terça-feira, 8 de julho de 2025

O GOSTO DA LEITURA

Por Izabel Gurgel (*)

Tem pé-de-moleque da padaria Globo, que fica em uma das esquinas das ruas Padre Mororó e Pedro Pereira. Bom para levar inteiro.

Ainda no Centro de Fortaleza, teria a bolacha de massa folhada, feita nas grandes formas retangulares de madeira da padaria Ideal, na Praça da Lagoinha. Fechou.

Tem mais pé-de-moleque, o da Pão e Pães, a padaria das libanesas na Pereira Filgueiras, a rua que nasce, ou finda, quase no Pajeú passando no Paço Municipal.

Que seja aberto à fruição pública o Paço Municipal, jardim-pomar com anfiteatro e uma cacimba coberta de acústica de excelência. Teatro Máquina fez ali, intérpretes de patins deslizando na coberta sobre as águas, uma sessão de Leonce & Lena.

Gerson Augusto de Oliveira Jr. autografou lá, em 2006, meu exemplar de "Torém, brincadeira dos índios velhos", dissertação de mestrado contemplada com o Prêmio Sílvio Romero, de 1997, do Ministério da Cultura, Fundação Nacional das Artes (Funarte) e Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.

De volta à Pão e Pães, que encerra atividades no último dia útil de junho. Bolo de grude e bolo de goma do Piauí, apresentado também como rosca de queijo. Será que as irmãs libanesas deixam a receita pra gente?

No Nossa Senhora das Graças tem O Boleiro. Pelo cheiro de bolo no forno, você pode morder o fiteiro. É o vale tudo do bem quente. O com abacaxi, melhor esfriar um pouquinho.

Laranja com damasco. Bolo da Le Pain, Le Café da Professor Dias da Rocha. Já leu sobre a coleção dele no Museu do Ceará? Livro de bolso de Felipe Bottona da Silva Telles e Diva Maria Borges-Nojosa. Nhac.

Em Icó, na padaria Vale do Salgado, rosquinhas com açúcar e canela. E uns cafés com os livros dos arquitetos Clóvis Ramiro Jucá Neto (Icó e Aracati) e José Clewton do Nascimento (Icó e Sobral). Em Sobral, pêtas da região. Em Aracati, canjirão do Fortim, com cheiro de fogo de lenha. Tem no mercado.

Faz-de-conta que deu a hora de uma comida mais fornida. Paçoca do Deca ou do Galinha Caipira, ainda em Icó. Paçoca da Lúcia, no restaurante que tem o nome dela, na estrada da Caponga, em Cascavel. Delícia: é proibido som de carro. Lúcia foi do Ravengar, restaurante de outrora nas mesmas áreas, com salão sob mangueiras de copas cheias e a mais esgarçada das carnes em paçoca de pilão.

Tem paçoca com cebola roxa, feita na capital, que levo de presente como se fosse fruta do pé. É a do Sabor da Picanha, na João Cordeiro com Santos Dumont. De abrir a quentinha na hora da entrega, desfrutar do cheiro e ouvir o coro de huuummm.

...

E você, anda lendo o que?

...

Nunca se produziu tanta comida quanto nos dias de hoje. É o mesmo mundo que mais produz gente com fome.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/06/25. Vida & Arte, p.2.


INVESTIMENTOS NA SAÚDE OU NA DOENÇA?

Por Neila Fontenele, jornalista de O Povo

Parece paradoxal: quanto mais falamos em saúde, mais nossa atenção se volta para as doenças. O setor da saúde é um universo de investimentos massivos, englobando áreas que vão da Inteligência Artificial a equipamentos de ponta para detecção precoce de problemas, vacinas e medicamentos. Esse mercado bilionário movimenta atividades expressivas da economia, impulsionando um vasto leque de pesquisas.

No Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são quase meio trilhão de recursos envolvidos. Há uma percepção do crescimento contínuo do setor, no qual a saúde privada tem participação representativa, correspondendo a R$180 bilhões apenas em planos de saúde e tratamentos, e a R$168,3 bilhões em medicamentos.

Durante a feira Hospitalar 2025, em São Paulo, tivemos noção mais concreta desse mercado bilionário. Com mais de 80 mil participantes de 55 países, empresas disputavam o mercado com inovações e produtos. A maioria das soluções direcionada para o diagnóstico precoce de doenças e possíveis tratamentos de menor impacto para o paciente, algo positivo do ponto de vista da infraestrutura da rede pública e privada de assistência à saúde.

O fato é que existe uma indústria bilionária voltada para os tratamentos e para a detecção precoce de doenças, mas os esforços para a prevenção primária ainda são limitados. Embora a cultura do bem-estar esteja em alta, com propostas de desaceleração do ritmo de vida e ênfase na importância das atividades físicas, ainda é necessário um trabalho maior para disseminar uma medicina preventiva pela melhoria de hábitos.

Ou seja: o trabalho da equipe de saúde precisa priorizar a conscientização das pessoas para que se mantenham saudáveis. Ações de prevenção não são a mesma coisa que diagnóstico precoce, embora ambas sejam igualmente importantes.

Precisamos ter consciência para não ativar "bombas-relógio" em nosso corpo e, assim, buscar uma vida com mais qualidade. Essa discussão não é nova. Em 1986, já existiam acordos internacionais para criar ambientes favoráveis à saúde, com uma abordagem socioecológica e foco na preservação dos recursos naturais. Infelizmente, muitas dessas propostas ficaram apenas no discurso. E o resultado, apesar do aumento da longevidade, está no número de doenças evitáveis que continua crescendo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/06/2025. Opinião. p.16.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

AS (PÉSSIMAS) ESTRADAS DO CEARÁ

Por Heitor Férrer (*)

Certa vez, em um pronunciamento memorável na Assembleia Legislativa, o bispo Dom Edmilson da Cruz disse uma verdade: a corrupção mata nas estradas também. Ele se referia ao desvio de recursos públicos destinados à construção de rodovias seguras e duradouras. Quando o dinheiro some nos labirintos da má gestão o resultado são obras frágeis, que se tornam armadilhas mortais para famílias inteiras em seus deslocamentos.

