segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Atriz Fernanda Quinderé celebra posse na Academia Cearense de Letras

Por Lêda Maria Souto Paulino (*)

Em entrevista poética, Fernanda Quinderé, nova imortal da Academia Cearense de Letras, reflete sobre trajetória e carreira

Fernanda Quinderé lembra muito estes ventos de setembro. Sopram fortes durante o dia e suspiram segredos pela madrugada. Tem momentos que nos deixam respirar forte, recusando passadas lentas e facilitando a liberdade dos cabelos voando em desalinho. São ingratos ao passar pelos jardins e pelos espaços verdes do Parque do Cocó, onde eles não deixam serenos o desabrochar da rosa e aguçam o grito das folhagens, recolhendo-se e temendo serem colhidas em sua velocidade.

Mas, mesmo temidos, em suas características de mando pela natureza, são os ventos de setembro. Eles vão e voltam fundindo-se em ruídos infantis, robustos, incontidos, destemidos, provocando uma alegria grave entre as crianças brincando de soltar pipas ou dançar na liberdade de seus acenos. São azuis os ventos de setembro. E azul é também Fernanda, igualmente mantendo seus sopros fortes de criatividade, liberdade e querer bem.

Mantendo sua velocidade que não para, nem diminui no tempo, pelo tempo vivido. Fernanda, que escuta e mergulha em fontes de água límpida, contemplando o arco-íris, a beleza de cada amigo e o desabrochar de beleza colhido em cada filho.

Fernanda chega agora entre as estrelas. Assume mais uma academia, que é a de Letras, celebrando o certo dos seus desejos e assistindo a um sonho pertencer ao verbo realizar, habituando-se ao possível, ao caminhar pelas manhãs em lírios e corredores de orvalho. Mas, Fernanda é feita de lutas, daí poder alcançar a noite, as madrugadas, os espinhos, iluminada pelas estrelas, convidando-a para suas fileiras, ela, a Fernanda altiva, corajosa, ardente, espontânea. Fernanda, mãe, atriz, escritora, amiga dos amigos, amada e amante das ventanias e/ou do silêncio da madrugada.

Fernanda, nova imortal, chegando faceira e alegre, com uma bagagem de escritos valorizando a vida e os títulos, para sua nova missão na Academia Cearense de Letras, fundada há 130 anos, sendo a primeira do País.

O POVO - Quem é você?

Murmúrios

Olho-me no espelho

Vejo-me outra

Enigmas de um tempo meu.

Ouço murmúrio da minha alma

Finjo que não escuto.

Ouço de uma cachoeira

Nascida da pedra de onde eu vim.

Firme, livre como o sol

Despida como a natureza

Que fala a língua dos Deuses

Simbólica no tempo do amor

Em que fui e sempre serei

À mercê dos sonhos.

OP - Existem muitas paixões?

Paixão inconfessa

Abro o decote da minha alma.

Mostro meu coração sangrando.

Minha boca oca de paixão

Oncita o gesto suicida.

Minhas mãos

Invadem o seio

Rasgam

O que resta em mim

Desta paixão. Inconfessa.

OP - Quais as suas tristezas?

Dores do tempo

Vivo as dores do tempo

E o soluço compulsivo das estrelas.

Sinto tristeza do mundo

E bebo as astúcias da noite.

À tarde,

As manhãs me angustiam.

O sol

Das noites escuras queima meus olhos azuis.

E a grande flor do meu corpo

Pulsa ausência de amor.

Não há saudade

Apenas desassossego

À espera do que virá

Na solidão dos meus dias

Que se vão. Que se vão...

OP - É possível batizar um prazer?

Um dia azul

Quando acende-me o desejo.

Tal o teu desejo

De ter-me em ti

Meu corpo transpira. Sal.

Bebemos então o mel

Ao sentirmos relâmpagos

Tantos quantos tivemos. Juntos

Naquele dia azul

Quando batizei o prazer

De ter-te em mim

Sem maldizer

O pecado da traição.

OP - Dizem que você já planejou "sua partida"?

Em tempo

Se eu morrer amanhã

Amarrem meus pés

Nas raízes do tempo

Deixem meus cabelos soltos

Aos ventos de agosto à contra-gosto

Da liberdade que nunca tive.

Fechem meus olhos

Sob as ordens da eternidade

Para que eu enxergue

A imensurabilidade

Da solidão que sempre tive.

Libertem minhas narinas

Das flores, odores das velas. Das coroas, dos louros

Que só agora tive

E quando eu gemer de saudades

Enxuguem lágrimas

Nas estrelas

Do meu universo

Para que se tornem poças de luz

No azul da minha poesia morta.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/09/24. Vida & Arte. Coluna da Lêda Maria, p.5.


Lentes do Futuro do Estado do Ceará em 2050 - Parte I

Por Célio Fernando Bezerra Melo (*)

O Ceará se destaca como pioneiro no Brasil ao constitucionalizar (artigo 203, CE) o PLP, integrando-o ao PPA, à LDO e à LOA. Com a Lei 18.709/2024, o Estado estabeleceu um horizonte de 24 anos para suas políticas públicas, garantindo maior previsibilidade e coerência nas ações governamentais e permitindo uma gestão pública mais estratégica e eficiente, otimizando o uso dos recursos públicos.

