quinta-feira, 19 de junho de 2025

Resposta da Confederação Israelita do Brasil

Por Claudio Lottenberg (*)

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) manifesta perplexidade e repúdio diante do artigo publicado neste jornal, que ultrapassa todos os limites da crítica legítima e se inscreve no campo do revisionismo histórico, do negacionismo político e do discurso de ódio.

Afirmações como “a criação do Estado de Israel é o erro mais brutal das Nações Unidas” ou “Israel não é um Estado real, mas um projeto militar colonial ancorado em uma ideologia racista” não apenas ignoram os fatos fundamentais da história contemporânea — incluindo a resolução 181 da própria ONU, que reconheceu o direito de judeus e árabes à autodeterminação — como também negam o direito de existência do único Estado judeu do mundo, onde vivem hoje mais de 9 milhões de pessoas, entre elas mais de 2 milhões de cidadãos árabes com direitos civis plenos.

A linguagem utilizada, marcada por termos como “genocídio”, “projeto colonial”, “limpeza étnica”, é uma caricatura cruel e intelectualizada do antissemitismo de sempre, agora disfarçado sob o manto de causas nobres. Ao confundir ideologia com identidade, o texto demoniza não um governo ou uma política, mas um povo inteiro. Isso é inaceitável.

Israel é uma democracia vibrante, com Judiciário independente, eleições livres, imprensa crítica e ampla diversidade política, religiosa e cultural. O país enfrenta desafios complexos, em um cenário de guerra imposto por um grupo terrorista — o Hamas — que usa civis como escudo e nega o direito de Israel existir. Mas isso não pode servir de justificativa para inverter vítimas e algozes, nem para difundir desinformação ou ódio.

A Conib reafirma seu compromisso com a paz, a convivência e o diálogo. E espera que os meios de comunicação, especialmente os que se consideram referências éticas e jornalísticas, saibam distinguir entre crítica legítima e discurso de desumanização.

Agradecemos ao jornal por abrir espaço ao contraditório. Em tempos de polarização e narrativas radicais, garantir vozes plurais é um serviço ao jornalismo e à democracia.

Não há justiça possível quando se deslegitima o direito de um povo existir.

* (Colaborou com o texto Ireland Oliveira, presidente da Sociedade Israelita do Ceará)

(*) Presidente da Confederação Israelita de São Paulo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/25. Opinião. p.16.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

"EU PREFIRO AS CURVAS"

Por Patrícia Soares de Sá Cavalcante (*)

Uma reta é a menor distância entre dois pontos, mas eu prefiro as curvas. Elas são lindas! "Quem sabe, por acaso, numa delas eu me lembre do meu mundo?"

Voltava de Icapuí em direção a Fortaleza. O sol estava se pondo, o céu em tons de laranja, com aquela cor deslumbrante do entardecer. Fui surpreendida por uma revoada.

Lá estavam eles, num voo coordenado, em perfeita sincronia. Um verdadeiro balé no alto do céu. Sozinha no carro, ouvindo Amy Winehouse, senti uma alegria tão genuína que, naquele momento, não desejava dar carona a ninguém. A visão dos pássaros foi efêmera, mas a sensação daquele voo permaneceu comigo durante todo o percurso. Fortaleza era o meu destino; a estrada, apesar das curvas, levaria-me de volta à minha cidade. Comecei a pensar nas curvas como uma metáfora dos caminhos possíveis: múltiplos e sinuosos, como os cursos dos rios que, mesmo tortuosos, sempre encontram seu mar. E ali, ao volante, divagando em meus pensamentos, senti-me livre como um pássaro.

Lembrei-me de que uma revoada é um voo de retorno: os pássaros regressam ao lugar de onde partiram, como se houvesse uma memória registrada no céu. Quando eu era pequena, ao voltarmos da praia do Pacheco, meu avô Hugo se curvava com a delicadeza de quem sabia conversar com uma criança e, sorrindo, dizia: "De volta à Padre Antônio Tomás." Eu não fazia a menor ideia do que aquilo significava, não entendia que era o nome da avenida em que moravam, mas compreendia que ele estava feliz por voltar para casa.