E não se trata de uma crítica vazia ou de retórica política. Segundo matéria recente do jornal O POVO, quatro em cada dez estradas cearenses estão em condições precárias. São vias mal projetadas, abandonadas após sua conclusão. Rodovias que não cumprem sua função básica de garantir o ir e vir com segurança, mas se transformam em verdadeiros campos de prova de sobrevivência.

Essas estradas matam. E matam muito. O Brasil é hoje o terceiro país do mundo que mais mata no trânsito, ficando atrás apenas da Índia e da China, nações com populações imensamente maiores. Dados da Polícia Rodoviária Federal revelam que o país registra 513 mortes por mês, o que representa, em média, 17 pessoas mortas por dia nas rodovias. São 17 famílias dilaceradas por conta da corrupção e da impunidade.

Diante desse cenário, apresentei um projeto de lei que determina a instalação de placas de sinalização em todas as rodovias estaduais, informando o nome da empresa responsável pela obra, o valor total investido, a data de início e a de conclusão. As placas devem ser instaladas no início e no fim do trecho executado, respeitando intervalos máximos de 15 km, e devem permanecer visíveis por cinco anos após a entrega da obra. Uma medida de transparência que permite à população fiscalizar e, sobretudo, lembrar quem foi o responsável pela execução da obra.

A proposta é simples, mas poderosa. Quando uma estrada recém-construída já apresenta falhas graves, como ocorreu com o trecho que liga Fortaleza ao Eusébio e que denunciei ao Tribunal de Contas do Estado, é fundamental que a população saiba quem errou. O cidadão tem o direito de saber quem foi pago com dinheiro público para executar uma obra digna e falhou.

O TCE, por sua vez, possui todos os contratos firmados com essas empresas. Pergunta-se: qual foi a punição aplicada a quem não entregou o que estava previsto? Quantas empresas foram multadas, proibidas de contratar com o Estado ou sequer notificadas? O povo paga duas vezes: uma ao financiar obras ruins com seus impostos e outra ao arcar com as consequências dos acidentes que tiram vidas de tantas famílias cearenses.

A corrupção em obras públicas deixa suas marcas no asfalto, nos sonhos interrompidos e nas famílias que choram seus mortos. Chega de impunidade.

(*) Médico e deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/05/2025. Opinião. p.21.

Polo produtivo diversificado, educação e turismo religioso potencializam a economia caririense

Por Rita Fabiana Arrais (*)

A Região Metropolitana do Cariri (RMC) consolidou um arranjo econômico de crescimento e desenvolvimento interno de importância ímpar para o Ceará, a tal ponto de inserir a região no cenário nacional como uma das maiores do Nordeste em potencial de consumo.

A recente divulgação do IPC Maps 2025 – apresentando em números o detalhamento por vinte e duas categorias de produtos o potencial de consumo das cidades brasileiras a cada ano - não só manteve o protagonismo da RMC, como também mostrou um aumento considerável na perspectiva de movimentação financeira das cidades carirenses.

Utilizando um recorte dos dados quantitativos das vinte cidades do interior do Estado do Ceará encontramos a pujante RMC liderando o ranking. A cidade de Juazeiro do Norte está no topo com R$ 7,8 bilhões a serem movimentados neste ano. A Princesa do Cariri, Crato, está em terceiro lugar e deverá injetar na economia R$ 4 bilhões. A Barbalha de Santo Antônio está em sétimo lugar com previsão de movimentar R$ 1,9 bilhão. E em décimo oitavo temos Brejo Santo, o motor de crescimento, com estimativa de R$ 1,2 bilhão.

O estudo apontou um crescimento de 20% no potencial de consumo do estado em relação ao ano anterior. Indubitavelmente, esta elevação deve-se às modificações ocorridas nos grandes centros econômicos que impulsionaram o crescimento da economia cearense, atraindo investimentos e consequentemente, reduzindo a taxa de desemprego e proporcionando a elevação da renda.

Se analisarmos o cenário de 2024 para as cidades acima dispostas encontraremos as respectivas estimativas: Juazeiro do Norte (R$ 6,6 bilhões), Crato (R$ 3,2 bilhões), Barbalha (R$ 1,4 bilhão). A cidade de Brejo Santo não se encontrava entre as vinte maiores com potencial de consumo.

Nesse simples comparativo do ano de 2024-2025 percebemos a grandeza e solidez da economia caririense e o quanto tornou-se um mercado atrativo para investimentos. Mais do que uma localização estratégica que impulsiona o comércio com os outros estados (Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte) o Cariri ergue um sistema de produção com excelente tecnologia, mão de obra qualificada e produção diversa; ao mesmo tempo em que investe na valorização dos produtos artesanais como bens inegociáveis da cultura local.

É notório que há prosperidade! No entanto, o crescimento econômico reside num processo contínuo de diálogo entre o setor público e a iniciativa privada, a fim de que as tensões sejam minimizadas na busca pelo bem comum.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 6/06/25. Opinião. p.15.

domingo, 6 de julho de 2025

SULIVAN MOTA: um pediatra devotado à ação social na Academia Cearense de Medicina

 

Francisco Sulivan Bastos Mota nasceu em Uruburetama, Ceará, em 2/10/1949, um dos seis filhos do Dr. Valdetário Pinheiro Mota, o juiz de direito dessa comarca, e da Sra. Laura Bastos Mota, de prendas do lar.

