terça-feira, 30 de abril de 2024

REFLEXÕES DE UM ACADÊMICO

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

No Palácio da Luz, antes sede do Governo cearense, hoje da Academia Cearense de Letras, um acadêmico foi à janela e alegrou-se por observar forte chuva. Afinal, desde cedo o dia estava "bonito para chover", como dizem os do interior. Na Capital, num desses dias, os cearenses vaiaram o surgimento do sol. Pouco tempo depois, a janela lhe trouxe pesar, ao sentir que a chuva afastou os que vivem ou transitam na praça. Ali estavam apenas os de bronze.

A primeira estátua de Fortaleza retrata o cearense herói da Guerra do Paraguai, General Tibúrcio, que nominou oficialmente a praça. Os leões que vieram da França — e sem fazer história — levaram as pessoas a usarem erroneamente o nome de Praça dos Leões. E Rachel de Queiroz que, com ou sem óculos, observa a sempre sua, pois imortal, Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil. Manuel Bandeira descreve-a em seu poema "Louvado para Rachel de Queiroz", no qual, entre outras apologias, aponta: "Louvo o Padre, louvo o Filho, o Espírito Santo louvo. Louvo Rachel e, louvada uma vez, louvo-a de novo. Louvo a sua inteligência, e louvo o seu coração. Qual maior? Sinceramente, meus amigos, não sei não. Louvo os seus olhos bonitos, louvo a sua simpatia. Louvo a sua voz nortista, louvo o seu amor de tia. [...] Louvo o seu romance: 'O Quinze' e os outros três; louvo 'As Três Marias' especialmente, mais minhas que de vocês". Em 1940, o Diário da Noite perguntou: "Daqui a cem anos... como será o mundo?" Rachel, aos trinta anos de idade, respondeu: "Podem escandalizar-se os sociólogos e toda gente mais: para o século XXI, eu prevejo a vitória social das mulheres. As mulheres deixarão de ser o elemento secundário na sociedade e na família para assumir a vanguarda de todos os atos e de todos os acontecimentos..."

Nós, cearenses, temos duas missões a realizar. Habilmente fazer com que as pessoas utilizem a denominação oficial e digna da praça. E tornar digna também a vida de seus excluídos moradores sem teto. Assim, oferecer-lhes-íamos oportunidade de conquistar o que, para o ex-presidente Ronald Reagan, é a melhor política social, um emprego.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/04/24. Opinião, p.20.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

O QUEIJO DE MANTEIGA DE AURORA

Por Izabel Gurgel (*)

Aurora, você e eu sabemos, é a claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do sol. O amanhecer. Copio de dicionários consultados via google. Além do sentido, é uma palavra que dá gosto dizer. Acho bonito também como (res)soa. Achar bonito, cito Clarice de memória, é um modo de entender.

Aurora é um município no sul do Ceará, na região do Cariri, que, para mim, passou a ter sabor do queijo de manteiga que Leonor aprendeu a fazer com a avó dela, Maria Raimunda.

Maria Leonor Rodrigues Gonçalves fez 70 anos dia 8 de março. E nos últimos quarenta e sete, ela e o marido Germano fazem queijo direto, como ela diz, para falar da permanência e regularidade do trabalho artesanal. "Hoje fiz doze quilos", ela me disse quando nos falamos por telefone. Uma tiragem de vinte e quatro unidades de cerca de meio quilo cada.

Peço que ela me conte o procedimento da feitura. "Se tiver pena de leite, não faz queijo de manteiga". E ela me diz as medidas, proporções e cálculos, o passo a passo, o coar o leite repetidas vezes, as mexidas e trocas de vasilhas, a lida com o fogo, o tempo de descanso, o rigor da ciranda do fazer, a escolha da matéria prima. Compra leite de gente consciente como Hamilton e Edivaldo. "Só de olhar já sei se o leite tem água". Ingredientes? Só leite e sal.

Não vou repassar aqui os processamentos do leite, a feitura da coalhada crua, de um dia para o outro, a separação da nata para fazer a manteiga da terra, o escaldar da coalhada, a secagem dela em sacos de 'tecido ralo', a prensagem manual, a lavagem no leite cru, o adicionar a manteiga etc.

Digo sem medo de errar que, se você gosta de queijo, vai mudar sua compreensão sobre os de manteiga. Não tem batata ou qualquer outra coisa para dar consistência ou cor, não se acrescenta nada além de sal. Lembro de ouvir Germano contar quando da minha primeira prova. Era final de romaria em Juazeiro do Norte.

Fico pensando que é um destino bonito para leite de vaca virar queijo seguindo a cartilha de Maria Raimunda. Ela via suas galinhas cheias serem arrematadas "caríssimas" no leilão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira do Tipi, onde, em tempo de forno e fogão a lenha, o dia acordava sabendo da promessa que é cada aurora.

No sítio Cabôco, Leonor quer dar mais vida à lição da avó. "Quero que fique. E digam 'Foi Leonor quem me ensinou'."

