Por
Claudio Lottenberg (*)
A Confederação Israelita do Brasil (Conib)
manifesta perplexidade e repúdio diante do artigo publicado neste jornal, que
ultrapassa todos os limites da crítica legítima e se inscreve no campo do
revisionismo histórico, do negacionismo político e do discurso de ódio.
Afirmações como “a criação do Estado de
Israel é o erro mais brutal das Nações Unidas” ou “Israel não é um Estado real,
mas um projeto militar colonial ancorado em uma ideologia racista” não apenas
ignoram os fatos fundamentais da história contemporânea — incluindo a resolução
181 da própria ONU, que reconheceu o direito de judeus e árabes à
autodeterminação — como também negam o direito de existência do único Estado
judeu do mundo, onde vivem hoje mais de 9 milhões de pessoas, entre elas mais
de 2 milhões de cidadãos árabes com direitos civis plenos.
A linguagem utilizada, marcada por termos
como “genocídio”, “projeto colonial”, “limpeza étnica”, é uma caricatura cruel
e intelectualizada do antissemitismo de sempre, agora disfarçado sob o manto de
causas nobres. Ao confundir ideologia com identidade, o texto demoniza não um
governo ou uma política, mas um povo inteiro. Isso é inaceitável.
Israel é uma democracia vibrante, com
Judiciário independente, eleições livres, imprensa crítica e ampla diversidade
política, religiosa e cultural. O país enfrenta desafios complexos, em um
cenário de guerra imposto por um grupo terrorista — o Hamas — que usa civis
como escudo e nega o direito de Israel existir. Mas isso não pode servir de
justificativa para inverter vítimas e algozes, nem para difundir desinformação
ou ódio.
A Conib reafirma seu compromisso com a paz,
a convivência e o diálogo. E espera que os meios de comunicação, especialmente
os que se consideram referências éticas e jornalísticas, saibam distinguir
entre crítica legítima e discurso de desumanização.
Agradecemos ao jornal por abrir espaço ao
contraditório. Em tempos de polarização e narrativas radicais, garantir vozes
plurais é um serviço ao jornalismo e à democracia.
Não há justiça possível quando se
deslegitima o direito de um povo existir.
* (Colaborou com o texto Ireland
Oliveira, presidente da Sociedade Israelita do Ceará)
(*) Presidente da Confederação
Israelita de São Paulo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/25. Opinião. p.16.