As mudanças climáticas estão no centro das preocupações mundiais. O
Brasil, atingido por cataclismas diversos neste ano de 2024 — enchentes no Rio
Grande do Sul, incêndios em todo o país, seca nos rios da Amazônia — não pode
fugir a este debate e enfrentamento. O que estamos fazendo para reverter os
efeitos deletérios de tais processos sobre a vida humana para além de
iniciativas pontuais?
O tema pouco frequentou os debates entre candidatos às prefeituras
e raramente apareceu nas propostas de aspirantes a vereadores. Exceção à regra,
Gabriel Biologia, um dos mais bens votados vereadores em Fortaleza, foi
destaque nacional por sua pauta ambiental e singelos santinhos em
folhas de oiticica. Vê-lo nos sinais de trânsito durante a campanha, megafone
em punho, foi um alento em meio às trocas de acusações e outras farpas que
marcaram esse momento no país.
Problema urgente, que requer tratamento prioritário dos governos e
da sociedade, os impactos das mudanças climáticas na educação e o que fazer a
respeito, têm sido objeto de estudos recentes de agências internacionais como a
Unesco (2023), a OCDE (2021 e 2024) e o Banco Mundial (2024). Em meio a tais
reflexões, chama atenção a proposta da Unesco de "tornar cada ambiente de
aprendizagem mais verde", mediante a adoção de um padrão Escola Verde em
pelo menos 50% das escolas de cada país até 2030.
Estamos diante de uma janela de oportunidades que pode se fechar
muito em breve. É hora de agir. Muitas lições de iniciativas inovadoras podem
nos inspirar, a exemplo do projeto de criação de bosques escolares na cidade de
São Paulo, com feliz engajamento de professores e estudantes, promovido pela
organização Formigas de Embaúba.
O plano de governo do prefeito eleito em Fortaleza, Evandro Leitão
contempla um "programa de gestão ambiental participativa e requalificação
dos parques urbanos, aumentando a cobertura vegetal da Cidade" (O POVO,
29/10/2024). Que tal incluir nesta agenda as unidades da rede municipal de
Fortaleza e dar um exemplo de escolas sustentáveis e verdes para o mundo? Que
me perdoem os descrentes, mas sonhar é fundamental!
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/11/24. Opinião. p.20.
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