde a paz e o amor de Deus finalmente se
cumprem em plenitude.
(*) Sacerdote
jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de
Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.
Fonte: O Povo, de 16/11/2024.
Opinião. p.18.
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