Ano passado, o queijo passou a ser vendido no restaurante das filhas do casal, a Casa Malu, na Praça Padre Cícero, no Centro de Juazeiro. É a primeira vez que é vendido assim. O casal tem freguesia certa na própria cidade. "Não chega para quem quer", conta Leonor. Hoje ela está na Estação das Artes, em Fortaleza, a convite do mercado AlimentaCE. Se você levar um para casa, tire da geladeira pelo menos uma hora antes de (se) servir.

E aprecie como você faria com uma canção do nosso Fausto poeta.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/03/24. Vida & Arte, p.2.

domingo, 28 de abril de 2024

Causo Médico: TIRANDO AS CEARENSES DO CARITÓ

Na primeira metade do século XX, quando se dispunham de poucas faculdades no Ceará, era fato comum os jovens cearenses, pertencentes a famílias de maior poder aquisitivo, emigrarem para outros estados a fim de cursarem Medicina.

Logo após a II Grande Guerra, toma corpo em Fortaleza um movimento, com vistas à criação de uma escola médica no Ceará, cuja empreitada viria a vingar em 1948. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a pressão da sociedade local, máxime das classes mais altas, para que os médicos se formassem aqui mesmo, pois já batia um cansaço de perder garbosos jovens, rapazes citadinos, para as cariocas, baianas, pernambucanas etc., com as quais contraíam núpcias, deixando as cearenses no mais autêntico “ora vejam só o que aconteceu”.

Se já engatado um namoro ou um noivado, aqui na capital cearense, diante da dificuldade de manter ativos os contatos com os familiares, do alto custo das passagens e da demora no percurso, o reencontro se limitava aos períodos das férias, normalmente as do final de ano, que eram mais longas, uma vez que, nas de julho, boa parte do período era consumida no deslocamento. Com o avançar do curso e à medida que se aproximava a formatura, os acadêmicos, já preocupados com o futuro exercício profissional, engajavam-se em estágios nos serviços hospitalares, como Pronto Socorro e Santa Casa, para adquirir a prática necessária, e assim terem mais segurança para o momento em que viessem a assumir o trabalho médico. De um modo geral, os retornos ao Ceará rareavam, substituídos por cartas com as devidas desculpas pela ausência. E, quase sempre, eram as moças casadoiras que ficavam no prejuízo.

A distância da família, a vida em repúblicas ou em pensões e a própria idade, na plena efervescência juvenil, deixavam os estudantes carentes e ansiosos por contatos femininos. Não era difícil que, nesse ambiente, prosperassem oportunidades para a iniciação ou intensificação sexual com mulheres, inapropriadamente, ditas de vida fácil. Quando não, o “flirt” era só o começo de um relacionamento mais estreito com “moças de família”, em idade de casar e em condições de oferecer as benesses de um casamento vantajoso. Como, amiúde, os rapazes eram de “boa família”, e, portadores, em breve, de um diploma de médico, o que conferia elevado status social ao seu detentor, era até natural que fossem assediados pelas jovens desejosas de ter um bom partido, firmando um contrato matrimonial que garantisse uma existência confortável.

Alguns dos nossos emigrados, movidos pelos atrativos da cidade grande, que os acolhera por seis anos, criaram vínculos, sociais, afetivos e/ou laborais, sendo ali retidos. A grande maioria, no entanto, por sorte, voltava às suas raízes, regressando ao torrão natal; contudo, por um suposto azar, parte deles retornava ostentando uma aliança de noivado, refletindo um compromisso nupcial; alguns até chegavam casados, e nem sempre com uma mulher que caía nos agrados de sua família, a exemplo de certas baianas, com uma tez mais impregnada de melanina, numa época em que os preconceitos raciais vicejavam visivelmente na Terra da Luz, apesar de ser pioneira da abolição escravagista no Brasil.

O compromisso nupcial dos médicos recém-chegados causava um certo transtorno social, frustrando expectativas matrimoniais, desfalcando a prata da casa e também deixando no caritó, muitas moçoilas na flor da idade. Era, talvez, como países em conflagração, cuja força viril foi deslocada para os campos de batalha, num distante “front”, despojando as mulheres de seus cobertores auriculados.

Não é à toa, que a aprovação da instalação da Faculdade de Medicina do Ceará, em 1948, foi comemorada, em notícia de jornal, como algo alentador, no sentido de assegurar bons partidos para as moças “casadoiras” do nosso estado, ameaçadas pelo estigma de se tornarem “vitalinas” e nunca mais saírem do caritó.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.38-40.

* Republicado In: SILVA, M.G.C. da. AMC. Causo médico: tirando as cearenses do caritó. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Novembro de 2022 - Edição n.16, p.24(online).


O PILOTO AUTOMÁTICO

 

Um homem muito rico, que tinha diversos carros e barcos, queria um avião particular. Ele disse ao vendedor da loja:

— Eu quero comprar um monomotor, e também quero fazer umas aulas pra aprender a pilotar esse tipo de avião, porque faz muito tempo que eu não piloto.

