Por Sofia
Lerche Vieira (*)
A festa da Olimpíada acabou. Passado o bastão de Tóquio para Paris,
agora é esperar 2024 e dias melhores para todos. O sax do astronauta francês,
Thomas Pesquet, tocando a Marselhesa do espaço promete.
Uma olimpíada tem sempre muito a ensinar sobre
coisas que o ser humano precisa aprender. Resiliência é uma delas.
Cair e levantar sempre.
Consciência de que a derrota pode abrir caminho
para a vitória.
Conhecer os limites do corpo e ir além. Saber que o cérebro está no comando. E
que a saúde mental importa.
Comparado com desempenhos anteriores, o Brasil se saiu bem nessa olimpíada.
Mostramos a cara de um país diverso, onde minorias revelam seu brilho no
esporte.
Atletas que, sob condições as mais adversas,
chegaram ao pódio inspiram uma juventude carente de exemplos e lideranças.
Em todas as esferas da vida, perder nunca é fácil.
Mas é aprendizagem que se impõe. Os incontáveis testemunhos de
brasileiros vencedores e vencidos, oferecem preciosas lições sobre a matéria.
Se para uns, o simples chegar à olimpíada é prêmio,
para outros, a derrota tem amargo sabor.
Dentre tantos fatos memoráveis, fiquemos com dois: a
vitória de Isaquias Queiroz na canoagem e a derrota de Gabriel Medina no
surf. O primeiro expressou um Brasil que honra a si próprio, dedicando sua
medalha aos que se foram ceifados pela Covid 19. Ganhou na raia e conquistou o
coração de milhares de compatriotas, tão carentes de ídolos nesses tempos
sombrios.
A performance do segundo, campeão mundial do surf, foi triste não apenas pelas
ondas perdidas.
Sozinho com sua prancha, saiu de cena, sem se deter
para prestigiar Ítalo Ferreira, que arrebatou a medalha de ouro. Sem sequer ter se vacinado, até mesmo
da próxima etapa do mundial estará ausente.
Terminado o sonho, o retorno à normalidade se impõe.
Passados os dias alegres, é retomar a CPI da Covid, o ácido sabor dos dias que correm e seguir em
frente.
Lembrando que, como a resiliência, humildade na
vitória e dignidade na derrota são sinais de sabedoria. Como nos versos cantados por
Elis: "Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas aprendendo a
jogar".
(*)
Professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/08/21. Opinião, p.22.