terça-feira, 14 de outubro de 2025

Cemitério São João Batista, um ponto histórico!

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Inaugurado em 1866, em substituição ao São Casemiro, que sofria influências das dunas ali existentes, onde foi construída a Estação Ferroviária João Felipe, o Cemitério São João Batista, com área de 95 mil metros quadrados, é o guardião da memória de ilustres personagens.

Uma das formas de se perceber essa importância histórico-cultural do São João Batista é fazer-se um cotejo com as praças, equipamentos e vias urbanas de Fortaleza. Nestas, prestam-se homenagens a destacados vultos, como é o caso dos Barões (de Aquiraz, de Studart, de Aratanha), Carlos Jereissati, Virgílio Távora, Tristão Gonçalves, Boticário Ferreira, Dragão do Mar e tantos outros.

Cego Aderaldo, Mister Hull, Cônego Bessa, Demócrito Rocha, Meneses Pimentel, Cordeiro Neto, Natércia Campos, Rogaciano Leite, Frei Tito, Soares Bulcão, Rodolfo Teófilo, Plácido Castelo, Pessoa Anta, Padre Mororó, Juvenal de Carvalho, Quintino Cunha, Martins Filho são outras ilustres personalidades cujos corpos foram depositados no São João Batista.

A longa trajetória do São Batista permite conviver-se com os diferentes estilos arquitetônicos dos seus túmulos, do neoclássico, gótico ao eclético, alguns deles com anjos importados da Europa e materiais como gesso, cobre e pedras, que enriquecem a arquitetura de Fortaleza.

E muitas lendas fazem parte do histórico do cemitério, como a da Mulher Serpente, ou relatos de aparições como a de um visitante que, receoso de ficar sozinho numa visita tardia, aproximou-se de uma mulher que lá estava e, confiante, lhe disse ter medo de pessoas mortas, ao que ela teria retrucado: quando eu era viva, também tinha.

Assim, defendemos a ideia de um São João Batista como equipamento turístico-cultural de Fortaleza. Afinal, ele é o ponto extremo do chamado corredor que se inicia no antigo prédio da Alfândega, passando pela 10ª. RM, Catedral, Passeio Público, Santa Casa e a antiga Estação Ferroviária.

Desta forma, a Irmandade teria como manter o Cemitério em muito melhores condições, permitindo às famílias, aos turistas, aos historiadores e aos amantes da cultura um novo e rico espaço da história cearense.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/09/25. Opinião. p.18.

Emendas parlamentares versus políticas públicas

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Questionamentos diversos pesam sobre as Emendas Parlamentares. Recentemente, o Ministro Flávio Dino determinou que a Polícia Federal investigasse R$ 694 milhões em irregularidades (Folha de São Paulo, 25 ago. 2025), relativas a 964 emendas sem plano de trabalho cadastrado identificadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A notícia de que o governo federal reservou R$40,8 bi no Orçamento de 2026 para tal finalidade, por sua vez, inspira preocupações (Folha de São Paulo, 29 ago. 2025).

O impacto negativo desse instrumento que aumentou o poder do Legislativo sobre o Orçamento público ainda está por ser avaliado. Criadas em março de 2015 (Emenda Constitucional 86/2015), inauguraram um novo período na política brasileira. Desde então, o Legislativo passou a exercer controle sem precedentes sobre o Orçamento público do país. Na prática, o uso deste mecanismo ao longo da última década tem se configurado pela ausência de critérios técnicos, falta de transparência, clientelismo e corrupção.

Os desvios motivados pelas Emendas Parlamentares têm efeitos sobre o financiamento das políticas públicas. A alocação de recursos ao sabor de interesses pessoais compromete programas governamentais prioritários, e a sustentabilidade do Orçamento. O caso da educação é emblemático a esse respeito. Um exemplo é o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), uma das mais antigas e consolidadas ações do governo federal no suporte à qualidade dos sistemas de ensino. As expectativas são de que em 2026 o financiamento seja insuficiente para assegurar tal política, obrigando o governo federal a fazer escolhas entre áreas do conhecimento, níveis de ensino e modalidades.

Longe de atingir apenas a educação, as Emendas Parlamentares têm sequestrado recursos que por princípio deveriam ser direcionados a políticas públicas prioritárias. De tal maneira, sobrepõem interesses individuais a coletivos e desviam fatias do Orçamento de ações voltadas para assegurar direitos da população. Este é um debate urgente e necessário. Requer a participação do Estado, da sociedade civil e de suas instituições.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/09/25. Opinião. p.18.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Prefeitura de Fortaleza aceita conviver com estupro de crianças?

Por Luiz Eduardo Girão (*)

Quando pensamos ter visto tudo em violações do PT, somos surpreendidos por mais um escândalo contra valores e princípios dos cearenses. Após mensalão, petrolão e, agora, roubo do INSS contra aposentados - que parece envolver até o irmão do Lula, a “gestão” petista municipal escolhe um caminho perigoso que pode levar à aceitação da pedofilia como algo natural. É a mensagem que transmite a decisão da prefeitura de Fortaleza ao promover o implante subdérmico de etonogestrel como método contraceptivo em crianças e adolescentes a partir de 10 anos de idade!

Segundo o Ministério da Justiça, foram praticados 87.545 estupros no Brasil em 2024, sendo 2.028 só no Ceará. De janeiro a maio desse ano, foram mais 769 casos no estado. O flerte dessa turma com violações morais não é de hoje; nos primeiros dias do “Lula 3” foi revogada a fundamental Portaria 2561 de 2020 que obrigava médicos e profissionais a comunicar às autoridades policiais abortos decorrentes de estupro. O objetivo foi claramente favorecer o assassinato de crianças por nascer, mesmo que também facilitasse a prática do estupro.

