Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
No mês de outubro, celebramos em toda a Igreja o Dia
Mundial das Missões. A data nos renova um desafio: precisamos ser missionários,
pois ainda existem muitas pessoas que não conhecem Jesus Cristo. Por isso, o
Papa Francisco sempre ressalta a natureza missionária da Igreja e exorta todos
os seus membros a sermos missionários.
E por onde começar? Devemos começar a exercer a missão em nossas
famílias. A primeira célula a ser objeto de nossa evangelização é a
nossa família, depois nosso bairro e a partir daí as cidades até os confins do
mundo. E quem nos dá esse exemplo é o próprio Jesus. Ele nasceu em Belém e
morou em Nazaré. Porém, um dos lugares onde foi propagar sua Boa-Nova foi em
Cafarnaum, num entroncamento de grandes estradas. Dentro dos seus recursos,
Jesus foi anunciar o Evangelho onde a Boa-Nova poderia "pegar a
estrada".
Os Apóstolos seguiram o exemplo do Mestre. Pedro saiu
de Cafarnaum, onde residia e procurou propagar a Palavra. Paulo saiu de
Jerusalém e foi para a Grécia, teve coragem de ir ao areópago e proclamar o
Evangelho mesmo que ninguém o escutasse, demonstrando que o mais importante é
levar a Palavra e que evangelizar é questão de coragem. Não importa se
seremos bem recebidos ou mal recebidos, se a Palavra frutificará hoje, amanhã
ou nunca. Importa que ela seja semeada.
E para semear é necessária perseverança, que vem
da vigilância. Não podemos desanimar por não vermos resultados imediatos.
Devemos estar atentos aos frutos, pois o Senhor é quem os fecunda, o tempo é de
Deus e não cabe a nós prever.
Além de perseverar, devemos agir na gratuidade, não devemos nos
sentir como servos inúteis. Façamos o bem, mesmo se formos incompreendidos,
pois o que importa é a nossa firmeza, a nossa intenção. Coloquemo-nos em nosso
lugar de missionários, evangelizadores do Senhor, dispostos a sermos sempre
discípulos de nosso Mestre Jesus.
Outro aspecto que devemos ressaltar é a disponibilidade. Nossa
resposta não pode ser: amanhã eu vou, semana que vem eu vou, ou não sei, tenho
tantas coisas para ajeitar. É bom lembrar que os Apóstolos foram chamados por
Jesus de forma rápida, não teve ''namoro'' ou um conhecimento breve. Jesus
passou, entrou na vida deles, olhou-os e disse: "Sigam-me". E eles
deixaram o modo como viviam, simplesmente largaram as redes e O seguiram. Não
tiveram um seminário com Jesus, não tiveram um tempo que pudessem
parar e pensar um pouquinho, fazer um discernimento e depois dar a resposta.
Foi algo rápido e sumário.
De um lado, os Evangelhos mostram a coragem destes
apóstolos. Do outro, mostram que Jesus, em três anos, fez com que morresse nos
apóstolos o jeito antigo de viver e de pensar. Fez com que aqueles homens que
tiveram a coragem, o desprendimento para segui-Lo, renascessem, recomeçassem,
pensassem como Ele, sentissem como Ele.
E se achamos que nada mais temos para oferecer, lembremos
de Santa Teresinha do Menino Jesus, que entrou para vida religiosa com 15
anos, morreu com apenas 24 anos e se fez santa num convento que não tinha mais
que 800 m². Foi declarada Padroeira das Missões sem nunca ter saído do
convento, porque sua oração tinha realmente asas.
Lembremos que a Missão se faz com os pés dos que vão, com os
joelhos dos que oram e com as mãos dos que contribuem.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O
Povo, de 8/10/2022. Opinião. p.18.