Por Honório Bezerra Barbosa (*)
Em 1991, uma decisão do prefeito de Iguatu,
Hildernando Bezerra, ao lado do então secretário de Saúde do Município, Carlile
Lavor, iria colocar esta cidade na história das mudanças da reforma
psiquiátrica que estavam em curso no então Sistema Único e Descentralizado de
Saúde (SUDS), ao implantar o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do
Nordeste.
Na época, o médico psiquiatra, Weimar Gomes
dos Santos, vereador eleito em seu primeiro mandato, ocupava a bancada de oposição,
mas lhe foi apresentado o convite para participar de um encontro nacional, em
Santos, no litoral Paulista, sobre a temática - novidade no Brasil.
Os ventos das mudanças da Constituição
Cidadã de 1988, as reformas estruturais em curso na Saúde, a partir da
discussão no Congresso Nacional, nos Estados e municípios de novos modelos de
gestão e financiamento público sopravam forte, ecoavam e encontraram em Iguatu
uma gestão acolhedora.
Ao retornar do encontro nacional, o
psiquiatra Weimar Gomes anunciou a mudança, afirmando que deveríamos esquecer o
projeto de construção de um hospital psiquiatra. Apresentou a novidade de um
projeto de atendimento humanista, com equipe multiprofissional, um novo olhar
sobre os pacientes com transtornos mentais - encarcerados em quartos em suas
casas ou maltratados e empilhados em "hospitais de doidos".
Seria possível vencer as barreiras sociais
do preconceito? O temor das famílias? E a desconfiança dos profissionais de
saúde? E o que se ouvia era que 'louco é perigoso', "vai quebrar
tudo", e "isso não vai dar certo".
Trinta e quatro anos depois, a história nos
mostra com clareza e consistência que o projeto se tornou viável e modelo para
outros municípios. Por não ser mais novidade, muitos nem se dão conta da
importância dos Caps.
Iguatu, cidade polo da região Centro-Sul
cearense, partiu na frente. Após mais de três décadas, Iguatu, hoje, oferece
uma das redes mais completas de atenção psicossocial - CAPS Álcool e Drogas;
Infantil; Geral; Residência Terapêutica, além da oferta de cursos de Residência
em Psiquiatria em parceria com a Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará.
O próximo passo está em andamento. O
secretário de Saúde, Leonardo Mendonça, acabou de anunciar a implantação de
leitos psiquiátricos no Hospital Regional - uma estratégia recomendada pela
Política Nacional de Saúde Mental para garantir temporariamente o atendimento a
pacientes em crise aguda.
(*) Jornalista e bacharel
em Direito. Colunista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/05/25. Opinião. p.19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário