quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

UM TUMOR CEREBRAL E UMA JORNADA

Por Saulo Teixeira (*)

No imaginário coletivo, um tumor na cabeça é um dos diagnósticos mais assustadores da medicina. Mesmo para nós, neurocirurgiões, que lidamos com essa realidade talvez uma ou duas dezenas de vezes por semana, cada exame que revela a presença de uma lesão tumoral vem acompanhado de uma infinidade de sentimentos.

A comunicação desse diagnóstico aos pacientes é uma das tarefas mais delicadas. Enfrentamos o medo de causar sofrimento desnecessário e a dificuldade de equilibrar a transparência sobre prognósticos sombrios com a necessidade de manter alguma esperança. Além disso, temos a responsabilidade de explicar que a cirurgia, apesar de necessária e segura, acarreta riscos significativos.

A habilidade manual, por si só, não basta. A estratégia é fundamental para um bom resultado. Muitas vezes, o tumor se encontra em áreas chamadas "eloquentes", regiões do cérebro responsáveis por funções vitais como fala, compreensão, visão, movimento e comportamento.

As relações pessoais no tratamento também evoluíram. Na minha geração, o neurocirurgião assistente deixou de ser o "tutor" absoluto do paciente. Hoje, as decisões são frequentemente colegiadas, discutidas com médicos parceiros e até mesmo com familiares leigos. Essa abordagem colaborativa frequentemente leva às melhores decisões.

Após a cirurgia, começa uma nova fase repleta de medos e incertezas, onde a reabilitação é crucial. Muitas vezes, é necessário um tratamento complementar, mas a esperança renasce. Nosso oponente, o tumor, terá sido em grande parte removido ou, ao menos, compreendido.

Claro que há algumas perdas pelo caminho. Há solidão, há infecção, há sangramento, há déficit neurológico, há abandono e muito medo. Mas preciso contar uma coisa: essa saga, que começou com a assustadora sentença do primeiro parágrafo, que já testemunhamos tantas vezes em tão pouco tempo, tem muito, muito mais finais felizes do que você, leitor, imagina.

Para mim, só existem duas certezas. A primeira é que o paciente com um tumor cerebral atualmente pode viver mais e melhor do que no passado. A segunda é que só enfrentamos esse desafio se permanecermos juntos!

(*) Médico neurocirurgião. Professor do IDOMED.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/12/2024. Opinião. p.16.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

RETROSPECTIVA DE CINCO ANOS

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Em 03/2/2020, estreávamos nesse espaço do O POVO, com pauta totalmente livre, como é da política democrática deste Jornal. E aproveitamos o primeiro desses 63 artigos para falar sobre a questão crucial da intolerância que grassa em nossa sociedade. Este tema rendeu quatro artigos, com o título "No Reino da Tolerância (I a IV), e outras abordagens semelhantes, propondo mudanças de costumes que permitam formas de lidar com o outro e debater os temas importantes, sem o ranço hoje existente, e provocamos sobre temas como os pets, o metaverso e as controvérsias do plano de ocupação de Marte.

Na época, eclodiu a pandemia da Covid-19, que não poderia deixar de ser tratada, pelo que significava para todo o mundo. Uma doença desconhecida, que gerou um sem-fim de discrepâncias no seu tratamento e na convivência entre pessoas.

Foram também destacadas instituições, como os conselhos profissionais, a Academia Cearense de Administração (Acad), as empresas juniores, a Rede dos Núcleos de Inovação Tecnológica (Redenit-CE, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) a Associação Beneficente do Parque do Cocó (ABPC) e a Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

O espaço homenageou figuras que me inspiram, como minha mãe, o político Virgílio Távora, o jornalista Ciro Saraiva, o ex-reitor da Uece, Assis Araripe, a dama do folclore cearense, Elzenir Colares, uma funcionária da Uece, Dilce Feitosa, esses falecidos; a pintora com os pés e a boca, Goret Chagas, o ex-presidente do BNB, João Alves de Melo e o ex-governador Gonzaga Mota.

Com a Santa Casa como pano de fundo o tema mais presente foi a realidade das entidades filantrópicas na área da saúde, a partir das dificuldades financeiras que sofrem com a tabela SUS totalmente defasada, obrigando-as à esdrúxula situação de terem que pagar pelos serviços que prestam.

Já agora nos manifestamos sobre as eleições de Fortaleza, em relação ao setor de saúde pública, confiantes de que, a partir de uma série de tratativas ocorridas, a Santa Casa possa voltar ao funcionamento pleno, ajudando a reduzir as enormes filas hoje existentes. Que 2025 seja de mais alegrias!

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/12/24. Opinião. p.16.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

DEZEMBRITES

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Os dias de intervalo entre o fim de um ano e o início de outro nem sempre são simples. Os afazeres se somam. Compras. Compromissos. Confraternizações. De tanto celebrar, as alegrias podem perder a graça. Por outro lado, este é também um tempo de inevitáveis balanços. O que restou das promessas feitas na passagem de ano anterior? Matéria deste jornal afirma que o espírito deste misto de angústia e euforia tem um nome: dezembrite (O POVO, 22 dez. 2024). Terminando com o sufixo "ite", boa coisa não há de ser. Haveria um emoji para expressar este estado?

É verdade que existiram fatos positivos, mas em muitos sentidos este foi um ano pouco fácil. Atravessá-lo, uma tarefa árdua. Conflitos políticos armados destroçaram milhares de vidas. Intempéries da natureza destruíram o meio ambiente. O que dizer e fazer diante da inclemência do vivido? Afastando-nos de fórmulas da moda, há que se fugir dos protocolos simplificados de sobrevivência e buscar inspiração naquilo que é essencialmente humano.