As mudanças climáticas e o aquecimento global impõem desafios globais que exigem respostas rápidas e coordenadas. A evolução tecnológica, impulsionada pela inteligência artificial, também está redefinindo as relações de trabalho e produção, exigindo novas formas de governança e organização social.

No cenário global, a transição energética, a transformação digital e a economia azul são fundamentais para o desenvolvimento sustentável, com abordagens específicas em diferentes regiões.

Na Ásia, a China se destaca com a Visão de Desenvolvimento 2050, que prioriza avanços tecnológicos e sustentabilidade, estabelecendo metas para 2035 e 2050. A Coreia do Sul, por sua vez, com a Visão 2030, busca consolidar-se como líder em inovação, focando na economia do conhecimento, sociedade inteligente e sustentabilidade, além de promover sua cultura globalmente.

Na América do Norte, os EUA avançam com o plano Build Back Better, focado em infraestrutura, clima, saúde, educação e justiça social, com o objetivo de revitalizar a economia, promover a transição para energias limpas e reduzir desigualdades.

Na América Latina, iniciativas como o Chile 2030 e o Plano Nacional de Desenvolvimento da Colômbia colocam a sustentabilidade, a inovação e a inclusão social no centro das políticas, promovendo uma economia verde e inclusiva, posicionando a região como um modelo de desenvolvimento sustentável.

Essas iniciativas refletem um compromisso global com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Agenda 2030, e Net Zero fomentando alcançar emissões líquidas zero até 2050.

O Ceará, como signatário do Pacto Global e do Net Zero, adotou uma legislação pioneira que exige o alinhamento de todas as políticas públicas e orçamentárias com a Agenda 2030 e os ODS, assegurando um desenvolvimento sustentável e coerente com as metas globais de longo prazo.

(*) Economista. Membro da Academia Cearense de Economia.

Fonte: O Povo, de 29/08/24. Opinião. p.19.


domingo, 29 de setembro de 2024

DR. CÉSAR FORTI: o pioneiro da Medicina Nuclear no Ceará

 

César Augusto de Lima e Forti nasceu na cidade de São Paulo/SP, em 28 de abril de 1945, filho de Egídio Forti e Branca Mendes de Lima e Forti Em 1958, aos 13 anos de idade, veio morar em Fortaleza, onde cursou o ginasial e o científico no Colégio Batista Santos Dumont.

Aprovado no disputado Exame Vestibular de 1966 da Universidade Federal do Ceará (UFC), formou-se médico pela Faculdade de Medicina, em dezembro de 1971, na Turma Carlos Chagas, da qual faziam parte Adriana Costa e Forti, Lúcia Maria Alcântara, Roberto Bruno Filho e Roberto Misici, que se tornariam membros titulares da Academia Cearense de Medicina, bem como de alguns colegas igualmente notáveis profissionais, como Carlos Maurício de Castro Costa, Frederico Augusto Lima e Silva, Mário Mamede Filho, Otoni Cardoso do Vale, Paulo Gurgel Carlos da Silva e Sônia Maria Carneiro de Mesquita Lobo.

Quando acadêmico de Medicina, César Forti foi presidente do Diretório Acadêmico XII de Maio, integrou o primeiro grupo de internos bolsistas do recém-inaugurado Hospital São José para Doenças Transmissíveis Agudas, que pertenceu a Fundação de Saúde do Estado do Ceará, e se destacou, no esporte universitário, como jogador de basquete.

Após a graduação, viajou para o Rio de Janeiro, onde permaneceu dois anos, e especializou-se em Medicina Nuclear, em 1972 e 1973, pela Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro (FEFIERJ), que em 1979 foi transformada na atual Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO.

De volta ao Ceará, foi incorporado, mediante concursos, aos quadros funcionais da UFC em 1974, para assumir encargos docentes, tendo criado a disciplina optativa de Medicina Nuclear do Curso de Medicina, e técnicos, no Serviço Medicina Nuclear, por ele criado e instalado, no então Hospital das Clínicas.

Tão logo chegou, para despertar o interesse dos discentes pela Medicina Nuclear, uma especialidade pouco conhecida no Ceará à época, o Prof. César Forti orientou alguns estudantes na feitura de trabalhos científicos, a exemplo de: 1 “Demonstração de Lesões Intra-Hepáticas através de Cintilografia: indicações clínicas e resultados”; e 2. “Valor da Cintilografia Cerebral em Lesões Intra-Cranianas: indicações clínicas e resultados”, ambos apresentados como temas livres no VII Encontro Científico de Estudantes de Medicina (ECEM), realizado em Petrópolis-RJ, de 13 a 20 de julho de 1975.

Recebeu o Título de Especialista em Medicina Nuclear, por concurso, conferido pela Associação Médica Brasileira e Colégio Brasileiro de Radiologia, em 5 de dezembro de 1975; e licenciado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear para utilização de radionuclídeos in vivo.