Seu pai teve uma carreira jurídica marcante, culminando no cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Ele faleceu, subitamente, em 1968, aos 56 anos, deixando um legado significativo na magistratura cearense.

Após a infância passada em Uruburetama, Lavras da Mangabeira e Juazeiro do Norte, comarcas em que o seu genitor foi Juiz de Direito, sua formação escolar foi, em grande parte, em Fortaleza, onde concluiu o Ensino Fundamental (1º grau), no Colégio Justiniano de Serpa, nos anos de 1960 a 1965, e o Ensino Médio (2º grau), no Colégio Castelo Branco, de 1966 a 1968.

Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1976. Quando acadêmico, presidiu o Projeto Acadêmico Pacatuba, atividade de extensão universitária do Departamento de Saúde Comunitária da UFC e foi monitor de Parasitologia.

Fez residência médica em Pediatria, no Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1977). Completou sua formação em Pediatria com o Aperfeiçoamento em Desenvolvimento da Primeira Infância na Universidade de Harvard (2018).

É mestre em Pediatria pela UFRJ, tendo defendido a dissertação “Vacinação de recém-nascidos com BCG pela via intradérmica: estudo da imunidade humoral e celular”, em 1981, orientada pelo Prof. Dr. Antônio Oliveira Lima; e também doutor em Biotecnologia pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, doutorado concluído, em 2021 com a tese "Identificação de biomarcadores do proteoma salivar para o diagnóstico, prognóstico, e tratamento do transtorno do espectro autista (TEA)", conduzida sob a orientação do Prof. Dr. José Henrique Leal Cardoso, uma pesquisa que, merecidamente, foi patenteada.

Em 1983, foi coordenador do programa de iniciação científica do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e um dos idealizadores que formularam, dentro da UFC, a figura do agente de saúde, projeto este institucionalizado no primeiro governo Tasso Jereissati. Para tanto, criou o Ambulatório Integrado de Pediatria do HUWC, resgatando as lideranças comunitárias do antigo Instituto de Medicina preventiva – IMEP, denominadas de Agentes de Saúde, hoje Agentes Comunitários de Saúde, presentes atualmente em quase todos os municípios brasileiros.

Foi responsável pela fundação e edificação da Unidade Neonatal da UFC e de sua primeira UTI neonatal. Criou a primeira residência de Neonatologia do Ceará e interiorizou os conceitos de neonatologia para todo o estado através de cursos de Neonatologia para Clínicos e Anestesistas.

O Dr. Sulivan Mota criou, na década de 1980, o primeiro Banco de Leite do Norte e Nordeste do Brasil e participou da criação e do quadro docente do primeiro curso de Saúde da Família do Estado do Ceará, através da Escola de Saúde Pública do Ceará.

Foi, em 1987, idealizador e fundador do Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce – NUTEP, situado na UFC, hoje atendendo cerca de mil crianças portadoras de necessidades especiais com unidade específica para a estimulação de autistas, paralisia cerebral, sindrômicos, inclusive os sequelados pela síndrome congênita por Zikavírus. Hoje o NUTEP, como referência, se estende a todas as regionais de saúde do nosso Estado.

O Dr. Sulivan Mota presidiu, de 2010 a 2013, a SAMEAC, entidade do terceiro setor, responsável pela gestão do Complexo Hospitalar da UFC (HUWC e MEAC) e de apoio ao HEMOCE.

Foi recentemente aposentado, por alcançar a idade compulsória, em 2024, como Professor Associado D-1 da UFC. Ocupou diferentes funções acadêmicas e técnicas na UFC, exercendo chefias de serviços especializados em Pediatria, como: Chefe da Unidade de Neonatologia da Maternidade Escola Assis Chateaubriand do Complexo Hospitalar da UFC; Coordenador do Programa de Iniciação Científica do HUWC e Coordenador Executivo do Ambulatório do HUWC.

Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Pediatria. atuando principalmente nos seguintes temas: recém-nascidos, enteroparasitoses, estudantes de medicina, saúde materno-infantil, primeira infância, vínculo e apego.

Participou, como convidado da David Rockfeller Center for Latin American Studies (DRCLAS), do III Curso de Liderança em Desenvolvimento Infantil, realizado na Harvard University, em janeiro de 2014, e dos Collaborative Course Public Health Harvard/ Brazil, janeiro de 2013, 2016 e 2018, lecionados no Instituto da Primeira Infância – IPREDE.

Sua produção científica, identificada na Plataforma Lattes e atualizada em 4/07/2022, destaca-se pela publicação de 16 artigos científicos, sendo 13 deles em periódicos internacionais, inclusive em revistas de grande impacto. Apresentou 25 trabalhos em eventos científicos. Teve participação em 26 bancas examinadoras de concursos e processos seletivos.

Desde 2006, preside o IPREDE, tendo conquistado o meritório reconhecimento institucional de distintos segmentos da sociedade e atraído apoio de organismos nacionais e internacionais em prol das causas abraçadas de largo apelo social e comunitário. Transformou o IPREDE num centro de formação acadêmica articulando-se com mais de uma dezena de universidades brasileiras e internacionais, recebendo anualmente 30 alunos da Harvard University. Criou duas empresas sociais visando a manutenção do IPREDE, uma clínica “popular” e um laboratório de análises clínicas. Ampliou a ação de combate à desnutrição criando a estimulação do desenvolvimento da criança e da transformação social de sua família, promovendo a Escola de Profissionalização Doutora Lígia Almeida, criando o Programa Mãe Colaboradora. Também criou, no IPREDE, o Canal de TV e a rádio Primeira Infância.

