Por Vicente Brazil (*)
Ao ler nos jornais de grande circulação da
cidade, as justificativas do governador para não solucionar a histórica
carência docente da Uece, não fico surpreendido em nada, uma vez que, a redução
dos múltiplos problemas que a ausência de professores nas salas de aula do
ensino superior cearense causa, ao aspecto meramente financeiro — sintetizado
pela cifra de R$ 69 milhões na folha do estado — é algo tão neoliberal quanto
conservador. Porém, tudo fica muito mais contraditório ao lembrar que esse foi
o governador eleito em primeiro turno na plataforma do governo federal, que
lida com os valores destinados à educação como investimento, e não gastos.
Bem, não sou conselheiro de ninguém, mas
acredito que posso apresentar alguns argumentos a serem considerados nesse
debate público. Sou apenas um docente da maior graduação de filosofia do
Brasil. Sim, não há neste país departamento quem fomente mais a formação de
futuros professores de filosofia que as graduações em filosofia da Uece. Este,
que é o mais antigo curso de filosofia do nosso estado, é também um dos cursos
fundantes da própria Universidade Estadual do Ceará, e por isso, merece
respeito e consideração, que se materializem em ações que promovam a
reestruturação de nosso corpo docente e a recomposição salarial.
É necessário lembrar que a nossa Uece é a
instituição de ensino superior que tem maior oferta de vagas/cursos noturnos no
Ceará. Esse tipo de comprometimento com a classe trabalhadora está na missão e
na visão da nossa instituição, por isso, tudo o que se fizer para o
fortalecimento do magistério superior não pode ser avaliado como um peso para o
estado, e sim, como uma oportunidade de reconhecimento dos docentes que são
responsáveis pela formação dos professores, que tem feito da educação básica do
Ceará uma referência para todo o Brasil.
Por fim, é justo registrar o papel
fundamental que o "cinturão crítico" das universidades, em especial a
Uece, tem desempenhado nas últimas eleições. Nunca é demais lembrar, 2026 é
logo ali.
(*) Professor da Uece.
Doutor em Filosofia.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/05/25. Opinião. p.22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário