quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

ESSE ANO EU NÃO MORRO

Por Eduardo Jucá (*)

O cérebro, fantástica máquina de elaborar narrativas e de acreditar, acaba de nos contar que mais um ciclo foi encerrado e outro já está começando. É verdade que, para tanto, foi tomada como base mais uma volta da Terra em torno do Sol. Mas quase ninguém se lembra disso ao chorar as perdas, renovar as esperanças e fazer as quase nunca cumpridas promessas de Ano-Novo.

Nossa maquinaria neural humana possibilita a contemplação do passado e a expectativa do futuro. Isso é um grande privilégio, porque o passado nos leva à construção das histórias de vida e o futuro nos deixa sonhar. Mas memórias mal geridas geram ressentimentos e traumas, e um futuro esperado com pressa cria ansiedade. A passagem do ano fica localizada nessa divisa mal desenhada entre passado e futuro, onde vamos tentando encaixar o presente.

Por isso é tão bom o estouro da rolha do espumante que deixa escapar o gênio da esperança. Essa equilibrista cantada por Elis Regina, que faz acreditar no reinício do jogo em que tentaremos de novo passar de fase, mais experientes e sem os erros do ano passado. De fato, cada janeiro adquire um aspecto místico, e espera-se que esse seja um ano bom.

Como se o tempo fosse organizado em pacotes de doze meses, em vez de ser visto como um contínuo indomável e imprevisível. De novo, o cérebro procura organizar a realidade para tornar a vida mais fácil e mais suportável, e, se o ano passado foi muito duro, o ano que vem será o meu ano! Até a soberana Rainha Elizabeth cedeu à crença cerebral no empacotamento do tempo, ao afirmar que 1992 havia sido um annus horribilis.

Na verdade, para evitar as frustrações das promessas não cumpridas e entrar em paz com a realidade, é preciso desengavetar o tempo e ouvir Caetano quando nos entrega sua verdadeira definição: compositor de destinos, tambor de todos os ritmos. E, nessa cadência, revigoramos o cérebro para enfrentar mais um período, como afirmou Belchior: "Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!"

Feliz 2024!

(*) Médico neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/01/2024. Opinião. p.18.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

ACQUARIO CEARÁ: até que enfim, uma saída

Por Heitor Férrer (*)

São as ideias que movem o mundo! Boas ou ruins, elas impactam a sociedade, pautando a vida das pessoas. Quando governamentais, são, na sua grande maioria, impostas pelos administradores públicos em desrespeito aos administrados, aos que tudo pagam, restando-lhes apenas o direito de espernear. O "Acquario" foi uma dessas ideias, trágica ideia.

Concebida em 2009 e iniciada em 2012 no governo Cid Gomes, já se foram 11 anos e o que temos é uma ruína em construção, onde, em vez de peixes de todos os mares e oceanos como foi prometido, temos mosquito da dengue e infortúnio para os que moram no seu entorno. Obra inoportuna, desnecessária e não prioritária, a máquina do governo vendeu à sociedade cearense a ideia de que o aquário seria a redenção de nosso Estado, estava nele a solução de todos os nossos problemas, o mundo todo viria nos ver.

Fiz frente a essa ideia megalomaníaca e tresloucada. Em pronunciamentos duros, me referia à obra como "casa de peixe" e como poderíamos admitir a sua construção num Estado onde mais da metade da população vive do Bolsa Família, com um déficit habitacional de 234 mil moradias, cerca de 900 mil pessoas morando em condições sub-humanas, um estado com apenas 34% com esgotamento sanitário e com um elevadíssimo índice de assassinatos; naquela época, 4.000 homicídios/ano.

Um aquário não poderia, sequer, ser pensado, mas o governador Cid encaminha à Assembleia um pedido de empréstimo de 105 milhões de dólares (515 milhões de reais) para a sua construção. A matéria foi aprovada. Votei contra. O Senado, até hoje, não autorizou o empréstimo, mas o governador iniciou a gastança e enterrou naquele mostrengo R$ 130 milhões, correspondendo hoje a R$ 287 milhões, que, se aplicados na saúde, não teríamos nenhum cearense em fila de espera para cirurgia. Isso sim, prioridade 1 de qualquer governo.

Eleito Camilo Santana governador, sugeri a demolição daquela ruína. Por uma questão de lealdade e gratidão, o que é uma virtude, Camilo manteve sua concepção, porém não lhe acrescentou uma saca de cimento, nítida atitude de que a obra não interessava ao Estado. Com a chegada do governador Elmano, uma brilhante ideia: levar o LABOMAR para o famigerado aquário em convênio com a UFC, o que significa recursos federais para o empreendimento. Lá, teremos peixes, não para turista ver, mas para estudos científicos. De parabéns o governador Elmano, com uma ideia que move, positivamente, o Ceará. Opor-se a isso é oposição por oposição.

(*) Médico e ex-Deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/01/2024. Opinião. p.19.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

SOBRE O NASCER AMANHÃ

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Desejo nascer de novo. Só para assistir aos meus amigos que perderam-se no caminho. Quero crer que gastarei mais tempo desfilando conversas, aquele tempo que achamos não dispor.

