Por Célio Fernando Bezerra Melo (*)
"Precisamos
resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa
insanidade oculta" Michel Foucault
Desde 2025, os
EUA adotam uma postura cada vez mais agressiva no comércio internacional,
impondo tarifas de até 50% ao Brasil e a outros países, refletindo uma retórica
de isolamento. A China foi o primeiro alvo, mas aliados também sofreram
retaliações. Essa mudança radical na política comercial americana impacta a
economia global e sinaliza uma transformação nas dinâmicas de poder mundial.
O crescimento do
bloco do Brics, com um PIB de cerca de US$ 31 trilhões em 2024, frente aos US$
29 trilhões dos EUA, evidencia a crescente influência de economias emergentes.
Paralelamente, a decadência tecnológica dos EUA, especialmente em inteligência
artificial, semicondutores e inovação digital, enfraquece sua hegemonia, como
aponta John Darwin em "Ascensão e Queda dos Impérios Globais".
O avanço do Brics
desafia o modelo ocidental de poder, consolidando-se como alternativa em
comércio, tecnologia e diplomacia. Sua ascensão ocorre junto ao declínio
tecnológico dos EUA, que perde vantagem competitiva e influência militar,
dependendo cada vez mais do conhecimento, sem considerar sanções impostas as
principais academias americanas.
Essa combinação
de protecionismo e perda de inovação gera fragmentação na ordem internacional,
promovendo a formação de blocos de poder como o Brics, que busca uma nova ordem
multipolar. Tarifas elevadas, como as de 50%, representam uma tentativa de
reequilíbrio, mas alimentam retaliações e aumentam a instabilidade global.
Histórico, como a
Lei Smoot-Hawley de 1930, mostra que o protecionismo extremo tende a agravar
crises econômicas. Medidas de isolamento sem diálogo aprofundam conflitos e
recessões. É fundamental repensar estratégias comerciais, priorizando
cooperação para evitar uma crise semelhante à da Grande Depressão.
Segundo John
Darwin, a ascensão e queda de impérios globais dependem da inovação e
adaptação. Os EUA, sustentados por tecnologia, finanças e diplomacia, enfrentam
declínio dessas vantagens, enquanto a China cresce. Essa dinâmica coloca os EUA
em vulnerabilidade, ecoando previsões de ciclos históricos de poder.
Conclusão, o
cenário atual aponta para uma fase de transição, na qual o protecionismo
agressivo aliado à perda de liderança tecnológica desafia a hegemonia americana.
O crescimento do Brics indica uma nova ordem multipolar, mais dispersa e
diversificada. Para evitar maior instabilidade, é fundamental investir em
inovação, diálogo e cooperação internacional, deixando para trás discursos
populistas e fortalecendo identidades culturais e políticas que contribuam para
a estabilidade global.
Os apedeutas são
superficiais na análise estratégica, lendo de forma literal as mensagens, que
nos desvios de caráter da humanidade, se utilizam do silêncio para esconder as
reais contextualizações na mesa do poder global.
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(*) Economista.
Vice-presidente da Academia Cearense de Economia.
Fonte: O Povo, de 12/07/25. Opinião. p.17.
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