A esse respeito diz Guimarães Rosa no conto "Vida Ensinada". Filosofando sobre o tema, ele diz: "Devagar e manso se desata qualquer enliço, esperar vale mais que entender, janeiro afofa o que dezembro endurece, as pessoas se encaixam nos seus veros lugares" (Rosa, 2017, pág. 630). A passagem ensina, com leveza, que paciência é um caminho para lidar com os novelos da vida. Há coisas para as quais não temos explicação. Esperar ajuda a compreender e a encontrar respostas.

Algo na mesma linha dizia o poeta indiano, Rabindranath Tagore (1841-1941), ao afirmar que "a perfeição das pedras não vem dos golpes do martelo, mas da dança e do canto da água." Tema pouco cultivado em tempos de imediatismo e consumo instantâneo, a paciência pode auxiliar a conquistar formas desaceleradas de viver em melhor sintonia com a alma. Se em vez de correr, iniciarmos o novo ano sorvendo uma boa dose deste ingrediente raro, quem sabe, os eventuais dissabores de dezembro sejam sucedidos pela magia dos bons começos. E janeiro possa reinar, afofando as intempéries que se farão presentes ao longo do ano nascente.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/12/24. Opinião. p.16.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

CAUSO DO PAULO FERREIRA: dissonância de falsos colegas

Um médico muito rico estava transitando em seu carro de luxo de marca Mercedes Benz por um bairro perigoso da periferia de sua cidade e, em uma esquina, um dos pneus de seu veículo furou. Ele ligou para o seguro de seu carro e, enquanto aguardava este socorro desceu do veículo, encostou-se na porta do carro e acendeu um charuto cubano. Enquanto se deliciava com essas tragadas, parou um táxi e o motorista indagou gentilmente ao doutor nos termos que se seguem:

--Tá precisando de ajuda, colega?

-- Você é médico?

-- Não.

-- Então, como é que você é meu colega?

-- "SOU CORNO, FI DE QUENGA".

Fonte: Enviada por WhatsApp pelo sobramista Paulo Ferreira em 29/01/25.

CAUSO DO PAULO FERREIRA: prescrição sem viciar

Uma velhota foi a um posto de saúde da periferia de sua cidade e na consulta médica seguiu-se este interessante diálogo com o doutor:

-- Diga, minha senhora, o que você deseja?

-- Doutor, eu vim buscar uma receita de "Diempax".

-- Senhora, preciso saber o que sentes para tomar esse medicamento. É perigoso. Pode viciar.

-- "Num tem nem pirigo, dotô. eu já tomo Diempax diariamente há mais de 25 anos e nunca me viciei”.

CONCLUSÃO: receita de dez caixas de Diempax.

Fonte: Enviada por WhatsApp pelo sobramista Paulo Ferreira em 29/01/25.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

POSSE DE TRÊS NOVOS ACADÊMICOS DA ACEMES

A Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES), sob a condução do seu presidente, o médico e professor Luiz Gonzaga de Moura Jr., e tendo por mestre de cerimônias o jornalista Vicente Alencar, realizou anteontem (quinta-feira), dia 30 de janeiro de 2025, no Auditório Humberto Cavalcante do Ideal Clube, em Fortaleza-CE, a “Solenidade de Posse” de três acadêmicos, completando assim o seu quadro de quarenta membros efetivos.

Foram empossados na ocasião os novos imortais das letras médicas:

Cad. 14 - Acad. Antônio Fernando Melo Patrono: Alarico Leite

Cad. 17 - Acad. Heládio Feitosa de Castro Filho Patrono: Heládio Feitosa

Cad. 28 - Acada. Christiane Chaves Leite Patrono: Célio Girão

Os três novos imortais são igualmente integrantes da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará, o que reforça o liame entre as duas entidades congêneres.

A saudação aos recipiendários coube ao Acad. José Maria Bonfim de Morais, comportando a cada um dos novéis acadêmicos proferir seu discurso de posse.

O evento, uma cuidadosa organização que teve a colaboração efetiva do Acad. Walter Miranda, se prestou também para relembrar os feitos do Acad. José Maria Chaves, o ex-presidente de honra da arcádia literária, que tanto pugnou para a concepção e a concretização da ACEMES, cuja presença simbólica, entre nós, seguirá com a participação do seu genro, o confrade Robério Leite, e da sua filha e agora confreira Christiane Chaves.

Ao término da sessão solene, após a sessão de fotografias da efeméride, os recém-empossados recepcionaram os seus convidados com um coquetel de congraçamento.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACEMES – Cadeira 24


Morre professor Erasmo Ruiz, docente de cursos da área de Saúde da Uece

Por Gabriel Damasceno, jornalista de O Povo.

Além do trabalho como professor, Erasmo mantinha uma página do Instagram, que soma mais de 40 mil seguidores

O professor Erasmo Ruiz, docente dos cursos de Enfermagem, Serviço Social, Psicologia, Terapia Ocupacional e Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece), morreu nessa quinta-feira, 30. Ele tinha experiência na área de Psicologia Social, com ênfase em Tanatologia e Análise Institucional.

Além do trabalho como professor, Erasmo mantinha uma página do Instagram, que soma mais de 40 mil seguidores, onde falava sobre temas como luto, vida, finitude e amor.

"Papai amava postar aqui no Instagram dele, amava ver esse mundo de likes e visualizações, amava mostrar um pouco do trabalho incrível dele e principalmente, amava ajudar as pessoas", escreveu a filha, Carmen Ruiz, em nota de pesar publicada nas redes sociais.