Quando os anos passarem, nas poucas horas, vou rir a toa das previsões que não aconteceram, vou esquecer dos medos e das angústias de quem não tem fé. E em certos dias, daqueles que andamos à toa, quando nos permitimos desviar o tempo, recobrando as imagens da infância, das ruas de areia, dos poucos sinais, das pessoas no centro da cidade, das crianças festejando as chuvas, tudo como se fosse ontem. Assim será esse novo momento, essa passagem.

Resgatarei algumas lembranças caras. Entre elas, conversas habituais com um amigo de muita empatia mútua, com alegria em discorrermos sobre os problemas da vida, tentando entender, aprendendo sobre o viver.

Num dia específico, ainda nesse ano, que já se foi, ele me falou que maturidade é quando nos sentimos confortáveis em somente escutar, mesmo diante das afirmações que discordamos, as que, ao nosso entender, parecem absurdas. É não ter interesse em convencer, é sentir-se sereno com o silêncio.

Não concordo, evidentemente, com todas suas afirmações. Liguei-lhe, simplesmente, para falar da saudade, para deixar clara a minha admiração. E dizer muito obrigado, pedir desculpas pelas ausências.

Assim, farei o mesmo com as relações profissionais, entre amigos, e, até, na vida íntima.

É, o tempo encarrega-se das mudanças e o calar induz transformações. Mas, o mundo precisa que falemos, que declaremos nossas crenças, nossa afetividade. Também vou fazer tudo mudar, com jeito e delicadeza. Nessa mesma toada vou pensar, elaborar o cotidiano, compreender e entender que mudar não é trair, é evoluir ou atrasar. Pouco interessa, o fato de abstrair-se noutra direção. Pois, implica em mudança, em formular novas ideias, em pensar e sentir diferente.

Vou nascer novamente e vou me inquietar. Costuma- se dizer que quando alguém perde outrem ganha. Refiro-me ao poder de abandonar ou de ser abandonado, tanto na vida pessoal, afetiva ou profissional. Parece-me algo inexorável ao olhar mais apurado sobre o envelhecimento.

Assim sendo, quero repetir aos mais próximos que é preciso lembrar sem tristeza. Desejo ser humilde e envelhecer, e, também, envelhecer como um ato de humildade, minorando as dores do corpo, as dependências para as atividades diárias e a evidente fragilidade, vestida em cada nova manhã.

Por outro lado, tenho a percepção racional que a transitoriedade nos dá colo à alma, seda as nossas angústias, nos desvinculando de padrões e estereótipos.

Nessa semana, última, dediquei-me a cerrar os olhos para transpor o tempo, para ser fiel, para fortalecer a missão e consolidar valores eternizados nas nossas memórias.

Percebendo, sim, um envelhecer que é sim andar devagar, mas, ainda mais, compreender. A meu ver é saber, ver e escutar. E raramente, convencer.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/12/2023. Opinião. p.29.

domingo, 28 de janeiro de 2024

DR. JOÃO MACEDO: a geriatria rejuvenesce a Academia Cearense de Medicina

 


          João Macedo Coelho Filho nasceu em Missão Velha, Ceará, em 1º de maio de 1963, filho de João Macedo Coelho e Francisca Imilce Dantas Macedo.

João Macedo fez os primeiros estudos na escola rural, com sua mãe, e depois no Educandário Nossa Senhora de Fátima de Missão Velha. Em 1972, aos nove anos de idade, veio com seus irmãos estudar em Fortaleza. Foi aluno da Escolas Reunidas General Tibúrcio, ligada ao Colégio Militar de Fortaleza, tendo posteriormente ingressado no Colégio Christus, onde estudou até o vestibular para Medicina, aprovado em 1982.

Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1988. Como universitário, foi Presidente do Centro Acadêmico XII de Maio, em cuja gestão foi realizado o XVII Encontro Científico dos Estudantes de Medicina do Brasil, quando se deu a criação da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina-DENEM.

Durante a graduação João Macedo foi um dos fundadores da Cooperativa de Material Didático do Centro de Ciências da Saúde e colaborou com a realização do I Seminário de Ensino Médico da UFC. Foi bolsista de pesquisa e monitor de Farmacologia e de Doenças Infecciosas.

O Dr. João Macedo Coelho Filho cursou a Residência Médica (RM) de Clínica Médica do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da UFC em1989 e 1990.

Após concluir a RM de Clínica Médica, prestou concurso para Professor Substituto no Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da UFC, sendo aprovado em 1º lugar. Em 1991 submete-se a concurso para Professor Efetivo, na categoria Auxiliar de Ensino, obtendo também a 1ª colocação. Atuou, nos primeiros quatro anos da docência, como clínico no Serviço de Gastroenterologia do HUWC.

De 1994 a 1996 cursou Mestrado em Epidemiologia na Universidade Federal de São Paulo, concluso com a apresentação da dissertação “Desenvolvimento de uma estratégia para otimizar a indicação de endoscopia digestiva alta em pacientes com dispepsia atendidos em nível primário de saúde”, sob a orientação do Prof. Dr. Adauto Castelo Filho. Nesse período foi também bolsista da Fundação Rockefeller e fellow do INCLEN (International Clinical Epidemiology Network).

