Por Carlos Roberto Martins
Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)
Talvez seja o que vocês também almejam.
É como se estivéssemos determinados a crer,
a renovar as ideias, a avaliarmos nossos erros e os nossos acertos.
Afinal, somente assim, restabeleceremos um
novo começo, com novas atitudes e esmero em acertar.
Mas, o que na verdade queremos? O que é
esse acertar?
Refiro-me especificamente a uma atitude
intensa e íntima. O refazer nossas crenças e desfazer-se de
preconceitos.
É não derivar a responsabilidade para
outrem, e não se esquivar de debater, de participar. Mas, não sem antes ouvir
atentamente, dar chance ao tempo para compreender o processo da vida.
Assim, não nos cabe criminalizar e
desconstruir. Nem tampouco, ceder às manipulações, a não permissão de pensar,
refletir e criticar.
Tudo tem haver com mudar de ideia,
contextualizar, amadurecer e entender que nós somos ao mesmo tempo um único
indivíduo e uma civilização.
E, sim, reconhecer o que ainda não fomos
capazes de dominar, principalmente a violência, que é decerto um deslize de
comportamento.
Falo sobre qualquer forma de violência,
desde a mais sútil a mais óbvia, sobre uma exposição por gestos, palavras e
atitudes que desconsideram o outro como muito importante para a nossa vida. É
não reconhecer a nossa interdependência.
É agredir aquele que nos ameaçam por pensar
e ser diferente, por representar outra tribo, outros valores.
Espero, sim, que desça uma luz sobre a
escuridão que permeia a nossa sociedade, que assume em alguns momentos,
comportamentos bárbaros. De certo é um comportamento que põe em xeque a nossa
civilização.
Espero que não desanimemos em lutar por
tudo que acreditamos, desde que seja pelo bem comum, conhecendo e compreendendo
o passado para crescer no futuro, agora e em próximas gerações.
Atrevo-me aqui a expor algumas ideias:
1 - Nem todos somos iguais, e, com certeza,
formamos um mundo diverso, tão importante para a evolução da civilização.
2 - Toda civilização que sobrevive obedece
a normas que facilitam o todo, reconhecendo as diferenças como potencial de
resolver nossos conflitos. O etnocentrismo, assim como as certezas absolutas
nos aproxima do narcisismo.
3 - Uma sociedade sã protege os mais
"frágeis", principalmente por reconhecer neles os nossos próprios
defeitos e características.
4 - Exercite-se diariamente, refletindo
sobre a morte, reflita o quanto tem se preparado para o final.
5 - Não se contamine pelas notícias,
refletem frequentemente um único momento, ou somente as manipulações
de cada época. Todos nós, especialmente os que detêm poder, andamos
atrasados em relação ao nosso tempo.
Espero ter passado uma visão se não
otimista, um estímulo para pensar e mudar.
Escrevo, principalmente, por crer que ao
fazê-lo posso estar colaborando com poucos, ao menos com aqueles que
compartilham comigo essa visão de vida.
(*) Médico. Professor da UFC.
Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/12/2024. Opinião. p.15.
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