Por Emanuel
Freitas da Silva (*)
Um cardeal norte-americano, com
experiência missionária na América Latina e de liderança episcopal em Roma, foi
o perfil escolhido pelos cardeais para tocar a “barca de Pedro” pelos próximos
anos. De largo sorriso, trato gentil e, ao que parece, com “fome e sede” de
viver a missão que lhe foi confiada, Leão XIV vai, aos poucos, conquistando o
mundo que, nos próximos anos, lhe oferecerá inúmeros dilemas aos quais deverá,
a seu modo e da cadeira de Pedro, responder.
Nas últimas semanas o mundo esteve
voltado para as movimentações no Vaticano. Primeiro, pela longa internação de
Francisco; depois, por seu falecimento e posterior funeral; após isso, os
preparativos para o conclave, com as inúmeras apostas; por fim, a realização do
conclave e o esperado anúncio: habemus papam!
Memes os mais diversos viralizaram nas
redes sociais, dando mostras do quanto o mundo ocidental, em grande parte
formatado pelo catolicismo, ainda nutre interesse pela ritualística, pelos
segredos e pelas decisões dos homens da Igreja. Em grande parte, tal interesse
foi alimentado pelo papado de Francisco, aberto ao mundo, numa visão da Igreja
como “ponte” (não como a “muralha” dos pouquíssimos de Bento XVI). Leão XIV,
desde sua saudação iniciação à Roma e ao mundo, faz pensar que seu pontificado
deverá seguir por entre as pontes deixadas por seu antecessor.
Da sacada da Basílica de São Pedro,
quando do anúncio do novo papa, uma cena chamou minha atenção: um grande número
de cardeais, nas outras janelas, espremendo-se para ver, sorridentes, as duas
cenas em uma só: a multidão de fiéis, representando a universalidade do
catolicismo, a esperar aquele anúncio e, após isso, a acolher efusivamente seu
novo líder; a Igreja, com seu novo chefe e seus auxiliares, os próprios
cardeais, a enunciar ao mundo a continuidade da doutrina, do ritual, da
mística, da cultura organizacional.
É muito cedo para dizer o que será esse
pontificado. O de Francisco nos permite dizer que papas não reproduzem,
necessariamente, aquilo que pensaram e fizeram enquanto cardeais.
Porém, uma coisa parece certa: teremos
um outro líder mundial, de origem norte-americana, a disputar a atenção do
mundo, sobre os mais diversos assuntos, com Donald Trump.
(*) Professor
adjunto de Teoria Política (Uece/Facedi).
Fonte: O Povo, de 14/05/2025.
Opinião. p.16.
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