O fato é que a alegação da prefeitura de Fortaleza, ao implantar esse programa com pretexto de reduzir a gravidez precoce, não se sustenta, pois admite a atividade sexual de crianças, ou seja, um crime previsto no Código Penal, que considera o sexo com menores de 14 anos estupro de vulnerável. É simplesmente uma confissão da falência do Estado no enfrentamento da erotização e da sexualização infantil.

Isso é semelhante à política de redução de danos defendida pelo PT, que, em vez de enfrentar os entorpecentes prendendo e punindo traficantes e tratando dependentes químicos nas comunidades terapêuticas, opta por conviver com o uso das drogas, tentando apenas reduzir malefícios.

Já pedi oficialmente explicações à Secretaria de Saúde, representei junto aos Conselhos Federal e Regional de Medicina visando anular essa medida, e aprovamos no Senado um requerimento meu para audiência pública ouvindo especialistas. Fazemos isso em consonância com o artigo 227 da Constituição que afirma ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a crianças e adolescentes seus direitos fundamentais.

São necessárias políticas que reprimam severamente o estupro e a pedofilia e garantam a integridade da infância com a valorização da família para uma sociedade saudável. Isso não se resolve disseminando uso de contraceptivo, uma “bomba hormonal” com altos riscos para a mulher, e mais beneficia o lobby da indústria farmacêutica.

Portanto, a quem interessa aceitar conviver com a barbaridade do estupro de menores em vez de priorizar a prevenção e punição dos criminosos? Paz & Bem

(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/09/25. Opinião, p.19.

domingo, 12 de outubro de 2025

AS BODAS DE PORCELANA

Esta história começa com um matrimônio que, após 20 anos de união, eles decidem comemorar as suas bodas de porcelana com tudo o que eles têm direito. A mulher coloca apenas roupas íntimas transparentes e um babydoll e em seguida entra no quarto onde o marido estava lendo e fumando um charuto, e ela lhe diz:

''Querido, você se lembra quando nos casamos, era um dia como hoje, há 20 anos''. "Sim", diz o marido, enquanto continua lendo o jornal. Desapontada com o desinteresse dele, a mulher fala: "Você me prometeu quando nos casamos que sempre iria fazer amor loucamente comigo..." E continua: ' E hoje você está me vendo vestida assim, com esta camisola apertada e transparente que eu comprei especialmente para você e não tem nada a dizer?" O marido olha de cima a baixo e diz:"

Ok. Missão cumprida''.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

O POLÍTICO E O ACIDENTE!

Certo dia, um político tinha acabado de comprar um belo carro novo, e estava ansioso para apresentá-lo aos seus colegas, quando de repente, um caminhão de 7 eixos apareceu do nada e arrancou a porta do lado do motorista, com o político em pé logo ali.

"NÃÃÃÃOOO!" gritou o homem, triste. Ele sabia que mesmo com o melhor mecânico, seu carro nunca mais seria o mesmo. Finalmente, um policial de trânsito chegou ao local. O político correu até ele, gritando: "AQUELE CAMINHONEIRO IDIOTA ARRANCOU A PORTA DO MEU MERCEDES NOVO!", exclamou.

"Você é um político, não é?", perguntou o policial.

"Sim, eu sou, mas o que isso tem a ver com o meu carro?", perguntou o homem.

"Ha!", respondeu o policial. "Vocês políticos são sempre tão materialistas. Tudo o que importa são as suas posses. Eu aposto que você nem percebeu que seu braço esquerdo está faltando, não é?" disse o policial.

Então, o político olhou para baixo e, percebendo o que havia acontecido, exclamou: "MEU ROLEX!"

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 11 de outubro de 2025

UM LANCHINHO LEVE...

Pierina destampa um pote de metal, tira um imenso polpettone (bolo de carne) e o oferece a Giuseppe.

Mas Giuseppe o dispensa.

Pierina abre um recipiente cheio de cappeletti in brodo (sopa de capeleti) quente e oferece a Giuseppe.

Mas mais uma vez Giuseppe dispensa.

Pierina abre uma grande tigela de plástico cheia de cannolli e orgulhosamente os oferece a Giuseppe, que mais uma vez recusa.

“Ma Beppe, por que você não está comendo? Eu fiz um esforço para fazer isso para você. Você não gosta da minha comida?”

“Pierina mia, eu amo sua comida. Mas as pessoas normais, quando vão ao cinema, comem pipoca.”

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

O PLANO DE UM MARIDO COM A AJUDA DO TAXISTA

Certo dia, um homem volta pra casa um dia mais cedo depois de uma viagem de negócios. No aeroporto, ele entra em um táxi. Já passava de meia noite.

No caminho pra casa, ele pergunta ao taxista se ele gostaria de ser testemunha para algo que ele planejava. O homem suspeitava que sua mulher estava tendo um affair e ele tinha a intenção de pegá-la no ato. Por R$ 200, o taxista aceita.

Ao chegarem em casa, o marido e o taxista entram em direção ao quarto, na ponta do pé. O marido acende as luzes, levanta a coberta e vê sua mulher na cama com outro homem.