O vendedor então lhe ofertou:

— O senhor está com sorte. Leve este avião que está em promoção. Ele vem com um programa que o senhor conecta no computador de bordo, e ele lhe dá todas as coordenadas, é muito fácil.

O homem então comprou o avião, levou ao seu hangar e o colocou na pista do aeroporto para testá-lo. Ele conectou o aparelho ao computador de bordo, ligou e ouviu uma voz feminina lhe dando as coordenadas.

— Primeiro passo — disse a voz —, gire a chave para ligar o motor.

Ele girou a chave e a hélice e o motor começaram a funcionar.

— Agora empurre a alavanca à sua esquerda lentamente até o fim para ganhar velocidade.

Ele empurrou a alavanca e o avião começou a correr pela pista.

— Agora puxe o manche até a altura de seu peito para ganhar altitude.

Ele puxou, e quando estava à uma certa altura, a voz continuou.

— Volte o manche à sua posição normal e boa viagem.

Nisso, ele percebeu que quando mexia no manche para a esquerda, o avião virava para a esquerda; se mexia para a direita, o avião ia para a direita. Ele então perguntou para a máquina:

— Como é que eu faço para fazer umas manobras, umas piruetas?

A máquina lhe respondeu:

— Siga a rota.

Ele insistiu:

— Como é que eu faço umas manobras?

E a máquina:

— Siga a rota.

Vendo que era fácil pilotar o avião, ele desligou a máquina e começou a se virar sozinho. Ele virava o manche várias vezes para a esquerda, e o avião girava para a esquerda, ele virava para a direita e o avião virava para a direita. De tanto ele virar pra lá e pra cá, o avião começou a girar, a girar, e ele perdeu o controle. O avião começou a cair em parafuso, e sem saber o que fazer, ele ligou a máquina de novo e perguntou:

— Socorro! O que eu faço agora??

E a máquina lhe respondeu:

— Repita comigo: "Ave Maria, cheia de graça..."

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

A PROPOSTA DA SOGRA

Depois de mais de um ano de namoro, um jovem decide propor casamento à namorada.

Durante os preparativos para o casório, sua sogra (uma mulher muito bonita e radiante) pede que ele venha até sua casa para revisar a lista de convidados de sua família e assim reduzir o número de pessoas.

Ao chegar à casa, a sogra abre a porta com um vestido que deixava pouco para a imaginação. Ela o convida a entrar e lhe serve uma bebida, e então sussurra em seu ouvido:

"Você sempre me pareceu um rapaz muito sensual e atraente, e eu gostaria que antes de tornar-se um homem casado, faça sexo selvagem comigo. Estarei em meu quarto no final do corredor se quiser vir. Caso contrário, você sabe onde é a saída."

O rapaz lembrou que havia deixado os preservativos no carro e correu para buscá-los.

A primeira coisa que viu ao sair correndo da casa foi o sogro encostado ao lado do carro e sorrindo maliciosamente.

O sogro disse:

"Parabéns, jovem! Você passou na nossa prova de fogo!"

Moral da história: É melhor ter cuidado e deixar os preservativos no carro...

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 27 de abril de 2024

Causo Médico: TESTANDO A VIRGINDADE

Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, por volta de 1970, o Prof. Dr. Viliberto Cavalcante Porto, um notável docente de anatomia humana, ministrava aula de anatomia do tórax, quando foi interrompido por um estudante, com uma pergunta muito intrigante:

– Professor, qual é a distância do hímen até os grandes lábios?

– Você quer saber a profundidade, a partir do exterior? – Respondeu com uma pergunta, para melhor esclarecer a dúvida do acadêmico.

– Sim, mestre! É isso exatamente! – Falou o aluno curioso.

– Ah, isso depende, porque há variações individuais, raciais e, sobretudo, etárias – explicou o docente.

– Professor, para uma mulher de 18 anos, de quanto é essa distância?

– É, em média, de 2 a 3 centímetros – concluiu o Prof. Viliberto Porto.

O mestre, considerando inoportuna e extemporânea a questão, inquiriu o perguntador:

– Mas por que você quis saber essa informação, se o tema da aula de hoje não é anatomia ginecológica?

Antes que o curioso acadêmico explicasse o motivo da sua dúvida, os colegas sentados próximos a ele perceberam que o rapaz, com o indicador direito em riste, e usando o polegar, como se fosse medir uma determinada marca invisível, pronunciou, com um misto de decepção, bem machista, e de revolta:

– Que sacana! Ela me enganou: não era mais moça, não!

O que ele não disse foi se estava se referindo à idade ou à integridade himenal da suposta donzela.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.54.

* Republicado In: SILVA, M.G.C. da. AMC. Causo médico: testando a virgindade. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Setembro de 2023 - Edição n.25, p.19 (online).