"Prof. Erasmo Ruiz foi uma referência central na minha formação em Tanatologia. Sempre me recebeu bem e ficava empolgado com a minha pesquisa na área", lembra Diego Benevides, jornalista, pesquisador e tanatólogo. "

"Era um apaixonado por cinema e cumpriu uma trajetória linda que impactou a vida de inúmeros estudantes com muita sabedoria, gentileza e doçura. Deixa um legado imenso como pensador da finitude", continua.

Segundo a psicóloga e ex-aluna de Ruiz, Cristina de Oliveira, o estudioso sempre prorizou a vida. Entre muitos dos ensinamentos que deixou aos companheiros de pesquisa, o principal era de aproveitar cada momento da vida para que a morte fosse um momento tranquilo.

"Ele sempre falava 'carpe diem. Aproveite o dia. Porque quando você tem uma vida plena, você pode ter uma morte plena'. Sempre queria que todo mundo vivesse uma vida plena, uma vida feliz, uma vida que você fosse atrás do seu sonho e não deixasse as coisas para depois", comenta a ex-orientanda e amiga pessoal do professor.

Em nota, a Uece lamentou a partida do docente e ressaltou as contribuições feitas por ele à comunidade acadêmica, como trabalhos na Editora Uece (EdUece) e vice presidência do curso de Terapia Ocupacional.

O professor Erasmo Ruiz será lembrado como alguém que marcou muitos alunos e profissionais, a quem inspirou; colegas que conviveram com sua inteligência, alegria e humor fino; leitores que receberam os livros que produziu e ajudou a publicar, além de centenas de pessoas que passaram por uma perda dolorosa, mas a quem ele ensinou a lidar com o luto, em seus estudos e projetos sobre tanatologia. Um mestre nunca morre: suas palavras continuam ecoando naqueles que com ele aprenderam a semear novos caminhos", acrescentou a Universidade.

Erasmo se formou em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1989. Cinco anos depois, em 1994, concluiu um mestrado em educação pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e, em 2002, se tornou doutor, também em educação, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Fonte: Jornal O Povo, de 31/01/25. Escrito por Gabriel Damasceno


Morre Erasmo Ruiz, professor da Uece pioneiro no estudo da Tanatologia no Ceará

 

Foto: Diário do Nordeste. Entrevista.

Lembrado por alunos e colegas como um profissional empático e dedicado, Erasmo pesquisava temas como morte, luto e cuidados paliativos

Morreu, nesta quinta-feira (30/01), o psicólogo, tanatólogo, professor e pesquisador Erasmo Miessa Ruiz, aos 62 anos. Professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) há 27 anos, Erasmo foi pioneiro nos estudos da tanatologia do Ceará e se tornou referência nacional na área. Nos últimos meses, ele estava em tratamento contra um câncer. A causa da morte não foi divulgada pela família.

Em nota de pesar publicada no perfil de Erasmo no Instagram, a filha do professor, Carmen Ruiz, destacou o quanto o pai gostava de compartilhar conhecimento também nas redes sociais, que Erasmo usava como espaço de diálogo e aprendizado. Com frequência, o professor publicava no Instagram textos e vídeos com reflexões sobre vida, morte, luto, amor, arte e questões sociais importantes na contemporaneidade. Na rede, ele era acompanhado por mais de 40 mil pessoas.

"Papai amava postar aqui no Instagram dele, amava ver esse mundo de likes e visualizações, amava mostrar um pouco do trabalho incrível dele e, principalmente, amava ajudar as pessoas", destacou Carmen.

Ruiz se formou em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) em 1989 e, após a graduação, cursou um mestrado em Educação na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e um doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Entre as diversas contribuições relevantes para a área da saúde, ele foi consultor da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH/MS) e coordenou cursos e pesquisas sobre Cuidados Paliativos no Ceará.

Atualmente, ministrava aulas nos cursos de graduação em Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Medicina e era vice-coordenador do curso de Terapia Ocupacional da Uece. Também lecionava no mestrado profissional de Ensino na Saúde da instituição.

A Uece divulgou uma nota de pesar lamentando a partida do docente e ressaltando a inteligência, alegria e bom humor de Erasmo, que era muito querido na comunidade acadêmica.

"A Universidade se faz de pessoas, e todas elas são importantes. Cada vez que a comunidade acadêmica 'perde' uma delas, o primeiro sentimento é o de lamento. O segundo passo deve ser sempre o de celebrar a alegria de ter estado junto. O professor Erasmo Ruiz será lembrado como alguém que marcou muitos alunos e profissionais, a quem inspirou; colegas que conviveram com sua inteligência, alegria e humor fino; leitores que receberam os livros que produziu e ajudou a publicar, além de centenas de pessoas que passaram por uma perda dolorosa, mas a quem ele ensinou a lidar com o luto, em seus estudos e projetos sobre tanatologia”. “Um mestre nunca morre: suas palavras continuam ecoando naqueles que com ele aprenderam a semear novos caminhos", diz parte do comunicado.

O Sindicato de Docentes da Uece (Sinduece) também publicou uma nota de pesar, destacando a atuação sindical de Erasmo e "sua fina capacidade de aliar o pessimismo a inteligência, como um nato apreciador de Gramsci".

"Além de um ser humano singular, Erasmo era um dedicado docente, psicólogo e sindicalista, múltiplas faces que ele exercia com maestria. Hoje, torna-se para nós uma saudade irreparável: de um amigo insubstituível, parceiro de conversas, um mestre, um guia e um pai amoroso. Sua partida nos deixa um vazio imenso, mas também a certeza de que seu legado seguirá vivo em cada conquista que celebrarmos", destaca a nota.