O marido coloca uma arma na cabeça do homem nu. A mulher grita:

“Não faça isso! Este homem foi muito generoso! Eu menti quando disse que herdei um dinheiro de família. Este homem pagou pela Ferrari que comprei pra você. Ele pagou por nossa cabine com vista pro mar no cruzeiro. Ele pagou pela casa na praia. Ele paga a mensalidade do clube de golfe. Ele paga todas as nossas contas!”

O marido abaixa a arma lentamente e balança a cabeça de um lado pro outro.

Ele pergunta ao taxista: “O que você faria no meu lugar?”

O taxista responde: “Eu taparia o traseiro desse homem com a coberta antes que ele pegue um resfriado.”

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

PARTICIPAÇÃO NA ANTOLOGIA “PISCAR DE OLHOS”

 

Os sobramistas Josemar Argollo, Walter Miranda, Sebastião Diógenes, Marcelo Gurgel e Isaac Furtado, acompanhados da colega Dra. Izabela Parente, vice-presidente da Associação Médica Cearense, no lançamento da antologia Piscar dos Olhos, da Sobrames/CE, ocorrido no Centro de Eventos do Ceará, em 10/10/2025. (Fotografia cedida por Sra. Orlania Dutra).

Aconteceu na noite de ontem (10/10/25), no Centro de Eventos do Ceará durante o XXXVI Outubro Médico, o lançamento de Piscar de Olhos, a Antologia da Sobrames de 2025, produzida sob a nossa organização, em colaboração com a secretária Orlânia Dutra, reunindo contribuições literárias de 64 sobramistas, dos quais 60 médicos.

Além da apresentação da obra, nela republiquei quatro causos da nossa autoria, originalmente publicados In:Contando Causos: de médicos e de mestres!”: São eles: Distribuição dos alunos no NEF”, Cancerfobia, Colorau sulfocrômico e Pedido pós-prandial”.

Esse material será postado, oportunamente, neste blog, observando a sequência citada.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Organizador da Antologia da Sobrames/CE

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Crônica: “Se é exatamente a mesma coisa, por que é totalmente diferente?” ... e outros causos

Se é exatamente a mesma coisa, por que é totalmente diferente?

Dr. Régis jura que é de vera. Eu, particularmente, botei fé. É o causo envolvendo seu Lulu, pai de 10 lindas mulheres - e apenas um homem "faltoso de beleza, coitado". Certa noite, um rapaz, das bandas da Cachoeira, inventou de "fugir" com uma das filhas moças do velho. Todos na localidade tomaram conhecimento do "roubo da menina de Lulu" e a fofocagem comeu de esmola.

- Caba corajoso esse! - disse um.

- Merendou antes do recreio, vão ter que juntar os 'pano' de bunda! - falou outro. - E é na delegacia!

- Filha bulida, noiva vestida! - comentou mais aquele.

Fato é que, passada uma semana, o fujão se apresentou acabrunhado a seu Lulu, temendo represália dele e/ou do filho fêi. Chegou à fazenda de braço dado com a jovem. Para espanto do "rabo de burro", o genitor da dezena de beldades disputadas na região fez foi frescar com o póbi:

- Hômi! Como é que tu teve um trabalho desses, roubando logo a Antônia, quando a casa aqui tá cheia delas!?! Tinha a Núbia, a Gracinha, a Silvana, a Marlene, a Dalva Lúcia...

A força que tem o nome... José!

Procópio Straus, companheiro de Colégio Júlia Jorge nos idos de 1970, hoje morando na Lagoa da Tanupaba, escreve pra falar do "triste e super liso Durval", um vizinho dele que, subitamente repaginado, anda dizendo a meio mundo que é "um homem feliz". Uma mudança e tanto operou-se ali.

"Macho, a gente inteira daqui sabia que o Durval não tinha um pau pra dar numa gata. Pobre na forma da lei, um sem-real do primeiro ao quinto. Desses que dia e noite lamentava a condição de lascado, pebado. Ocorre que, do nada (do nada!!!), algo milagroso aconteceu e o sujeito - ainda liso, no ponto de passar o verniz - deu em proclamar-se ditoso e próspero! Pode? Fui à casa dele tirar a potoca a limpo.

- Ó o serviço, Durval! Cuma-lhe vai?

- Bem, Procópio! A que devo a honra?

- Vim saber porque, duma hora pra outra, tu anda se pabulando que é alegre, venturoso!

- É que Neusa, minha mulher, tendo já ligado as trompas, pariu um menino! Acredita?

- Tu que tá dizendo...

- A pedido de vó, com quem sonhei e recebi pedido, botei nele nome de artista, pra vencer.

- Por isso tu agora é um afortunado, entendi. E quem é esse menino tão poderoso?

- José de Arnold e Schwarzenegger!!!

Macho, eu mal terminei de falar com ele e só ouvi foi Neusa gritar do quintal:

- Durval!!! Corre no quarto e balance a rede de Nêgo*. Bichim tá chorando!!!

* Nêgo é como carinhosamente chamavam Schwarzenegger em casa.

Inspirada em Vô Abel, tem essa do padre...

O amigo Marcelo Vaquejada, "coiffeur" de gabarito no Centro-Sul do estado, manda vídeo com outra estripulia do Vô Abel dele. "O véi tinha uns esquemas nuns bairros aqui em Cedro. E apesar de vó viver na cola dele, o homem do nada sumia, que nem rato de gaveta". O episódio me lembra um certo padre - celebrante dominical na Lagoa Seca - que, igualmente do nada, sumia depois da missa das 10h e só voltava pra liturgia das 18h. Um dia, tomou umas zinebra a mais e o sermão foi dos mais risíveis.