Presentemente, está à frente de diversos projetos, como programa “Cresça com seu Filho”, implantado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE, Programa de Formação de Gestores da Educação Infantil/ programa Mais Infância - Governo do Estado do Ceará; pesquisa: Formação de Vínculo na Adversidade com ILAB - Núcleo Ciência pela Infância/Fundação Maria Cecilia Solto Vidigal. É responsável pela parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, beneficiando mais de 640 entidades do estado do Ceará, na capacitação sobre desenvolvimento da primeira infância.

Como reconhecimento profissional e do exercício da cidadania, Sulivan Mota foi distinguido com: Medalha Comemorativa dos 35 anos de instalação da Universidade Federal do Ceará (1990); Cidadão Fortalezense, da Prefeitura de Fortaleza (2007); Comenda Rodolfo Theophilo, do Governo do Estado do Ceará, pelas contribuições ao Sistema Único de Saúde - SUS (2008); Honra ao Mérito pela Preceptoria do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (2012); Comenda Benfeitor da Criança da Cidade, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, por serviços prestados à criança (2013); Comenda do Mérito Médico, da Unifor (2013); Comenda da Maternidade Escola da UFC, pelos 50 anos de fundação da MEAC (2013) e a Medalha Boticário Ferreira (2017).

Também foi agraciado com as seguintes honrarias: Homenagem pelo IPREDE (2006); Comenda de Empreendedor Social, pela Associação de Jovens Empresários (2010); Homenageado pelo HEMOCE (2011); Comenda Madre Teresa de Calcutá (2011); Título de Empreendedor Cearense, pela Federação dos Jovens Empresários do Estado do Ceará – FAJECE (2011); Homenagem nos 25 anos do NUTEP (2012); Título de Sócio Benemérito da Fundação Franklin Roosevelt (2012); Homenagem pela Preceptoria da Residência de Pediatria da UFC (2012); Troféu Tiradentes da Maçonaria (2013); Medalha Raimundo Feitosa da Entidade Amigos (2014); Comenda “Transformando Vidas” (2014); Homenageado pela SAMEAC (2014); Comenda Amigo da Marinha (2014); Comenda José Leite Martins – SENAC (2016); Membro honorário da Rede Latino-Americana das Universidades com formação em Psicomotricidade (2016); Homenagem pelos 30 anos de formatura da turma de medicina da UFC de 1986.1 (2016); Homenageado pelo Complexo Educacional Farias Brito (2017); Troféu “Homem de Bem (2017); e Troféu “Sereia de Ouro”, do Sistema Verdes Mares de Comunicação (2019).

Casado, desde 14/04/1976, com a enfermeira e professora universitária Sônia Maria Cantídio Mota, Sulivan Mota é pai de Tadeu (pedagogo), Laura (administradora) Mariana (economista) e Joana (psicóloga), que deram aos avós os netos Valentina, Bernardo, Sulivan, Lara, Lina e Maria Fernanda.

O Acad. Francisco Sulivan Bastos Mota foi empossado na Academia Cearense de Medicina (ACM), em 27/09/2024, na Cadeira nº 1, patroneada por médico Vicente Cândido Figueira Sabóia, o Visconde de Sabóia, e por último ocupada pelo Acad.  Geraldo de Sousa Tomé, que passara para a categoria de membro titular honorável, sendo recepcionado, na ocasião, pelo confrade Luiz Gonzaga de Moura Júnior.

A ACM ficou socialmente mais enriquecida com a entrada desse tão valoroso pediatra que tanto tem se dedicado à ação social em prol da infância no Ceará.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM - Cad. 18

* Publicado In: Jornal do médico digital, 21(192): 31-35, junho de 2025. (Revista Médica Independente do Ceará).


Este assistente do supermercado é mais esperto do que parece!

Um homem em um supermercado tentou comprar metade de uma cabeça de alface. O jovem assistente do departamento de verduras disse-lhe que só vendia as alfaces inteiras. O homem persistiu e pediu para falar com o gerente. O garoto disse que perguntaria ao seu gerente sobre isso.

Entrando na sala da gerência, o rapaz disse ao seu gerente:

"Um idiota quer comprar metade de uma cabeça de alface."

Quando terminou a frase, ele avistou outro senhor também interessado em comprar alface e lhe ofereceu a outra metade.

O gerente aprovou o negócio, e os dois homens seguiram o caminho....

Mais tarde, o gerente disse ao garoto: "Fiquei impressionado com a maneira como você se saiu daquela situação. Gostamos de pessoas que pensam sempre em soluções rápidas! De onde você é rapaz?

"Canadá, senhor" - respondeu o assistente.

"Bem, por que você deixou o Canadá?" - perguntou o gerente.

O garoto disse: "Senhor, não há nada além de prostitutas e jogadores de hóquei lá!"

"Sério?" Disse o gerente. "Minha esposa é do Canadá."

"Sério?" - respondeu o menino. - Para quem ela jogaria?

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

O pastor de ovelhas e a aposta do advogado

Um pastor de ovelhas estava cuidando de seu rebanho, quando surgiu pelo caminho uma caminhonete importada de última linha, toda equipada. Parou na frente do velhinho e desceu um cara todo arrumado, de terno preto de grife, camisa branca de seda, gravata italiana, sapatos bicolores moderníssimos, e disse:

— Senhor, se eu adivinhar quantas ovelhas o senhor tem, o senhor me dá uma? Um tanto desconfiado, o velhinho concordou. Então o cara volta para o carro, pega um notebook, se conecta à internet pelo celular, baixa uma base de dados, entra no site da NASA, identifica a área do rebanho por satélite, calcula a média histórica do tamanho de uma ovelha daquela raça, baixa uma tabela do Excel com execução de macros personalizadas, e depois de três horas, diz ao velho:

— O senhor tem 1.324 ovelhas e quatro podem estar grávidas.