Nas redes sociais, diversos alunos, colegas de profissão e amigos lamentaram a partida do professor, que tem recebido uma série de homenagens. Uma delas partiu do grupo "Sobreviventes Enlutados", voltado para a prevenção do suicídio e o apoio às famílias que perderam entes queridos.

"Sua paixão pela psicologia e dedicação ao ensino são verdadeiramente inspiradoras. Agradecemos não apenas pelo conhecimento que compartilhou, mas também pela empatia e apoio que sempre demonstrou. O impacto que o senhor teve em nossas vidas é imensurável e levaremos seus ensinamentos conosco sempre. O senhor se foi, mas o seu legado ficará para sempre", diz uma publicação do grupo.

"lidar com a morte é uma forma de potencializar a existência"

Durante as últimas décadas, Erasmo Ruiz se dedicou a ajudar as pessoas a lidarem melhor com a morte para viver uma vida mais plena, fosse por meio da docência ou do apoio a grupos de apoio e pesquisa.

Em entrevista ao Diário do Nordeste em outubro de 2023, o professor comentou a importância da tanatologia, área da ciência que estuda a morte e seus impactos sociais. "Aprender a lidar com a morte é uma forma de potencializar a sua existência, porque você entende que ela é efêmera", destacou, à época.

O professor defendia que essa aprendizagem deveria ser estimulada especialmente nos cursos de saúde, como Psicologia, Enfermagem e Medicina, como modo de formar profissionais mais humanos e preparados para lidar com a dor dos pacientes.

Erasmo Ruiz deixa esposa, filha e um grande legado para a comunidade científica cearense.

Fonte: Escrito por Redação producaodiario@svm.com.br

31 de janeiro de 2025 - 11:50 (Atualizado às 11:53)


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Nota de Pesar pelo falecimento do professor Erasmo Miessa Ruiz

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) manifesta profundo pesar pelo falecimento do professor Erasmo Miessa Ruiz, ocorrido nesta quinta-feira, 30 de janeiro, aos 62 anos.

O professor Erasmo ingressou na Uece em 1998 e estava lotado no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Era vice-coordenador do curso de Terapia Ocupacional e ministrava aulas para os cursos de graduação em Enfermagem, Serviço Social, Psicologia, Terapia Ocupacional e Medicina, além do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde.

Com vasta produção científica, atuava principalmente nos seguintes temas: trabalho, luto, humanização na saúde, tanatologia, educação para a morte e redes sociais. Ruiz era psicólogo, especialista em Psicologia Social e pioneiro no estudo da Tanatologia no Ceará.

Teve ampla participação na história da Editora da Uece (EdUece), estando à frente da Editora de 2012 a 2021, ocupando, atualmente, um assento em seu conselho editorial.

A Universidade se faz de pessoas, e todas elas são importantes. Cada vez que a comunidade acadêmica “perde” uma delas, o primeiro sentimento é o de lamento. O segundo passo deve ser sempre o de celebrar a alegria de ter estado junto. O professor Erasmo Ruiz será lembrado como alguém que marcou muitos alunos e profissionais, a quem inspirou; colegas que conviveram com sua inteligência, alegria e humor fino; leitores que receberam os livros que produziu e ajudou a publicar, além de centenas de pessoas que passaram por uma perda dolorosa, mas a quem ele ensinou a lidar com o luto, em seus estudos e projetos sobre tanatologia. Um mestre nunca morre: suas palavras continuam ecoando naqueles que com ele aprenderam a semear novos caminhos.

O professor Erasmo Ruiz está sendo velado nesta sexta-feira, 31 de janeiro, a partir de 9h da manhã, na Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém, localizada na Avenida Nila Gomes de Soares, nº 155, Cidade 2000, em Fortaleza. Um culto fúnebre será celebrado às 13h e, em seguida, o sepultamento ocorrerá no Cemitério Parque da Paz, às 16h.

A Reitoria da Uece, em nome de toda a comunidade acadêmica, solidariza-se com os familiares e amigos do professor Erasmo Miessa Ruiz neste difícil momento de dor.

Fonte: Uece/ Assessoria de Comunicação, em 31/01/2025.

PESAR PELO FALECIMENTO DO PROF. ERASMO MIESSA RUIZ

 

É com intenso pesar que aqui assinalo o desaparecimento terreno ontem, 30 de janeiro de 2025, do Prof. ERASMO MIESSA RUIZ, psicólogo especialista em Psicologia Social e um pioneiro do estudo da Tanatologia no Ceará, professor associado da Universidade Estadual do Ceará (Uece), cujo falecimento entristece seus familiares e o seu amplo ciclo de amigos e colegas.

O seu currículo na Plataforma Lattes, por ele atualizado em 23/04/2024, pouco antes de ele adoecer, está sumarizado assim:

“Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (1994) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2002). Atualmente é professor associado da Universidade Estadual do Ceará onde ministra aulas nas graduações de enfermagem, serviço social, psicologia, terapia ocupacional e medicina. Também ministra aulas no seguinte programa de pós graduação: Mestrado Profissional de Ensino na Saúde. Já foi professor dos seguintes programas de Pós-Graduação: Mestrado Profissional de Saúde da Família e Mestrado Acadêmico de Saúde Coletiva, todos na UECE. Foi coordenador acadêmico da Especialização em Cuidados Paliativos (UECE/Unimed). É atualmente coordenador do Curso de Cuidados Paliativos Multiprofissionais do Centro Universitário Farias Brito. Foi Consultor da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH/MS). Tem experiência na área de Psicologia Social, com ênfase em Tanatologia e análise institucional, atuando principalmente nos seguintes temas: Trabalho, Tanatologia, Luto, Humanização na Saúde, Educação para a morte e Redes Sociais.”