Em 1996 assumiu a função de Coordenador do Departamento de Epidemiologia da recém-criada Escola de Saúde Pública do Ceará, onde organizou e coordenou o I Curso de Especialização em Saúde da Família, integrado por vários docentes da UFC.

Entre 1997e 2000, cursou Doutorado em Farmacologia na UFC, durante o qual realizou programa de doutoramento “Sanduíche” e Fellowship em Geriatria na Universidade de Oxford, Reino Unido (1998-1999), resultando na produção da monografia intitulada: “Physostigmine for Alzheimer´s disease: a systematic review”, orientada pelo Prof. Sir John Grimley Evans, uma das principais referências da geriatria britânica. Defendeu a tese doutoral “Perfil de utilização de medicamentos por idosos do município de Fortaleza: um estudo de base populacional”, tendo por orientador o Prof. Dr. Adauto Castelo Filho. Ainda nesse período atuou como revisor da base editorial do grupo Cochrane de Demência, vinculado ao Department of Clinical Geratology da University of Oxford.

Especialista em Geriatria pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), introduziu oficialmente essa área na UFC, por meio da criação do módulo obrigatório de Geriatria no currículo da Faculdade de Medicina, sob a sua coordenação de 2004 a 2019, e da criação do Serviço de Geriatria do HUWC, nomeadamente Centro de Atenção ao Idosodo HUWC, do qual foi coordenador (2003-2019); esse Centro é a principal referência pública na assistência, pesquisa e formação geriátrica no Ceará, oferecendo Programa de Residência Médica em Geriatria, e dele o Dr. João Macedo participa como preceptor desde 2013.

Na geriatria teve atuação como Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Regional Ceará e como primeiro editor-chefe (2007-2011) da revista nacional Geriatria e Gerontologia (atualmente Geriatrics, Gerontologyand Aging) da SBGG. Foi fundador e diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia do Ceará (2004-2011). Foi membro do Comitê Assessor da Área Técnica de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde do Brasil.

Exerceu a Chefia do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da UFC, no período 2012-2013. Atualmente é Professor Titular de Clínica Médica e de Geriatria e, desde 2019, o diretor da Faculdade de Medicina da UFC.

Tem atuação na área clínica, na pesquisa e no ensino de graduação e de pós-graduação. Possui interesse especial nos seguintes temas: cognição e envelhecimento; doença de Alzheimer e outras demências; serviços de saúde para pessoas idosas; medicamentos e idosos; epidemiologia do envelhecimento; educação médica.

A sua produção científica inserida na Plataforma Lattes, disponível em seu currículo atualizado em 12/10/2023, dá conta das seguintes cifras: artigos completos publicados em periódicos (45), capítulos de livros (20), livros (4), textos em jornais de notícias/revistas (17), resumos publicados em anais de eventos (9), apresentações de trabalho (30), orientações concluídas de Especialização (1), de Mestrado (15) e de Doutorado (1). Teve 162 participações em congressos, principalmente como expositor. Fez parte de muitas bancas examinadoras: Especialização (2), Qualificações (44), Mestrado (29), Doutorado (5) e Concurso público (7).

Na área médica, publicou os livros: Habilidades de comunicação com pacientes e famílias” (em parceria com Álvaro Madeiro Leite e Andrea Caprara); e Você Pode Me Ouvir, Doutor? – Cartas para quem escolheu ser médico (em parceria com Álvaro Madeiro Leite). Foi um dos editores do recente livro Faculdade de Medicina da UFC – história e desenvolvimento, comemorativo dos 75 anos fundação dessa faculdade.

No campo literário, é autor do livro Bala de Algodão – paz, poesia e conflitos no Cariri (1925-1928), uma bem-documentada narrativa histórica sobre eventos políticos de Missão Velha. É membro da Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES). Participou de revistas literárias médicas e nelas publicou diversos trabalhos.

Mercê da sua competência profissional e docente, o Dr. João Macedo Coelho Filho foi alvo de diversas homenagens institucionais, universitárias e pessoais.

O Dr. João Macedo é casado com a neonatologista Dra. Zilma Simas Macedo, com quem tem três filhos: Ênio (geriatra), Iana (pediatra), João Neto (estudante de Medicina).

O Acad. João Macedo foi empossado na Academia Cearense de Medicina (ACM), em 27/10/2023, na Cadeira 67, patroneada por José Edísio da Silva Tavares, e ocupada antes pela Acada. Márcia Alcântara Holanda, tornada membro honorável, sendo saudado na sua investidura acadêmica pelo Acad. Carlos Augusto Ciarlini Teixeira.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cad. 18

* Publicado In: Jornal do médico digital, 4(47): 31-34, janeiro de 2024. (Revista Médica Independente do Ceará).


VIVENDO O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

O início de um novo ano é sempre uma oportunidade de renovar as nossas esperanças, os nossos sonhos e os nossos propósitos. É também um momento de agradecer a Deus por tudo o que vivemos no ano que se encerra e pedir a sua bênção para o ano que se inicia.

Mas como podemos viver bem esse novo ano que se apresenta diante de nós? Como podemos enfrentar os desafios, as dificuldades e as surpresas que certamente virão?

