Por Sofia Lerche Vieira (*)
Empatia é palavra que anda escassa e faz
falta no cotidiano de nossas relações pessoais, profissionais e políticas.
De origem grega, vem de "empatheia', termo formada pela junção de
"en" (em, dentro) e "pathos" (sentimento, sofrimento,
emoção ou paixão). Refere-se, portanto, à capacidade de nos colocarmos no lugar
do outro e, de tal maneira, sermos capazes de compreender suas emoções,
motivações e percepções. Embora o conceito tenha evoluído ao longo do tempo, a
essência de seu significado permanece.
Num mundo marcado pela competição, a
família, a escola e outras instituições formativas da sociedade pouco abraçam a
empatia como um valor universal. Por isso mesmo é necessário falar sobre sua
importância no âmbito das relações individuais e coletivas. Como compreender as
necessidades deste outro, que nos é estranho e parece indecifrável, se não
vislumbrarmos nele a disposição para sentimentos semelhantes aos nossos?
É incomensurável o sofrimento que circula
no mundo. Seres depauperados, atingidos por intempéries climáticas, guerras,
abatidos pela fome e desabrigo. O próximo-distante que perdeu um filho. O amigo
que não encontra inserção profissional. O trabalhador anônimo que varre as ruas
sob o sol inclemente. O desconhecido que somos incapazes de desvelar. Que
empatia exercitamos junto a eles? Somos capazes de compreender sua dor e
estender-lhes a mão? Ou nos refugiamos em nossa indiferença?
A política, em tempos de radicalização,
onde vencer é um atributo central, não é terreno fértil ao germe das sementes
da empatia. Já imaginaram se os grandes senhores da guerra e do caos exercessem
um minuto de empatia por dia? Se saíssem de si para enxergar o outro lado? Gaza
não seria uma faixa de sofrimento, fome e morte. O mundo está repleto de outros
exemplos semelhantes ignorados. Aqui e alhures.
Em tempos de dissenso, intolerância e
disrupção, a empatia, esse atributo raro em nossos dias, é uma chave para o
resgate da essência de nossa humanidade. Escutar o outro. Percebê-lo. Ser capaz
de compreendê-lo. Aceitá-lo. Este o desafio.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/07/25. Opinião. p.20.
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