terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A SAÚDE PÚBLICA PÓS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Dois dias após conhecidos os candidatos que lograram chegar ao segundo turno em Fortaleza, tivemos oportunidade, neste mesmo espaço, de os chamar "para a abertura de rodas de conversas com os representantes dessas entidades numa demonstração de que a prioridade para com a saúde não é apenas retórica, mas compromisso de governo".

A questão em foco é o tratamento dado às filantrópicas que, agindo complementarmente aos serviços públicos de saúde, atendem os pacientes do SUS, mas não recebem remuneração condizente com os custos em que incorrem, apesar de, por sua própria condição terem custos menores.

Conclamávamos, então, que os candidatos precisariam de uma dose de criatividade na busca de soluções inteligentes que, aliás, são simples e dependem unicamente de decisão política para ajustes orçamentários apropriados.

Já agora nos dirigimos ao atual detentor do mandato, sugerindo que antecipe as discussões com o prefeito eleito envolvendo a questão da contratualização dos serviços das filantrópicas, a Santa Casa de Fortaleza como exemplo, adotando o que lhe estiver ao alcance no orçamento de 2024, com valores semelhantes entre a rede própria e a rede complementar.

Ao eleito, que as ações em prol da Santa Casa no passado sejam uma referência para que priorize essas discussões e coloque de forma clara como dará continuidade a esse apoio, inclusive pelos compromissos colocados publicamente pelo governador do Estado e pelo Ministério da Saúde.

Quando citamos a Santa Casa como exemplo, não é apenas por seu histórico de berço da medicina cearense. Também não se trata tão somente de reconhecê-la como pioneira em tantas iniciativas, desde sua instalação. É, primordialmente, por ser a porta em que a população carente sempre encontrou guarida, nesses 163 anos de serviços prestados.

Enfrentamos dificuldades que vêm se avolumando com os déficits mensais, provocados pela defasagem da tabela SUS, agravadas por nossa condição de prestar serviços de média complexidade em volume superior a 70% dos atendimentos clínicos e cirúrgicos. Mas temos o espírito dos que, de fato, querem bem servir a quem mais precisa.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/11/24. Opinião. p.20.

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