terça-feira, 31 de março de 2015

PESAR POR EDNA MARIA FURTADO ARRUDA

É com profunda tristeza que registro aqui o falecimento na noite de ontem, 30 de março de 2015, do Dra. EDNA MARIA FURTADO ARRUDA, irmã das colegas e amigas Ana Margarida e Clêide Arruda, pertencente ao tradicional clã dos Arruda da serrana Baturité.

Edna era formada em Ciências Econômicas pela UFC, em 1974. Era funcionária pública federal aposentada da Previdência Social, após longos anos de trabalho no Hospital Geral de Fortaleza.
O corpo de Edna Arruda está sendo velado na Aethernus (Rua Padre Valdevino, 1.688, Aldeota). A missa de corpo presente será celebrada às 14 horas de hoje (31/03/15) e o cortejo fúnebre sairá em seguida para o sepultamento no Cemitério São João Batista, marcado para às 16h.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Amigo da família Furtado Arruda

segunda-feira, 30 de março de 2015

O PERÍODO DA QUARESMA



Por Pe. Brendan Coleman Mc Donald
O período da Quaresma é reservado para reflexão e conversão espiritual. Em termos práticos, a Quaresma é o tempo de perdão e de reconciliação fraterna.
A Igreja Católica iniciou na Quarta-feira de Cinzas, o Tempo da Quaresma que termina na Quinta-feira Santa na celebração da última ceia de Jesus Cristo com seus apóstolos. A palavra Quaresma vem do latim quadragésima, é o período de quarenta dias que antecede a maior festa do cristianismo: a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo da Páscoa.
Durante a Quaresma a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove a Campanha da Fraternidade desde 1964, como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social. Este ano a CF tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e como lema “Eu vim para servir”. A Campanha vai ajudar-nos “aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do reino de Deus”.
A Campanha da Fraternidade deste ano será uma oportunidade de retomarmos os ensinamentos do Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa e samaritana. Todas as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço de todos (cf. texto-base, p.7). Na sociedade, a Igreja e as comunidades desejam seguir a Jesus: “vim para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45).
O período da Quaresma é reservado para reflexão e conversão espiritual. Em termos práticos, a Quaresma é o tempo de perdão e de reconciliação fraterna. É tempo de retirar de nossos corações todo ódio, rancor, inveja e tudo o que se opõe ao nosso amor a Deus e aos irmãos. O período da Quaresma este ano, através da CF, é reservado para reflexão sobre nossos papeis como cristãos na sociedade brasileira atual e seus desafios.
A duração da Quaresma é baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. É um número de expectativa, de preparação e de prova. Na Bíblia caracteriza as intervenções sucessivas de Deus: Davi, como Saul, reinou 40 anos; o dilúvio durou 40 dias; Moisés serviu Deus no Monte Sinai durante 40 dias e durante 40 anos Moisés conduziu o povo de Israel na peregrinação pelo deserto até chegaram à Canaã; Jesus passou 40 dias no deserto e depois apareceu ressuscitado durante 40 dias etc.
Cerca de 200 anos depois da morte de Cristo, os cristãos começaram a preparar a Festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 D.C., a Igreja Católica aumentou o tempo de preparação para 40 dias. Assim surgiu a Quaresma. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um tempo especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder participar com maior plenitude do mistério pascal do Senhor.
A liturgia da Quaresma insiste: o pecado não é irreparável. Para os que creem, existe volta, conversão, perdão e salvação. Jesus não veio para condenar, mas para salvar. “Eu vim para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). É importante lembrar que o jejum é obrigatório para os católicos entre 18 e 60 anos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Ao longo do período da Quaresma há também o costume de dar esmolas aos pobres e mais necessitados.
Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE.
Fonte: O Povo, de 22/2/2015. Espiritualidade. p.11.

