Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Já faz algum tempo que ocorreu o trágico falecimento do Dr. Ulysses
Guimarães (12.10.1992 - 28 anos). Pouco vem sendo lembrado. Lamentavelmente,
nós brasileiros, temos memória curta. Na biografia de Ulysses, a eminência do
homem supera o brilho das circunstâncias. O perfil de Ulysses é o perfil do Brasil
das liberdades. Sempre defendeu um Brasil sem corrupção, desenvolvido e com
justiça social. A integridade pessoal, a coerência política, a coragem cívica e
a obstinada tenacidade na construção de uma nação maior eram os elementos de
que se utilizou para compor aos olhos dos brasileiros, a figura do gigante que
cresceu sobre os outeiros da Pátria e projetou esperança no futuro, como senhor
do destino. Lembro-me, também, do doutor Ulysses nos anos de 1984 e 1985, dando
continuidade ao trabalho sério, com desprendimento e espírito público, de
redemocratização do Brasil. Naquela época tinha a honra de governar o Estado do
Ceará e participava de reuniões ao lado de Tancredo Neves, Aureliano Chaves,
Ulysses Guimarães, Marco Maciel, Franco Montoro, José Richa e tantos outros
políticos que representavam o desejo e a esperança da população brasileira.
Ulysses e Aureliano eram os dois principais articuladores do movimento que
originou a Aliança Democrática, garantindo a eleição do inesquecível Tancredo
Neves para presidente da República. Há, porém, um instante significativo; o
gesto é triunfante: a Constituição cidadã erguida em 1988. De lá para cá,
infelizmente, algumas vezes foi desrespeitada. Não poderemos nunca deixar de
homenagear e de lembrar Ulysses, em razão de suas ideias democráticas e do seu
elevado espírito público; o maior líder brasileiro da segunda metade do século
XX. Nossos jovens precisam conhecer a verdadeira história contemporânea do
Brasil. P.S: Os brasileiros não devem esquecer as lições de vida pública
ensinadas por Ulysses Guimarães.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 16/10/2020.
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