A resposta está na Palavra de Deus, que nos revela o fruto do Espírito Santo, que tem nove aspectos que se complementam e se harmonizam, são eles: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio (Gl 5,22-23). Esses frutos são as virtudes que devemos cultivar em nosso coração e em nossa vida, para que possamos refletir a imagem e a semelhança de Deus, que é o nosso criador e o nosso destino.

O amor é o primeiro e principal fruto, sem o qual os outros deixam de existir. O amor é um mandamento e constitui a base da vivência cristã e de tudo o que praticamos. Os outros frutos estão todos alicerçados nele. O amor é o que nos faz perdoar, servir, partilhar, compreender e respeitar. O amor é o que nos faz buscar a justiça, a verdade e a paz.

A alegria é o segundo fruto do Espírito Santo, pois é o resultado do amor. Esse fruto advém da comunhão com Deus e da confiança nEle. Não se trata de algo esporádico, mas de um estado de espírito que se evidencia pelo prazer de viver, de regozijar-se em Cristo e desejar estar com Ele, independentemente das condições materiais ou financeiras. A alegria é o que nos faz superar as tristezas, as angústias e as dores. "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!" (Fl 4, 4).

A paz que caracteriza-se pela sensação de mansidão, pela suavidade da alma. Resulta de nossa amizade com Deus. Trata-se da paz interior, como Jesus desejou: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14, 27). Devemos ser promotores da paz para transformar a sociedade e construir um mundo melhor.

A paciência que consiste na capacidade de manter a calma e suportar provações. Esse fruto nos ajuda a enfrentar as adversidades com confiança em Deus, sem nos deixar dominar pela raiva, pela amargura ou desespero. A agir com perseverança, equilíbrio, firmeza e tolerância. A paciência ou longanimidade também nos ensina a esperar pelo tempo de Deus para cumprir as suas promessas e realizar os seus propósitos. (Hb 6,12)

A benignidade é a qualidade de sermos misericordiosos. É fazer o bem aos que nos rodeiam, sem esperar nada em troca. É perdoar os que nos ofendem, sem guardar rancor. É socorrer os que sofrem, sem julgar. É compartilhar o que temos, sem avareza.

A bondade é uma ação que demonstra o amor de Deus na prática. Consiste em demonstrar boa vontade e ir além da empatia para com o outro. Uma pessoa benevolente é compreensiva e se preocupa com o bem-estar do próximo, demonstrando isso com palavras e ações. A bondade genuína provém de um sentimento profundo de compreensão e de compaixão.

A fidelidade está ligada a condutas como integridade, honestidade, sinceridade e lealdade. Este fruto nos torna pessoas confiáveis, dignas de crédito, fortalecendo-nos para que nos conservemos fiéis ao Senhor acima de tudo, em qualquer situação, obedecendo aos Seus mandamentos e seguindo o Seu caminho.

A mansidão é a virtude de ser manso, humilde, dócil e moderado diante de Deus e dos homens. É uma virtude das virtudes do Sagrado Coração de Jesus (Mt 11,29).

O autodomínio constitui-se em algo que só o Espírito Santo pode nos dar. Trata-se da capacidade de dominar nossos desejos carnais, de não agir apenas por impulso e pela força do desejo. Este é o fruto que traz a capacidade de vencer vícios e maus hábitos. Confere-nos a possibilidade de moldar nossa vida segundo o exemplo de Jesus Cristo e desenvolve em nós a disciplina na vida espiritual e na oração.

Que neste novo ano possamos viver plenamente o fruto do Espírito Santo na nossa vida pessoal, familiar, profissional e social, em união com Cristo.

Feliz e abençoado Ano Novo!

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 27/01/2024. Opinião. p.18.

sábado, 27 de janeiro de 2024

OS MINEIROS NO TREM

Três mineiros e três paulistas foram de trem para uma conferência. Na estação, os três paulistas compraram um bilhete cada um, mas viram que os três mineiros compraram um só bilhete. Um dos paulistas pergunta:

— Como é que os três vão viajar só com um bilhete?

— Espera que você vai ver!, respondeu um dos mineiros.

O trem chegou na plataforma e todos embarcaram. Os paulistas foram para suas poltronas, mas os três mineiros se trancaram juntos no banheiro. Logo que o trem partiu, o fiscal veio recolher os bilhetes. Ele bateu na porta do banheiro e disse:

— O bilhete, por favor.

A porta abriu só uma frestinha, e dela sai apenas uma com o bilhete. O fiscal pegou e foi embora. Os paulistas viram e acharam a ideia genial.

Então, depois da conferência, os paulistas resolveram imitar os mineiros na viagem de volta e, dessa forma, podiam economizar um dinheirinho. Dessa forma, compraram um bilhete só. Para espanto deles, os mineiros não compraram nenhum. Um paulista perguntou perplexo a eles:

— Mas como é que vocês vão viajar sem passagem?

— Espera que você vai ver!, respondeu um dos mineiros.

Todos embarcaram e os mineiros se espremeram dentro de um banheiro e os paulistas em outro banheiro ao lado.