domingo, 29 de março de 2015

VIDA A DOIS



Um homem e uma mulher estavam casados por mais de 40 anos. Eles tinham compartilhado tudo um com o outro.
Eles tinham conversado sobre tudo. Eles não tinham segredo entre eles, afora uma caixa de sapato que a mulher guardava em cima de um armário e tinha avisado ao marido que nunca abrisse aquela caixa e nem perguntasse o que havia nela.
Assim por todos aqueles anos ele nunca nem pensou sobre o que estaria naquela caixa de sapato.
Mas um dia a velhinha ficou muito doente e o médico falou que ela não sobreviveria. Visto isso o velhinho tirou a caixa de cima do armário e a levou pra perto da cama da mulher. Ela concordou que era a hora dele saber o que havia naquela caixa. Quando ele abriu a tal caixa, viu 2 bonecas de crochê e um pacote de dinheiro que totalizava 95 mil dólares.
Ele perguntou a ela o que aquilo significava, ela explicou:
- Quando nós nos casamos minha avó me disse que o segredo de um casamento feliz é nunca argumentar/brigar por nada. E se alguma vez eu ficasse com raiva de você que eu ficasse quieta e fizesse uma boneca de crochê.
O velhinho ficou tão emocionado que teve que conter as lágrimas enquanto pensava 'Somente 2 bonecas preciosas estavam na caixa. Ela ficou com raiva de mim somente 2 vezes por todos esses anos de vida e amor.'
-Querida!!! - ele falou - Você me explicou sobre as bonecas, mas e esse dinheiro todo de onde veio?
- Ah!!! - ela disse - Esse é o dinheiro que eu fiz com a venda das bonecas.
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

COVEIRO PRÁTICO



Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta:
- Qual a diferença entre Político e Ladrão?
Chamou muita atenção a resposta enviada por um leitor:
- Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: a diferença entre o político e o ladrão é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo?
Fábio Viltrakis, Santos-SP.
Eis a réplica do Millôr:
- Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma diferença!
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

sábado, 28 de março de 2015

Máximas e Mínimas do Barão de Itararé V



29. Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
30. A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
31. Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
32. Pão, quanto mais quente, mais fresco.
33. A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.
34. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Março/2015



A DIRETORIA DA SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) CONVIDA todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de MARÇO/2014, que será realizada HOJE (28/3/2015), às 18h30min, na Igreja de N. S. das GRAÇAS, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!

sexta-feira, 27 de março de 2015

O QUE VI NA AVENIDA PAULISTA



Por Affonso Taboza (*)
Uma faixa convocava as Forças Armadas à ação. Não vi protestos nem reações negativas a isso
Sorte minha estar em São Paulo no dia 15 de março, um domingo histórico. No meio da multidão, pude participar de um dos maiores acontecimentos cívicos já vistos neste País. Um milhão de pessoas – segundo cálculo da PM – lotava a Paulista e formigava nas ruas adjacentes. Da esquina da rua da Consolação, tentei sem êxito alcançar o Masp. Não consegui furar mais que noventa ou cem metros. Gente demais. Três helicópteros parados sobre a avenida fazendo a cobertura. Dois drones sobrevoando a baixa altitude, filmando. Faixas e cartazes em profusão: “Fora Dilma!” e “Fora PT!”, incontáveis; “Quem mente não pode ser Presidente!”; “World press, we need you now” (“Imprensa estrangeira, precisamos de você agora!”); “Nossa bandeira jamais será vermelha!”; “Eu vim de graça”, ironia ao divulgado pagamento de R$ 35,00 aos manifestantes vermelhos da sexta-feira anterior; “Sim à PF e ao MP!”; “Abaixo a corrupção!”; “Impeachment já!”.
Uma faixa convocava as Forças Armadas à ação. Não vi protestos nem reações negativas a isso. Mas lembrei que as FAs estão escoladas. Salvaram a Nação do comunismo em 64, foram aplaudidas com entusiasmo no início mas logo passaram a ser objeto de incompreensões e críticas de certos setores, e reação armada dos derrotados. E mais à frente, até de perseguição pelos comunas encarapitados no poder. Melhor sair de perto.
Para o caso Dilma, há solução constitucional: renúncia, se a presidente se sentir acossada pelas ruas e seu governo se tornar inviável; impeachment, a mais provável; ou exercitar paciência de Jó por quatro anos e dar o troco nas urnas, se o Brasil ainda estiver respirando. Lembrete: sugerir impeachment não é golpismo. Ives Gandra Martins, jurista de renome, respeitadíssimo, vê neste caso razões sobejas para tal. Redigiu um alentado parecer a respeito. Lembre-se que, por muito menos, Collor foi “impichado”. O dano causado ao País por esta senhora e por seu antecessor é incomensurável.
Idosos, crianças nos ombros dos pais, um cadeirante, gente que se podia sentir de todas as classes sociais, cores e raças povoavam a avenida na maior harmonia e entusiasmo. Não eram só brancos e ricos, nem a “zelite”; como brada o chavão petista. Ali, na Avenida Paulista, estava uma amostra gigantesca e bem representativa do povo brasileiro, renegando a corrupção, o desmando, e repudiando o petismo e seu modo infame de governar. Pedindo, em última análise, o fim urgente deste pesadelo.
(*) Coronel reformado do Exército e engenheiro civil
Publicado In: O Povo. Fortaleza, 26 de março de 2015. Caderno A (Opinião). p.9.

quinta-feira, 26 de março de 2015

A MORALIZAÇÃO DA MEDALHA DO BOTICÁRIO



Há tempos que jornalistas e outros formadores de opinião protestam contra a torrente esbanjadora
A coluna semanal do jornalista Alan Neto, publicada em O POVO, de 22/3/2015, estampou sob o título “Fim da orgia” a nota seguinte: “Medalha Boticário Ferreira, que na gestão anterior virou farra, todo bicho de orelha ganhou, na gestão Salmito Filho passará por rigoroso critério. Acabou a orgia.” Há tempos que jornalistas e outros formadores de opinião protestam contra a torrente esbanjadora com que a Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) confere suas distinções honoríficas, em colisão ao disposto na Lei Orgânica do Município (LOM), que prega o comedimento nessas concessões.
Apesar da CMF contar com um extenso leque de, aproximadamente, meia centena de honrarias criadas por lei, com os mais diversos fitos, para galardoar os cidadãos, fortalezenses ou nascidos em outras plagas, independente da folha de serviços prestados à capital cearense, os edis locais teimam em ofertar, repetitivamente, a Medalha Boticário Ferreira.
Ressalte-se que a prodigalidade da CMF não se restringe à Medalha do Boticário, pois, quando se trata de um adventício, nascido fora de Fortaleza e mesmo que não seja residente nesta urbe, concede-se, com generosidade, o título de Cidadão Honorário de Fortaleza, tão amiúde que extrapola o limite máximo das dez sessões legislativas anuais estipulado pela LOM.
A notícia de que o novo presidente da CMF, o vereador Salmito Filho, passará a aplicar rigoroso critério na distribuição da Medalha Boticário Ferreira é auspiciosa, porém deve ser acompanhada com cautela, porquanto há um antecedente desfavorável ocorrido há dez anos. Em 2005, sob pressão da mídia cearense, que denunciava a farra medalhista que aqui medrava, o vereador Tin Gomes, então presidente da CMF, prometeu regulamentar as concessões, moralizando o seu uso. Como resultado do seu dito empenho, em 2006, ficou assegurado que cada vereador teria direito a propor uma Medalha do Boticário por ano.
Em uma rápida conta, isso daria, anualmente, 41 medalhas, sem contar as dos eventuais suplentes em atividade, ensejando, praticamente, uma sessão semanal do efetivo exercício legislativo destinada à proposição e aprovação da medalha em apreço, além da solenidade especial de outorga, usualmente fora do expediente regular da CMF, mas conduzida pelo cerimonial da Casa, com Pompes and Circumstances, tendo parte dos seus custos assumidos pelo contribuinte municipal.
Ao término, roga-se que a moralização de tais outorgas não se atenha apenas a aspectos quantitativos, comportando a sugestão à CMF que recorra ao concurso de entidades representativas da sociedade para formatar um projeto disciplinador das concessões e assim resgatar o real valor das honrarias.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
Publicado In: O Povo. Fortaleza, 26 de março de 2015. Caderno A (Opinião). p.9.

