Por Natana Pacheco (*)
Estamos enfrentando, mais uma vez, um
aumento alarmante no número de pacientes com problemas respiratórios, incluindo
casos de Covid-19. As novas variantes ainda são pouco conhecidas, e os sintomas
são variados, o que torna o diagnóstico rápido e preciso um desafio constante.
Nesse cenário, a Enfermagem está na linha
de frente, sendo a porta de entrada das instituições de saúde e, infelizmente,
a primeira a receber as consequências de um sistema sobrecarregado: a
insatisfação da população, a escassez de insumos e medicamentos, o
dimensionamento inadequado e o peso de uma demanda crescente. Enquanto a
população deseja ser cuidada, os profissionais de Enfermagem desejam, acima de
tudo, cuidar com dignidade e respeito.
A falta de estrutura não afeta apenas os
pacientes; ela impacta diretamente o emocional e o físico dos profissionais.
Muitos trabalham em condições insalubres, enfrentando jornadas exaustivas e sem
o suporte necessário. A pressão psicológica é imensa, agravada pela falta de
reconhecimento e por situações de violência, que têm se tornado cada vez mais
frequentes.
O Conselho tem identificado um aumento
preocupante nos casos de agressões contra profissionais de Enfermagem. A
sensação é de que estamos recebendo uma conta que não nos pertence. Estamos
lutando para salvar vidas e oferecer assistência de qualidade, mas precisamos
de apoio e respeito.
O que queremos é que a sociedade compreenda
que estamos pedindo socorro. Faltam equipamentos, medicamentos e, em muitos
casos, até o pagamento salarial está em atraso. A Enfermagem não pode continuar
sendo ignorada. Precisamos de investimentos em infraestrutura, melhores
condições de trabalho e políticas públicas que valorizem verdadeiramente os
profissionais.
A Enfermagem está comprometida em cuidar da
população. Agora, mais do que nunca, precisamos que todos se unam para garantir
que tenhamos condições dignas de trabalho. Somente assim poderemos continuar
cuidando de quem precisa. A valorização da Enfermagem é um compromisso de toda
a sociedade.
(*) Enfermeira.
Presidente do Coren-CE.
Fonte:
Publicado In: O Povo, de 4/12/2024.
Opinião. p.18.
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