Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
O Natal é uma das celebrações mais
importantes para os cristãos. Apesar de ser uma época belíssima e muito
significativa, da qual devemos desfrutar, vai muito além das decorações, das
luzes, dos presentes e festividades, o Natal contém um profundo significado
espiritual que muitas vezes é ofuscado pela agitação e pelo consumismo ao qual
ficamos expostos nesse período.
É importante compreender o significado
real dessa comemoração, para que não se torne apenas mais uma festa no
calendário. Embora a data de 25 de dezembro seja imprecisa e questionada, o que
realmente importa é o significado histórico e espiritual desse evento que mudou
o rumo da humanidade. Portanto, o relevante é celebrar o significado e a
mensagem do nascimento de Jesus, independentemente da data exata.
No centro da espiritualidade do Natal
está o mistério da encarnação, quando o Verbo Divino se fez carne e habitou
entre nós (Jo 1,14). Ao nascer como um bebê indefeso em Belém, o Filho de Deus
assumiu a natureza humana em tudo menos no pecado, unindo-se a nós de uma
maneira profunda e íntima. Este ato de amor divino revela a grandeza de um Deus
que se faz pequeno e se aproxima de nós.
O nascimento foi anunciado aos pastores,
o anjo de Deus apareceu a eles e disse: "Não temais, pois
trago-vos boa nova de grande alegria, que será para todo o povo: Hoje, na
cidade de Davi, nasceu-vos o Salvador, que é o Cristo, o Senhor" (Lc 2:10-11).
É a boa nova de que Deus cumpriu sua promessa. É a realização de um plano
traçado na eternidade, a consumação da mensagem dos profetas e a expectativa do
Seu povo.
Ao contemplar o Menino Jesus na
manjedoura, somos convidados a refletir sobre a humildade de Deus, que escolheu
vir ao mundo de forma tão simples e despojada e que se faz presente em meio à
nossa humanidade, compartilhando nossas alegrias, dores e sofrimentos.
O nascimento de Jesus une o divino e o
humano de forma única e significativa. Na noite Santa, céu e terra se
encontram. O céu "desce" à terra com a chegada de Jesus, e a terra
"sobe" ao céu, pois, através de Dele, a dignidade humana é elevada e
todos são chamados a se tornarem filhos e filhas de Deus.
Outro aspecto fundamental da
espiritualidade do Natal é a mensagem de paz e reconciliação. Ao nascer, Jesus
o "Principe
da Paz",
predito por Isaías (Is 9,6). Ele é o único que verdadeiramente pode conceder a
paz e torná-la realidade em nossa vida. Também devermos ser instrumentos dessa
paz, e cultivar em nossos corações a disposição de perdoar, de superar
conflitos e de construir relações fraternas.
Outro é o perdão. O nascimento de Jesus
simboliza um novo começo, uma nova chance oferecida à humanidade. Assim, o
Natal também se torna uma oportunidade para deixar de lado mágoas,
ressentimentos e conflitos, e buscar a reconciliação com aqueles que
nos cercam.
A generosidade e a partilha também são
elementos da espiritualidade natalina. Especialmente nesse tempo somos
convidados a sair de nós mesmos, a olhar para as necessidades do próximo, partilhar
nossos bens, nosso tempo e nosso carinho com os outros.
A espiritualidade do Natal está
intimamente ligada à esperança da salvação, pois nos lembra que o propósito do
nascimento de Jesus culmina em sua entrega a cruz, unindo o início e o fim de
sua missão redentora. Portanto, o presépio representa a esperança do nascimento
do Salvador. A cruz representa a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte,
concedendo a esperança da vida eterna.
Por fim, ao celebrarmos o nascimento de
Jesus, somos chamados a ser luz no mundo, espalhando amor, paz e alegria.
Que este Natal seja um tempo de
renovação espiritual e de redescoberta do verdadeiro espírito natalino.
Um Feliz e Santo Natal!
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 28/12/2024.
Opinião. p.14.
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