O trem partiu. Logo depois, um dos mineiros saiu, foi até a porta do banheiro dos paulistas, bateu e disse (disfarçando o sotaque):

— A passagem, por favor!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

ESSA É PARA A FAMÍLIA!

Um homem entra em um bar, pede três cervejas e senta-se em um canto. Ele bebe as três, mas revezando um gole de cada uma por vez. Quando termina, ele chama o barman e pede mais três.

O funcionário se aproxima e lhe diz: "Sabe, a cerveja perde a qualidade depois de aberta por um tempo. Seria melhor o senhor ir pedindo uma de cada vez".

O homem então responde: "Bem, é que eu tenho dois irmãos, um deles está na Austrália, o outro nos Estados Unidos e eu aqui. Quando nós nos despedimos, prometemos que iríamos beber desta maneira, para sempre lembrarmos dos dias em que bebíamos juntos. Então, eu bebo uma cerveja para cada um dos meus irmãos e uma para mim mesmo".

O barman admite que esta é uma tradição bem bonita, e traz mais três cervejas para o cliente. Feliz, o homem acaba se tornando um freguês assíduo do bar, indo lá várias vezes por semana, e sempre pedindo as três cervejas - e revezando os goles - como de costume.

Um dia, o homem entra no bar e pede apenas duas cervejas. Todos os garçons ficaram tristes, em silêncio. O barman, com cautela, serve os copos e comenta: "Eu não quero me intrometer no seu sofrimento, mas queria apresentar minhas condolências pela sua perda".

O homem fica bastante confuso por um momento, mas então entende o comentário e ri: "Ah, não, todo mundo está bem!", ele explica.

"É que eu prometi para a minha esposa que iria parar de beber, mas a promessa não afetou meus irmãos..."

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Janeiro/2024

A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de Janeiro/2024, que será realizada HOJE (27/01/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas


sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Crônica: “Quem vai pela cabeça dos outros é piolho” ... e outros causos

Quem vai pela cabeça dos outros é piolho

Escreve Jair Morais no celular os títulos das histórias, grava o conteúdo de cada uma e me envia pelo zap. Na capa do rabisco, a explicação: “Papoque o mundo e eu tô obrando e andando, pra não fazer ruma, jornalista! Quero nem saber se peba põe! Enquanto a vida ‘açulera’, publique essas catrevagens pra meu povo se abrir do muído!” Confira, pois, a contribuição do preclaro Poeta dos Cachorros, por um mundo mais ameno.

Jenésio saiu de casa bem cedo pra vender o ex-cachorro de estimação - ‘Estopa’ - na Feira do Quilômetro 8. Uma senhora gentil se aproxima, interessada, sabe lá, num labrador bom de faro e ágil, mas, vendo somente aquele bichinho magro, sarnento e simpático...

- É pra vender, colega?

- E latir, caçar, pastorar a casa, dar carreira em gato - responde o marido de Lourdinha.

- E tem pedigri?

- Tinha...

- Como, tinha?

Jenésio, pensando referir-se a compradora a uma capoeira de carrapato “a documentação que atesta que um cãozinho é, de fato, de determinada raça”...

- Matei tudim antonte com detefon, dotôra!

Como pensas, viverás!

Valdemar não era homem de negar-se a comer 35 bananas corudas e um litro de coalhada às quatro da madrugada, nem que tivesse de viajar a cavalo léguas a fio, em seguida. Eis a comprovação. Montado em seu alazão, sai da Curicaca em direção à Primavera em busca de uma agência lotérica, pra pegar o benefício. Prestes a chegar ao destino, uma súbita dor de barriga em X, acompanhada da vontade insegurável de obrar, bate-lhe à vontade.

Vestido impecável no linho e não tendo onde arrear o barro, tampouco com que limpar o “chafariz”, respira fundo, amassa o chapéu na cabeça, se manca, segura o esfíncter e segue viagem, pensando vitorioso consigo:

- Eu sou lá homem de fazer vontade a caneco, rapaz?!?

“Frases sonoras são gritos da alma vazia”

Aula de Matemática: proporção. Professora começa a arguição:

- Se um homem faz o muro de uma casa em cinco dias, então cinco homens fazem esse mesmo muro em?

- Um dia, fessora! - responde Mainha.

- Muito bem! - incentivou a mestra, que prossegue: - Se uma mangueira enche uma piscina em cinco horas, cinco mangueiras encherão a mesmíssima piscina em?

- Uma hora, fessora!

Mainha, demonstrando já cansaço pelo esforço intelectual, está prestes a melar a vara.

- Pois muito bem! Se um navio leva cinco dias para chegar a Fortaleza...

- ... cinco navios levam só um dia, fessora! - atalha o exausto rapaz.

Fuleirosofando sobre o reino, animal!

- Todo caboré verdadeiro tem a asa direita um centímetro maior que a asa esquerda.

- Três arapongas juntas... Pode reparar que estão sentadas em cima de um olho d’água.

- Guaxinim: se tiver o costume de limpar o bigode com o rabo, é um marido infiel.

- Pebas fêmeas grávidas aos magotes: sinal de muita chuva.

- Mucuim: sendo muito macho, só se satisfaz sexualmente se for com 300 mucuinhas.

