Por Aline Carvalho (*)
O
câncer de mama é o tipo mais incidente que acomete as mulheres em todo o mundo e,
no Brasil, é a segunda maior causa de morte da mulher brasileira. Um
levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Ceará
mostrou que houve um aumento de 40% no número de casos novos de câncer de mama
nos últimos 10 anos, bem como um aumento de 59% na mortalidade pela doença.
Entretanto,
a cobertura mamográfica no Ceará está bem abaixo do ideal. Em 2019, apenas
11,3% das mulheres na faixa etária dos 50 aos 69 anos realizaram mamografia de
rastreamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2020, devido à pandemia da
Covid-19 esperamos uma cobertura mamográfica bem abaixo do observado em 2019,
pois muitas mulheres deixaram de realizar seus exames de prevenção tanto por
medo de contaminação quanto pelo isolamento social imposto durante o período de
maior incidência do surto.
Chegamos
a observar uma redução de 80% nos atendimentos nos ambulatórios de mastologia
dos principais serviços de referência e clínicas de radiologia no Estado do
Ceará entre março a junho de 2020. Para a faixa etária entre 40 a 49 anos, a
cobertura é ainda menor, uma vez que o rastreamento para essas mulheres não
está contemplado pelo Ministério da Saúde e a mamografia de rastreamento não é
solicitada pelos médicos das unidades básicas de saúde.
Segundo
dados do estudo Amazona III foi observado que 27,6% tumores foram
diagnosticados em mulheres atendidas pelo SUS, entre 40 a 49 anos, confirmando
que para a nossa população é recomendado iniciar o rastreamento mamográfico aos
40 anos.
Uma
das estratégias para tentar aumentar a cobertura dos exames de mamografia em
2020 seria estimular a realização do rastreamento mamográfico oportunístico
para aquelas mulheres que forem procurar seus médicos por outros motivos de
saúde, aproveitando a consulta para receber a solicitação do exame. Além disso,
é necessário aumentar a oferta de mamografia em todos os meses do ano,
observando uma melhor distribuição das vagas, evitando deixar mamógrafos
subutilizados. E por fim, sensibilizar a população feminina para que uma vez
agendada a mamografia, a mulher não deixe de comparecer para a realização do
exame, diminuindo assim o absenteísmo observado nos últimos meses.
(*) Presidente da Sociedade Brasileira
de Mastologia – Regional Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 8/10/20. p.19.
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