O corpo do Prof. Erasmo Ruiz está sendo velado hoje (31/01/2025), desde às 9h, no velatório IP Nova Jerusalém, à Av. Nila Gomes de Soares, Nº 155, Cidade 2000, em Fortaleza. Um culto fúnebre será celebrado às 13h e, em seguida, seus despojos serão transladados ao cemitério Parque da Paz para o sepultamento marcado para às 16h.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor do Curso de Medicina-Uece


Crônica: “Até carro-pipa veio ajudar no banho de Juçara” ... e outro causo

Até carro-pipa veio ajudar no banho de Juçara

O exagero do cearense legítimo prejudica. Tudo que é demais da conta lasca, mas o caso do perfume e da beleza de Juçara, sempre muito asseada, é emblemático, se aludimos à característica nossa de tudo multiplicar por dez ao quadrado, vezes 20 vezes até o infinito. Para melhor ilustrar, vide o caso do mulheril menos abonitado da comunidade onde se deu o presente episódio. Haja confusão. Morrendo de inveja dos predicados naturais de Juçara, 15 senhoras da igreja providenciaram cortar o mal pela raiz.

- Que mal? Que houve de tão cismativo nessa garota para provocar a ira das senhoras?

- Não foi o sestroso rebolado, tampouco o rosto angelical. O que lascou religiosas era a donzela sempre muito asseado, bem banhadinha, cheiro de lavanda por onde passava - informa J. Crocodilo Maria, testemunha do fato, que tem detalhes.

- A pele limpa e o cabelo arrumado de Juju arrasavam, estocando as senhoras.

- Entendi, o ciúme delas disparou a peleja.

- Na verdade!

Eis que, súbito, o macharal do Arraial passou a observar de mais perto o desabrochar da mulher que até há pouco habitava a inocência da menina Juçara. E as esposas dos "caba véi" ficaram em pé de guerra. O nome de Juçara era mais comentado que o dia de liberação do Bolsa Família reajustado em 50%. Crocodilo também sofreu: "Carmosa, minha nega, também se invocou comigo, logo eu, que até pra urinar hoje em dia dou trabalho. Tu precisava conhecer Juçara! Ah mulher mais ou menos aquela!"

- Onde a gota d'água da querela, Jota? Por Santo Antônio da Saboneteira, me fale!

- A insegurança doméstica das 15 donas de casa fê-las ir à prefeitura reclamarem-se.

- Precisamente de que?

- Do açude que tava secando!!!

Dos encantos de Juçara a incomodarem, do perfume de virar a cabeça do cristão desprevenido, do andar "rebolativo" da moçoila, até aí dá pra entender a antipatia das reclamantes, mas, o açude secando...

- Estávamos num período de seca.

- Sim, reservatórios pedindo penico...

- As senhoras da igreja foram enredar ao prefeito, dizer que Juçara gastava um açude e meio só num banho!

- Nossa Senhora dos Encardidos! E o gestor municipal?

- Ligou na hora pra Defesa Covil e pediu 15 carros-pipas!

O exemplo arrebata!

A cidade inteira sabia que Justino era morto e vivo no cabaré Lagarta Pintada. "Quenga e cachaça eram o barato dele", afirmavam. Que fazer pra retirá-lo de lá? Prejuízos manifestos já rolando em casa, para tormento da mulher e dos filhos. Desperdício de saúde e dinheiro, moral lá para baixo, o péssimo exemplo que dava. Todos já haviam tentado fazê-lo sair daquilo, ninguém conseguia. O escritório de Justino era a zona.

- Nem o papa tira ele dali! - reclamava-se a esposa sofrida. - Tem mais jeito não! Entreguei os pontos...

- Posso fazer uma tentativa, Dinaura? - ofereceu-se padre Zé Mário.

- Quem, pelo amor de Deus, para consertar o carga torta? Me fala, padre!

- O Dr. Moacir! É muito amigo de seu marido! Um santo! Ou é no trabalho, ou na academia em casa ou na igreja. Uma pomba sem fel.

- Pois fale com ele, urge resgatar essa alma do inferninho!

Zé Mário, o pudico, o imaculado, espera Justino sair do lupanar e o aborda, solene.

- Querido amigo! Por nossa amizade, te peço: largue mão do cabaré e volte pra casa. Do fundo do coração, me atenda.

- Ok, beleza. Mas tem uma condição: fale com o seu irmão Jurandir, que é morto e vivo comigo no cabaré. Se ele sair, saio também!

Fonte: O POVO, de 20/12/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

CAMINHOS DO CEARÁ: Veredas da memória em Santana do Cariri

Por Izabel Gurgel (*)

É de cipó de croapé a cestinha com sementes fazendo as vezes de frutas no presépio que Sandro Cidrão monta no museu por ele criado há 13 anos em Santana do Cariri, no sul do Ceará. Em viagem, Maria e José levavam o que comer e cabacinha com água.

Chico Pezinho fez, com palito de picolé, as miniaturas da Matriz de Senhora Sant´Ana, padroeira do município, e da capela de São Vicente, padroeiro do distrito de Inhumas, onde vive. Francisco Agostinho Vieira tem 91 anos. Nasceu no Natal de 1933.

O professor Sandro tem um presépio inteirinho esculpido e pintado pelo agricultor e mestre de ofícios, em imburana de cambão, a madeira reportada como doce e sensível ao corte por xilogravadores e escultores, cantadas (madeira, artistas e obras) por poetas e pesquisadores.