- Jumento que sua os quartos: pode botar os potes nas biqueiras que vem chuva.

- Cafinfin: até os três anos tem os olhos vermelhos. Depois disso, tá morto.

Fonte: O POVO, de 15/12/2023. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

CAMINHOS DO CEARÁ: Dedé e a memória brincante em Icapuí

Por Izabel Gurgel (*)

Dedé de Zé de Liliza. Ouvi o nome no mercado de artesanato de Icapuí. Apreciava o trabalho com madeira no desenho do espaço e perguntei sobre a feitura. "Um carpinteiro naval. Dedé, da Casa de Cultura". O que ressoa no mercado de uma cidade faz parte dela como uma inscrição geográfica. "O da Cantata de Natal". Sua irmã caçula, Josilene me falaria, por telefone, da Paixão de Cristo e outras artesanias. Dá vontade de ouvir também Mauro de Jovi.

Do ancestral saber do ofício de construir para navegar, conta Dedé (o filho) de Zé (o pai) de Liliza (a avó): "Fiz 68 barcos". A Casa de Cultura Cores da Vida - Memorial José, Leny e Amigos é a mais viajante das suas embarcações. Vira tatuagem, para dar coragem de seguir viagem, como na canção.

É grande o letreiro "Não fomos, não somos e nunca seremos esquecidos". Como todo lugar e ato de celebrar a vida, a Casa no Centro de Icapuí nasce de saber, sentindo, que a gente morre. Tem luto no caminho.

"Quer brincar?" é convite permanente, pintado na parede. Dedé tem 60 e fica com faíscas nos olhos e seis anos de idade ao ver gente de menos de oito a mais de 80 brincando, passeando, vivendo 'dentro' do sonho dele: a Casa de Cultura é a imaginação dedéica trabalhada a mão. Sabe o museu interior que cada qual leva consigo? A constelação de memórias, mar que nos navega? O do Dedé transborda. Poeta das manualidades, o que ele mesmo não faz, como as rendas de bilro e labirinto para enfeitar poltronas pausa e prosa, encontra quem faça.

De 2019 até a abertura, a 5 de novembro de 2022, foram três anos e três dias maquinando a calçada, os corredores e passagens, a bodega, as casas dentro da Casa, os espaços a céu aberto, o engenho de fazer existir tudo ao mesmo tempo agora.

Passados e futuros? Presentes. A Casa é quermesse, parque de diversões, praia terreiro quintal, praça patamar palco, alpendre mirante, escola biblioteca, ateliê oficina, jogo festa recreio. Dedé inventou um espaço público para, entre lembrar e esquecer, dar refresco, ar fresco, à memória. Poeta da Bahia (Dedé morou lá), Wally Salomão dizia a memória como ilha de edição. Sabemos, você e eu, a gente se faz na cozinha do tempo.

Feitas por Leodécio, assinadas por Leo Rofi, as pinturas nas paredes e outras superfícies são também travessia. Repare na casa branca de alpendre reproduzida com rodapé cinza, janelas e portas azuis. Ela se prolonga no palco onde se lê Forró de João Sabino. Pescador e salineiro, aos domingos, Sabino ligava a radiola e fazia da sua casa salão de dança, para quem morasse nas áreas ou estivesse de passagem. Segue vivo na Casa: o chão chia nas noites de forró.

Entrelaçadas feito linha em rede de pesca, com vazios para realizar melhor o destino de se tornar cheia, cada uma das milhares de peças da Casa puxa conversa: brinquedo ferramenta de trabalho utensílio doméstico mobiliário ornamento e um sortidíssimo etc. do que se inventa para sustentar, florir, tornar fértil o cotidiano. Casa-fonte, é uma casa-conversa.

P.S.: Dona Leni, Seu Zé e Fátima, pais e irmã mais velha do Francisco José de Freitas, vocês entenderam logo, não foi? A Casa é uma oração do Dedé que saiu para fora. Acesa e bonita como pintura de barco.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/12/23. Vida & Arte, p.2.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

O EXEMPLO VEM DE CIMA

Por Luiz Eduardo Girão (*)

Para mim, política é missão e não meio de vida. Daí eu ser contrário à reeleição e privilégios de "autoridades". Por isso, ao assumir o mandato, em 2019, renunciei a mordomias que os senadores têm "direito": carro com motorista, combustível, apartamento funcional/auxílio moradia, plano de saúde vitalício etc. Também fiz questão de montar um gabinete enxuto que já economizou cerca de R$ 10 milhões do dinheiro suado do pagador de impostos: o seu dinheiro!

Pensei em fazer o mesmo com as emendas parlamentares, que considero "desvio de função", pois o dever dos congressistas é legislar, fiscalizar o Executivo. Mas decidi utilizar, estritamente, as constitucionais, com total transparência, em articulação com o Ministério Público Estadual e o Federal, sem jamais dispor do orçamento secreto, que, aliás, sempre votei contra! Por critérios técnicos, nesses cinco anos foi possível atender justas demandas de todos os 184 municípios cearenses, sejam eles administrados por PT, PDT, PSD, Podemos ou PL, sem qualquer uso eleitoral de minha parte!