- Impriquitai, meus amados, impriquitai quando o falso profeta vier com a conversa mole de que é chegado o fim dos tempos. Eu, na condição pastor de ovelhas na terra e construtor de esperanças no Céu, lhes digo: impriquitai, meus amados, impriquitai!

Fonte: O POVO, de 12/09/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

HOSPÍCIO TERRA

Por Romeu Duarte Junior (*)

Estava eu levando a passear o meu dolce far niente num desses shoppings por aí quando ela apareceu. Forte (para não dizer gorda), roupa multicolorida, sapatos de cores diferentes, maquiagem carregada e o cabelo negro/louro à la Ana Maria Braga em trancinhas. Nunca a havia visto, mas havia algo de familiar no jeito dela. Quando me viu, sentou-se à mesa e foi logo gritando: "Diz aí, macho véi, há quanto tempo! Égua, cara, tu tá é acabado...". Depois dessa agradável recepção, menti: "Oi, querida. Pois é, quanto tempo. Você está muito bem". "Muito bem nada, eu estou é ótima, com tudo em cima e pegando na chave". A garrafa térmica com estampa de onça era aberta por ela a cada três minutos, sede grande. "Tenho que achar um assunto", pensei, "antes dela berrar de novo".

"Como vai a vida? O que você faz?", indaguei. "Me formei em Direito, trabalhei anos e anos como advogada até ficar de saco cheio. Hoje sou influencer, bebê", respondeu. "E o que diabo é influencer", perguntei, me fazendo de doido. "Ah, não sabe, não? É quem dá pitaco em tudo que é tema, moda, gastronomia, viagens, uêi ofi láifi, essas coisas. Sou blogueira. Tenho milhões de seguidores nas redes sociais. Vivo de monetização", sapecou. De repente, sacou da bolsa gigante um celular de última geração, o qual manejava com uma destreza de craque. "Desculpa, é que uma criatura lá do Japão está me consultando sobre um tipo de make que ela quer usar". Num inglês de porta de hotel, sugeriu sua dica de beleza à japa. "Ei, cara, não vai me pagar nem um café? Lai vai, é liso...".

Rubiácea comprada e sorvida em sôfregos goles, ela disse: "Tá na hora de amamentar o meu casal de gêmeos". Ato contínuo, tirou da bag dois babies reborn e, abrindo a blusa, colocou um dos volumosos seios para fora, para alimentá-los, para meu completo desespero. "O que é isso?!", quis saber, o coração aos pulos. "Ora, para qualquer lugar que eu vou levo os dois. O menino veste azul e a menina rosa". "Minha senhora, tenha modos!", adverti-lhe. "Ei, cara, tu é doido ou é comunista?! Essa tua reação me deixou nervosa!". Abriu a sacola imensa mais uma vez e de lá tirou uma chupeta, colocando-a na boca. "Quem sabe assim eu me acalmo, macho véi, viu?", reclamou numa bela gaitada. Tão rápido como chegou, sumiu. Pânico. Olhei em volta e os clientes me fitavam.

Súbito, aparece um funcionário do shopping com um risinho no canto da boca. "Perdão, senhor, estamos fazendo um teste com os nossos frequentadores. A senhora que estava aqui não existe, era um holograma criado por IA", curtiu. Aí foi a minha vez de mangar do sujeito: "Pois é, já estava preparado para falar com ela sobre a adultização das crianças, a infantilização dos adultos, as paquitas das apresentadoras blondies da Globo, o frisson da dança na boquinha da garrafa, entre outros papos". "Ah, então o senhor desaprova esses tipos de comportamento? São tão normais hoje. É a evolução dos tempos", tascou. "Se você não fosse uma imagem, já teria levado uma mãozada nos beiços", falei-lhe. O sujeito saiu correndo. Acordei suado. E assim caminha a humanidade, louca...

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/0925. Vida & Arte. p.2.

RELAÇÕES DE AFETO E CONFIANÇA

Por Roberto Macêdo (*)

O mundo está de cabeça para baixo. Nos meus 81 anos nunca vivi um momento tão conturbado. Isso me leva a acreditar que precisamos cada vez mais investir na nossa capacidade de desenvolver e fortalecer relações de afeto e confiança nos lugares onde nossas vidas acontecem.

Um alento para mim, tem sido as visitas de aproximação que nós, da segunda geração, estamos proporcionando à terceira e à quarta gerações da nossa empresa familiar com as pessoas que tocam o dia a dia das nossas unidades fabris em Fortaleza, Salvador, Simões Filho, São José dos Campos e Londrina, bem como nas unidades de Horizonte e Londrina, em construção.

Esse programa faz parte de um processo de contato com o mundo real, em contraponto a um tempo atravessado por tantas mensagens fantasiosas que nos chegam a todo instante, pregando ódio, desconfiança e provocando desperdício de energia e de crença no que somos capazes.

O clima em cada unidade visitada revela que o sucesso de uma empresa depende muito de integração e de espírito de pertencimento. Aceitas e valorizadas por suas contribuições, as pessoas fazem bem-feito o que se comprometem a fazer, não se deixando influenciar pelas incertezas.

Como acionista, tenho o mesmo sentimento de entrega e de satisfação por constatar que o patrimônio do grupo econômico fundado pelo nosso pai José Macêdo e por seu irmão Benedito, está sendo bem cuidado e cuidando de oferecer à sociedade produtos alimentícios de boa qualidade.