Está sobre um baú de madeira no Espaço Literário Poeta Maranhão. O lugar (galeria, livraria, sebo) diz do modo de atuação do professor. Fica na antiga sede do patronato onde ele estudou, na rua Deputado Furtado Leite, 293-B.

Vamos voltar ao museu. Nossa Senhora, um dos pastores e três dos Reis Magos eram do presépio de Dona Ilza Francisco, Maria Ilza da Silva, o mais bonito da cidade aos olhos do menino Sandro, que nasceu em 1962, três dias depois do dia de São José.

Ele fez em casa parte do aprendizado de ver, apreciar, montar presépio. Maria da Silva Cidrão (1937-2011) fazia doces e pipoca para venda. E grinalda de noiva, “adereços para Primeira Comunhão e Coroação de Nossa Senhora”. E bolo de aniversário, que o marido confeitava.

Antônio Almenir Cidrão (1927-2019) era agricultor, poeta, santeiro. O presépio da casa da família, com peças em barro, gesso e madeira, tinha também a mão dos filhos Socorrinha, Sandro, Sandruel e Aurimar.

Almenir Cidrão fazia os novenários na cidade e era chamado para tirar Renovação, como se diz do responsável, por conhecimento e devoção, pelo ofício de rezador do culto doméstico ao Sagrado Coração de Jesus.

De forte presença no Cariri, começa pela entronização do Sagrado Coração em casa, um acontecimento. Ano após ano, no mesmo dia da entronização, faz-se a Renovação. Festejo e fartura, é festa da fé. Pode ter banda cabaçal e brincantes de outros folguedos.

Com o pai convidado para Renovação nos sítios, o menino Sandro fez aí também sua descoberta do mundo. Mundos. Nos caminhos para Renovação, por exemplo, via a cruz que “chamava a atenção” no Sítio Oiti, em Inhumas.

A cruz em memória da menina, tornada mártir, Benigna Cardoso da Silva (1928-1941). Contemporâneos, Almenir e Chico Pezinho, fontes, irrigaram o escritor e artista. O desenho que o professor Sandro fez dela, um retrato falado, não cessa de gerar outras imagens.

Voltemos ao museu: rua Duque de Caxias, 420, na outrora casa da família de Maria e Almenir Cidrão. Sandro, Selma e as filhas Ana Elis e Ana Perla moram na mesma rua, casa de número 376. Mesa, bancos e cadeiras de casa estão na base do presépio do museu.

Quis saber sobre a cestinha de cipó, onde era feita, por quem. Artesania da Serra do Rogério, Dom Leme, um dos cinco distritos do município. Ouvi além: o pai contou da lembrancinha para visitantes da primeira filha, Ana Elis, nascida em 1996. Bercinhos de cipó de croapé.

Na terra onde viveram Plácido Cidade Nuvens (1943-2016), criador do Museu de Paleontologia que hoje tem seu nome, e Maria Cesarina Lacerda de Souza (1927-2001), fonte das rendeiras das redes de bilro na cidade, Sandro fez nascer o Museu da Memória Histórica Santanense.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/12/24. Vida & Arte, p.2.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Hospital Universitário do Ceará, na Uece, será gerido pela ISGH com contrato de R$ 196,7 milhões

Por Alexia Vieira, jornalista de O Povo

ISGH já é responsável pela gestão de seis hospitais no Ceará, além de seis UPAs em Fortaleza

O Hospital Universitário do Ceará (HUC), com inauguração prevista para fevereiro, será gerido pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Conforme publicação no Diário Oficial do Estado, a Organização Social de Saúde (OSS) firmou contrato de um ano para gerir a unidade por R$ 196.734.567,51.

Como justificativa, a comunicação do contrato de gestão no Diário afirma que “a gestão do HUC por uma Organização Social de Saúde (OSS) surge como uma solução eficiente para enfrentar os desafios da superlotação hospitalar”.

Assegurando a eficácia e a excelência dos serviços prestados, as OSS são responsáveis por administrar unidades de saúde de forma integrada, promovendo a racionalização dos gastos, a otimização dos recursos, ganhos de escala e a implementação de mecanismos de governança regional”, traz a publicação.

O ISGH já é responsável pela gestão de seis hospitais no Ceará: Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, Regional do Cariri, Regional Norte, Regional do Sertão Central, Regional Vale do Jaguaribe e Hospital Estadual Leonardo da Vinci.

A OSS também gere as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) dos bairros Praia do Futuro, Messejana, Autran Nunes, Canindezinho, José Walter e Conjunto Ceará.

Serviços de transplante, obstetrícia e oncologia estarão disponíveis no HUC

O Hospital Universitário terá emergências nas áreas de obstetrícia, oncologia e transplantes para adultos e crianças.

Além disso, terá atendimento especializado em doenças vasculares, urologia e hematologia, como adiantado pela secretária da Saúde do Estado, Tânia Mara Coelho.

No início das atividades, apenas os setores de oncologia e doenças vasculares vão funcionar. As demais serão inauguradas conforme cronograma estabelecido pelo Governo do Estado.

A unidade poderá fazer até três mil atendimentos por mês na primeira fase de funcionamento.

O projeto de construção do hospital teve início em janeiro de 2021, com um investimento de R$ 320 milhões. Os serviços do Hospital César Cals serão transferidos para a nova unidade.

HUC

A unidade poderá fazer até três mil atendimentos mensais na 1ª fase de funcionamento e os serviços do Hospital César Cals serão transferidos para o local

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/01/2025. Cidades. p.16.

