Literapia pretende divulgar os criadores de arte e literatura sem
entraves aos autores iniciantes
As revistas literárias têm, no Ceará, uma presença tão
marcante quanto efêmera, na imensa maioria delas. Assim tem sido com
praticamente todas, nos últimos cinquenta anos. Este, no entanto, não parece
ser o caso de Literapia, que tem no médico e poeta Pedro Henrique Saraiva Leão
o seu editor. Literapia foi lançada ao público em 1999, portanto há 18 anos; o
seu número zero é de junho daquele ano. E em outubro de 2016 alcança o número
23. A sua tiragem se pretende semestral e praticamente tem sido assim, mercê do
mecenato de alguns amigos das letras, que viabilizam a sua continuidade, com alentadas
tiragens.
Literapia se propõe publicar autores do Ceará,
preferencialmente; mas tem contemplado autores de outras paragens, nomeadamente
figuras já conhecidas e respeitadas no cenário da criação artística e
literária. Tenho a honra de me poder dizer amigo do editor, com quem convivo e
reparto bons momentos de conversações em torno do fenômeno da criação. Pedro
Henrique é possuidor de uma verve bem-humorada, fazendo lembrar a admirável
fleuma britânica. Lembremos a sua estada na Grã-Bretanha nos anos de sua
formação profissional, tendo lá sido aceito como médico já de renome, por sua
capacidade e proficiência.
Mas quero aqui destacar o poeta, autor de uma vasta obra,
em que se mesclam experiências de vanguarda criativa, ao tempo em que o
neoconcretismo era praticado no Brasil com mais constância. Ele foi, juntamente
com poucos outros, pioneiro dessa corrente no Ceará. A par disso, PHSL é mestre
de um lirismo denso, sem ser derramado; sutil, sem ser demasiadamente
hermético.
Literapia pretende divulgar os criadores de arte e
literatura sem entraves aos autores iniciantes. Mas é um de seus lemas não
aceitar colaborações oferecidas: a participação na revista há que ser
solicitada.
Literapia tem-se caracterizado por uma qualidade gráfica
excelente e uma diagramação idem. Estas condições se devem a Geraldo Jesuíno da
Costa, exímio artista plástico e competente diagramador, além de ser ele também
refinado autor literário.
O nome da revista é uma feliz invenção de PHSL. Alude à
cura pelas letras. E há ainda outras possibilidades de leitura desse
neologismo: eu, por exemplo, costumo dizer que já li terapia, como continuo
lendo. Também a veneração das letras: litera-pia. O seu propósito e louvável e
bem conseguido.
Vida longa à Literapia! Que continuemos a usufruir de
suas páginas agradabilíssimas e edificantes!
(*) Membro da
Academia Cearense de Letras (ACL)
Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/10/2017. Opinião. p.11.
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