quarta-feira, 25 de março de 2015

E A PATA TEM RAZÃO



José Jackson Coelho Sampaio (*)
Palestrantes das novas escolas de planejamento, gestão, marketing ou autoajuda reincidem na alegoria da galinha que cacareja, diante da produção de seus pequenos ovos, e da pata que silencia frente aos seus grandes ovos. O elogio ao cacarejo da galinha e a declarada reserva frente ao comportamento da pata, que não propagandeia seu produto, tem-me feito refletir. E penso que a pata tem razão.
O industrial quer reproduzir prolífica linha de montagem e o usuário quer acesso às informações sobre preço e quantidade dos frutos destas aves. A ambos interessa os cacarejos, mais ainda aos publicitários que buscam unir as pontas desse processo produtivo, todos lucrativos beneficiários da exploração da natureza. Mas, da perspectiva das aves alegóricas, instrumentalizando-nos com a teoria da evolução, qual seria a moral da história?
Os galináceos são individualistas e desorientados; dormem completamente, quando o fazem; os machos cercam e bicam as fêmeas, para o acasalamento, e são dispostos à guerra com os competidores. O galo tem pênis de 2 mm e não penetra, no ato sexual. Uma galinha põe algo em torno de 300 ovos/ano, de 55 mg cada, fortes na incubação, e os pintos também são fortes já na primeira semana de vida. Como a taxa de sucesso é alta, o cacarejo da galinha é luxo que apenas torna cenográfico o processo reprodutivo.
Os patos têm senso de comunidade e de direção; atentos, dormem com metade do cérebro; e os machos dançam para conquistar a fêmea que escolhe e indica aos demais cortejadores com quem consumará o acasalamento. O pato tem pênis de 5 cm e penetra, no ato sexual. Porém, uma pata põe apenas 40 ovos por ano, de 100 g cada, muito frágeis na incubação, tendendo a morrer por insuficiente evaporação de água, e os patinhos também são frágeis na primeira semana de vida, pela escassa penugem protetora. A penetração aumenta o sucesso da fecundação e o silêncio da pata gera eficaz defesa evolucionista, preservando os patinhos dos predadores. É de ouro o silêncio da pata.
 (*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado In: O Povo, Opinião, de 24/1/15. p.8.

terça-feira, 24 de março de 2015

O VOTO É SECRETO MESMO?



Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
De quando em vez surpreendo-me com coisas que já sei. Desta vez foi com a pesquisa de julho de 2010 do Tribunal Eleitoral sobre o nível da escolaridade do eleitor brasileiro. Se não vejamos: de um total de 135,8 milhões de votantes, 5,9% são analfabetos, 35% informaram saber ler e escrever, mas a maioria não concluiu o primeiro grau escolar, o que significa que não frequentaram escola e provavelmente não sabem interpretar textos.
Apesar de concordar com a ideia de que o processo democrático é algo dinâmico e em constante aperfeiçoamento, enquanto os regimes ditatoriais são estáticos e donos de uma verdade que é a do ditador, acredito no que ensina o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920): "A Democracia é a melhor forma de governo, porém possui o seu calcanhar de Aquiles. É o seu colégio eleitoral". Continuo.
O voto de curral era a expressão empregada para designar o sistema eleitoral onde a eleição era manipulada pelos coronéis, figuras que detinham o poder social e político em diversas regiões do país. Não importando a forma de governo central, Brasil Colonial, Império ou República, quem mandava e desmandava eram esses pequenos caudilhos. O seu poder assemelhava-se ao feudo medieval, mas em lugar de fossos e muralhas havia cercas de arame farpado para guardar seus eleitores de cabresto...
Com o advento da TV e da eletrônica pensei que muita coisa iria mudar. Mudou sim, mais muito pouco. Nas grandes cidades - ou na maioria delas - quem manda são os donos da Mídia, principalmente os donos das cadeias de TV. De um povo cuja cultura vem das novelas, dos programas de baixo nível, desestruturado, analfabeto, o que se poderá esperar como resultado eleitoral?
Olhando de determinado ângulo este tal progresso tecnológico, tenho cá minhas dúvidas. Quem sabe com esses esclarecimentos, venhamos a fazer escolhas piores do que as que fazíamos antes. Não há mais barreira física contra a informação: onda de rádio, sinal de televisão ou onde despontam os sinais da Internet, aos quais, lamentavelmente, apenas uma pequena minoria tem acesso. . .
A informação penetra em todos os lugares e lares. Esboroaram-se os castelos dos nossos antigos coronéis. E tem mais, pelo andar da carruagem, a cerca do curral e os poderes dos coronéis estão ultrapassados, mas não deixam de existir - subliminarmente. Agora o céu é o limite. Ou dizendo de outra maneira: continuamos cercados pelos arames farpados do analfabetismo, agora intoxicados pelos marqueteiros eleitoreiros.
Sem Educação e Ensino não haverá tecnologia que seja capaz de fazer avançar a Democracia Brasileira. Ficamos no mesmo coronelismo, agora apenas camuflado. Que importa se a urna é eletrônica, quando a massa eleitoral não tem escola para aprender ou se esclarecer? Se a cabeça do votante continua desinformada e agora mais confusa?
Para concluir, vou confessar uma coisa (sem saudosismo piegas). No tempo dos coronéis era tudo mais simples e havia um folclore mais engraçado. Costumo dizer: sem humor, do que vale viver? Havia todo um folclore envolvido, cujo centro era, na maioria das vezes, o chefe político ou o dito coronel. O voto era passado das mãos do coronel para o eleitor em cédula dobrada e quando o pobre do eleitor queria ver o nome em que ia votar, o chefe, o capataz ou o cabo eleitoral ou qualquer coisa que o valha gritava: "Pra que olhar primeiro se você nem sabe ler e depois o voto é secreto. Você não sabe disso? Seu idiota! Quer ir pro xilindró? Olha o meganha aí para te prender...".
(Publicado no Direto da Redação em 22.08.10 - É oportuno lembrar)
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