Percebo essa conexão de simplicidade, atenção e reconhecimento entre acionistas, gestores e funcionários, por meio de práticas geradoras de confiança mútua como fundamental para a construção do sentido de pertencimento dos integrantes das gerações que nos sucederão.

É contagiante o orgulho expressado por quem se empenha no que faz, independentemente de posição ou cargo que ocupa em uma empresa que, já na década de 1980, definiu que as pessoas, a valorização estética e o meio ambiente fazem parte de seus Princípios Filosóficos.

Experiências como esta me dão a sensação de que, se cada um fizer o que lhe compete, podemos construir um país e um mundo melhores.

(*) Empresário.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/09/25. Opinião, p.22.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Convite: Lançamento da Antologia “PISCAR DE OLHOS”

A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará (Sobrames/CE) convida para o lançamento de “Piscar de Olhos”, a quadragésima-terceira antologia anual da Sobrames-CE.

O livro é prefaciado pelo médico sobramista e escritor Dr. Lúcio Alcântara, ilustre membro da Academia Cearense de Letras e da Academia Cearense de Médicos Escritores, e conta com 64 autores participantes.

Local: Centro de Eventos do Ceará (Durante o Outubro Médico).

Av. Washington Soares, 999 – Bairro Edson Queiroz – Fortaleza.

Data: 10 de outubro de 2025 (sexta-feira) Horário: 17h.

Traje: Esporte fino.

Obs.: Após o lançamento transcorrerá a cerimônia de abertura do XXXVI Outubro Médico.

Maria Sidneuma Melo Ventura

Presidente da Sobrames-CE

Igreja São Francisco de Assis celebra conclusão de obra após 81 anos

Por Gabriela Félix (*)

Às margens da praia da Leste Oeste, em Fortaleza, ergue-se a imponente Igreja Matriz de São Francisco de Assis de Jacarecanga. O templo guarda nas paredes a história de uma obra que vai além da fé. Após 81 anos, a entrega da construção do santuário será celebrada com uma missa a ser celebrada hoje, 3, a partir das 18 horas.

Inaugurada no Ano Jubilar da Esperança, a paróquia contará com uma escultura de São Francisco de Assis, medindo mais de sete metros e pesando cerca de três toneladas. A obra, assinada pelo artista plástico e escultor Edismar Arruda, ficou pronta em nove meses.

A ideia inicial da imagem surgiu do padre Francisco Bezerra do Carmo e do arcebispo de Fortaleza, dom Gregório Paixão. Descartando a sugestão primária da escultura ser feita de bronze, optou-se por materiais recicláveis.

A escolha pela sucata de aço reciclável, segundo conta Arruda, alinhou-se à figura de São Francisco, Patrono da Ecologia: "Consegui fazer essa escultura com todas as ferramentas que eu tinha, mas só usei duas: a fé e a coragem".

Vizinha da paróquia e frequentadora do templo desde os oito anos de idade, a assistente social Ione Arruda, 69, conta que a finalização da obra representa um sentimento de segurança e pertencimento. Ela descreve o monumento como um refúgio que reforça a sensação de estarem "na casa de Deus".

Para ela, a entrega da construção é vista como a realização de um sonho longamente esperado pelos moradores, tanto os atuais quanto os antigos que já faleceram e não tiveram a oportunidade de vê-la pronta: "Faltava o teto, embora romanticamente tinha o teto do céu, com as estrelas e a lua quando ela assim permitia. Mas, agora sim é um lugar que acolhe muita gente e as pessoas se surpreendem ao ver a altura dela e a largura".

Ainda entre escombros, o santuário abrigou sonhos, famílias e a memória de uma comunidade. Em entrevista ao O POVO, o pároco Francisco Bezerra do Carmo rememora a história do edifício.

Desvinculada da Paróquia do Patrocínio, a Paróquia de São Francisco de Assis (Jacarecanga) foi instalada oficialmente com a posse, aos 6 de fevereiro de 1944, do padre Abelardo Ferreira Lima.

Apesar disso, foi somente no ano de 1952 que teve início a construção efetiva da obra, liderada por monsenhor Hélio Campos, que era pároco do Pirambu e dava assistência à região, permanecendo no pastoreio até 1958.

Sem teto, a estrutura da paróquia permaneceu inacabada por décadas. A exposição contínua ao sol, à chuva e à maresia comprometeu a infraestrutura do local. Apesar disso, o espaço se tornou morada para oito famílias, que residiram no prédio inacabado durante 18 anos. Todas posteriormente foram cadastradas e receberam moradias por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, mudando-se para um condomínio na avenida Francisco Sá.

A chegada do padre Bezerra à paróquia se deu no ano de 2007 para auxiliar os trabalhos de padre Mirton, que se encontrava com a saúde debilitada.

"São Francisco, patrono da ecologia, da natureza, nos ajudou esses anos todos a preservar esse ambiente e somar forças para poder fazer hoje o término dessas obras. O equipamento que a gente está apresentando, entregando à comunidade, é um marco na fé, não só do povo do Jacarecanga, mas de toda a Cidade, de todos aqueles que passam aqui e contemplam esta obra", celebra o pároco.

Em 2010, a igreja ainda estava sem teto. Nesta época, o padre Bezerra solicitou um laudo da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros sobre a situação estrutural do prédio. O relatório mostrou que os danos na infraestrutura representavam riscos.