Os percursos possíveis são inúmeros. No entanto, eu prefiro as curvas dos caminhos - onde corro o risco de me perder, mas ganho a chance extraordinária de me encontrar - às retas. De que vale um trajeto mais rápido, se não me permite enxergar quem eu sou? Que possamos aproveitar cada passo da jornada, independentemente do destino, e que sempre tenhamos um porto seguro ao qual retornar, se desejarmos.

E, afinal, qual é o nosso destino? Não sabemos. O futuro de cada um de nós é incerto, por vezes, imprevisível. Mas, como diz Guimarães Rosa: "O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme."

(*) Médica psiquiatra.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/05/2025. Opinião. p.18.

terça-feira, 17 de junho de 2025

"DÉJÀ VU"

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

A memória de um dos presidentes mais tolos do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, foi recheada de fatos inusitados. Dizem que era conhecido por ser um militar dedicado e despreparado. Contam de sua incapacidade de expressão e, também, por uma dificuldade, trocava o "s" pelo "x". Era, assim, proibido por seus apoiadores de realizar qualquer discurso, sendo lembrado como o "catedrático do silêncio". Pena que o exemplo não é levado em conta nos dias atuais!

Contam-se, também, em sua autoria, inúmeras passagens jocosas. Entre elas, uma das mais inusitadas, relaciona-se ao seu secretário particular que assumiu a responsabilidade de um "pum" durante a inauguração de um grande hospital. E por tal ato de respeito e fidelidade, disse: "Presidente, desculpe-me, comi algo que me fez mal". Foi, por isso, recompensado com a propriedade de um cartório.

Lembrando dessa passagem dos bastidores da nossa história, fui invadido por uma indagação. Afinal quantas bufas e quantos cartórios fizeram a nossa incrível história da República?

A passagem é para muitos de nós já bem antiga, mas os hábitos são bem atuais. Os bastidores da República, dos governos, querem sejam em âmbito federal, estadual ou municipal, continuam repletos de "bufas" premiadas. Nem sempre tão simplórias como a protagonizada pelo "prexidente", mas sim recheadas de jantares, favorecimentos ilícitos e pela promiscuidade da relação entre o público e o privado. Nem é mais preciso o constrangimento de assumir a autoria de um desleixo da natureza. Há quem, espontaneamente, assuma a responsabilidade de atos mais graves. Pois, costumam dizer nos bastidores, "alguém tem que fazer o jogo sujo".

A premiação pode acontecer das mais diversas formas, desde um cargo de conselheiro numa estatal à redução da carga fiscal, ou mesmo sob os protestos dos órgãos de controle e de uma legislação existente, inúmeras vantagens em licitações públicas.

Afinal, a frase atribuída a Luís XIV em sessão do parlamento francês durante a monarquia absolutista- "Je suis la Loi, Je suis l'Etat; l'Etat c'est moi", relaciona-se a ao direito divino, ao poder absoluto.

O interessante é que passados quase quatro séculos, após inúmeras tragédias, a frase possa ser colocada na fala de muitos dos nossos governantes. Infelizmente, "O Estado sou eu" nunca foi tão atual.

Resta-nos, oportunamente, esclarecer quem são os autores das bufas e quem as premiam. Quem, de fato, se beneficia.

Pois bem, cabe pensar sobre o que uma bufa constrangedora pode promover. 

Enfim, "déjà vu"? culturais

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/05/2025. Opinião. p.19.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

A LUTA PELA TRANSFORMAÇÃO DA SAÚDE

Por Álvaro Madeira Neto (*)

Por muitos anos, a saúde pública no Brasil e no mundo tem oscilado entre dois polos: a aceitação passiva das desigualdades que permeiam os sistemas de saúde ou a intervenção ativa em busca de transformação. Ao refletir sobre o legado de um grande pensador não consigo deixar de traçar um paralelo entre a sua visão de educação e os desafios que enfrentamos na gestão em saúde.