segunda-feira, 23 de março de 2015

HOMENS COMUNS E EXTRAORDINÁRIOS



Por João Soares Neto (*)
“Os que não conseguem relembrar o passado estão condenados a repeti-los”. George Santayana (1863-1952), filósofo americano.
Caro Leitor: tenha paciência com o texto. Vá até ao final. Leia devagar. Começo: Fiódor Dostoiévski (1821-1881), grande escritor russo, autor de “Crime e Castigo”, publicado em 1866, romance geralmente apresentado em dois volumes, fala de sentimentos de personagens atormentados, daí ter sido o seu autor considerado “o homem do subsolo”, objeto de estudo de Freud.
No primeiro volume, tradução de Rosário Fusco, pág.345, Raskólnikov, personagem central, é abordado sobre artigo por ele publicado na “Palavra Periódica”. Nele fala sobre a natureza do crime. É dito que os homens são divididos em “ordinários e extraordinários”.
“Os homens ordinários devem viver na obediência e não têm o direito de transgredir a lei, uma vez que são ordinários. Os indivíduos extraordinários, por sua vez, têm o direito de cometer todos os crimes e de violar todas as leis pela única razão de serem extraordinários”.
Como surgem dúvidas, Raskólnikov, o autor, resolve explicar: “Não foi propriamente assim que me exprimi – começou num tom simples e modesto. – Aliás, confesso-lhe que o senhor reproduziu o meu pensamento bem de perto. Pensando bem, reproduziu-o exatamente. A única diferença é que eu não insinuo como o senhor dá a entender que aos homens extraordinários seja permitido cometer todas as espécies de crimes. Parece-me que um artigo nesse sentido não poderia ser jamais publicado. Eu somente insinuei que o homem extraordinário tem o direito, não o direito legal, mas o direito moral de permitir à sua consciência saltar certos obstáculos e, isso, somente no caso em que exige a realização de sua ideia benfeitora, para toda a humanidade”.
Volto e pergunto: por acaso há alguma semelhança no passado e presente do Brasil entre pessoas que se consideraram extraordinárias e acreditaram que, em nome de uma causa, poderiam fazer o que quisessem?
Ele continua: “Na maioria dos casos, esses homens reclamam, sob as mais diversas fórmulas, a destruição da ordem estabelecida em proveito de um mundo melhor. Mas, se for preciso, para fazerem triunfar as suas ideias, eles passam sobre cadáveres, atravessam mares de sangue. Dentro deles, a sua consciência permite-lhes fazê-lo em função naturalmente da importância da sua ideia”.
Pausa para mim: há similar na história da pátria amada?
Sigo com ele, páginas adiante: “Uma coisa é certa: é que a repartição dos indivíduos nas categorias e subdivisões da espécie humana deve ser estritamente determinada por alguma lei da natureza. Essa lei é-nos, bem entendido, desconhecida ainda até a hora presente, mas acredito que ela exista e nos possa ser revelada um dia. A enorme massa dos indivíduos do rebanho, como dissemos, não vive na face da terra senão para fazer aparecer, finalmente, no mundo, depois de uma série de longos esforços, de misteriosos cruzamentos de povos e de raças, um homem que entre mil possua a sua independência, e um sobre dez mil, sobre cem mil, à medida que o grau de independência se eleva”.
Eu, de novo: teríamos nós, ao longo da nossa história, encontrados esses homens extraordinários? Teriam eles, se realmente encontrados, o direito – em nome de uma ideia – de cometer toda a sorte de crimes, com ou sem sangue? Talvez seja preciso que voltemos a reestudar a História do Brasil, desde o comércio internacional de escravos ao tempo da colonização portuguesa,depois transformada em vice-reino – fugindo de Napoleão Bonaparte e seu exército – com a “proteção” da Inglaterra; Rediscutir como aconteceu a independência do Brasil. Vale dizer que o nosso D. Pedro I, com o seu grito do Ipiranga, pouco depois, foi aclamado rei de Portugal, nominado D. Pedro IV. Há uma estátua dele no Rossio, em Lisboa.
Depois, deveremos olhar a Proclamação da República, com todas as suas nuances e as influências verdadeiras, escoimadas nos livros em que as nossas crianças e nossos jovens devem acreditar. Pense nisso.
Será que a Guerra do Paraguai (a tal Tríplice Aliança) não foi uma mera artimanha da protetora Inglaterra?  Quem puder, pesquise e veja se estou exagerando.
Desde a Proclamação da República, houve tanta confusão no Brasil que não sei como chegamos ao século 21. Repare um pouco, lembre-se de todos os ex-presidentes, os eleitos, os impostos e os gerados (Floriano Peixoto,1892, e José Sarney,1985). Aprazerem-se em procurar saber um pouco mais de cada episódio.
Dostoiévski foi citado por mim, como condão ou reflexão, para que todos saibam fazer a distinção entre os homens comuns e os extraordinários que nos trouxeram até aqui. Cada um tire as suas próprias conclusões. Afinal, não há crime sem castigo da história.E no romance. Pelo menos. Obrigado.
(*) Escritor e empresário. Da Academia Cearense de Letras.
Publicado no jornal O Estado, de 21/03/2015.

domingo, 22 de março de 2015

Máximas e Mínimas do Barão de Itararé IV



22. Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
23. Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
24. É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
25. A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
26. Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
27. O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
28. Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