A construção maior teve início em 2014. Padre Bezerra conta que foi necessário refazer todas as bases da estrutura e somente no ano de 2018 o teto foi finalmente instalado.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: O Povo, de 3/10/2025. Cidades. p.17.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

JOIAS DO CEARÁ

Por Izabel Gurgel (*)

Parece ninho, rede, renda. Está lá, a compor joias, o crochê em linha de prata feito por Lúcia Araújo. Graças à vida com ela, Antônio Rabelo se tornou joalheiro. Em família, tocam o museu que nasce do ateliê, oficina, loja. A editora Senac publicou em 2024 o livro "Antônio Rabelo, o joalheiro do sertão central do Ceará", de Eduardo Motta.

As casas de fazenda do Ceará dos séculos 18 e 19, estudadas pelo arquiteto e urbanista Clóvis Ramiro Jucá Neto, nos dizem de um sertão conectado, com uma sofisticação de saberes se realizando, por exemplo, a partir de trocas entre mestres construtores. Tão tão finas leituras do lugar, as casas parecem brotar do solo, nascidas.

A versão digital do livro "Arquitetura como Extensão do Sertão - Casa de Fazenda Setecentista e Oitocentista dos Inhamuns no Ceará" está disponível no site da Fundação Waldemar Alcântara. Publicação tem coautoria da Profa. Adelaide Gonçalves.

Realizamos Joias do Ceará, uma série de encontros virtuais com quem estuda, pesquisa, cria, mantém etc., de algum modo trabalha com acervos em diferentes estados de conservação e uso. Estão disponíveis no youtube do Festival Alberto Nepomuceno, o Fan.

Arquiteta e professora, Cristiane Alves nos inicia na obra do mestre Neudson Braga, de quem foi aluna. Fez 90 anos em junho o autor do projeto do BEC dos Peixinhos, em Fortaleza, que um bocado de nós viveu como lição do que pode uma esquina no centro de uma cidade. Ou de como uma vera calçada expande o mais cotidiano ir-e-vir. Você pode ler a dissertação da Cristiane Alves no repositório da UFC ou acessar gratuitamente o livro em formato digital. "Neudson Braga e o modernismo arquitetônico em Fortaleza" é uma publicação da Expressão Gráfica e Editora.

Tem mais. Curadora Dodora Guimarães nos apresenta Sérvulo Esmeraldo a partir de exposição no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, no Crato, cidade natal do artista. Na sede do Instituto Sérvulo Esmeraldo, o Ise, em Fortaleza, tem várias publicações sobre o artista.

Ângela Madeiro e Dim Brinquedim nos apresentam o Museu Brinquedim, na zona rural de Pindoretama. Um livro? "Dim Brinquedim, artista brincante brasileiro", publicado pelo Armazém da Cultura.

O Prof. Renato Casimiro nos fala das esculturas por ele encomendadas ao Mestre Noza e doadas ao Museu de Arte da UFC - Mauc. O livro-guia é o organizado por Gilmar de Carvalho, "Noza, o escultor do Padre Cícero", de 2014. Com as bênçãos da Beata Maria de Araújo, tomara que entre na lista de reedições da UFC.

P.S.: hoje tem "Cavucar" no teatro do Dragão do Mar, às 19h30. Dramaturgia: Tércia Montenegro. Direção: Monique Cardoso (atuação) e Murillo Ramos. Beata Maria de Araújo na cena. Grátis.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/08/25. Vida & Arte, p.2.


"REALPOLITIK"

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Discordo da estratégia que justifica a forma pragmática que perpetuamos o poder em nosso país. Refiro-me a escolha de estratégias de poder em detrimento de noções ideológicas, ou seja, às custas do sacrifício do bem comum. Faz-se, frequentemente, com políticas coercitivas e imorais. Para Nietzsche, trata-se de um tipo de ceticismo moral, onde as relações de poder tendem a destruir todas as pretensões de fundamentação moral.

No pragmatismo desprovido de qualquer conceito ideológico se estabelece uma relação promíscua entre os poderes, visto que a lei rege as relações entre o poder e a sociedade. Sócrates afirmava que a ruína de uma sociedade acontece pela sujeição da lei ao governante e sua salvação pela imposição da lei sobre os governantes, tornando-se, a si mesmos, obedientes à lei. Infelizmente, nos dias atuais, continuamos a assistir a implantação de leis formuladas para manter os interesses dos governantes.

Assim, a “Realpolitik” é aplicada para assegurar interesses, requerendo o sacrifício de princípios ideológicos. Um dos exemplos, aconteceu nos EUA durante as administrações de Nixon e Reagan, as quais, frequentemente, apoiaram governos que violavam os direitos humanos, em princípio, para assegurar o interesse nacional norte-americano.

No Brasil, podemos citar a proposta da reeleição e, principalmente, a governabilidade obtida pela cooptação do legislativo através de favores e emendas parlamentares desprovidas de qualquer critério de eficiência em sua aplicação. Assim sendo, formam-se concepções diferentes. Pois, para os opositores são atitudes imorais, enquanto para os situacionistas um argumento de que estariam operando nos limites práticos.

Pois bem, o que fazermos para reverter esse destino social perverso?. A meu entender, alguns pontos devem ser lembrados para uma análise mais crítica. Em primeiro aspecto foi a vida em comunidade que permitiu a expansão da civilização humana, e através da preservação da sua identidade, dos seus conceitos e valores. Em segundo, entendemos o mundo como comunidades, países sem fronteiras.

