Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Para
tentar entender o que acontece com a economia de Fortaleza,
primeiro é importante saber qual a situação econômica do Estado de Ceará, haja
vista ser ela a sua capital.
Antes
de mais nada é preciso ter em mente que ao se falar em desenvolvimento
econômico de uma população não basta falar em PIB ou PIB per capita.
Outros indicadores são fundamentais para ser ter uma ideia mais precisa sobre
este tema.
Também
é importante saber que as estatísticas apresentadas pelos órgãos oficiais não
são, rigorosamente, as mais atualizadas. A defasagem temporal
sempre está presente em tais estatísticas. Desta forma, os anos aqui citados
podem ser diferentes, procurando, sempre, apresentar os mais atuais para cada
estatística.
O
Ceará é um estado, a) com PIB de R$ 164,0 bilhões; enquanto o do Brasil é
R$ 8,7 trilhões; b) seu PIB per capita é de R$ 17.912,00, enquanto
o do País é R$ 37.925,00.
Isto
significa que o Estado tem um PIB equivalente a 18,8% do PIB brasileiro,
ocupando a 12ª posição no País. No que diz respeito ao PIB per
capita, ele alcança 47,23% desse mesmo parâmetro brasileiro.
Suas
exportações, somaram, em 2021, US$ 2,7 bilhões, enquanto o Brasil exportou US$
280,4 bilhões. Assim, o Ceará exportou 0,96% das exportações brasileiras.
Por
outro lado; o Ceará continua a ostentar sua terceira posição (que permanece há
anos) no que concerne à economia nordestina.
Mas,
infelizmente, de acordo com as últimas informações divulgadas acerca das
famílias inseridas no Cadastro Único do governo federal, o Estado abriga
2.112.688 das famílias. Destas, 1,3 milhão são recebedoras do benefício
social (Auxílio Brasil).
No
que diz respeito à sua capital, Fortaleza, ela apresenta uma população de
2.703.391 habitantes, sendo a 5ª cidade do País, em termos dessa variável. E a
segunda metrópole do Nordeste.
O rendimento familiar
de seus habitantes girava (em 2010) em torno de R$ 994,29, menor que as de
Salvador, Natal, Recife, Aracaju, e João Pessoa. Infelizmente não há, ainda,
estatística mais atualizada.
Por
outro lado, é importante saber que 130 mil famílias fortalezenses vivem em
moradias precárias, sem a infraestrutura necessária para uma
habitação saudável.
Também
é importante saber que na Grande Fortaleza vive 1,27 milhão de
pessoas na pobreza.
E,
mais preocupante, Fortaleza é a terceira cidade brasileira com o maior número
de inscritos no CadÚnico. Perde para São Paulo e Rio de Janeiro.
Assim,
como explicar que o Ceará abrigue mais bilionários que os
outros oito estados nordestinos, juntos?
Como
explicar que Fortaleza apresente o metro quadrado mais caro
que o de Salvador?
E
como explicar que Fortaleza seja a capital nordestina com mais vendas de carros
de luxo (dados de 2014)?
(*) Economista e professor titular
aposentado da UFC,
Fonte: O Povo, de 15/01/23. Opinião. p.18.