Paulo Freire falava que há uma diferença essencial entre adaptação ao mundo e inserção no mundo. A primeira nos conforma a aceitar as realidades tal como são. A segunda exige de nós uma consciência crítica, que se recusa a aceitar passivamente as condições existentes e nos impele à ação transformadora. No Brasil, o conceito de inserção crítica no mundo ganha ainda mais força quando pensamos no SUS.

Criado com o objetivo de universalizar o acesso à saúde, o SUS é uma expressão concreta da luta por equidade. Representa a inserção ativa na realidade social, o reconhecimento de que a saúde não pode ser um privilégio de poucos. Ainda assim, enfrenta ameaças constantes, seja pela mercantilização da saúde, que tenta transformar serviços públicos em fontes de lucro privado, seja pelo desfinanciamento e pelo sucateamento estrutural.

Aceitar as ameaças de braços cruzados seria concordar com a perpetuação da desigualdade. A inserção crítica implica não só em defender o SUS, mas em lutar por sua melhoria contínua. A gestão em saúde não pode ser neutra. E, nesse contexto, os gestores de saúde têm um papel central. Não podemos aceitar que a saúde seja tratada como uma mercadoria. Na minha trajetória como médico sanitarista e gestor, aprendi que sistemas de saúde não se transformam sozinhos. Eles são moldados pelas decisões que tomamos ou deixamos de tomar.

Aqui se faz o paralelo mais forte com a visão freireana: não podemos aceitar a realidade como ela é, sem perceber que cada ação nossa, cada decisão é uma oportunidade de intervenção. A gestão em saúde deve ser um ato de resistência e transformação, uma luta constante para garantir que o direito à saúde seja um direito de todos. Esse é o legado que escolho honrar.

(*) Médico sanitarista e gestor em saúde. Sócio da Sobrames/CE

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/05/2025. Opinião. p.16.



domingo, 15 de junho de 2025

Leão XIII e o Direito do Trabalho

Por Valdélio Muniz (*)

A escolha do cardeal americano Robert Prevost, eleito no recente conclave, pelo nome Papa Leão XIV trouxe alusão que, um dia depois, ele mesmo confirmou: a inspiração em Leão XIII (italiano Gioacchino Vincenzo Raffaele Luigi 1810-1903), o papa que moldou a doutrina social da igreja. O que isso tem a ver com o Direito do Trabalho?

Façamos uma breve digressão à história do próprio trabalho. Das eras primitivas em que a caça e a pesca eram necessidade de subsistência, passou-se também ao uso da força de trabalho humana e animal (tração) em benefício de terceiros. Transitou-se da escravidão (de povos colonizados, tidos como propriedades de seus colonizadores e que, por não serem vistos como sujeitos, não tinham direitos) à versão mais amena chamada servidão (com direito à proteção política e militar dos servos e o dever destes de dividir com seu senhor uma parte de tudo que produzissem nas terras que lhe foram confiadas).

Por muito tempo, trabalho era visto também como forma de obter expiação (purificação) dos pecados e liberdade. Tanto que, no portão do campo de concentração de Auschwitz, se estampou, em alemão: Arbeit macht frei (o trabalho liberta). As corporações de ofício (espécie de embriões dos sindicatos surgidas no século XII) chegaram a ser proibidas, pois encaradas como forma de conspiração dos trabalhadores.

A Revolução Francesa (1789) trouxe, no ideal de liberdade, aparato teórico à defesa do respeito à autonomia da vontade no contrato, inclusive de trabalho (desconsiderada a clara situação de desigualdade e dependência entre os contratantes), que se somou à filosofia do laissez-faire (em francês, deixe acontecer), para apregoar o distanciamento do Estado das relações econômicas.