Dessa forma, seria conveniente pensar sobre uma outra proposta de organização de sociedade, ou seja, revertendo o modelo atual e de séculos passados. Luc Ferry propôs uma "política de civilização" que norteia-se em questões práticas, fundamentadas no coletivo a serviço das pessoas. Trata-se de uma mudança de paradigma, pois modifica a atual visão de Estado e volta-se para o binômio família e empresas, propondo estratégias objetivas, econômicas e sociais, como meio de mudança da realidade atual.

Mas, para tal, precisamos crer na possibilidade de mudar, como dizem realizar um “Turnaround”, ou seja, romper com a “realpolitik”. Creio ser a única forma de restabelecer a credibilidade e fortalecer a democracia. Provavelmente, uma saída inexorável. Espero que aconteça de forma espontânea, inteligente e justa. Se não, vamos assistir ao aumento da barbárie em que já vivemos.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/09/2025. Opinião. p.21.


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O PAVOR SUPREMO DA LEI MAGNITSKY

Por Antonio Jorge Pereira Júnior (*)

A Lei Magnitsky, criada em resposta ao assassinato do auditor russo Sergei Magnitsky em 2009, tornou-se uma ferramenta internacional contra a impunidade. Seu propósito é aplicar isolamento econômico a indivíduos e entidades envolvidas em graves violações de direitos humanos e corrupção, promovendo um cerco financeiro global.

A lei visa responsabilizar e coibir abusos. Impõe sanções (congelamento de ativos, proibições de viagem em países que a adotam, como EUA, Canadá, Reino Unido, UE) para cortar o acesso ao sistema financeiro global. Isso gera isolamento severo: dificuldades em transações, negócios, crédito e movimentação de fundos, resultando em ostracismo financeiro e de reputação. A mensagem é clara: abusos não compensam.

A Magnitsky também atinge parceiros de empresas norte-americanas. Negociar com sancionados acarreta risco de sanções secundárias. Isso exige rigorosa "due diligence": bancos evitam processar transações, e empresas globais, inclusive as ligadas aos EUA, devem garantir relações comerciais sem vínculos com sancionados. O receio de contaminação por "dinheiro sujo" e de violações regulatórias leva ao afastamento, protegendo a integridade financeira e a reputação.

Em resumo, a Lei Magnitsky converte a indignação moral em uma barreira financeira, deslegitimando e descapitalizando aqueles que operam à margem da lei e dos direitos humanos.

Para entender a aplicação da lei contra autoridades brasileiras, pesquise "Oeste", "Entrevista Eduardo Tagliaferro", "Vaza Toga". Também encontrará explicações no perfil "Te atualizei" do YouTube, sem filtros. Por tais canais poderá ter acesso à ponta do iceberg de aberrações jurídicas no Brasil, perpetradas por autoridades supremas. São tantas as violações que é impossível uma pessoa honesta continuar a apoiar tais autoridades ao se defrontar com a verdade, quando liberta do cativeiro informacional.

E as sanções estão apenas começando. Investigações americanas começam a revisar o desmonte da Lava Jato, pois cidadãos e empresas dos EUA foram prejudicados por corruptos condenados neste processo. Também por isso autoridades supremas, cujos "familiares" lucraram com anulações de condenações, começam a se apavorar. Aguardem.

(*) Doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/08/25. Opinião, p.18.

Compromisso e autonomia na vida acadêmica

Por Vinícius Pereira (*)

O ingresso no ensino superior marca uma das fases mais transformadoras da vida. Para além da formação técnica e científica, a universidade é também um espaço de amadurecimento, responsabilidade e construção da autonomia. É nesse ambiente que o estudante, agora discente, se depara com o desafio de ser protagonista de sua própria formação.

Mais do que assistir às aulas ou cumprir tarefas acadêmicas, seu papel é ativo e estratégico. Cabe a ele gerenciar seu tempo, aprofundar o conhecimento, buscar fontes confiáveis, dialogar com professores e colegas, abrir-se à crítica e, principalmente, entender que sua formação vai além da sala de aula.

Compromisso e autonomia caminham juntos nesse percurso. Compromisso com a excelência, com a ética e com o futuro. Autonomia para escolher caminhos, tomar decisões e compreender que a responsabilidade pelo aprendizado é, em grande parte, pessoal.

A vida acadêmica exige planejamento, disciplina e envolvimento constante. Não basta apenas passar pelas disciplinas e cumprir as exigências curriculares; é preciso absorver os conteúdos, aplicar os aprendizados, questionar o que é ensinado, contribuir com ideias e refletir sobre o impacto desse conhecimento na prática profissional e na sociedade.

A universidade oferece múltiplas oportunidades de crescimento, mas cabe ao aluno aproveitá-las com intencionalidade e compromisso. Participar de grupos de pesquisa, projetos de extensão, monitorias, eventos científicos, atividades culturais e ações sociais enriquece a jornada, amplia a visão de mundo e proporciona vivências que extrapolam o conteúdo teórico, contribuindo diretamente para uma formação mais completa.

É também nesse contexto que o estudante desenvolve habilidades essenciais para o mundo contemporâneo, como liderança, empatia, pensamento crítico, criatividade, resiliência e capacidade de resolver problemas complexos. Essas competências são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho e fazem diferença na atuação profissional. O ambiente acadêmico favorece essa formação multidimensional ao oferecer experiências diversas, desde que o aluno esteja disposto a se engajar ativamente, com propósito e disposição para sair da zona de conforto.

Temos a missão de formar profissionais capazes de atuar com competência e humanidade em suas áreas, mas também cidadãos conscientes, críticos e engajados. Acreditamos que, ao assumir seu papel com seriedade e propósito, o discente torna-se não apenas um bom aluno, mas um agente de transformação social. Afinal, a educação não é apenas um meio para alcançar um diploma, é uma ferramenta poderosa de mudança para o indivíduo, para sua comunidade e para toda a sociedade.

