quinta-feira, 19 de novembro de 2020

VIOLÊNCIA E DROGAS

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

… toda e qualquer substância ou composto químico natural ou artificial que tenha efeito psicoativo e que seja proibido por lei. Bastaria lembrar que o álcool causa dependência e nos países muçulmanos é proibido por lei. Aqui, a propaganda mostra enorme hipocrisia ao dizer: beba com moderação…

O território nacional, além de ser rota do tráfico, dá uma mãozinha para sua produção e muitas vezes agregam valor à droga, pois nosso desenvolvimento tecnológico é maior do que o dos nossos vizinhos produtores de cocaína e outras similares

No Brasil o uso de drogas tem crescido por toda a sociedade, independente do sexo, idade, raça ou classe social. Quando falamos sobre este assunto, é impossível deixar de associar a ele a questão da violência. As drogas se adentraram na sociedade de uma maneira devastadora, fazendo vítimas em todas as ocasiões.

Famílias destruídas pela violência urbana que tem como principal causa essa dependência doentia.

O vício se torna tão essencial ao dependente químico que ele, para sustentá-lo, comete crimes, mata e agride diariamente a população em geral.

Com a universalização do complexo produção-tráfico-consumo de drogas ilícitas, termo de caráter essencialmente moral e sem definição jurídica, usado vulgarmente para referir, de modo um tanto impreciso, toda e qualquer substância ou composto químico natural ou artificial que tenha efeito psicoativo e que seja proibido por lei. Bastaria lembrar que o álcool causa dependência e nos países muçulmanos é proibido por lei. Aqui, a propaganda mostra enorme hipocrisia ao dizer: beba com moderação…

Muitas discussões ocorrem acerca de uma solução para o problema, questões como legalização das drogas, melhoras nas políticas de segurança pública e até mesmo punições mais severas para essa violência que deixa marcas eternas na mente e no corpo de quem já a sofreu, o que de tão comum passou a ser matéria de sustentação das empresas noticiosas.

Bastante conferir nos noticiários estrondosos da mídia, de todas as modalidades, a ligação entre a violência que decorre do uso de drogas.

No Brasil esse uso toma um aspecto particularmente grave pois somos o escoadouro geográfico natural da produção dos nossos vizinhos, alcunhados de países cocaleiros, afora a nossa produção própria como a maconha. E o mais trágico é que grande parte dessas drogas tem seu valor de exportação acrescido, desde que o nosso país possui melhor tecnologia e locais de purificação e refino desses produtos. É os que os economistas chamam de Produto de Exportação com Valor Agregado.

Não creio que legalizar as drogas desativará a bomba-relógio em que se converteu a América Latina, especialmente os países andinos, a América Central e o México.

Em extensão acrescento que a violência provocada por essas drogas é a causa primeira da morte de jovens da classe pobre; os compradores ricos, apesar de drogados, morrem muito menos. Grande número de jovens da população das favelas (agora denominadas de comunidades) e das periferias das nossas cidades é morto pelos chefes desse comercio.  Não é sem razão que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ­- IBGE. alerta, “que a violência está matando mais os jovens brasileiros quando comparada com as demais causa-mortis”.

O aumento da violência modifica prioridades na política, sistemas e equipamentos de saúde, além de aumentar os gastos com o treinamento e capacitação de trabalhadores sanitários para a recuperação fí­sica e emocional dos sobreviventes.

Verbas originalmente destinadas ao combate das doenças veiculadas pela miséria são desviadas para atender às vítimas da violência.

Os antigos bicheiros, agora narcotraficantes, fazem polpudas doações a escolas de samba e clubes de futebol, camuflando nossas mazelas com carros alegóricos e fantasias tapa sexo.

Quanto à posição de legalizar as drogas não encontrei nenhuma definição por parte dos candidatos presidenciais nas últimas eleições, parecia até que não era com eles…

Não creio que legalizar as drogas desativará a bomba-relógio em que se converteu a América Latina, especialmente os países andinos, a América Central e o México.

Isso tem levado a uma intervenção crescente por parte dos EUA, país que há mais de uma década vem fortalecendo sua presença militar na região de maneira nunca vista desde o fim da Guerra Fria. https://direitoeliberdade.jusbrasil.com.br/artigos/135366241/10-razoes-para-legalizar-as-drogas (consultado em 05/04/2019)

Quanto à posição de legalizar as drogas não encontrei nenhuma definição por parte dos candidatos presidenciais nas últimas eleições, parecia até que não era com eles…conferir: https://www.uol/eleicoes/especiais/propostas-dos-candidatos-sobre-drogas-legalizacao-descriminalizacao-maconha.htm#frases-30.

O combate à violência associada às drogas deveria ser uma das maiores prioridades brasileiras. O que eu sei é que quando as tábuas da lei foram a Moisés ofertadas, inventou-se a ilegalidade mesmo sem querer. Assim, legalizar as drogas é algo temeroso. Portanto, além da vulnerabilidade das nossas fronteiras, somos um país de grande desnível social e essa história de legalizar as drogas é uma falácia intelectualoide.

Falando com base na minha experiência como profissional da saúde sou contra a legalização das drogas. Com ela surgiria um aumento no número de dependentes, pois as drogas seriam mais baratas e acessíveis e os sistemas públicos de saúde gastariam mais com o tratamento dos dependentes.

As violentas disputas entre traficantes pelo mercado de drogas iriam continuar, com mais pessoas viciadas, haveria um aumento no número de crimes cometidos, em busca de dinheiro para sustentar o vício.

Leitor que sou de Machado de Assis (1839-1893) concordo com o autor quando escreve “ser o vício o estrume da virtude”. Não é necessário legalizar o estrume. Ou para tudo tem que ter Lei!

Uma coisa é conceito, outra é experiência existencial. Não se deve legalizar as drogas.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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