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Abril/2024

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Abril/2024, que será realizada HOJE (27/04/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas


sexta-feira, 26 de abril de 2024

Faculdade de Medicina, algumas memórias, minha visão

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

O momento é muito importante, tempo de revermos nossos valores e as instituições que construíram a história da medicina do Ceará. Permito-me assim transcrever um texto que que publicamos por ocasião da comemoração do aniversário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

Foi uma vivência inesquecível. Guardo até hoje os exemplos, a forma de pensar e, principalmente, as oportunidades de crescer como estudante e como gente. Naquele momento, entramos em contato com o sofrimento humano, e aprendemos a respeitar as diferenças, as crenças, e a forma de enfrentar o processo de adoecimento. Iniciamos nosso aprendizado sobre a morte, ou melhor, o morrer.

Junto a essas experiências vieram as decepções com os resultados negativos, assim, passamos a lidar com a culpa dos nossos fracassos. Como exemplo, cito o caso de uma paciente lúpica, muito jovem, que desenvolveu uma trombose arterial aguda e teve as duas pernas amputadas. Culpei-me por muito tempo pelo destino da paciente. Acalmou-me o espírito reencontrá-la na porta do Hospital, após 11 anos, quando retornei para Fortaleza.

Fiz duas residências de Clínica Médica, a primeira no nosso Walter Cantídio. O hospital era quase igual ao atual, exceto pela ausência do Setor de Emergência e pelo prédio da cirurgia. A cirurgia ficava onde hoje estão os ambulatórios. Cumprimos estágios em todas as especialidades. Apaixonei-me por cada uma delas, em especial, pela Reumatologia e pela Neurologia. Lembro-me que os recursos eram poucos, mas as dificuldades eram suplantadas pela vontade e capacidade de doação. A convivência com os professores Otoni Cardoso do Vale, Marta Medeiros, Fatima Landim, Antônio Borges Campos, Plinio Câmara e Clara Bastos, mudou minha forma de entender a arte médica. Tive a felicidade de tê-los como mestres e amigos. Aprendi a cuidar!

Ao retornar de São Paulo, onde permaneci por 11 anos, para concluir as residências de Clínica Médica e Cardiologia, além do Doutorado em Cardiologia, ingressei como professor substituto na Faculdade de Medicina da nossa Universidade. Somente após quatro anos, fui admitido como adjunto das disciplinas de Clínica Médica e Cardiologia.

Quanto mais longo fica o tempo, mais ricas ficam as memórias.

Memórias de quando aprendi a observar, em cada detalhe, a forma simples e decidida dos nossos mestres e exemplos que fizeram e fazem o nosso Hospital Walter Cantídio, em especial o meu pai, pela sua irreverência ao lidar com a arte, ou mesmo o tocar de afetividade. Percebia nele um olhar de ternura que trazia de suas concepções de vida e de suas vivências quando ainda muito jovem, mas também de suas dúvidas e angústias com o futuro. Transparecia-me algo intocável, era sua obstinação pela humanidade. .

Como num instante se passou...,e já se foram 34 anos de exercício de algo que a meu ver não é trabalho, pois não se traduz em produto algum, nem em resultado. É sim, um ato continuado de perda e busca da própria identidade, tanto minha como daqueles com quem pactuo a cerimônia das visitas.

Vestem-se em arte, em suor e extenso sofrimento.

São essencialmente ações espontâneas quando versam de atitudes, de articulações de palavras e ações.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/03/2024. Opinião. p.19.

Crônica: “O sopro divino, de revestrés” ... e outros causos

O sopro divino, de revestrés

"No enterro do véi Djalma, tem 20 anos isso, vivi uma das mais trágicas experiências que a criatura pode passar no planeta. O que absorvi, a caminho do cemitério, naquele dia, condoída pela partida de um amigão de papai, foi coisa do outro mundo. Aos fatos. Estava eu a dois passos de um tal Chico Furão, que segurava a ponta de cá do caixão, quando ele liberou uma bufa tão fenomenal que o séquito empalideceu. Na minha mente, até seu Djalma aspirou a catinga e, bulindo-se no esquife, disse: 'Assim eu re-morro, macho!'"

Passadas duas décadas do episódio insólito, eis que, de novo, eu, Gleucemia Nonata, tornei a sentir catinga assemelhada, senão pior. Deu-se no elevador do prédio, ao subir pro meu apartamento. Um jovem de seus 18 anos, sozinho à hora em que adentrei à cabine, soltou um 'ninja' letal que me fez viajar em dolorosas lembranças. Mirando o fucim do camarada, disparei na cara dele, horrorizada:

- Esse seu peido tem a assinatura de Chico Furão! Tem vergonha de soltar gases assim na minha frente, não, rapazinho?

- Se a senhora preferir, fico de costas! - respondeu o intrépido menino, lascando outro petardo intestinal.

A propósito de correio eterno

Zezinho nunca pegou no pesado, de carteira assinada, fazendo bico. Aqui e acolá, isto sim, suava a camisa surrupiando galinha na vizinhança. Vivia às custas do pai, que, de repente, papocou. E Zezinho pirou. Remorso muito. Ao lembrar dos carões recebidos, do exemplo de dignidade do genitor, da paciência de seu velho, desequilibrou mentalmente. Foi visto deambulando no bairro, estranhamente à busca de algo. Explicou-me:

- Procuro um velório para pedir ao morto que leve flores e recado pra finado papai!