Obteve o diploma de mestre em Farmacologia pelo Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC, mestrado concluso em 1984, com a defesa da dissertação “Ações de agentes antiinflamatórios e da reserpina no escape renovascular”, elaborada sob a orientação do Prof. Dr. Manassés Claudino Fonteles.

Foi Presidente do VIII Encontro Brasileiro de Medicina Nuclear, da Sociedade Brasileira de Biologia e Medicina Nuclear, realizado em Fortaleza, de 23 a 25 de abril 1986.

Como médico concursado do Ministério da Saúde, exerceu as funções do cargo de Chefe do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da UFC.

Dentre as suas atribuições da UFC, foi Diretor Médico do HUWC, no período de 1991 a 1994, e Diretor Geral desse hospital, de 1994 a 1997, conduzindo uma proficiente administração.

O currículo sumarizado do Prof. César Forti pode ser visualizado na Galeria dos Secretários da Saúde do Estado do Ceará Governador Parsifal Barroso 1961 – 2006, exposto na sede da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.

O Dr. César Forti deteve uma extensa folha de serviços como gestor público, tendo ocupado os seguintes cargos: Subsecretário da Saúde do Estado do Ceará, no período de 1987 a 1989; Secretário da Saúde do Estado do Ceará, de 25/04/1990 a 20/04/1991; Coordenador da Coordenadoria da Rede de Unidades da Secretaria da Saúde (CORUS), de 2003 a 2006; e Diretor do Hospital Municipal de Maracanaú, no período de 1999 a 2002, sempre sendo reconhecido pelas retidão e ética com que desempenhou todos esses cargos.

Mercê da sua competência gestora e gerencial, foi Diretor da Associação Brasileira dos Hospitais Universitários e de Ensino (ABRAHUE), no período de 1994 a 1997.

No âmbito privado, o Dr. César Forti, médico inscrito no CREMEC sob o número 1.551, montou o primeiro Serviço de Medicina Nuclear do Ceara juntamente com o grupo da neurologia chefiada pelo Dr. Djacir Figueirêdo, no Hospital São Raimundo.  Posteriormente, foi diretor clinico do Instituto de Medicina Nuclear, do grupo do Laboratório Clementino Fraga.

Foi com imenso pesar que, em 22/07/24, o Blog Marcelo Gurgel registrou o falecimento em Fortaleza, em 21 de julho de 2024, do Dr. César Augusto de Lima e Forti, médico especialista em Medicina Nuclear e pioneiro dessa especialidade no Ceará, professor aposentado da Faculdade de Medicina da UFC e ex-Secretário da Saúde do Estado do Ceará, cujo passamento entristeceu seus familiares e o seu vasto ciclo de amigos e colegas.

Requiescat in pace, Dr. César Forti!

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Academia Cearense de Medicina (Cadeira 18)

*Publicado In: Jornal do médico digital, 20(182): 22-24, setembro de 2024. (Revista Médica Independente do Ceará).


O SUS precisa melhorar a forma pela qual ele está sendo organizado

André Médici esteve no Fórum no início deste mês de setembro e deu uma palestra sobre como a tecnologia está quebrando barreiras.

Por Gabriela Almeida, jornalista de O Povo (*)

O economista sanitário André Medici analisa os avanços e dificuldades do sistema único de saúde dias depois da aparelhagem completar 34 anos em que foi regulamentada pela Lei nº 8.080 no Brasil.

Se o Sistema Único de Saúde (SUS) fosse uma pessoa, seria alguém com prestígio internacional que, com 34 anos de idade recém completos, enfrenta uma necessidade de organização e acena com curiosidade para novidades como o avanço do mundo digital — em busca de usar a tecnologia em benefício próprio.

A metáfora resume um pouco do olhar que o economista sanitário André Medici tem sobre essa aparelhagem sanitária. Profissional participou do movimento de construção do SUS, que foi instituído pela Constituição Federal de 1988, mas regulamentado somente pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Carregado de experiência, ele esteve no início deste mês de setembro no MV Experience Fórum 2024, maior evento de inovação e tecnologia para a saúde do Brasil, onde conversou com O POVO e entrelaçou presente e futuro daquele que é o maior sistema público de saúde do mundo.

O POVO - O senhor participou do movimento de construção do SUS. Quando olha para esse sistema, o que analisa que ainda falta alcançar? Quais são os principais déficits?

André Cézar Medici - Eu acho que os principais déficits são associados a área de gestão. O SUS precisa melhorar a forma pela qual ele está sendo organizado. Ou seja, boa parte da organização do sistema de saúde ele utilizou a base municipal como base de territorialização. Na verdade, a maior parte dos municípios brasileiros têm menos de 50 mil habitantes. Ou seja, quando você tem menos de 50 mil habitantes você não tem as condições técnicas necessárias pra poder dar uma saúde integral àquela população.

Então o município acaba não tendo condições de atender tudo que a população necessita, tem que ir pra outro município mais próximo e muitas vezes você tem problemas porque o prefeito do município mais próximo não atende naquele município porque a pessoa é de outro partido, ou porque tem rixa política, ou porque não tem estrutura, só pode atender o pessoal do próprio município.