A primeira Revolução Industrial (1760-1860) trouxe a expansão das fábricas e o surgimento da classe trabalhadora (proletariado), submetida a jornadas de até 17 horas diárias (incluindo idosos, crianças e mulheres). E, em 1891, o Papa Leão XIII editou a histórica encíclica Rerum Novarum (do latim, Coisas Novas), alertando para a situação de penúria dos operários e para a necessidade de intervenção estatal nas relações de trabalho.

A encíclica tornou-se documento essencial para a construção do Direito do Trabalho, a partir de regras como limitação de jornada diária, direito a repouso semanal remunerado, salário mínimo etc,, o que se difundiu com mais força após a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, com o surgimento de diversos aparatos legais protetivos ao trabalhador em todo o mundo.

Que esta inspiração ajude o Papa Leão XIV a lançar luzes sobre os impactos que as atuais revoluções tecnológicas têm trazido ao mundo do trabalho, como ele mesmo também já demonstrou preocupação.

(*) Jornalista, professor universitário e analista judiciário.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/04/25. Opinião. p.25.

O PAPA (LATINO) AMERICANO

Por Nathana Garcez (*)

No início de maio, o conclave composto por 133 cardeais surpreendeu o mundo ao eleger Robert Francis Prevost como o novo papa, tornando-o o primeiro pontífice estadunidense da Igreja Católica. A eleição do papa Leão XIV, nome adotado pelo cardeal Prevost, marcou uma decisão estratégica sobre os rumos futuros de uma das instituições mais influentes do planeta.

Nascido nos Estados Unidos, o cardeal era considerado como uma opção pouco viável para o colégio eleitoral do Vaticano em razão do histórico afastamento entre os EUA e a Igreja Católica. Contudo, não foi o que ocorreu e, logo após a revelação do novo papa, pairaram nas redes certas apreensões: o que um papa estadunidense significaria para a Igreja Católica e para o mundo? As reformas de Francisco e sua mensagem mais progressista seriam mantidas? E mais: como essa escolha dialogaria com um cenário político global cada vez mais tenso devido às políticas disruptivas do governo Trump?

As respostas para tais perguntas começaram a emergir rapidamente. Já em seu primeiro discurso enquanto papa, Leão XIV ressaltou - direta e indiretamente - seus princípios e objetivos. Com frases em espanhol, o papa atenuou a preocupação de parte dos católicos sobre um possível "americanocentrismo", destacando sua relação com a América Latina, região onde morou por décadas e onde adquiriu a cidadania peruana. Também em seu discurso, o papa Leão XIV esclareceu que pretendia conduzir a Igreja de modo a dar continuidade ao legado do falecido Papa Francisco, reforçando reformas internas já iniciadas e intensificando o papel da instituição como mediadora de diálogos e promotora da defesa dos mais pobres.

Sua trajetória parece de fato apontar nessa direção. Ainda que não pareça possuir um perfil essencialmente liberal devido ao suposto acobertamento de agressões sexuais de padres no Peru e de declarações passadas sobre temas como eutanásia, aborto e homossexualidade, o papa tem historicamente promovido os direitos dos povos refugiados, advogado por justiça climática e por melhores políticas migratórias nos Estados Unidos.

Aliás, quanto ao governo Trump, cabe destacar que a eleição do novo papa deve marcar um novo tensionamento nas relações entre Vaticano e os EUA. Em entrevista ainda no fim de abril, o ex-assessor de Trump, Steve Bannon, refletiu sobre o conclave e concluiu acertadamente sobre a possibilidade de eleição de Leão XIV. No entanto, sua mensagem foi de pessimismo, destacando o perfil considerado extremamente progressista do cardeal.