Amém?!?

Homem em alta velocidade numa moto, melado pelo modo de dirigir em ziguezague, atropela um porco e se estatela na rodagem. Duas caridosas velhinhas correm ao encontro dele, abanam-lhe as faces. Penalizadas, mas também horrorizadas com a dezena de preservativos espalhados em redor...

- Quem é o senhor?

- Sou o padre Napoleão...

- Tá tresvaliando! - concluiu uma delas, descrente que aquilo foi coisa de religioso.

Do amigo Sávio Pinheiro, republicando!

Zuza Lemos no consultório do Dr. Rubens. Por tudo que ouve e vê, médico constata que o septuagenário paciente abriga sério problema no coração. Carece de muito cuidado. Prescreve verdadeiro sacrifício: absolutamente nenhum esforço físico durante 8 dias. Zuza indaga do doutor que tipo de esforço não pode fazer. Explica melhor:

- O senhor sabe que eu gosto duma brincadeirinha de noite, umas camaradagens com a criatura lá de casa, né dotô?

O clínico geral responde firme, em nome da vida:

- Sexo, Zuza, nem pensar! Aconselho você e sua mulher a dormirem em quartos separados. Se insistir, você vai morrer! Vai morrer!

O velho sertanejo volta triste pra casa. Explica à consorte que Dr. Rubens receitara repouso absoluto. Sequer podia pensar naquilo. Quando deu de noite, marido e mulher vão dormir em quartos separados. Primeira, segunda e terceira noite, beleza; Zuza Lemos cumpre rigorosamente as recomendações. Na madrugada da quarta noite, porém, a mulher é acordada com os gritos do marido, na porta do quarto dela. Ele, aos berros...

- Mulher!!! Pelo amor de Deus, mulher!

- Que foi, home? Que é, Zuza?

- Abre essa porta que eu quero morrer!

Fonte: O POVO, de 8/03/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

A RENOVAÇÃO DA SANTA CASA DE FORTALEZA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

A partir do final de 2022, já na esteira da alteração da sua gestão, a Santa Casa de Fortaleza iniciou um período de renovação em todos os aspectos, alguns já tratados neste espaço, como a criação da Diretoria de Inovação, base para uma nova Santa Casa.

Desde 1861 atuando em benefício das camadas mais carentes da população cearense, a Santa Casa tem um histórico de acolhimento e de serviços assistenciais de elevada relevância para esses pacientes e para o sistema de saúde do Ceará.

Convivendo com as dificuldades inerentes às filantrópicas, dada a defasagem da tabela SUS, que têm impacto ainda mais intenso em um portfólio como o da Santa Casa - 95% de pacientes SUS e 70% de cirurgias e atendimentos clínicos de média complexidade, que geram altos déficits por procedimento -, a ideia foi iniciar imediatamente processo de modernização, com apoio em ideias e processos inovadores.

Essa modernização vem sendo facilitada pelo leque de parcerias já firmadas, cabendo agora ampliar a discussão com todos esses entes (universidades, centros universitários e outras instituições de ciência e tecnologia), como oportunidade de alinhar esforços em benefício do público-alvo da Santa Casa.

Prioritariamente, por óbvio, está o ingresso dos recursos indispensáveis ao retorno das atividades plenas, a partir da redução do volume de dívidas acumuladas nesses anos de grandes dificuldades, e que foi agravado durante a pandemia. Parte desses recursos já está destinada ou comprometida por parlamentares nos três níveis.

A ampliação do diálogo com os gestores do setor de saúde, em nível estadual e municipal, é também foco das atenções, buscando reforçar parcerias que beneficiam o setor público, tendo em vista as características da Santa Casa, uma instituição filantrópica humanizada e de excelência, com custos mais adequados.

Com essas ações, a Santa Casa, como sempre agiu, ajudará o sistema de saúde a enfrentar com mais eficiência e eficácia o grave problema que hoje são as grandes filas por consultas e cirurgias, e a lotação das UPAs e hospitais da rede assistencial.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/03/24. Opinião. p.22.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

EDUCAÇÃO NO CONGRESSO

Por Sofia Lerche Vieira (*)

O Congresso é importante cenário de definição de rumos da educação. Nele se travam os destinos da legislação, elemento estratégico da formulação de políticas. As diferentes proposições de parlamentares tramitam por comissões - algumas permanentes; outras, transitórias - cujo poder é inquestionável. A definição das relatorias nesse sentido é importante peça do jogo político-ideológico que se trava nas diferentes áreas de atuação do Congresso. Ao mesmo tempo, aponta tendências que prometem estar na pauta do debate nacional no período de vigência de seus mandatos.

A escolha de um deputado de 26 anos, de um partido de oposição ao atual governo e sem qualquer histórico no campo, para presidir a Comissão de Educação é sinal dos tempos que vivemos. A pauta de costumes dos segmentos conservadores, como escola sem partido e ensino domiciliar (homeschooling) nesse contexto, pode vir a preponderar sobre uma agenda de urgências no campo da educação, a exemplo do novo Plano Nacional de Educação (PNE) e do sistema nacional de educação. 