— O senhor está certo. Pode levar a ovelha. O cara pegou o bicho e levou-o para o carro. Quando estava saindo, o velho perguntou:

— Desculpe, mas se eu adivinhar sua profissão, o senhor me devolve a ovelha?

Duvidando que acertasse, o cara concorda e o velhinho foi taxativo:

— O senhor é advogado. — Incrível! Como adivinhou?

— Quatro razões: primeiro, pela frescura; segundo, veio sem que eu o chamasse; terceiro, me cobrou para dizer algo que já sei. E quarto, nota-se que não entende nada do que está falando. Devolva já o meu cachorro!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 5 de julho de 2025

As moradas do advogado e do padre no céu

Chegaram juntos ao céu um advogado e um papa. São Pedro mandou o advogado se instalar em uma bela mansão, no alto de uma colina com ruas de ouro.

O papa, que vinha logo atrás, pensou que seria contemplado com um palacete, mas ficou decepcionado quando São Pedro disse que ele deveria morar numa kitnet minúscula. Irritado, o santo padre observou:

- Não estou entendendo mais nada! Um sujeitinho medíocre como esse, simples advogado, recebe uma mansão daquela e eu, Pontífice da Igreja do Senhor, vou morar nessa espelunca?!

Ao que São Pedro respondeu:

- Espero que Sua Santidade compreenda! De papa, o céu está cheio, mas advogados... Esse é o primeiro que recebemos!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Ela não imaginava essa 'surpresa' no jantar...

Um casal muito idoso estava tendo um jantar muito elegante para comemorar o seu 75º aniversário de casamento. Viveram muito felizes e tiveram nada menos que 10 filhos.

O velho inclinou-se e disse baixinho para sua esposa: "Querida, não é algo que eu preciso lhe perguntar, mas como sempre me incomodou que o nosso décimo filho nunca se parecia com o resto de nossas crianças... Nesses 75 anos que passei ao seu lado, têm sido a experiência mais maravilhosa que eu poderia ter em toda a minha vida, e sua resposta não pode acabar com tudo. Mas eu preciso saber: por acaso ele é filho de um pai diferente?"

A mulher abaixou a cabeça, incapaz de olhar o marido nos olhos. Ela fez uma pausa por um momento e depois confessou: "Sim. Sim. Ele é de outro pai."

O velho ficou muito abalado, a realidade de que a sua esposa o traiu era mais difícil de administrar do que ele esperava. Com uma lágrima no olho, ele perguntou:

"Quem? Quem é ele? Quem é o pai?"

Mais uma vez, a velha baixou a cabeça, sem dizer nada num primeiro momento, enquanto tentava reunir a coragem suficiente para dizer a verdade ao marido. Então, finalmente, ela disse:

"Você, 20 anos mais velho! Você realmente estava diferente de quando nós tivemos o nosso primeiro filho!".

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Crônica: “Algum alguém” ... e outro causo

Algum alguém

Cheio de nove horas, é modelo de sujeito falante, que tudo sabe - e nada entende, quando investigado mais proximamente. Tudo presenciou, protagonizou, testificou. Conversa bonita tali. E as frases de efeito criadas a partir do que ouviu em inglês, francês, esperanto? "Ox fóide di grandi xibiribibiu!", a ele atribuído, é pensamento "mental" de significado secular - "Nos menores frascos, as melhores essências". Que tal esse - "Mas se você dadaba, dadaba vineneco", cujo significado assegura ser - "Se você não me queria, não devia me procurar, não devia me iludir..."?

- E se não for, eu cegue!!! Me deixe em paz!!!

Utilizado por Falcão em rompantes fuleirosóficos, chama pra si a autoria do latinado - "Lago cabo mater tu amala burra est" - "Agora eu faço como o ditado: iê, iê!". Olavo Babau, a quem me refiro, não consegue pronunciar o que está escrito no papel, simplesmente articula do jeito que lhe chega às oiças a palavra, a frase, o remoque. Dona "Carmelitra" (sogra dele), seu "Alfrane" (marido de dona Carmelita - Afrânio); dotô Nambuco (Dr. Nabuco, urologistra); "contragota" (contagota); "Uai faz" (Wi-Fi - "Wireless Fidelity"); Antônio pros dentes (onde tratou ferida braba)...

- O resto do tratamento foi em casa, a "Rô me quer"!

A desculpa que aplicou para não ir ao batizado da neta do cunhado do genro da ex-vizinha Carmosa foi cinematográfica. Por conta, quiçá, do que rolou com uma filha que viajou pra Califórnia, Olavo Babau matou a pau em matéria de convencimento a quem lhe fez o convite. "Infelizmente, infelizmente! Foi mal!"

- Estou em Horizonte, no sítio, e meu passaporte pra voltar ao Montese venceu. Terei de ir a Pacajus resolver a querela diplomática na Embaixada! Entende? - disparou.

- Não, mas é perfeitamente compreensível! Cuidado pra não ser deportado! - respondeu o cunhado do genro da ex-vizinha Carmosa, algo mais ou menos consolado.

- Meu querido, nem sempre a gente ganha, mas sempre a gente tem raiva...

- Se você tá dizendo...

- Disse e tá dizido! Quem quiser que ôva!

Passei um mês sem pregar a pestana

No Guajiru, final de semana derradeiro de abril, na praça da Matriz de Nossa Senhora dos Navegantes, boquinha da noite, a pergunta do pescador um tanto já "truviscado" da velha "caieba" ao cachorro magricelo que lhe fazia companhia, na calçada alta, chamou-me a atenção pela profundidade ontológica, a dimensão hermenêutica, o quilate transcendental, a repercussão socioambiental magnânima, enfim. Perquirição como aquela, só do gênio incompreendido.