Máximas e Mínimas do Barão de Itararé III



15. Os juros são o perfume do capital.
16. Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
17. Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
18. O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
19. A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
20. Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
21. Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

sábado, 21 de março de 2015

Máximas e Mínimas do Barão de Itararé II





8. Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
9. Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
10. Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
11. Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. (Ge-gê: apelido de Getúlio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
12. Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
13. Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
14. O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

Máximas e Mínimas do Barão de Itararé I



1. De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
2. Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.
3. Quem empresta, adeus...
4. Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
5. Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
6. Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
7. Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
Fonte: Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”. Rio de Janeiro: Record, 1985. (Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa).

sexta-feira, 20 de março de 2015

CASA DO BARÃO



Por Eduardo Fontes (*)
O Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) completou 127 anos de efetiva existência e, para assinalar a data, editou o volume 127 da sua Revista, por ocasião da solenidade de posse do acadêmico Ednilo Gomes de Soárez, reeleito para a presidência da notável Casa do Barão de Studart. A mais antiga instituição cultural do Estado, sediada em belo palacete na Rua Barão do Rio Branco, cuida da história e faz história, alçando-se entre as mais importantes instituições culturais do País. Daí a responsabilidade de dirigi-la.
Lendo-se o resumo das atividades do então presidente José Augusto Bezerra, no período de setembro de 2007 a maio de 2013, publicado na referida Revista, constata-se o quanto o devotado amante da história e da bibliografia fez pelo Instituto aniversariante, com o apoio de seus pares. Equilibrou as finanças da Casa, projetou-a, ampliou o acervo bibliográfico e a hemeroteca, promoveu reformas físicas na sede, cuidou da conservação dos bens, instalou câmeras, iluminou a entrada do edifício, contratou bibliotecárias, climatizou o ambiente, adquiriu computadores e colocou em rede o rico acervo bibliográfico da entidade.
Outras aquisições constam da lista de realizações do ex-presidente, em boa hora sucedido por Ednilo Soárez. A par disso, Augusto Bezerra incentivou atividades culturais, ao promover palestras, entrevistas, cursos, premiações, e ao participar de encontros nacionais e das Bienais Internacionais do Livro.
À frente hoje da Academia Cearense de Letras promove a restauração do belo e antigo Palácio da Luz, antes tão esquecido. Alvíssaras.
(*) Jornalista e Administrador.
Fonte: Diário do Nordeste, de 18/3/2015. Ideias. p.2

quinta-feira, 19 de março de 2015

UM PAPA FRANCISCO DESCONCERTANTE!



