Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Vou aqui analisar
alguns aspectos da política tarifária em termos gerais.
Primeiro,
qualquer economista sabe que a tarifa aduaneira é uma política que sempre foi
utilizada para defender a indústria nascente do país. O Brasil a utilizou com
muita frequência. Segundo, ela é uma política danosa para o comércio mundial e
condenada pela OMC (Organização Mundial do Comércio) porque ela afeta a
distribuição dos fatores de produção no país em seu processo produtivo.
Terceiro, ela sempre tem a possibilidade de retaliação por parte dos países que
sofrem os efeitos de tal política.
Assim, ela é uma
política que deve ser usada com parcimônia. Por outro lado, a política
tarifária de um país tem efeitos no país que a adota e efeitos nos países
exportadores do bem tarifado.
No país que a
adota o maior efeito é proteger a indústria nacional que produz o bem tarifado
e diminuir as importações, podendo modificar o saldo do balanço de pagamentos.
Talvez tenha sido este o "leit motiv" da política do Sr. Trump.
É notório que há
décadas os EUA são um país deficitário em seu comércio internacional. Isso
determina que eles sejam, também, os maiores devedores do mundo. Em 2024 o FMI
estimou a dívida americana externa em torno de US$28.8 trilhões.
Mas também é
verdade que a política tarifária pode servir para proteger indústrias
ineficientes. E a indústria metalúrgica dos EUA é dita ser ineficiente.
Voltemos, agora,
à política tarifária atual dos EUA.
Essa política do
Sr. Trump é claramente uma política para punir os países, inclusive seus
parceiros comerciais. Não seguiu qualquer ditame econômico. A regra básica é:
tarifar com uma taxa metade do que os EUA medem que o país punido tarifa os
bens americanos, inclusive para aqueles países que taxam os bens americanos com
20,0% ou menos, haja vista que a tarifa ora imposta para eles é de 10,0%.
Note-se que o Brasil contestou a afirmação sobre quanto o nosso País taxa o
produto americano. Assim, eles podem ter errado nos seus cálculos.
Portanto, não há
nenhuma fórmula matemática, como foi anunciado, para justificar esses valores.
Estaríamos, então, vivenciando a 'teoria do louco"?
Há alguns anos se
cunhou de "teoria do louco" a atitude de algum político que assumia
atitudes consideradas loucas quando necessitava se utilizar de uma negociação
coercitiva. Dizem que esta denominação foi cunhada por Richard Nixon.
Será que na
atualidade temos um adepto de tal teoria: o Sr. Donald Trump?
Eu me pergunto se
o "tarifaço" é fruto dessa teoria ou da incompetência de seus
assessores.
Veja-se que o The
Council of Economic Advisers é composto por um time de economistas que não são
considerados como os melhores economistas dos EUA. Será que o CEA apenas
obedece a Trump?
(*)
Economista e professor titular aposentado da UFC,
Fonte:
O Povo,
de 4/05/25. Opinião. p.18.
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