(*) Reitor do Centro Universitário Estácio Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/08/25. Opinião, p.15.

domingo, 5 de outubro de 2025

A INCONCLUSA IGREJA DE SÃO FRANCISCO EM FORTALEZA

Na época do Governo JK, final dos anos cinquenta do século XX, habitantes do bairro Jacarecanga e seus arrebaldes, em Fortaleza, estavam nitidamente motivados para erguer uma Casa de Deus, em substituição à pequena Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, um templo já sobejamente exíguo para comportar o considerável afluxo de devotos que a demandavam.

Existia um esforço conjunto, com larga participação de paroquianos, englobando atividades para captação de doações, afora outras ações para obter recursos financeiros, a exemplo de quermesses, leilões e vendas de brindes variados (lápis, borrachas, cadernos e outros apetrechos), que anunciavam o lema da campanha “Em prol da construção da Igreja de São Francisco de Assis”.

O trabalho coletivo de tantos não foi, porém, suficiente para soerguer a imponente construção, que findou em fincados alicerces, com um piso alto, a amparar as grossas paredes, sem a coberta, e submissa às agressões do ambiente, persistindo, há muito tempo, como uma obra inconclusa, a desafiar o indômito e impetuoso arrojo da gente cearense.

Presentemente, dessa obra de engenharia, a única estrutura acabada, e em uso, é a capela dedicada à Santa Edwirges, recepcionando, humildemente, os devedores de estratos mais pobres, que supinam por graças e migalhas, para sanar seus débitos, porquanto aqueles de maiores posses, embora “aprisionados” nas dívidas contraídas, são melhor recebidos numa igreja, em suas cercanias, do lado contrário, na mesma Avenida Leste Oeste, templo também sob a tutela da padroeira universal dos hipotecados de todas as classes sociais.

Uma conjunção de causas contribuiu para aniquilar a intenção da comunidade de dispor desse prédio sacro: o declínio social e econômico do Jacarecanga; o avanço do mar, engolindo várias ruas; a redução relativa do contingente católico da capital cearense; o aparecimento de igrejas católicas nos bairros vizinhos; a secularização pós-modernidade, com a laicização da sociedade; a carência de líderes paroquianos interessados e compromissados com o empreendimento; e a prioridade da Arquidiocese de Fortaleza em terminar a construção da catedral metropolita.

Por oportuno, cabe prantear a não-canalização do propósito comunitário, depois da inauguração da catedral, para concluir a majestosa Igreja de São Francisco de Assis, em Jacarecanga, tão acalentada pelo Padre Hélio Campos, o apóstolo do Pirambu, da Fortaleza da década de sessenta; decorridas mais de quatro décadas de paralisação, a nossa Massadah aguarda, com paciência e resignação, que as lideranças católicas, em parceria com o povo fortalezense, reativem a obra.

Avistada por terra, pelos que circulam pela Avenida Castelo Branco (a Leste-Oeste), em toda a sua extensão, até à Barra do Ceará; por mar, pelas embarcações, que tangenciam nossas belas praias; e pelos ares, quando da aterrissagem de aeroplanos, essa igreja, se retomada a sua obra, seria um bastião diferenciado, pois, em vez de canhoneiras ameaçadoras, do Forte que simboliza essa cidade, ter-se-ia São Francisco, de braços abertos e aconchegantes, espargindo, dos estigmas puntiformes de suas mãos, as graças hospitaleiras da Paz de Cristo.

Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Médico e economista em Fortaleza

 * Nota: Publicado originalmente In: SOBRAMES – CEARÁ. Inspiração. Fortaleza: Expressão, 2006. 130p. p.104-6.

Referência: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. A inconclusa Igreja de São Francisco em Fortaleza. In: SOBRAMES – CEARÁ. Inspiração. Fortaleza: Expressão, 2006. 130p. p.104-6. (Antologia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará).


Os 10 Papas Mais Interessantes da História IV

8. Joana - A papisa 'gestante'

Diz a lenda que o Papa João, que governou entre 855 e 877 d.C., era na verdade uma mulher. De acordo com um monge dominicano que viveu no século 13, João foi levado a Atenas vestindo roupas masculinas, e então estudou e se tornou mestre da aprendizagem na cidade. João, ou "Papisa Joana", supostamente deu à luz em uma procissão da igreja, mas a precisão da história é contestada devido ao caos que isso causou durante a Idade Média.

9. Papa Urbano VII - O reinado mais curto

Houve numerosos papas que viveram por apenas alguns dias depois de assumir o papado, como Estêvão, que morreu poucos dias depois de ser eleito em 752 d.C. Houve também Dâmaso II, que ascendeu ao papado em 1048, apenas para morrer 23 dias depois. Celestino IV foi eleito em 1241, mas morreu depois de 16 dias. No entanto, o reinado papal mais curto de todos pertence a Urbano VII, que foi eleito em 1590 antes de falecer apenas 12 dias depois.

10. Gregório XII - O último papa a renunciar antes de Bento XVI

O papa Gregório XII foi eleito em 1406, há mais de 600 anos. Ele tinha a reputação de ser um homem piedoso e era na verdade um dos três papas a governar na época. O caos que se seguiu pode ter ocorrido por causa da sua decisão de abdicar e convocar um conselho para resolver a confusão antes de deixar o papado em 1415

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


 

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