Por José Luís Lira (*)
Cid Carvalho, símbolo de honradez e
dignidade, criou o bordão “doa a quem doer”, expressão que traduz sua
independência e personalidade. Advogado (OAB/CE 1.516), professor, jornalista,
radialista e político, foi um dos mais ilustres representantes do Ceará no
Senado Federal, entre 1986 e 1994; senador constituinte e relator do projeto da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Intelectual de destaque,
possui vasta cultura nas mais variadas áreas do saber.
No dia 25 de agosto, há 90 anos, nasceu
Cid, filho de dona Margarida Saboia e do Dr. Jáder de Carvalho, nesta capital
cearense.
Formado em Direito pela Universidade
Federal do Ceará, em 1967, exerceu o magistério com brilhantismo não apenas na
Faculdade de Direito, mas também nas Faculdades de Ciências Sociais, Economia e
Jornalismo. O jornalismo fazia parte de sua vida desde a infância, inspirado
pelo exemplo do pai, também advogado e jornalista. Aos 12 anos, iniciou-se no
rádio como comentarista político e esportivo, atuando nas rádios Uirapuru e
Assunção.
Casado com dona Luce Fontenele de Carvalho,
é pai de três filhos: Cid Saboia de Carvalho Filho, Robério Fontenele de
Carvalho e Antonino Fontenele de Carvalho, todos advogados. Antonino, além da
advocacia, seguiu os passos do avô e do pai no radialismo, auxiliando-o e, por
vezes, conduzindo seu programa de rádio. Um democrata na acepção plena da
palavra e na prática da vida. Sua atuação no Senado Federal confirma esse
legado: sempre em defesa dos interesses da sociedade, teve papel decisivo na
redação do artigo 5º da Constituição de 1988, um dos trechos mais
significativos da Carta Magna.
Escritor desde a década de 1950, era
natural que compusesse a Academia Cearense de Letras, a Academia Cearense de
Retórica, a Academia Cearense da Língua Portuguesa, a Associação Brasileira de
Bibliófilos e o Instituto do Ceará. Quando Matusahila Santiago e eu fundamos a
Academia Fortalezense de Letras, em 2002, não houve dúvida, o indicamos e Cid
Carvalho foi aclamado o primeiro presidente da primeira academia de letras do
milênio no Ceará.
Para defini-lo, tomo emprestadas palavras
de seu pai, Jáder de Carvalho: “eu sou o índice do meu povo:/ se o homem é bom
— eu o respeito./ Se gosta de mim — morro por ele./ Se, porque é forte,
entender de humilhar-me,/ — ai, sertão!/ Eu viveria o teu drama selvagem,/ eu
te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,/ como antes te acordava ao choro
da viola...”
Concluo, emocionado, lembrando de homenagem
a Clóvis Beviláqua, quando Dr. Cid disse que pronunciava o nome de Clóvis como
quem rezava. Hoje, repito com devoção – Cid Saboia de Carvalho – como quem
eleva uma oração de louvor e gratidão por sua existência!
(*) Advogado e professor universitário.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/08/25. Opinião, p.19.
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