sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Crônica: "O Prazo de Abel" ... e outros causos

O Prazo de Abel

Quando algo é praticamente impossível de acontecer, diz-se no Centro-Sul do Estado (que a coisa vai se materializar) "no prazo de Abel", ou seja, nunca. Sabe quando a dupla Messi/Cristiano Ronaldo comporá o ataque do glorioso Ferrim? "No prazo de Abel!". A justificativa quem dá é o Poeta Jair Moraes:

- Um time que já teve Coca-Cola e Simplício no meio de campo não pode se sujeitar a qualquer fulerage (a bolacha do joelho de um tá quengada e a 'viria' do outro, em petição de miséria).

E quando é que um caba deixaria de passar as férias no calor bacurejante do Iguatu pra ficar no frio peiticante da Europa? "No prazo de Abel!"

De novo acode-nos o Poeta dos Cachorros (não entendi bem a justificativa, mas...):

- O frio intenso de Paris, por exemplo, é diminuidor das duas estruturas ovaladas constituintes do sistema reprodutor masculino. Ou seja, o tempo não é de Páscoa e preferimos a liberdade omelética.

O homem do prazo existe!

Abel? Um cearense da gema, sujeito invocado. Trabalhava de galego. Certo dia, fazendo cobranças distante de casa, foi chamado às pressas; precisava resolver querela envolvendo seus filhos e uma vizinha. É que de tanto atirarem pedras de baladeira, o telhado da mulher estava uma goteira só. Abel de volta, brabo todo.

Desce da moto no jardim e já o pé vai direto, acerta em cheio a ruma de cocô lá deixada graciosamente por um dos bruguelos. Grita apoplético:

- Bangueeeeeela!!!

- Banguela?!? - Retruca a mulher, da cozinha.

- Caroço de feijão inteirinho! Ó aqui no sapato!

Descalço, chama pra sala a pivetada, dá-lhe um cagaço, jura todo mundo de peia em caso de desobediência à ordem dele, falando resoluto:

- Vou dar um prazo pra vocês jogarem a próxima pedra no telhado da casa da dona Maria!

- Quando, pai? - Pergunta Abelzinho.

- Nuuuuuuuunca!!!

E assim ficou conhecido o prazo de Abel: jamais!

Cearensês prático - o que é...

Fulano é penico cheio!!! - Só quer ser as pregas.

Mudando de pau pra cacete - Mudando de assunto.

Botar um negócio mole na sua mão - Dar uma gorjeta.

Subdesnutrido - Caba lascado do primeiro ao décimo.

Digital infulêrence - Digital influence do Ceará.

Bater da mão à peixeira - Pegar da mão à faca: armar-se do instrumento cortante composto de uma lâmina e um cabo.

No cagar dos pintos - Bem cedinho do dia.

Distiorado - Deteriorado.

Onde tem cachorro e menino, adulto não peida! - Verdade jamais negada pela Ciência.

Adonde? - Marrapaz! Eu num tô dizendo mesmo! Que história é essa?

Não é muito bom-ão do juízo não - É doido.

Da caspa ao chulé - Da cabeça aos pés.

Melhor que isso, só dois issos! - Bom demais, inigualável.

Fonte: O POVO, de 27/12/2019. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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