Vale lembrar que Legislativo é espaço de "convívio entre os diferentes" (Firmo, O POVO, 2024). Abriga múltiplas influências, partidos e correntes dos mais diversos matizes. Assim, as coisas não são tão simples quanto possam parecer. Se um clima de "direita, volver" ronda o debate, há que se notar a presença de um contraditório indicativo de que este não é um mero jogo de cartas marcadas. A eleição do deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), ativo militante político da educação pública, para a segunda vice-presidência da Comissão de Educação, anima as expectativas de que as causas progressistas terão viva voz nesse fórum.

A luta por uma escola pública, gratuita e laica é histórica. Defender a educação como "função essencialmente pública", como fizeram os signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), é tarefa inadiável do presente. Estar alerta, acompanhar e assumir posições em favor de uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras é desafio democrático cotidiano. Que nossos representantes não nos faltem! 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/03/24. Opinião. p.22.

terça-feira, 23 de abril de 2024

PÁGINA DE SEBASTIÃO DIÓGENES NA WIKIPEDIA

 

Por Marcelo Gurgel Carlos da Silva (*)

O médico, professor universitário e escritor Sebastião Diógenes Pinheiro foi qualificado com a inserção de uma página na Wikipedia, a afamada e bastante consultada enciclopédia livre, que expôs a alentada biografia do ilustre confrade de academias médicas e literárias cearenses.

Conteúdo:

Início. Juventude. Formação Acadêmica. Carreira Profissional. Atuação como escritor. Agremiações. Honrarias. Vida pessoal. Referências

Títulos qualificados:

“As contribuições de Sebastião Diógenes à comunidade cearense se revelam como um legado vasto e de múltiplas facetas. Para além de sua dedicada trajetória acadêmica, evidenciada pela quantificação de aproximadamente 550 títulos em seu Curriculum Vitae se destacam suas incursões nas esferas científicas, pedagógicas, profissionais e culturais”.

“Sebastião Diógenes emerge como um protagonista transformador, cuja atuação reverbera de maneira significativa no panorama educacional, científico e cultural do Ceará. Sua presença e empenho constituem-se não apenas como testemunhos de excelência intelectual, mas também como uma fonte inspiradora para as gerações futuras, delineando um caminho promissor para o desenvolvimento contínuo da comunidade cearense”. (WIKI)

Endereço eletrônico: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Di%C3%B3genes

(*) Médico sanitarista, economista e blogueiro.


O empoderamento da mulher caririense impulsiona a economia do Crajubar

Por Fabiana Arrais (*)

O mês de março tem um significado de luta sociopolítico-econômica para todas as mulheres da Região Metropolitana do Cariri (RMC), que ao longo das décadas não permitiram que os casos regionais de feminicídio fossem silenciados como estatísticas.

As mulheres se empoderaram, aproveitaram as novas demandas do mercado e tornaram-se essenciais para que o Brasil possa crescer e se desenvolver economicamente. E, isso é demonstrado pelo avanço do empreendedorismo feminino.

Empreender é ação, criação e inovação. É desenvolver habilidades para mediar conflitos, identificar oportunidades e executar objetivos traçados. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae, 2023) o empreendedorismo feminina"[...] proporciona autonomia, fortalecimento, e é um importante meio de quebrar as barreiras sociais e econômicas que muitas vezes limitam as mulheres".

Dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023) evidenciam uma ascensão considerável na participação das mulheres na economia nacional. No ano de 2022 mais de 10,3 milhões de empresas de diversas áreas tinham mulheres como proprietárias, equivalendo a 34,4% do mercado.

Este novo cenário econômico é fruto de uma reconfiguração das políticas públicas para o enfrentamento da violência de gênero, como também na promoção/garantia da autonomia da mulher e da equidade de gênero nas relações de trabalho.

O crescimento do empreendedorismo feminino é uma realidade! E a RMC impulsiona as mulheres carirenses a empreenderem, ao mesmo tempo em que incentiva a qualificação pessoal no intuito de que a permanência do seu empreendimento no mercado seja mais segura.

Um dos exemplos de fomento para o empreendedorismo feminino no Cariri foi a II Feira de Empoderamento da Mulher que ocorreu em Barbalha do dia 19 a 29 de fevereiro. A feira teve como objetivo fortalecer o protagonismo feminino nos ambientes mercadológicos - ao mesmo tempo em que gerou oportunidades de aprendizagem - por meio da realização de oficinas de aperfeiçoamento em gestão de vendas, modelos de negócios, vendas virtuais, economia-mercado e mentorias com consultoras.

Este ano foram 45 mulheres empreendedoras a participarem da Feira, um marco na história da Região do Cariri. Os organizadores apontam crescimento de 47% em relação ao ano de 2022 período da última feira.