O que você tem que fazer pra combater isso? Criar redes de saúde, eu acho que o SUS tentou algumas soluções mais voluntárias, como os consórcios intermunicipais de saúde, muitos deles deram certo, mas a maioria não, e muitas vezes eles duravam por um tempo e depois acabavam. Então a ideia de regiões de saúde, que podem ser organizadas através de organizações sociais, [é que elas teriam] uma perenidade muito maior pra poder organizar dentro de uma rede de saúde um conjunto de pessoas, um conjunto de serviços, que tem os hospitais, que tem os centros de saúde, os ambulatórios especializados, exames, tudo aquilo que necessita uma rede pra poder funcionar e atender a população, em um conjunto de municípios, de uma maneira mais sólida.

OP - Já que mencionou a questão política, nesses últimos anos nós temos visto o crescimento do negacionismo científico. Quando a gente fala sobre o avanço do sistema de saúde, como isso tem impactado?

André - Eu diria que a questão política dentro do SUS é o fato de eles [gestores] não terem muitas vezes uma aceitação pra determinados tipos de processos de gestão que possam ser melhores. O SUS acaba sendo um sistema que se permanece como um sistema público e na verdade o sistema de saúde deveria ter um pouco mais de mobilidade. Eu sempre fui a favor de parcerias público-privadas, onde você pudesse integrar estabelecimentos privados com o SUS. Na prática isso acontece, mas que você pudesse ter um sistema que se beneficiasse de tudo aquilo que você tem de saúde em um determinado local.

Mas o que acontece [é que] muitas vezes há determinados tipos de posturas que são muito radicais, [que determinam que] o SUS só atenda dentro dos postos de saúde do SUS e há do lado uma série de outras clínicas privadas que podem atender também. Então não faz com que você tenha basicamente uma conformação dos serviços necessários, usando todos os recursos disponíveis [...] Com isso acontece mau atendimento e desperdício, pois tem recursos da sociedade que não estão sendo utilizados.

OP - E quando a gente fala sobre inovar, direcionando o olhar para outros países, que inovações que estão sendo realizadas lá fora que poderiam ser aplicadas no SUS?

André - Todas as questões específicas de prontuário eletrônico de paciente, a questão de uso de telessaúde, telemedicina, a possibilidade de você ter interoperabilidade das bases de dados e a inteligência artificial, todas as coisas que estão avançando em saúde estão avançando muito nessa linha hoje em dia, utilizando isso cada vez mais. E esse é um dos processos que podem não só melhorar a atenção como baratear custo. [...] Até o próprio governo atual está criando um processo enorme de rever o Datasus e criar um sistema específico de Tele SUS, alguma coisa desse tipo, que possa reorganizar a questão específica da atenção digital ou dos procedimentos digitais.

OP - Quais as principais barreiras que existem no Brasil para que a área da saúde tenha um avanço, e como a tecnologia pode contribuir para ultrapassar elas?

André - Uma das principais barreiras é a questão da distância. Você tem comunidades rurais que não têm acesso a serviços de saúde. Como que você pode fazer com que essas populações rurais tenham acesso a serviços de saúde? Através da telemedicina. Você implanta núcleos de saúde lá, essas pessoas passam a ter acesso, elas não precisam ir até as cidades nas quais muitas vezes elas precisam viajar 20 dias de barco ou mil quilômetros pra poder ter acesso há algum tipo de atenção, então isso dai é uma coisa fundamental. A outra questão é fazer com que elas [população] tenham um número, um registro que permita com que toda a sua saúde seja registrada, para que você saiba que tipo de problema ela tem, como que essa pessoa foi tratada até então e como se pode melhorar o atendimento dela no futuro a partir da sua história clínica, e também a partir do seu trajeto ao longo do seu serviço de saúde.

OP - O senhor citou a telemedicina, que foi impulsionada na pandemia. Como enxerga o avanço dela no Brasil nos últimos anos?

André - A telemedicina e a telessaúde têm avançado cada vez mais, elas chegam por exemplo hoje em dia a monitorar determinados tipos de intervenções. Você tem pessoas que de longe ficam monitorando basicamente aquela intervenção que o médico com menos experiência pode fazer. Não só através de monitores remotos, mas também através da própria tela, que ela tem alta resolução, e isso permite que você possa avançar muito na atenção e cuidado ao paciente e dar uma certa coisa mais instantânea.

OP - Que outros serviços foram impactados pela pandemia? 

André - A pandemia trouxe muitas inovações como a telemedicina, mas a pandemia trouxe alguns problemas para o Brasil, que foi especificamente aquele represamento enorme de determinados tipos de procedimentos, de cirurgias eletivas, uma série de coisas. O governo tem que lidar agora com uma carga enorme de procedimentos eletivos que até hoje em 2024 não foram cumpridos, você tem mais de um milhão de pessoas na fila de procedimentos eletivos, então essa é uma questão que exige que se tenha uma maior capacidade dos serviços, de começar a produzir esses tipos de processos, e toda a parte de registro eletrônico de saúde, é uma estratégia fundamental pra isso.

OP - E as consequências que ficaram em razão da ideologia pregada nesses últimos anos, principalmente na pandemia, contra o uso de vacinas?