Seus tataranetos endividados…em bilhões de US$

Por Luiz Eduardo Girão (*)

A irresponsabilidade fiscal dos que governam o Ceará apenas pelo projeto de “poder pelo poder” deixará um legado sombrio de empréstimos impagáveis às futuras gerações. E o pior, diferentemente de outros estados, que nesta semana reestruturaram suas dívidas junto à União com o apoio do Senado, o governo cearense segue rolando as dívidas e acaba de contrair com o BIRD o equivalente a meio bilhão de dólares ou 3,2 bilhões de reais.

É o jeito conhecido do PT e seus partidos satélites de “tocar o barco”. Aumenta o rombo para - quem não tem culpa pela gastança desenfreada - pagar a conta lá na frente. Completamente o oposto do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que pegou “terra arrasada” dos governos petistas e a muito custo, com austeridade e dedicação conseguiu equilibrar as contas depois de cortar mais de 50 mil cargos comissionados, e não só isso, Zema elevou o PIB de Minas em quase 1% em relação ao PIB do Brasil e ainda conseguiu gerar cerca de 1 milhão de novos empregos – com pandemia no meio.

Infelizmente por aqui a prática é inversa e aponta para um desastre sem precedentes nas contas públicas a curto e médio prazo. Só no primeiro ano de Elmano, ele tomou empréstimo de R$ 1 bilhão junto ao BNDES. E, agora, esse escandaloso junto ao Bird, uma nova dívida e em dólar – uma moeda nas alturas por causa de um governo Lula pra lá de perdulário.

Além de tudo isso o PT está dando outro péssimo exemplo ao confirmar a nomeação de Onelia Santana para o TCE, depois da Assembleia Legislativa ter aprovado essa vergonhosa indicação, agindo como um puxadinho do Palácio da Abolição. Uma decisão imoral e ilegal, pois a Constituição cearense, em seu artigo 71, define algumas condições para indicação ao cargo de Conselheiro do Tribunal: pelo menos 10 anos de experiência jurídica ou em contabilidade, finanças ou administração pública.

A única condição que está sendo levada em conta é de que se trata da esposa do ex-governador e atual Ministro da Educação, Camilo Santana, o ditador-mor do Ceará.

Mas tenho feito minha parte. Estamos ajuizando via Partido Novo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) junto ao STF em função das flagrantes e graves irregularidades na indicação meramente política da Sra. Onelia ao TCE.

Continuaremos combatendo o bom combate na certeza que nossos conterrâneos acordarão e se libertarão desses devaneios petistas enquanto há tempo! Um feliz Natal e um abençoado 2025 para você e sua família! Paz & Bem

(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/12/24. Opinião, p.21.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

LEMBRANÇAS DO DR. LUIZ CARLOS DA SILVA: 107 anos

No dia de hoje (28/01/25), o professor e advogado Luiz Carlos da Silva, nosso pai, se vivo fosse, estaria completando 107 anos de idade.

Ele partiu deste mundo menor há mais de vinte anos, porém a sua memória persiste viva em seus descendentes.

Para rememorar o seu legado, compartilhamos as epígrafes, pinçadas da Bíblia Sagrada, que foram utilizadas como abertura das partes do livro publicado em homenagem ao seu centenário de nascimento:

Entrada à obra, em caráter geral:

1 Façamos, pois, o elogio dos homens ilustres, nossos antepassados através das gerações. 2 O Senhor neles criou imensa glória, sua grandeza, desde a eternidade. (Eclo. 44, 1-2) e 12 Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus. (Êxodo 20,12)

Parte I - RECORDAÇÕES EM FAMÍLIA

5 Quem honra o pai será alegrado pelos filhos e, no dia em que orar, será atendido. 6 Quem glorifica o pai terá vida longa, e quem obedece ao Senhor proporcionará repouso à sua mãe. (Eclo. 3: 5,6)

Parte II – PRODUÇÕES ESCRITAS

19 Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. 20 Pois é grande o domínio do Senhor, mas é pelos humildes que é glorificado. (Eclo. 3: 19,20)

Parte III – EDUCADOR DE GERAÇÕES

25 Se não tens pupilas, vai faltar-te a luz; da mesma forma, não tendo conhecimento, nada anuncies! (Eclo. 3: 25)

Parte IV – OPERADOR DO DIREITO

4 Uns guiaram o povo com suas decisões, compreendendo as usanças de sua gente, e tendo palavras sábias para a sua instrução; (Eclo. 44: 7)

Parte V – PERFILADO EM LIVROS

7 Todos foram honrados por seus contemporâneos, alvo de ufania ainda em vida. 8 Alguns deles deixaram um nome que se proclama com louvores; (Eclo. 44: 7)

Parte VI – HOMENAGENS

1 Filhos, escutai a advertência de um pai; e assim agi, de maneira a serdes salvos. 2 Pois o Senhor glorifica o pai em seus filhos e consolida a autoridade da mãe sobre a prole. (Eclo. 3: 1,2)

Parte VII – DEPOIMENTOS

7 Quem teme o Senhor honrará seu pai e, como a senhores, servirá seus genitores. (Eclo. 3: 7)

Parte VIII – APÊNDICES/ANEXOS

21 Não procures o que é muito difícil para ti, nem investigues o que ultrapassa tuas forças: 22 reflete apenas nas coisas que te forem ordenadas, pois não necessitas das que estão ocultas. (Eclo. 3: 21,22)

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da; SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. (org.). Luiz, mais Luiz! Centenário de nascimento de Luiz Carlos da Silva. Fortaleza: Edição do Autor, 2018. 136p.


