segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

ESCOLAS VERDES: uma agenda para unir a cidade

As mudanças climáticas estão no centro das preocupações mundiais. O Brasil, atingido por cataclismas diversos neste ano de 2024 — enchentes no Rio Grande do Sul, incêndios em todo o país, seca nos rios da Amazônia — não pode fugir a este debate e enfrentamento. O que estamos fazendo para reverter os efeitos deletérios de tais processos sobre a vida humana para além de iniciativas pontuais?

O tema pouco frequentou os debates entre candidatos às prefeituras e raramente apareceu nas propostas de aspirantes a vereadores. Exceção à regra, Gabriel Biologia, um dos mais bens votados vereadores em Fortaleza, foi destaque nacional por sua pauta ambiental e singelos santinhos em folhas de oiticica. Vê-lo nos sinais de trânsito durante a campanha, megafone em punho, foi um alento em meio às trocas de acusações e outras farpas que marcaram esse momento no país.

Problema urgente, que requer tratamento prioritário dos governos e da sociedade, os impactos das mudanças climáticas na educação e o que fazer a respeito, têm sido objeto de estudos recentes de agências internacionais como a Unesco (2023), a OCDE (2021 e 2024) e o Banco Mundial (2024). Em meio a tais reflexões, chama atenção a proposta da Unesco de "tornar cada ambiente de aprendizagem mais verde", mediante a adoção de um padrão Escola Verde em pelo menos 50% das escolas de cada país até 2030.

Estamos diante de uma janela de oportunidades que pode se fechar muito em breve. É hora de agir. Muitas lições de iniciativas inovadoras podem nos inspirar, a exemplo do projeto de criação de bosques escolares na cidade de São Paulo, com feliz engajamento de professores e estudantes, promovido pela organização Formigas de Embaúba.

O plano de governo do prefeito eleito em Fortaleza, Evandro Leitão contempla um "programa de gestão ambiental participativa e requalificação dos parques urbanos, aumentando a cobertura vegetal da Cidade" (O POVO, 29/10/2024). Que tal incluir nesta agenda as unidades da rede municipal de Fortaleza e dar um exemplo de escolas sustentáveis e verdes para o mundo? Que me perdoem os descrentes, mas sonhar é fundamental!

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/11/24. Opinião. p.20.

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