Tenho "ouvisto" o físico brasileiro Marcelo Gleiser defender, e eu concordo, que ciência e religião não precisam ser vistas como antagônicas; todavia, nada se compara ao questionamento quântico do preclaro guajiruense. Michio Kaku, cientista norte-americano de nome horroroso, destaca ser "ridículo achar que somos a única espécie inteligente". Acredito piamente que seja, mas... Stephen Hawking em suas especulações acerca de cenários catastróficos - guerra nuclear, inteligência artificial descontrolada, eventos cósmicos - bate nem o centro quando comparado à problemática levantada pelo colega praieiro. A inquisição do moço, simplesmente:

- Tu sabes, Tupi, qual o impacto ambiental da mijada de um sujeito imprevidente, de seus 80 anos, no mar desse Oceano Atlântico de Meu Deus?

Atento à exposição interrogativa, o cachorro levantou-se, abanou o rabo de lá pra cá três vezes, fez xixi no poste ao lado e uivou à moda um lobo solitário, como a dizer em alto e bom som em que resultaria a mijada de um sujeito imprevidente no mar:

- Lascou!!!

Fonte: O POVO, de 6/06/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

VIDA 3

Por Rev. Munguba Jr. (*)

Meu tio, Dr. Silas Munguba, nome dado a avenida do Castelão, veio para Fortaleza com o propósito de fundar o Hospital Batista, e meu pai, Pr. Samuel Munguba, nome dado a rua da Seven Church, veio para fundar o Colégio Batista. Juntos, fundaram o Desafio Jovem do Ceará, que foi a primeira comunidade terapêutica do sul da Bahia ao norte do Acre.

Sempre acompanhei meu pai e meu tio em suas jornadas de investimento na qualidade de vida dos seus semelhantes. Lembro que passei mais de um ano fazendo palestras no Presídio Amanari, onde Dr. Silas foi diretor. Também realizamos visitas sistemáticas ao Desafio Jovem do Ceará, que leva o nome do Dr. Silas Munguba.

Mas descobri algo muito importante: não podemos mudar a vida de quem acredita que não precisa de mudança. É necessária uma decisão, uma forte disposição para transformar a própria realidade. Milhares de jovens tiveram suas vidas restauradas, mas nem todos conseguiram beber do amor desses dois homens de Deus e ressignificar suas histórias.

No início do ano de 1999, recebi em meu gabinete pastoral um jovem que havia passado pelo Desafio Jovem e, infelizmente, havia recaído no vício das drogas. Ele estava visivelmente abalado. Relatou que sua família o internara em uma clínica psiquiátrica, onde recebeu choques elétricos na cabeça e muitas injeções para ficar quieto e sem forças. Contou ainda que havia fugido de lá e que não retornaria sob hipótese alguma.

Conversei com ele por mais de uma hora e acalmei o seu coração. Ele me disse que tomaria um banho em casa e voltaria para participar de uma das nossas celebrações.

Cerca de duas horas depois, recebi um telefonema da família pedindo que eu fosse com urgência à sua residência.

Quando cheguei, deparei-me com a imagem mais triste que já marcou a minha vida: um jovem lindo, com um futuro promissor, estava pendurado em uma corda, em um quartinho nos fundos da casa.

Naquele dia, pedi a Deus uma ideia que me permitisse ajudar a ressignificar a vida das pessoas, para que eu pudesse ser parceiro dos profissionais de saúde mental atuando na prevenção.

Foi assim que, em 1999, nasceu o Vida 3 - o Seminário de Desenvolvimento Espiritual, Emocional e Financeiro -, que já influenciou positivamente a vida e a história de mais de sessenta mil pessoas ao longo desses anos. @vida3oficial

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil e presidente da Igreja Batista Seven Church.

Fonte: O Povo, 7/06/2025. Opinião. p.18.


Comentários sobre arrecadação versus IDH

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

O orgulho do professor é sempre constatar o sucesso do aluno. No caso do Dr. Cialdini tenho muito orgulho de ter sido seu professor e é sempre com muito cuidado que leio seus artigos. Sempre excelentes. Assim nunca fiz qualquer comentário sobre aqueles que li.

Este, entretanto, me chamou a atenção por tratar de um assunto dos mais difíceis em ciência econômica: o fenômeno "causa-efeito".

Não quero aqui entrar na discussão filosófica do fenômeno "causa´-efeito', discussão esta que se arrasta desde Aristóteles (384AC - 322AC), quando em seu trabalho sobre metafísica definiu as quatro "causas" que poderiam existir.

Mas é importante termos consciência que o fenômeno "causalidade" envolve muito cuidado quando queremos determinar "o que causa o que".

Aqui vale lembrar que a "causalidade" entre dois eventos, do tipo: o evento X determina o evento Y não pode ser tomada como uma lei determinística. Isto só será verdade se o "não X implica no não Y"

Sabemos que a "causalidade" é um dos temas mais controversos (embora um dos mais discutidos) em ciência econômica. De fato, essa ciência se utiliza de muitas "leis", onde são estabelecidas muitas "causações".

Exemplo: a relação renda-consumo. Todo aluno principiante de economia já é capaz (já que lhe foi ensinado) de atestar que "o aumento da renda determina um aumento no consumo".

Mas aí vem o consumo dos bens inferiores, que desmente essa lei. Ou o "efeito catraca" de James Duesenberry que, também não corrobora tal lei. Ou a Lei de Wagner, sobre os gastos públicos. Eu poderia citar inúmeros exemplos.

O artigo do Dr. Cialdini procura mostrar que há uma relação direta entre arrecadação e IDH. Me pareceu que temos aí uma variante da Lei de Wagner.

Vale salientar que o Dr. Cialdini chama a atenção para o problema da "Causalidade", em termos de "estabilidade". Entretanto, o problema não é a "estabilidade" dessa relação, mas sua veracidade.