Incentivei instituições do terceiro setor, sem fins lucrativos, na área da Saúde que, juntas, receberam R$ 40 milhões (a metade para nossa capital), dos R$ 148.565.971,33 que indicamos para o Estado. Exemplo é o Centro de Prevenção ao Câncer de Mama e Colo de Útero do Cariri; trouxemos o Hospital do Amor de Barretos, referência internacional no tratamento da doença, que está instalando uma unidade em Juazeiro do Norte, legado para a "Terra da Luz". Além da sede, o investimento dá direito a carreta equipada com salas de exames e atendimento e salvará vidas de conterrâneas de 28 cidades, do Cariri e Centro Sul.

Outro caso é do Hospital Maternidade São Vicente de Paulo (Barbalha), excelência de qualidade para o Ceará e estados vizinhos. Fundado em 1970 é modelo de gestão eficaz que agora sobe de patamar com a aquisição da máquina de ressonância magnética, um sonho antigo que conseguimos viabilizar. Anuncio, também, a expansão do Instituto da Primeira Infância (Iprede), premiado mundialmente pelo enfrentamento à desnutrição e mortalidade infantil e que, atualmente, também é expert no amparo aos autistas. Fundado em Fortaleza, na década de 1980, a ong terá uma "filial" em Quixadá, passando a atender crianças e adolescentes do Sertão Central e Vale do Jaguaribe.

Tenho Fé e esperança que, um dia, esses bons exemplos deixem de ser exceção para se tornarem regra geral na gestão pública, sabendo que toda honra e glória pertencem ao Senhor Jesus. Desejo a você um Natal de Luz e um 2024 de muitas realizações! Paz & Bem.

(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/12/23. Opinião, p.29.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

POLUIÇÃO DA ÁGUA, DE QUEM É O PROBLEMA?

Por Fábio Perdigão Vasconcelos (*)

Além de um conceito, poluição - do latim, "polure", sujidade, é uma questão antiga para a humanidade, que foi, é e será, sempre um problema a ser resolvido, uma vez que dependemos da água para tudo! Em Fortaleza o problema data de sua fundação como vila, ocupando as margens do riacho Pajeú, usando água limpa e lançando dejetos de volta, seguindo a lógica da urbanização sem planejamento.

A poluição nas praias de Fortaleza é debatida há décadas, tema de seminários e congressos, além de artigos em jornais de grande circulação, como a matéria que publicamos no Jornal O POVO em 9/1/1980, sobre a poluição na enseada do Mucuripe.

Uma cidade com as características ambientais de Fortaleza tem grandes chances de poluir seus recursos hídricos. A declividade suave dificulta o escoamento das águas, estando ainda sob uma hidrologia fraca, com pouco volume de água nos recursos hídricos, o que diminui a capacidade de diluição dos poluentes antes de sua chegada ao destino natural, o mar. Associamos a esses fatos a presença humana de 2,5 milhões de pessoas em apenas 318 km², mais de 8 mil hab/Km².

Fortaleza apresentou uma "explosão" demográfica entre 1960 e 1980. Quadruplicamos a população em apenas 20 anos. Essa expansão sobre o território limitou a capacidade do poder público de fornecer saneamento ambiental à população de forma eficiente. Um terço da cidade ainda não tem rede de esgotos.

Entretanto, mesmo em áreas cobertas por saneamento, temos casos de poluição hídrica por coliformes fecais, lançados clandestinamente nas galerias pluviais, que deveriam receber apenas águas de chuvas. Isso continua ocorrendo, como é o caso atual da Praia de Iracema que teve sua galeria pluvial transformada em esgoto. Essa galeria corta o bairro Meireles, o mais rico de Fortaleza, sendo contaminada por mais de 300 ligações clandestinas de esgotos.

Nesse caso o problema não é somente de educação ou de falta de recursos públicos ou de pobreza da população, é essencialmente de educação social, de aprender a viver coletivamente. A poluição tem efeitos deletérios para a sociedade, compete ao poder público de solucionar o problema.

(*) Professor da Uece. Coordenador da CEVC/Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/12/23. Opinião. p.28.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Novo ano e alguns velhos desafios na saúde

Por Antônio Rodrigues Ferreira Júnior (*)

Neste período todos os cearenses refletem acerca das metas cumpridas durante o ano e renovam as esperanças e compromissos para o ciclo vindouro. Na saúde do Ceará, o monitoramento é contínuo e denota antigos desafios que precisam ser enfrentados para qualificação da atenção em todo o território.

Há novidades, no entanto algumas preocupações recorrentes rondam a mente de profissionais e gestores para o ano de 2024, exemplificadas no questionamento: quais as repercussões das eleições municipais para a implementação das políticas de saúde durante os próximos 12 meses? Que se consiga evitar as influências negativas do processo, como possível diminuição do ritmo da máquina pública e descontinuidade de serviços.

Para além deste cenário, salienta-se a demanda constante por financiamento para a área e necessidade de discussão sobre o pacto federativo brasileiro, que descentralizou responsabilidades, mas não descentralizou de forma similar a distribuição dos recursos financeiros.