André - O Brasil foi muito prejudicado por isso. Você teve uma resistência muito grande na pandemia, então o Brasil demorou muito a ter uma posição do Governo favorável na questão das vacinas, isso retardou a vacinação da população brasileira e acabou fazendo com que no Brasil tivesse um número de mortes e um número de pessoas que contraíram a doença desproporcional em relação ao tamanho da população. O Brasil foi um dos países que teve, principalmente no início da pandemia, um dos piores processos. Depois disso, quando chegou em 2021-2022, o Governo convenceu que tinha que vacinar em massa, mas aí já tinha morrido muita gente.

OP - Ainda existe essa resistência as vacinas? Ainda é um problema?

André - Existe uma resistência a vacinas, mas é menor, mas existe essa resistência não é só no Brasil, é em vários outros lugares. Pois é um tipo de resistência que está baseada em determinados tipos de falsa informação, de coisas que as pessoas pensam. Muita gente pensa que a vacina está associada a doenças mentais, uma coisa que não é verdade [...] São várias coisas desse tipo. Criam falsas impressões que muitas vezes passam a ter resistência a vacinas, mas eu acho que hoje em dia a gente já tem muito mais aceitação.

OP - E para a próxima década, o que esperar do SUS?

André - Eu gostaria de ser otimista. Eu espero que o SUS consiga, por exemplo, ter um avanço muito grande nessa parte de registros eletrônicos, com uma colaboração grande desse processo com o setor privado. E com isso ele consiga avançar muito na melhoria do acesso da população e na produção de um tipo de assistência médica que seja mais sustentável, pois o grande problema que você tem dentro do SUS hoje em dia é a sustentabilidade do SUS, frente ao processo de envelhecimento e uma séria de outras coisas.

Então eu tenho esses aspectos positivos, mas eu acho também que esse processo de envelhecimento que a população brasileira está sofrendo vai exigir muito mais capacidade do serviço de saúde de detectar as condições prévias, de promoção e prevenção. O que leva àquela questão para que as pessoas possam viver mais e evitar que tenha mortalidade precoce por determinadas tipos de doenças crônicas que a gente tem hoje em dia. Principalmente, doenças cardiovasculares e por câncer que são os grandes problemas que a gente tem hoje em dia.

*A repórter viajou para São Paulo a convite da empresa MV Saúde Digital 

Fonte: O Povo, de 22/09/24. Aguanambi 282. p.17.

sábado, 28 de setembro de 2024

Posses de Sulivan Mota e Heládio Castro Filho na Academia Cearense de Medicina

 

Mesa diretora e acadêmicos na solenidade de posse da ACM em 27/09/24. (Foto cedida pela Dra. Fátima Elias, esposa do Acad. Paulo Henrique Reis).

A Academia Cearense de Medicina (ACM) realizou na noite de ontem, 27/09/2024, no Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), a sessão solene de posse dos seus novos membros titulares, os colegas e professores da UFC, Francisco Sulivan Bastos Mota, especialista em pediatria, e Heládio Feitosa de Castro Filho, cirurgião geral e do aparelho digestivo, nas Cadeiras 1 e 54, respectivamente, patroneadas pelos médicos Vicente Cândido Figueiredo Sabóia e Antônio Wandick de Andrade Ponte.

A Cadeira 1 foi ocupada anteriormente pelo Acad.  Geraldo de Sousa Tomé, que passou para a categoria de membro titular honorável, a ser devidamente empossado em solenidade marcada para 8/11/24; a Cadeira 54 que ficou vaga em decorrência também da passagem para a categoria de membro titular honorável do Acad. José Ribeiro de Sousa, já diplomado.

Precedendo às posses dos novos membros titulares, a ACM outorgou o título de membro honorável ao médico e ex-presidente da ACM Manassés Claudino Fonteles, que foi recepcionado pelo Acad. José Henrique Leal Cardoso, cabendo ao acadêmico homenageado proferir sua fala de agradecimento pela outorga a que fazia jus.

Empossados pelo presidente Acad. José Henrique Leal Cardoso, os novos acadêmicos titulares foram saudados, em nome do nosso silogeu médico, pelo Acad. Luiz Gonzaga de Moura Júnior, que focou o seu pronunciamento na biografia dos noveis membros titulares.

Na sequência, os acadêmicos recém-empossados Heládio de Castro Filho e Sulivan Mota usaram a tribuna para proferirem seus discursos de posse, quando traçãram as biografias de seus correspondentes patronos e os últimos antecessores nas cadeiras em que tomaram posse, tendo ambos conferido um toque particular ao término de seus elóquios. O Acad. Heládio de Castro Filho reverenciou as lembranças do seu amado pai, o Dr. Heládio de Castro, que foi membro titular da ACM, ao passo que o Acad. Sulivan Mota trouxe um componente filosófico, marcadamente reflexivo.

A solenidade, sob a presidência do Acad. José Henrique Leal Cardoso, e observando a tradição da ACM, teve por mestre de cerimônia o experiente diretor social do sodalício, o Acad. Vladimir Távora Fontoura Cruz.