No caso do artigo ora discutido, a causalidade foi expressa como: "quanto maior a arrecadação (X), maior o IDH (Y)".

Entretanto, não foi discutido o problema que no cálculo do IDH o que entra é a renda total da sociedade (não somente a renda do setor público) e não o valor arrecadado, e defende que os outros dois indicadores no cálculo de IDH (nível de vida e educação) dependem fortemente do gasto público. Hipótese não necessariamente verdadeira.

Chamo, ainda, a atenção que o uso de instrumentos econométricos sofisticados, neste caso, não determina que a causalidade "Não X implica o não Y", seja verdadeira.

Sabemos, apenas, que quanto maior for o sistema econômico, maior é o setor público.

De qualquer forma parabenizo o Dr. Cialdini pela defesa da arrecadação, ele que é um excelente tributarista.

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 1/06/25. Opinião. p.186.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

XXV Prêmio Estadual Ideal Clube de Literatura

Ontem à noite (1º/07/25), representando a Academia Cearense de Médicos Escritores ACEMES, os acadêmicos Luiz Moura, Walter Miranda e Marcelo Gurgel comparecem ao lançamento do XXV Prêmio Estadual Ideal Clube de Literatura – 2025.

Desta feita, o certame, que homenageia o poeta José Teles, tem o gênero CONTOS e distribuirá prêmios da ordem de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), além da publicação em livros dos trabalhos premiados.

A quem interessar, vide informações, na home page do Ideal Clube.

As inscrições ficarão abertas até 29 de agosto de 2025, de forma exclusivame remota.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACEMES – Cadeira 24


ALGUNS MITOS SOBRE TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

Em coautoria com os pesquisadores Pedro Humberto e Cláudia Decesares, lançamos o livro Solidariedade Fiscal: desmistificando o nível de tributação e seu impacto no crescimento econômico. Realizamos uma análise comparativa de 126 países, incluindo o Brasil. Os dados foram obtidas junto ao Banco Mundial, à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Já as informações relativas à União, aos estados e aos municípios foram disponibilizadas pela Secretaria do Tesouro Nacional.

A seguir, respondemos a algumas perguntas frequentes no debate sobre a carga tributária e seus efeitos na economia brasileira.

1 - A carga tributária (CT) no Brasil é alta? Não. O Brasil apresenta apenas 28% da arrecadação tributária média per capita, em paridade de poder de compra considerando 26 países de elevada renda per capita. O problema, no entanto, está na composição da carga tributária. Uma reforma tributária abrangente e inclusiva deve priorizar a tributação de indivíduos de alta renda, sobretudo a de capital, além de fortalecer a tributação sobre o patrimônio.

2 - É possível fazer comparações internacionais de carga tributária? Sim, mas cuidado com a comparabilidade. Entre 2000 e 2021, a arrecadação tributária média foi de 32% do Produto Interno Bruto (PIB) oficial. Apesar dos avanços proporcionados pelos Simples Nacional e Microempreendedor Individual, o Brasil ainda conta com cerca de 38 milhões de brasileiros na informalidade, de acordo com dados da Pesquisa Economia Informal e Urbana, do IBGE. Conforme o Banco Mundial, o setor informal brasileiro é muito mais elevado que o dos países desenvolvidos. Considerando o PIB real, a carga tributária cai para 23%, já que a tributação não incide sobre bens, serviços e rendimentos de trabalhadores e empregadores informais. Isso gera uma desconexão entre o nível de arrecadação e a necessidade de gastos públicos.

3 - A tributação sobre rendimentos do capital e patrimônio precisa ser mudada?

Sim. O Brasil se destaca pela baixa progressividade. A nossa historiografia tributária rendeu alargada desigualdade. Nosso estudo levantou que a tributação sobre juros, dividendos e ganhos de capital foi de 23% nos países desenvolvidos como Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá e Holanda enquanto no Brasil esse percentual não ultrapassa 15%. Tomando o Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana (IPTU) como exemplo, o Brasil arrecada apenas 0,5% do PIB com esse tributo, contra 2,4% na França e 3% nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

O trabalho completo pode ser acessado em: https://encurtador.com.br/b9VHx.

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 29/05/25. Opinião. p.17.

terça-feira, 1 de julho de 2025

VERGONHA

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Já relatei neste espaço a atitude de Liduíno Pinheiro de Sousa, motorista de minha família há 40 anos, que, após o falecimento de sua mãe, em Jaguaruana, foi à agência do INSS para entregar o cartão de saque do benefício de sua genitora, por achar que só ela, e somente ela, poderia usá-lo. O gerente, surpreso, exclamou: “Este foi o primeiro caso de devolução, pois os herdeiros costumam usar a senha de quem faleceu até a prova de vida.”

Depois das atuais fraudes no INSS, com descontos indevidos, soube de falhas também no Bolsa Família. Há logro de ponta a ponta. A maioria dos habitantes das pequenas e pobres cidades possui pouca instrução e elevada idade. Para usufruírem dos proventos, recebem um cartão com o crédito de cada mês. Em inúmeros casos, é difícil, ou até impossível, sua ida ao banco. Preferem não sair de casa e entregam cartão (sem procuração) e senha a alguém que passa a representar mensalmente muitas pessoas e entregar-lhes os mantimentos.

Geralmente não há prestação de contas; a vítima é informada de algum débito e nunca há crédito. Às vezes o responsável pelos cartões é o proprietário do mercadinho, que anota em seu caderno os nomes e as quantidades dos itens entregues sem os respectivos valores. Para as famílias existem apenas as compras. Só quem pega em dinheiro é o intermediário.

