Por princípio, a capa de um livro deve manter uma conexão estreita com o conteúdo da obra, além de atrair o leitor de tal que o leva a segurar e folhear o material, estimulando a sua curiosidade e também a vontade de ler, o que está escrito, o que significa, quando aplicável a lógica de mercado, incitar a propensão para a aquisição, expressa na disponibilidade a pagar, deslocando o “vil metal” do consumidor para o circuito da produção e da comercialização do livro.
Em 1982, ainda na condição de um jovem médico, em início da profissão, publicamos o nosso primeiro livro, e, desde então, tivemos o devido zelo com a elaboração da capa de nossa produção intelectual, sob o formato de livros.
Algumas das obras em que figuramos como autor foram editadas por entidades públicas, como o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer, não nos franqueando qualquer interferência no projeto da capa das mesmas, cabendo a essas instituições assumir o projeto editorial, usualmente atentando mais para um padrão burocrático oficial, tendo em vista a distribuição gratuita dos exemplares ao seu público-alvo.
Diferentemente, no contexto comercial, onde imperam as leis de mercado, há uma acirrada competição entre os produtores, que, primeiramente, precisam vencer a inércia para converter os cidadãos em consumidores de livros e, em seguida, atraí-los especificamente para adquirir os itens constantes no catálogo de sua empresa. Para isso, a capa desempenha um papel de extrema relevância, sendo um bom determinante para a compra do livro, e concorrendo, ainda, para a sua maior vendagem.
Nesse sentido, nossos dois títulos lançados pela editora Revinter seguiram um padrão de arte moderna, combinando traços e formas com tonalidades em “degradée”, enfeixando um belo arranjo final, conformando capas extremamente atraentes para o leitor em potencial. Do mesmo modo, quatro dos cinco livros publicados pela editora Atheneu, por pleito nosso, contemplaram telas de pintores famosos, como peça principal da composição, o que, pela escolha, já estaria a antecipar a garantia de belo resultado final.
As nossas publicações feitas aqui, por diferentes editoras ou gráficas cearenses, bancadas por recursos próprios e/ou subsidiados por instituições locais, bem como as aquinhoadas com prêmios científicos, mereceram um cuidado especial de nossa parte, aportando idéias e agregando elementos para que os arte finalistas concebessem o “design” mais apropriado das capas, transmutando-as, em alguns casos, em singelas obras de arte.
Há um elenco razoável de obras inserido em nosso currículo na Plataforma Lattes do CNPq, onde domina a produção bibliográfica técnica e científica, tendo-se, em várias delas, perseguido o propósito de orná-las com a arte pictográfica, revestindo de embelezamento o que de pronto se exterioriza de um livro; delas, apesar de algumas não contarem com o concurso de grandes mestres da pintura universal, várias albergam distintos perfis de beleza e criatividade.
Ao contrário do que diz a sabedoria popular, de que “quem vê cara, não vê coração”, em se tratando de um livro, manda a experiência autoral que tudo se faça para que, “aquele que olhar a capa, seja levado a conhecer também e, principalmente, o seu conteúdo”.
Neste blog serão apresentadas, de início, as capas de nossos livros que não tomaram, por empréstimo, o concurso de notáveis pintores, cabendo, pois, os méritos aos arte finalistas, sob a ação enzimática do autor.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
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