Sigamos nós mulheres a Esperançar, pois já filosofava Paulo Freire (1992): "Esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo"

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 15/03/24. Opinião. p.17.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Historiador lança biografia sobre médico cearense graduado em Harvard

Historiador cearense lança livro sobre o primeiro brasileiro graduado em Harvard, o médico cearense Joaquim Antônio Alves Ribeiro, natural do Icó.

Linhas argumentativas contrapõem as narrativas originadas de uma distorção do imaginário popular da historiografia dentro do Ceará. Essa é a essência instigada no livro "A Ciência Peculiar de Joaquim Antônio Alves Ribeiro: Ceará - Harvard - Ceará", do historiador e professor universitário Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos.

Eduardo é graduado em história pela Universidade Federal do Ceará e realizou mestrado em história das ciências e da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz a Fiocruz no Rio de Janeiro. Os estudos de doutorado feitos pelo pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foram transformados neste livro sobre o médico cearense que ainda é pouco conhecido.

A recente obra foi lançada no final do mês de fevereiro e já tem recebido destaque entre pesquisadores e estudiosos na área. A narrativa é voltada especialmente à história do primeiro brasileiro a estudar em Harvard, Joaquim Antonio Alves Ribeiro, cearense que após os estudos no exterior retorna à cidade natal para aplicar seus aprendizados.

Foi a partir da dificuldade de encontrar informações sobre o primeiro museu de história natural, que o autor cearense teve contato com os feitos do Doutor Alves Ribeiro. Após a descoberta, ampliou os seus estudos para além do primeiro museu cearense e descobriu os avanços e tecnologias do médico para a área da medicina, assim como o movimento de democratização do acesso ao atendimento médico ainda no século XIV.

Segundo o historiador, durante o desenvolvimento da obra, focou em apresentar uma perspectiva progressista do Nordeste. "Então, o primeiro médico brasileiro em Harvard é um cidadão do Ceará. Fato interessante porque isso não é retratado dentro da historiografia. É muito comum, sempre manter uma narrativa de seca, cangaço, messianismo e mandonismo, porque essa é a imagem atrelada ao nordestino." pontua o estudioso.

Eduardo ressalta o poder da obra para resgatar a memória histórica da cidade. "Quero com o livro desmistificar a representação muito rala que se tem da região. Aqui no Ceará, por exemplo, temos a primeira academia de Letras do Brasil. Antônio Sales foi um cara fundamental para essa criação, com a influência da padaria espiritual, e essas figuras acabam sendo apagadas, né? Então o meu trabalho é enfrentar esse problema." destaca.

No livro, o Professor Universitário defende os acréscimos do médico cearense para a história do estado, e contraria a classificação de Alves Ribeiro como uma pessoa à frente do tempo que vivia. "Ele foi um homem de seu tempo, as pessoas são atentas à possibilidade do seu tempo, as pessoas não podem sair de seu tempo".

Outro ponto ressaltado pelo autor é a projeção do Médico a projetos focados na cidade natal e em Fortaleza. Após a passagem pela universidade norte-americana, o autor retornou ao Ceará para aplicar os aprendizados da área estudada, fato que contribuiu aos avanços científicos no Estado, mas também impactou o público que não tinha acesso a atendimento médico.

"O debate à reflexão do conhecimento por parte tanto de médicos como de pessoas leigas era uma preocupação dele. Por exemplo, ele escreveu o manual da Parteira, pois ele deveria ter visto que havia uma demanda muito grande por esse tipo de informação de serviço, e entendeu que nem todos poderiam ir até a Santa Casa. Então, ele era um cidadão preocupado tanto a nível regional e nacional, em circular essas informações e notícias médicas."

O historiador e professor universitário Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos disponibilizou um pouco sobre as pesquisas e história de Alves Ribeiro no site "cientista Alves Ribeiro". A obra do autor cearense também está disponível para compra no mesmo endereço digital.

O pioneirismo de Joaquim Antonio

O médico cearense Joaquim Antonio Alves Ribeiro nasceu na cidade de Icó e cursou medicina em Harvard, onde obteve o diploma em 1853. Segundo o historiador Eduardo Vasconcelos, a ida do cearense aos Estados Unidos possivelmente tenha relação com a profissão do pai, dono de terras e criador de gado, diante a família que estava inserida no contexto da ocupação do sertão.

Possivelmente, algum comerciante estrangeiro, dos EUA ou do Reino Unido, em contato com o pai de Ribeiro, forneceu sugestões sobre como e onde estudar fora. O professor pontua que os campi universitários norte americanos não tinham muito prestígio, diante do processo de consolidação dos Estados Unidos, um ponto que motivou o ingresso de Ribeiro em Harvard. "Universidades americanas eram boas e mais baratas. Além disso, o processo de seleção era relativamente simples, com provas de latim, matemática e inglês", acrescenta o historiador.

Com o retorno ao Brasil, o clínico geral desenvolveu suas atividades profissionais. Inicialmente, atuou no interior da província do Rio Grande do Norte, onde passou cerca de um ano. Em seguida, estabeleceu seu consultório médico na província de Pernambuco, onde passou por volta de três anos.