Não é função do INSS transferir dinheiro para empresas privadas, mas, há muito tempo, larápios se aproveitam da ingenuidade e pureza dos humildes. Num exemplo de um milhão de prejudicados, uma retirada ilegal de R$ 20,00 de cada vítima corresponde a um total de R$ 20 milhões. Ao considerar apenas as atuais queixas por telefone e no aplicativo Meu INSS, o ministro Haddad prevê devolução de até R$ 2 bilhões por fraudes no INSS.

O antigo e vultoso roubo que atingiu idosos e carentes nos leva à reflexão sobre a citação atribuída ao notável historiador cearense Capistrano de Abreu (1853–1927). Teria ele dito que a Constituição ideal para o Brasil deveria conter apenas 2 artigos. O primeiro seria: “Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara.” E o segundo: “Revogam-se as disposições em contrário.”

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/05/25. Opinião, p.16.

Avanços e alarmes na evolução do IDH!

Por Lauro Chaves Neto (*)

O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas divulgou, recentemente, a atualização do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 193 países, com dados de 2023, sobre indicadores de expectativa de vida, escolaridade e Produto Interno Bruto (PIB) per capita.

O Brasil está na 84ª colocação com IDH de 0,786 considerado de desenvolvimento alto. Desde 1990, acumulamos aumento de 22,6%, enquanto o ritmo global foi de 24,3%, e o do nosso grupo, de 36,6%. Outros emergentes avançaram mais rápido, como o Peru (27%) e Colômbia (26,5%), um pouco acima no ranking, além da China (62,3%), Índia (53,6%) e Turquia (42,6%).

De 1990 até 2023, acumulamos avanços nas medidas de renda, saúde e educação que formam o IDH. O PIB por habitante subiu de US$ 12,178 para US$ 18,011; a expectativa de vida ao nascer, de 65,86 para 75,85 anos; a escolaridade média de 3,69 para 8,43 anos.

Além do Brasil, outros 49 países são considerados de desenvolvimento alto (de 0,700 a 0,799). As nações de desenvolvimento médio (de 0,550 a 0,699) somam 43, enquanto aqueles com desenvolvimento baixo (abaixo de 0,550) são 26. A Islândia ultrapassou a Suíça e a Noruega é agora o país com maior IDH do mundo (0,972), os seis primeiros são europeus. Já o Sudão do Sul tem o pior (0,388), as nove últimas posições são de países africanos.

Se os dados apresentam avanços, também mostram alarmes, principalmente no que se refere à desigualdade social! Os ganhos são lentos e pessimamente distribuídos. No cálculo em que a ONU ajusta o IDH de acordo com a desigualdade social, o país cai para 0,594, próximo ao de baixo desenvolvimento humano e apenas na 105ª posição.

Aqui, os 40% mais pobres detêm apenas 11,3% dos rendimentos da população, enquanto os 10 % mais ricos ficam com 41%. Nos Estados Unidos, país mais desigual entre os ricos, os percentuais são 15,6% e 30,2%, respectivamente.

Baixa competitividade, infraestrutura precária, elevada concentração de renda e sofrível qualidade da educação, em todos os parâmetros internacionais, são alguns dos principais gargalos a serem superados.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 26/05/25. Opinião. p.22.


segunda-feira, 30 de junho de 2025

JUNHO: o mês do Coração que ama sem medidas

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Junho costuma ser lembrado pelas festas populares, suas cores, suas quadrilhas e sabores típicos que alegram o povo. Mas para nós, católicos, este mês tem uma beleza ainda mais profunda e silenciosa: ele é tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. E contemplar esse Coração é entrar no mistério mais íntimo de Deus, onde habitam a misericórdia, a compaixão e o amor sem medidas.

A devoção ao Sagrado Coração não é apenas uma prática antiga, nascida de revelações ou de imagens piedosas. É, antes de tudo, um caminho de encontro. Um encontro com o Coração de Cristo, que bate por cada um de nós com intensidade, paciência e ternura. Como jesuíta, formado à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, aprendi que conhecer Jesus é permitir-se ser tocado por esse amor que vem de dentro, que brota do Seu Coração aberto, transpassado na cruz, mas sempre vivo.

Esse Coração nos revela um Deus próximo, humano, que sofre conosco e por nós. Um Deus que não é indiferente à nossa dor. Quando olhamos para o Coração de Jesus, vemos ali um amor que não desiste, que não acusa, que não impõe condições. É um amor que se entrega, que acolhe e que transforma.

Vivemos tempos em que os corações se tornaram duros, apressados, feridos. Tempos em que a compaixão parece fraqueza e o silêncio virou escassez. Mas o Coração de Jesus continua sendo um convite à mansidão, à humildade, à escuta. Como Ele mesmo diz no Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29). Essa mansidão não é passividade, mas firmeza amorosa. Essa humildade não é fraqueza, mas liberdade de quem serve por amor.

No Sagrado Coração, encontramos a fonte da verdadeira consolação. Não aquela que mascara a dor, mas a que nos dá forças para enfrentá-la. Quantas vezes, em minha caminhada de fé, me vi diante Dele com mãos vazias, coração cansado, e encontrei abrigo. Porque esse Coração acolhe o pecador, o cansado, o perdido, o que caiu no caminho. E não apenas acolhe Ele caminha conosco.

Junho é, então, tempo de graça, tempo para escutarmos a batida desse Coração que pulsa incessantemente por nós. É um convite a nos deixar amar, curar, transformar. A fazer do nosso coração uma extensão do Coração de Jesus: mais compassivo, mais atento, mais entregue. O mundo não precisa de corações perfeitos, mas de corações disponíveis, capazes de amar como Ele ama.

O Sagrado Coração de Jesus continua aberto. Aberto por amor. E esperando que também abramos o nosso.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 28/06/2025. Opinião. p.18.

 

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