Após a conclusão da solenidade, os recém-empossados membros titulares proporcionaram aos confrades e convidados um coquetel de congraçamento nos aprazíveis jardins da Reitoria da UFC.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Setembro/2024

 

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de agosto/2024, que será realizada HOJE (28/09/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

O MASCATE TELEVISIVO

Por Romeu Duarte Junior (*)

Pois é, nunca gostei dele nem do programa dele. Se o domingo já é um dia chato, talvez por ser a véspera da segunda-feira, ficou ainda mais com aquela terrível maratona de dez horas seguidas de bordões e gaitadas. Mesmo assim, o primeiro dia da semana, além da praia, da missa, do gibi e da macarronada, ficou marcado nacionalmente pelo seu programa. O cabelo arrumado, o microfone pregado no peito, o sorriso largo, o terno alinhado e a metralhadora vocal compunham uma persona que teve origem no malandro vendedor de rua e que se transformou num mais que bem sucedido camelô eletrônico. Midiático que só ele, talvez tenha sido o maior comunicador da televisão brasileira de todos os tempos. Fez escola, lançou inúmeros astros e estrelas, meteu-se com a política.

Seu sucesso deveu-se a compreender a alma popular, as aspirações do povo simples, o desejo de melhorar de vida de muitos. Para ele, quem quisesse dinheiro era só abrir as portas da esperança que lá dentro encontraria o baú da felicidade. Utilizando quem sabe inconscientemente a aguda lógica weberiana, elegeu a deusa Grana como sua pedra de toque, fazendo aterrissar aviõezinhos de cédulas de R$ 100 na plateia em transe. Messiânico, tornou-se para muita gente aquele que podia salvar vidas num estalar de dedos seguido de uma boa gargalhada. E os seus jurados? Figuras esquisitas, histriônicas, debochadas, escrachadas, todas anunciadas em coro por uma czarda que passou a ser uma espécie de agouro dominical, prenúncio do organizado massacre dos calouros...

O Brasil sempre foi refém dos programas de auditório. Começaram pelo rádio, através de Ary Barroso com seu Calouros em Desfile, no qual Elza Soares desembarcou vinda do planeta Fome. Abelardo Barbosa, o Chacrinha, fez a transição do rádio para a televisão, apertando a buzina, tocando a discoteca e fazendo a Hora do Chacrinha, o primeiro programa de calouros da TV brazuca. Mister recordar a contribuição para o veículo de nomes tais como Blota Júnior, Hebe Camargo e Jota Silvestre com o seu pregão "resposta absolutamente certa!". Um dos mais destacados foi Flávio Cavalcante, cujo programa tinha um corpo de jurados do qual sobressaíam-se Márcia de Windsor pela delicadeza e José Fernandes pela grossura. Gugu Liberato foi a criatura do Homem do Baú.

E no Ceará velho de guerra? Impossível esquecer do trabalho de nomes tais como Augusto Borges, João Ramos e Irapuan Lima, este talvez o mais marcante de todos por suas presepadas no rádio, onde começou, e na televisão. Se o Chacrinha perguntava ao público se este queria bacalhau, Irapuan presenteava os calouros com o frango do Zezé (que logo após era tomado de volta, pois só havia um). Cada qual do seu jeito, na medida das suas possibilidades. Contudo, nenhum teve como meta o tilintar do faturamento da máquina registradora tal como o fez o Rei dos Domingos. Riquíssimo, deixou um império para a mulher, as seis filhas, os quatorze netos e os quatro bisnetos. Onde agora está, estará conversando com seus colegas de trabalho e pedindo ajuda aos universitários?

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/08/24. Vida & Arte. p.2.

Crônica: “Ladrão rouba celular e aplica dedada na vítima” ... e outro causo

Ladrão rouba celular e aplica dedada na vítima

Seria essa, sem dúvida, a manchete mais apropriada do jornal sensacionalista diante do infausto ocorrido com o cordato amigo Didi, em São Gerardo, mês passado. Graças a Deus ele tá vivo pra contar (e contou-nos bastante feliz) a história aqui narrada.

Era por volta de 21 horas de uma festiva sexta-feira, quando ele desceu do muitíssimo lotado Conjunto Ceará-Aldeota, na parada de ônibus da Igreja de São Gerardo. Feliz, atravessou a Av. Bezerra de Menezes e seguiu assoviando pela Rua Conselheiro Vieira da Silva, crente que em cinco minutos chegaria à bodega da dona Fátima, onde tomaria com colegas papudinhos a sua merecida Brahmosa.

E lá vinha ele andando, despreocupado, satisfeito. Não mais que de repente, surgem-lhe à frente dois meliantes com cara de quem ali se encontravam para um tudo ou nada. "Um deles tinha o cabelo ensebado!", informou dias depois. Cano do 38 encostado com força no quengo de Didi, a secular intimação em lance de extrema velocidade:

- A carteira e o celular, vagabundo!!!

