terça-feira, 26 de junho de 2012

NOSSA ACADEMIA DE MEDICINA

Antero Coelho Neto (*)
Ética, desenvolvimento científico e a memória da Medicina são os marcos filosóficos da nossa Academia Cearense de Medicina. Ao passar a Medalha de presidente da Academia para o João Pompeu Lopes Randal, em 17 de maio passado, destaquei, como agora faço, esses elementos para que todos possam sentir a grandeza e validade de nossa Academia.
Orgulho de acadêmico? Sim, mas também a certeza de que todos nós continuamos participando do desenvolvimento da Medicina para a nossa população. Foi um momento muito importante de minha vida que gostaria de dividir com vocês, leitores assíduos.
Ética, desde a Grécia antiga, quando significava “aquilo que pertence ao caráter”, até a conceituação moderna de “filosofia dedicada aos assuntos morais”, tem sido sempre muito importante para a nossa vida. E, hoje, a nossa Academia está passando um momento muito especial, com outras Academias de Medicina, com o estímulo e ajuda do Conselho Federal de Medicina, desenvolvendo um projeto de valorização da ética médica nacional, com muita responsabilidade e sabedoria.
Convidando destacados profissionais e professores da Medicina atual, e estimulando a participação e apresentação dos confrades acadêmicos em palestras e conferências, mantemos o conhecimento atualizado para o bem de todos. A grande velocidade do crescimento das ciências modernas relacionadas à Medicina estimula, e até nos obriga, a manter esta atualização para conceituação de acadêmico.
A nossa Academia foi a primeira do Brasil (12/5/1978) e teve o seu início prestigiado pelos mais importantes e destacados médicos da época e a felicidade de ter cultivadores excepcionais da história da Medicina. E, memória é uma das mais importantes dimensões da vida. Costumo dizer: o que não é escrito, digitalizado, gravado, pintado, esculpido, fotografado, cantado ou falado não existiu. Existe só no momento do ocorrido. E memória, cerebral ou biológica, e a que traduz o passado profissional e sociocultural, guardada em dispositivos próprios (memória artificial), valem principalmente para nós os idosos, que somos “despertados” para essa grande importância. A diminuição, às vezes acentuada, da memória cognitiva, em várias situações da velhice, é extremamente frustrante.
Daí o nosso conselho de utilização da informática moderna ou escrita permanente, o mais cedo possível, de diários da vida, relatando e guardando os momentos que valeram a pena. Felizmente, aprendi isso há muitos anos quando desenvolvia estudos de medicina especializada na Universidade de Harvard, com o prof. William V. MacDermott.
E aí lembro a enorme valorização do passado, na decorrência dos fatos que virão. Memória importante é aquela relacionada ao desenvolvimento de um futuro vigente. Pena que este nosso espaço seja pequeno. Mas voltarei para relatar momentos importantes que não podem e não devem ficar esquecidos. O futuro é nosso! E o passado também!
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Publicado In: O Povo, 13/06/2012.

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