Por Padre Geovane Saraiva *
"Nossa intenção é fazer com que, a esperança vivida e anunciada pelo Augusto Pontífice se manifeste como ação salvífica, fruto da força e ação do Espírito Santo de Deus no mundo"
Geovani Saraiva
“Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e minha vontade” (1Sm 2,35). A imagem do sacerdote, do qual o Livro Sagrado nos fala, nos nossos dias, ninguém melhor e mais se configura e se identifica, do que o Papa Francisco, quando afirma: “Quando a Igreja convida a vencer aquela que eu chamei de ‘globalização da indiferença’, ela está longe de qualquer interesse político e de qualquer ideologia”, daí seus frequentes apelos de atenção em relação aos necessitados, num forte desejo de que a justiça e a paz se abracem (cf. Sl 84, 2). Seu pontificado é de uma importância incomensurável para o mundo, indicando sempre mais a direção do bem e neste sentido, Francisco é contumaz, ao proclamar a bondade e sonhar bem alto, em nome do nosso bom Deus, que a superação a extrema pobreza é possível, na busca ininterrupta da justiça social.
O Senhor Jesus quer que todas as pessoas se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, pelo anúncio e pelo testemunho, também no chamado à conversão e na formação das comunidades de fé. Neste sentido, o Espírito Santo não cessa de conduzir os passos do Papa Francisco, fazendo-se irmão e amigo dos peregrinos, migrantes, refugiados e sofredores de toda natureza, levando aos mesmos a esperança, marcados que são pela exclusão, ausência de expectativa e empobrecimento sempre maior, em estreita sintonia com o Concílio Vaticano II, na seguinte afirmação: “Não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração do discípulo de Cristo” (GS, 200). Nosso livro, “Voz dos não têm voz”, quer colocar na mente e no coração do povo de Deus a pessoa de Jesus de Nazaré, na sua de missão de salvar e saciar a fome da pessoa humana, imagem e semelhança do Criador e Pai, mas de um modo integral, radicalmente presente no Sucessor de Pedro.
Nossa intenção é fazer com que, a esperança vivida e anunciada pelo Augusto Pontífice se manifeste como ação salvífica, fruto da força e ação do Espírito Santo de Deus no mundo, no qual estamos inseridos, numa didática repleta de graça, de tal modo, que possamos contribuir para cessar as resistências e ventos contrários.
Como é maravilhoso e salutar perceber quando as pessoas se sentem envolvidas em luz e confiantes na proteção divina, tal como rezamos no Livro Sagrado: “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção de minha vida; perante quem eu tremerei?” (cf. Sl 27,1). Já São João da Cruz, ao nos assegurar que “No entardecer da vida seremos julgados pelo amor”, nos propõe um exigente programa de vida, mas que seja destruída a montanha do egoísmo e seus frutos, nas palavras do Sucessor de Pedro, a respeito do machismo ao afirmar: “Às vezes somos muito machistas e não deixamos espaço para as mulheres, mas a mulher é capaz de ver coisas com os olhos diferentes dos homens”.
Voz dos que não têm voz quer mostrar aos amigos leitores, que um Papa Francisco é desconcertante, quando afirma que o “Evangelho não condena os ricos, mas a idolatria da riqueza, aquela idolatria que os torne insensível ao grito dos pobres. Jesus disse que antes de oferecer a nossa oferta ao altar, devemos nos reconciliar com o nosso irmão para estar em paz com ele. Acredito que podemos, por analogia, estender esse pedido também ao nosso estar em paz com esses irmãos pobres”. Desconcertante, se olharmos para nossas celebridades midiáticas, ao anunciar um Evangelho, longe do profetismo, marcados por intimismo exacerbado e alienador, completamente diferente da missa para sete milhões de pessoas em Manila, desconcertante até mesmo para o Santo Padre, a ponto de se perguntar: “De onde esta gente tira tanta energia e são felizes e entusiasmadas, sobretudo, depois da incessante chuva que caiu o dia todo”, sem esquecer que Francisco ficou profundamente tocado e comovido com o calor humano, na alegria, fé e esperança impactantes da população daquele país. Igualmente a emoção invadiu seu coração, ao se encontrar com as pessoas que tinham sido atingidas pela tempestade tropical em Tacloban.
Desconcertante também nas palavras do professor Jardel Silveira da UFC: “Padre Geovane Saraiva segue firme semeando aos fiéis da Paróquia de Santo Afonso a mensagem diária do verdadeiro cristianismo, reforçando com amor solidário, enfatizado e vivenciado pelo Bispo de Roma ao longo desses dois anos de pontificado. O Papa Francisco tem demonstrado com atitudes concretas, seu amor e apreço pelos empobrecidos, os quais ocupam os últimos lugares na sociedade. E neste livro, com muita habilidade Padre Geovane destaca e esclarece à luz do Evangelho inúmeros gestos de amor do Santo Padre em favor da humanidade. Sonhar jamais foi proibido. O livro se constitui, por assim dizer: Voz dos que não têm voz, onde somos convidados a caminhar na direção do grande sonho de Santo Agostinho, na busca e visão antecipada da cidade celestial: “Dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”. Aguarde-o!

* Geovani Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia.
Fonte: O Povo, de 22/2/2015. Espiritualidade. p.11.
 

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