Ao pensar que está distante uma divisão equitativa do dinheiro necessário para o desenvolvimento das atividades de saúde, as gestões municipais e estadual precisarão qualificar processos de governança, ao tempo em que a comunicação com os usuários do sistema exige atualização. A contemporaneidade tem ampliado o acesso das pessoas à informação e os trabalhadores da saúde precisam otimizar o uso destas novas ferramentas para permitir mais acesso aos serviços, como a adoção de telessaúde.

Os governos necessitarão focar em 2024 na melhora dos indicadores de saúde como vacinação e amamentação para o cumprimento de metas anteriormente estabelecidas. Também deverão trabalhar para ampliação do acesso a serviços especializados, com maior oferta de vagas em áreas específicas como a oncologia.

No âmbito do Estado, talvez o maior desafio seja o início do funcionamento do Hospital Universitário da Uece, que emerge como equipamento estratégico para responder demandas da atenção especializada. Devido ao seu tamanho, capacidade de atendimentos e relevância, exigirá grandes esforços para que os cearenses possam utilizá-lo. Que isso ocorra, para ao final do próximo ano possamos analisar seus números e estipular novas metas.

(*) Professor e Vice-coordenador do PPSAC/Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/01/2024. Opinião. p.16.

À MESTRA E AO MESTRE O SEU VALOR

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

O professor pernambucano Mozart N. Ramos quase foi ministro da Educação. O governo anterior falhou e escolheu, em sequência, 5 opções que, juntas, não chegam ao nível do preterido. Ao alugar um imóvel na Itália, o notável educador soube que, por ser professor, não se exigiria avalista na locação. Depois, um outro professor chegou em Recife e usou Mozart como abonador. Em vez de um OK!, ouviu: "Ora, o senhor é professor e traz como fiador outro professor?" É mais uma evidência de que no Brasil o valor da Educação não é reconhecido.

O "Fantástico" de 3/12/2023 nos apresentou Samara, 23 anos, moradora do interior fluminense, que passou 8 dias presa. Em 2010, quando tinha 10 anos, bandidos usaram seu CPF em um estelionato na Paraíba. Em 23/11/2023, a polícia do Rio a prendeu. A família arrecadou 5 mil reais para o advogado, e o pai ia todos os dias à prisão em busca de uma solução.

Em 29/11/2023, foi oficializada a soltura. O pai lá ficou 24 horas por dia, a dormir no carro, para recepcionar a filha em sua saída; e logo foi confirmado o uso indevido do CPF de Samara e de outras vítimas. O dia 6/12/2023, com sua formatura em Matemática, foi de festa para ela, o marido Jhonatan e o filho Lhiam, de 2 anos. A professora, que leciona reforço presencial e on-line, revelou: "Oi, gente. Meu nome é Samara e esse é o meu canal para ensinar […] Matemática. [...] Não esquece de se inscrever, curtir, compartilhar para me ajudar e ajudar os seus amigos também, tá bom?"

Agora, pensa em estudar Direito e afirmou: "Eu sou a Samara, sou filha, sou mãe, sou nora, sou amiga, sou professora. Ninguém é perfeito, mas eu faço a minha parte para poder ter paz na minha vida e para poder ajudar as pessoas que eu posso ajudar". Parabéns, Samara. Eu sou o Tales, já fui professor de Matemática, como você, e agora sou reitor do Centro Universitário Farias Brito, em Fortaleza. Eu também gosto de ajudar as pessoas e gostaria de conceder-lhe uma bolsa integral no nosso curso de Direito completo. No futuro, com muito prazer, assinarei seu diploma. Um abraço para a futura bacharela em Direito.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/12/23. Opinião, p.18.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Causo Médico: DECISÃO SACRAMENTAL

Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), no final da década de sessenta do século passado, um estudante de Medicina muito brincalhão e namorador chegou para uma colega de turma e comunicou:

– Ah, Maria (nome fictício)! Sabe o que eu decidi ontem!?

– Hernandinho, de você, eu espero tudo! Menos ser padre – ponderou a amiga.

A resposta dele foi surpreendente:

– É exatamente isso. Eu decidi ser padre! – Falou o Hernando (nome fictício).

A Maria não se conteve, rindo às escâncaras, e achando que essa era mais uma pilhéria do seu amigo e colega.

Como desdobramento dessa conversa, Hernando trancou a matrícula na UFC, ingressou em um seminário católico, onde estudou Filosofia e Teologia, e depois foi ordenado sacerdote. Posteriormente, retornou à Faculdade de Medicina e completou o curso médico quatro anos depois de sua turma inicial.

Hoje, com a sua dupla formação, de médico e de religioso, ele cuida do corpo e da alma de seus pacientes/fiéis.

Por certo, não faltou ocasião para a Maria receber, como penitência pelo ato falho, tirar, todo dia, um rosário, e não só um terço. E haja mistérios gozosos, gloriosos e dolorosas como indulgências pelo “escorregão”.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sobrames/CE e da Academia Cearense de Médicos Escritores

Fonte: SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. 2.ed. Fortaleza: Edição do Autor, 2022. 144p. p.53.

* Republicado In: AMC. Causo médico: decisão sacramental. Informativo AMC (Associação Médica Cearense). Julho de 2023 - Edição n.24, p.19 (em pdf).


 

Free Blog Counter
Poker Blog