Dr. Alves Ribeiro retornou à província do Ceará, ocupando a cidade de Fortaleza para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social. E em 1861, com a inauguração do primeiro hospital da Cidade, atuou como o primeiro médico da Santa Casa de Misericórdia.

Alves Ribeiro dentre seus estudos também participou de periódicos voltados à medicina. Baseado na revista "Lancet", para onde ele mandava correspondências e teve pequena participação, ele lançou "A lanceta", o primeiro jornal médico científico de Fortaleza.

Vale ressaltar, a interferência do médico na criação e manutenção do primeiro museu de História Natural do Ceará. Assim como o uso do éter como anestésico em procedimentos médicos, experiência profissional citado em debate que ocorreu na Gazeta Médica da Bahia.

Vitimado por um câncer de estômago, Joaquim Antonio Alves Ribeiro morreu em 1875, aos 45 anos.

Lançamento de "A Ciência Peculiar de Joaquim Antonio Alves Ribeiro"

Quando: quarta-feira, 24, às 15h30min

Onde: Instituto do Ceará (R. Barão do Rio Branco, 1594 - Centro)

Entrada gratuita

Preço do livro: R$ 50

Mais informações e vendas on-line: alvesribeirocientista.com.br

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/04/2024. Vida & Arte. p.3.

domingo, 21 de abril de 2024

A CONTA DO SOCIALISMO EM UM BAR

Todos os dias 10 homens se encontram em um bar para conversar e beber cerveja. A conta total dos dez homens é de R$ 100.

Concordaram em pagar a forma proporcional como são pagos os impostos na sociedade, conforme a escala de riqueza e renda de cada um:

Os primeiros 4 (os mais pobres) não pagam nada.

O 5º paga R$ 1.

O 6º paga R$ 3.

O 7º paga R$ 7.

O 8º paga R$ 12.

O 9º paga R$ 18.

O 10º (o mais rico) paga R$ 59.

A partir daí, todos se divertem, respeitando o acordo, até que, um dia, o dono do bar disse para eles:

- Já que vocês são bons clientes, vou reduzir o custo de suas cervejas em R$ 20. As bebidas a partir de agora custam R$ 80.

O grupo, no entanto, propôs continuar pagando a conta na mesma proporção de antes. Os quatro primeiros continuaram a beber de graça. Eles calcularam que os R$ 20 divididos por 6 seriam R$ 3,33, mas se subtraíssem isso da porção de cada um, o 5º e o 6º homens seriam pagos para beber, já que o 5º pagou R$ 1 antes e o 6º pagou R$ 3.

Então o barman sugeriu uma fórmula baseada na riqueza de cada um, e passou a calcular o valor que cada um deveria pagar.

O 5º bebedor, igual aos quatro primeiros, não pagaria nada.

O 6º agora pagaria R$ 2 em vez de R$ 3 (economia de 33%).

O 7º pagaria R$ 5 em vez de R$ 7 (economia de 28%).

O 8º pagaria R$ 9 em vez de R$ 12 (economia de 25%).

O 9º pagaria R$ 14 em vez de R$ 18 (economia de 22%).

O 10º pagaria R$ 49 em vez de R$ 59: (economia de 16%).

Cada um dos seis pagantes estava agora melhor do que antes: os quatro primeiros bebedores ainda bebiam de graça, assim como o quinto.

Mas, uma vez fora do bar, começaram a comparar o que estavam economizando. “Recebi apenas R$ 1 dos 20 economizados”, reclamou o 6º homem e disse ao 10º bebedor, “Mas você recebeu 9!”

“Sim, isso mesmo" - disse o 5º homem - “Também economizei apenas R$ 1; é injusto que ele receba nove vezes mais do que eu.”

“É verdade", exclamou o 7º homem. “Porque ele ganha R$ 9 de desconto quando eu só recebo R$ 2? Os ricos sempre obtêm os maiores benefícios!”

“Espere um minuto!” - os quatro primeiros gritaram ao mesmo tempo - “Não recebemos absolutamente nada. O sistema explora os pobres!”

Os nove homens cercaram o 10º e o espancaram.

Na noite seguinte, o décimo homem não veio beber, então todos os nove sentaram e beberam suas cervejas sem ele. Mas na hora de pagar a conta eles notaram algo perturbador: entre todos eles não juntaram o dinheiro para pagar nem METADE da conta.

E é assim, amigos, jornalistas e professores universitários, sindicalistas e funcionários, como funciona o sistema tributário. As pessoas que pagam os impostos mais altos são as que mais se beneficiam de um corte de impostos. Tribute-os muito alto, ataque-os por serem ricos, e as chances são de que eles nunca mais apareçam. Na verdade, é quase certo que eles vão começar a beber em algum bar no exterior onde o ambiente é um pouco mais amigável.

Moral: "O problema com o socialismo é que você acaba ficando sem dinheiro de outras pessoas."

Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). (Autor desconhecido).

 

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