Em que pese os prováveis atritos com os EUA, a escolha do colégio de cardeais parece revelar um cálculo estratégico: a Igreja buscou um perfil que pudesse consolidar as mudanças institucionais recentes, mas também projetar uma liderança capaz de navegar entre polarizações. Leão XIV, com sua dupla-nacionalidade, é o reflexo direto desse interesse pelo fortalecimento a passos sutis da Igreja Católica. Resta agora esperar para ver os resultados de tal estratégia.

(*) Doutoranda em Relações Internacionais e mestre em Economia Política Internacional.

Fonte: O Povo, de 18/05/2025. Opinião. p.20.


sábado, 14 de junho de 2025

Leão XIV e os desafios do mundo contemporâneo

Por Pe. Manfredo de Araújo Oliveira  (*)

Dirigindo-se ao colégio de cardeais, o papa Leão XIV afirmou que gostaria que renovassem juntos a plena adesão ao caminho que a Igreja universal percorre desde o Concílio Vaticano II. Entre várias características deste caminho, citou duas centrais: o cuidado amoroso com os marginalizados/excluídos e o diálogo confiante com o mundo contemporâneo.

Isto implica uma tomada de consciência dos traços da civilização técnico-científica que construímos na modernidade, em que a ciência e a técnica deram à ação humana um alcance de dimensão planetária, ampliando o horizonte de sua responsabilidade. A ação humana, tecnicamente potencializada, pode deteriorar, de forma irrevogável, a natureza e o próprio ser humano. Tal postura pressupõe uma dicotomia radical entre homem e natureza e compreende ciência e técnica como instrumentos de domínio.

Um dos resultados mais visíveis deste processo é o aumento crescente de bem-estar para uma parte da população mundial, gerador de uma elevação do consumo, vinculada a uma intensa degradação do meio ambiente natural, limitado em seus recursos, e ao aumento exponencial da população, que provocou busca maior de recursos naturais.

A aporia básica desta civilização se revela na terrível incapacidade de pôr um fim ao progresso calculável, destrutivo de si mesmo e da natureza. Por esta razão, sabemos que estamos diante da possibilidade de nossa própria extinção de tal modo que a catástrofe ecológica se mostra hoje como o inimigo verdadeiro e, assim, constitui um desafio para humanidade inteira. Construímos sociedades sem o mínimo de respeito aos direitos mais fundamentais do ser humano e destruidoras da natureza.

A configuração da relação entre os povos passa por grandes transformações enquanto estão em curso tanto um processo de imbricação mundial da vida política e cultural quanto um processo de articulação de um sistema econômico mediante a inclusão de todas as sociedades no sistema de mercado. Sobretudo nos mercados financeiros, que assumem a condução de todo o processo econômico, legitimado por uma teoria econômica que defende o mecanismo de mercado como a forma exclusiva de coordenação de uma sociedade moderna.

Experimentamos um rápido crescimento tecnológico que resulta num grande aumento da produção de riquezas, com a diminuição dos custos das empresas provocada, também, pela diminuição da mão-de-obra. Ao mesmo tempo, aumentam igualmente a fome e a miséria que levam a uma desagregação social cada vez maior ou mesmo à morte de milhões de seres humanos, à disparidade na distribuição de renda e de riqueza. São milhões as crianças desnutridas no mundo e cada vez mais trabalhadores, nos países em desenvolvimento, são expulsos do setor formal da economia para o setor informal. Isto coloca cada ser humano, cada nação, cada cultura face ao desafio de assumir possibilidades e riscos dos efeitos de suas ações.

O filósofo O. Höffe fala de uma "globalização da violência", em que o arbítrio e o poder substituem o direito nas relações entre os povos e as pessoas são marcadas por um crescente egoísmo individual e grupal, pela criminalidade organizada, pelo comércio de armas, drogas e seres humanos, pelo terrorismo internacional.

(*) Padre e Doutor em Filosofia. Professor de Filosofia da UFC.

Fonte: O Povo, de 18/05/2025. Opinião. p.18.

 

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