Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
Dois dias após conhecidos os candidatos que lograram chegar ao
segundo turno em Fortaleza, tivemos oportunidade, neste mesmo espaço, de os
chamar "para a abertura de rodas de conversas com os representantes dessas
entidades numa demonstração de que a prioridade para com a saúde não é apenas
retórica, mas compromisso de governo".
A questão em foco é o tratamento dado às filantrópicas que, agindo
complementarmente aos serviços públicos de saúde, atendem os pacientes do SUS,
mas não recebem remuneração condizente com os custos em que incorrem, apesar
de, por sua própria condição terem custos menores.
Conclamávamos, então, que os candidatos precisariam de uma dose de
criatividade na busca de soluções inteligentes que, aliás, são simples e
dependem unicamente de decisão política para ajustes orçamentários apropriados.
Já agora nos dirigimos ao atual detentor do mandato, sugerindo que
antecipe as discussões com o prefeito eleito envolvendo a questão da
contratualização dos serviços das filantrópicas, a Santa Casa de Fortaleza como
exemplo, adotando o que lhe estiver ao alcance no orçamento de 2024, com
valores semelhantes entre a rede própria e a rede complementar.
Ao eleito, que as ações em prol da Santa Casa no passado sejam uma
referência para que priorize essas discussões e coloque de forma clara como
dará continuidade a esse apoio, inclusive pelos compromissos colocados
publicamente pelo governador do Estado e pelo Ministério da Saúde.
Quando citamos a Santa Casa como exemplo, não é apenas por seu
histórico de berço da medicina cearense. Também não se trata tão somente de
reconhecê-la como pioneira em tantas iniciativas, desde sua instalação. É,
primordialmente, por ser a porta em que a população carente sempre encontrou
guarida, nesses 163 anos de serviços prestados.
Enfrentamos dificuldades que vêm se avolumando com os déficits
mensais, provocados pela defasagem da tabela SUS, agravadas por nossa condição
de prestar serviços de média complexidade em volume superior a 70% dos
atendimentos clínicos e cirúrgicos. Mas temos o espírito dos que, de fato,
querem bem servir a quem mais precisa.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/11/24. Opinião. p.20.
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