Celular e carteira já na mão de um dos assaltantes, o inusitado: bandido (o do cabelo ensebado), do nada, sem ver de quê, lasca uma senhora dedada na vítima, agora estático, zuruó do juízo. "E o fí duma égua inda ficou se abrindo da arrumação que fez nim mim!". Didi sem reação, de olhos fechados, achando que é o fim de tudo. Súbito, o insulto:

- Achou ruim? - perguntou o ladrão do cabelo ensebado.

- Claro que não!!! - Didi respondeu.

Isto feito, a dupla se manda em busca do Otávio Bonfim. Ali, um Dini sem carteira, sem celular, sem noção das coisas, sem força pra ir à dona Fátima tomar a sua gelada cerveja. Tão só largou a cena do crime, à altura do número 800 da Conselheiro e foi direto pra casa. Abraçou a mulher e, um tanto envergonhado, contou o incidente; com o devido pudor, fala inclusive do infeliz episódio da dedada.

- Mas, graças a Deus restei vivo, meu amor!

Didi não esperava que a mulher queimasse ruim ao saber do ato de "meter o dedo médio (fura-bolo) em quaisquer das partes pudendas do outro/outra, independente da intenção" contra ele perpetrado. Falou alto.

- E vai ficar por isso mesmo, Didi?

- Mulher, foram só prejuízos materiais!

- E a desonra da dedada?

- Meu amor, que diabo é uma dedadinha véa de nada na frente dum tiro na cabeça!?!

- Conversa é essa?!?

- É porque não foi em ti!!!

- Pois se a dedada fosse na minha singularíssima pessoa, esse ladrão ia ver o que era bom pra tosse!

- Duvido!

- Pois vamos voltar na Conselheiro Vieira da Silva e encontrar ele! Bora!

Mútuos interesses

Dona Fátima se engraçou do Luiz por achar que ele tinha dinheiro, fosse laborioso. Ele por ela se apaixonou, pensando igualmente assim. Se amigaram, tem já cinco anos. Enfim, a descoberta, da parte dela, mulher trabalhadeira, que seu homem é avesso ao batente. Enquanto ela toma de conta da bodega, pra lá e pra cá nas mesas dos clientes, Luiz se encosta na caixa de som e dorme e ronca. Dona Fátima não aguenta mais.

- Acorda, Luiz! E saber que eu me amancebei contigo pensando que fosse trabalhador!

Acordando do susto, Luiz responde à altura:

- Eu também!!!

Fonte: O POVO, de 9/08/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

CONVITE: Lançamento de “Glória Façanha: consolidação do ensino de Enfermagem no Ceará”

 

A Academia Cearense de Enfermagem convida para o lançamento do livro “Glória Façanha: consolidação do ensino de Enfermagem no Ceará”, de autoria das professoras doutoras Sílvia Maria Nóbrega-Therrien e Vanessa de Carvalho Forte, fruto de tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece) em 2021.

A obra, publicada pela Editora da Uece, será apresentada pelo Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, membro titular da Academia Cearense de Medicina e professor titular do Curso de Medicina da Uece.

Local: Sede da ABEn-CE (Rua Paula Rodrigues, nº 55, Bairro de Fátima - Fortaleza).

Data: 30 de setembro de 2024 (segunda-feira) Horário: 15h.


QUE CORAÇÃO, QUE CÉREBRO...

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Em um de seus chistes, Delfim Netto julgou o sedentarismo uma forma de prolongar a vida, ao afirmar: "A ginástica é uma das piores coisas para a sobrevivência. O coração tem um limite de batimentos cardíacos. Após atingi-lo, o músculo para. Sendo assim, atividades físicas que aumentam a frequência cardíaca, como a corrida, aumentam esse consumo e, portanto, encurtam a vida." Na madrugada de 12/08/24, o seu coração atingiu o limite.

Meu pai, Ari de Sá Cavalcante, tornou a Faculdade de Ciências Econômicas da UFC uma das melhores do Brasil; trouxe destaques da USP e um desses foi Delfim, considerado czar da economia brasileira de 1967 a 1974. Foi ministro de 3 presidentes e deputado federal durante 21 anos, inclusive, constituinte em 1988. A amizade entre anfitrião e convidado possibilitou-me perguntar a este por que FHC preferira Serra a Tasso para candidato a presidente pelo PSDB. A irônica resposta foi: "O Fernando sabia que o Tasso faria melhor que ele."

Delfim tinha grandes qualidades e também possuía defeitos, mas quem não os tem? O economista foi um dos signatários do AI-5, porém alegava que, à época, o ato era necessário, e não esperava que torturas e outras coisas ímpias viriam. Segundo Marcos Lisboa, "Pode-se discordar de Delfim. Pode-se criticar muitas de suas escolhas na vida pública. A ditadura foi deplorável. Em vários momentos, critiquei severamente opções de política econômica que ele defendeu com o maneirismo usual. Mas não se pode deixar de ler Delfim". E acrescenta: "Delfim tem o mérito adicional da prosa sinuosa, elegante e sutil. Sua crítica parece um truque de mágico. Convida-nos a olhar sua mão direita, quando a surpresa vem pela esquerda." E dizia, de acordo com a mídia, ter sido três: "o 1º, um socialista fabiano, adepto do movimento inglês surgido no século XIX e que defendia a implantação do socialismo por meio de reformas graduais. O 2º, o homem do governo militar. E o 3º, o que contribuiu no fim da vida com as políticas sociais dos primeiros governos Lula." Talvez os segredos de sua longevidade tenham sido "poupar" o coração e se reinventar até o fim, aos 96 anos.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/08/24. Opinião, p.20.