O LUCRO DESTRÓI A VIDA

Por Saraiva Junior (*)

Fui à loja de rações para comprar o milho das galinhas do meu quintal. Entabulava conversa com o proprietário do estabelecimento sobre o calor, as queimadas, em geral criminosas, que ocorriam na região e o processo de desertificação que avança na caatinga. Tudo isso é bobagem, meteu-se a dizer um representante do agronegócio local que por acaso ali se encontrava, a poucos metros, e até então por mim passara despercebido.

Não me fiz de rogado e disse-lhe que, junto aos enormes incêndios florestais vinham as secas, as colheitas perdidas, as várias espécies de animais ameaçadas em suas existências, além dos rios desaparecidos pelos quatro cantos do planeta. O homem logo retrucou que bastava uma chuvinha dessas que caiu no Rio Grande do Sul para reflorestar a terra. Argumentação no estilo trumpista. E nada de atentar para as inundações como um dos efeitos reversos do desmatamento.

Tentei despertar a memória em torno do fim da produção algodoeira no Nordeste, que deu-se muito por conta dos incêndios na nossa caatinga, cujos solos foram perdendo os principais nutrientes. Ele respondeu que o fim do ciclo do algodão foi devido ao “bicudo”, introduzido pelos americanos com medo da concorrência no comércio com os países europeus. A política do Bolsa Família fez com que o povo trabalhador ficasse preguiçoso, acrescentou.

Quando lhe expliquei que estávamos prestes a viver grandes catástrofes em razão do aquecimento global, com o derretimento das calotas polares e a elevação do nível do mar, que bastava subir um ou dois metros para inundar boa parte das principais cidades costeiras, com arrogância ele me perguntou se eu estava conferindo diariamente a subida do nível do mar em Fortaleza.

As pesquisas científicas apontam para os riscos da exploração desenfreada dos recursos naturais, que são finitos. No entanto, o sistema capitalista segue funcionando para o fim da jornada de vida no planeta, pois o lucro é egoísta. A sede de lucro parece não dar brecha para a compreensão, por isso o negacionismo impera. Se ainda há tempo de encontrar uma saída, essa será pelas vias da educação voltada para o meio ambiente, junto às gerações mais novas.

(*) Escritor e ex-conselheiro do Conselho de Leitores de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/12/24. Opinião. p.20.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

E AGORA, JOSÉ?

Por Romeu Duarte Junior (*)

À memória do chefe Sitting Bull (Touro Sentado)

Meu nome é José, Zé para os chegados. Ou Joe, como sou (era) conhecido por aqui. Há três horas estou em pé nesta fila, com mulher e filho na mesma situação, aguardando o embarque na aeronave do governo dos EUA com destino ao Brasil. Ninguém nos informou ainda o local de chegada, talvez Belo Horizonte, já que muita gente de Governador Valadares veio para cá. À nossa volta, como cães de guarda, militares armados até os dentes e com a cara de pouquíssimos amigos. Nunca esperei ter que passar por isto, apesar de saber que poderia acontecer a qualquer momento. Imigrante ilegal é fogo, principalmente agora quando somos criminalizados. Minha mulher chora baixinho, meu filho parece não compreender o que ocorre. A enorme porta traseira do avião se abre.

Nasci em Fortaleza, no Pirambu, no ano de 1990. Nunca gostei do Brasil, do Ceará e da cidade onde vim ao mundo. Pobre, com cara de índio, amorenado, era sempre visto com desconfiança pelas pessoas. Comecei cedo a dar duro, fiz de um tudo. Sempre admirei meus patrões, mesmo sendo todo dia humilhado por eles. Jamais dei valor, é verdade, àquela esquerdalha comunista que ficava na porta da fábrica falando de mais valia e exército de reserva. Quando a Dilma foi eleita, disse: "Já deu para mim, dois governos do sapo barbudo e agora vem essa mulher". Decidi ir para a terra do Tio Sam. Juntei uns trocados e me mandei. Entrei pela fronteira mexicana. Foi dureza, mas consegui. Acabei no Queens, em New York. Aqui fui faxineiro, entregador de pizza, lavador de carro, yes, biscates.

Conheci uma venezuelana, Rosario, moradora do mesmo bairro e também ilegal, numa festa no Bronx. Decidimos viver juntos num cortiço na área central, onde a polícia dava batida diariamente atrás de viciados e traficantes, barra pesada total. Vivia sem dinheiro, mas nunca passei fome. Melhor ser livre para fazer o que quiser do que viver em um país dominado pelo marxismo. Hoje lá, com toda certeza, seria chamado de pobre de direita. Oh, my God, fuck anyone who thinks like that! Passado um tempo após a minha chegada, não conseguia aprender a língua local e estava esquecendo a minha. Hoje domino bem o inglês, mas terei que dar conta do português novamente, it's life, right? Em 2015, nasceu nosso filho Bob, nossa sonhada garantia de ficar aqui. Agora estamos dentro do avião.

Na hora que o asa-dura levantou voo, Rosario chorava feito criança, com Bob tentando consolá-la. Tememos ser separados pela diplomacia norte-americana quando chegarmos ao Brasil e ela ter que voltar à sua terra natal, dominada pelo ditador Maduro. O jus soli a que Bob tinha direito, babau. Mesmo não podendo votar e apesar do que estou passando, sempre idolatrei o Trump, o cara que, se pudesse, gostaria que fosse presidente eterno dos EUA. Sua parceria com o Musk, o Bezos e o Zuckerberg fará a América grande de novo. Quando chegar ao Brasil vou me ajuntar aos bolsonaristas. Será que ainda estão acampados nas portas dos quartéis? Temos que colocar o Mito de novo no poder. Súbito, somos informados que o avião teve um problema e vai pousar em Manaus. Shit!

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/01/25. Vida & Arte. p.2.


 

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