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

POSSE DE ELIZABETH DAHER NA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA

Elizabeth Daher ladeada por acadêmicos na solenidade de sua posse da ACM em 17/05/24. (Foto cedida pelo Acad. Arruda Bastos).

A Academia Cearense de Medicina (ACM) realizou na noite de 17/05/2024, no Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), a sessão solene de posse da sua nova membro titular, a colega Elizabeth De Francesco Daher, especialista em nefrologia e professora titular de Clínica Médica da UFC, na Cadeiras 7, patroneada pelo médico Virgílio de Aguiar.

A Cadeira 7 teve por membro titular fundador o Acad. Vinicius Antonius de Holanda Barros Leal e foi ocupada anteriormente pelo acadêmico Alberto Lima de Sousa, que passou para a categoria de membro titular resignatário.

A novel acadêmica titular foi recepcionada, em nome da nossa arcádia médica, pelo Acad. José Glauco Lobo Filho, que focou o seu pronunciamento, principalmente, na biografia da nova confreira membro titular.

Na sequência, Elisabeth Daher, a coirmã recém-empossada, usou a tribuna para, em seu discurso de posse, o registro das biografias de seus patrono e antecessor na cadeira que ora assumia como a terceira ocupante da mesma.

Finda a primeira parte da sessão solene, deu-se a posse da Diretoria da ACM para o biênio 2024-26, cuja presidência será exercida pelo Acad. José Henrique Leal Cardoso.

A solenidade, sob a presidência do Acad. Janedson Baima Bezerra, e em obediência ao protocolo da ACM, teve por mestre de cerimônia o Acad. João Martins de Sousa Torres, que procedeu cumprindo o cerimonial traçado diretor social do sodalício, o Acad. Vladimir Távora Fontoura Cruz.

Após o encerramento dos trabalhos do evento, a árcade recém-admitida e a ACM proporcionaram aos confrades e convidados um coquetel de confraternização nos aprazíveis jardins da Reitoria da UFC.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18

*Publicado In: Jornal do médico digital, 20(182): 25-26, setembro de 2024. (Revista Médica Independente do Ceará).


O CONSÓRCIO NORDESTE EM DEFESA DA REGIÃO

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Cumprindo seu papel como defensor do Nordeste, o CN vem, agora, lutar contra o tratamento discriminatório do Governo Federal, no momento em que há um movimento para beneficiar os estados devedores da União.

Há de se ter em mente que este é um problema sério, pois não se deve esquecer que qualquer benefício dado a estados devedores é estímulo à irresponsabilidade fiscal dos governos estaduais. E quando este benefício vem para beneficiar os estados mais ricos, sem nenhum benefício dado aos estados mais pobres, então isto se torna um acinte à federalização do Brasil.

No presente caso, os estados que mais devem à União são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Somente eles respondem por 89,4% do total das dívidas.

Aqui ressalto a situação do Rio Grande do Sul. Somente prorrogar o vencimento da dívida por três anos é muito pouco, tendo em vista que o grande culpado pela tragédia riograndense é o próprio governo federal que não efetivou os diversos projetos, há muito aprovados, para minorar os problemas das enchentes naquele Estado.

Também chamo a atenção para a dívida do Estado de São Paulo: R$ 280,8 bilhões. Isto representa 11,37 vezes a dívida dos estados nordestinos, que soma R$ 24,7 bilhões. Ressalto que a dívida dos estados da região Nordeste representa, apenas, 3,23% do total do que os estados devem à União.

Assim, o CN veio em defesa da Região. Em documento entregue ao Governo Federal (em 03/08/2024), o CN pedia que fossem impostas as seguintes medidas para beneficiar os Estados Nordestinos: a) Aprovação da PEC 51/2019, o que aumentaria em 1,0% o percentual do FPE; b) alongamento das dívidas bancárias com o BB, BNB, BNDES e CEF; c) parcelamento previdenciário; d) limitar os pagamentos dos Precatórios a valores menores a 0,5% da receita corrente líquida. Para o CN isso seria um tratamento isonômico para a Região.

As solicitações do CN não foram atendidas em seu todo. Mas, algumas medidas merecem ser explicitadas. São elas: a) criação do Propag - Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados; b) pagamento de parte da dívida com a transferência de participações societárias; transferências de bens móveis e imóveis; cessão de créditos líquidos junto a particulares; transferências de créditos junto à União; c) refinanciamento do saldo devedor em até 360 parcelas mensais sucessivas; d) atualização dos débitos pelo IPCA, mais juros reais variando de 0,0% a.a. a 2,0%, conforme determinadas condições; e) instituição do Fundo de Equalização Federativa, começando com o aporte anual de 1,0% do saldo devedor da dívida atualizado; depois 1,5%, depois 2,0%.

Isso para todos os estados da União.

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 4/08/24. Opinião. p.18.

 

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