Trinta anos depois da fundação da Faculdade de Medicina do
Ceará, inaugurada em 12/05/1948, organizou-se uma nova instituição médica local
- a Academia Cearense de Medicina (ACM), criada com o propósito maior de zelar
pela História da Medicina no Ceará.
A ACM foi constituída por 26 sócios fundadores, escolhidos
dentre médicos renomados e de méritos reconhecidos, para ocuparem as cadeiras,
cujos patronos eram médicos falecidos, com valiosas contribuições à Medicina do
Ceará.
Instalada em 12/05/1978, no Jubileu de Pérola da Faculdade de
Medicina do Ceará, a ACM empossou, na ocasião, os seus fundadores e primeiros
ocupantes das cadeiras.
Os primeiros ocupantes de cadeiras, assim como seus respectivos
patronos, eram todos homens, configurando um fato aparentemente inusitado. A
ausência de mulheres acadêmicas guardava consonância com a hegemonia masculina
dos médicos daquela época e com o dispositivo estatutário que requeria 25 anos
de formado para a admissão na ACM.
Embora a primeira turma formada no Ceará, a de 1953, fosse
constituída por duas mulheres e apenas um homem, em maio de 1978 não havia
médicas com o tempo mínimo de formatura para admissão, tanto de egressas da Universidade
Federal do Ceará (UFC) como de outras faculdades de fora, porquanto era difícil
uma jovem sair para cursar Medicina fora daqui.
A primeira mulher admitida na ACM foi a Acad. Glaura Ferrer
Martins, que tomou posse em 15/09/89; a segunda foi Maria Gonzaga Pinheiro, empossada
em 12/05/95 (falecida em 6/01/10), e a terceira, Maria (Helena) da Silva
Pitombeira, admitida em 14/05/99.
Na primeira década do atual milênio, outras três médicas foram
empossadas nessa arcádia: Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque (24/11/05), Adriana
Costa e Forti (13/05/05) e Lise Mary Alves de Lima (20/01/07).
Na última década, a ACM viu enriquecer o seu quadro feminino com
a chegada de cinco novas acadêmicas: Maria Zélia Petrola Jorge Bezerra
(18/11/11), Ana Margarida Arruda Rosemberg (14/11/14), Márcia Alcântara
(29/04/16), Maria dos Prazeres Ferreira Rabelo (13/09/19) e Sara Lúcia Ferreira
Cavalcante (25/10/19).
Ao todo, 11 mulheres foram eleitas e empossadas na ACM, das
quais dez seguem vivas entre nós e dessas, duas passaram recentemente para o
quadro de membros honoráveis. As atuais oito confreiras abrilhantam o silogeu
médico cearense com suas presenças, conferindo um toque muito especial oriundo
dos bons atributos femininos.
Com exceção de duas inuptas, quase todas as nossas confreiras,
como filhas de Eva, experimentaram o sacrossanto postulado bíblico de gerar
filhos entre dores do parto, mas não ficaram dissociadas da obrigação adâmica
apregoada no Gênesis, porquanto comeram o pão com o suor dos seus rostos, nelas
aliando as funções sócio-expressivas e provedoras.
A Acad. Glaura Ferrer,
cardiologista e professora da UFC, gerou Luiz (advogado), Roberto (bacharel em
Direito) e Fernando (marchand /
antiquário).
A Acad. Helena Pitombeira, hematologista e professora da UFC, é mãe da Maria Helena (infectologista).
A Acad. Lúcia Alcântara,
médica radioterapeuta, foi contemplada com dois filhos engenheiros: Ciro
(engenheiro civil) e Carlos (engenheiro aeronáutico).
A Acad. Adriana Costa e
Forti, endocrinologista e professora da UFC, trouxe ao mundo o Cássio
(administrador e economista) e o Márcio (administrador e advogado).
A Acad. Zélia Petrola
foi aquinhoada por três filhos vocacionados para a Medicina: Rachel, (patologista
clínica/hematologista), João Evangelista Neto (oncologista) e Paulo (cirurgião
torácico).
A Acad. Ana Margarida Rosemberg é mãe de Jana
(pedagoga e fotógrafa profissional), Daniel (médico com especialização em
patologia e em radiologia) e Liana (psicóloga).
A Acad. Márcia Alcântara
teve os filhos Marcelo (pneumologista),
Vanessa (jornalista) e Alexandre (médico de família).
A Acad. Maria dos
Prazeres Rabelo, pediatra e endocrinologista pediátrica, deu à luz às
filhas Helena (fonoaudióloga) e Cristina (reumatologista) e ao filho Paulo (advogado).
A Acad. Sara Cavalcante,
anestesiologista e professora da UFC, foi brindada com três filhos: Raquel (otorrinolaringologista),
Deborah (Juíza de Direito) e Aníbal (professor universitário).
Ao todo, nove confreiras procriaram 23 rebentos que se
distribuíram em diversificadas profissões, comportando salientar que nove deles
se tornaram médicos, abraçando a arte hipocrática, seguindo o exemplo de suas
genitoras que sempre souberam exercer bem a profissão, sem se descurar dos
compromissos inerentes à maternidade.
Hoje, com todos os filhos criados e profissionalmente
encaminhados, elas são mães duplamente, como mães dos filhos de seus filhos, cultivando
a arte de serem avós, zelando por uma herança recebida que, segundo Raquel de
Queiroz, “se ganha sem merecer. Sem ter feito
nada para isso, de repente lhe caem do céu...” e ainda encontram tempo
para devotar ao salutar convívio fraternal na ACM.
Feliz Dia das Mães,
caríssimas confreiras!
Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina – Cad. 18
*Publicado In: Jornal do médico digital, 2(14): 56-59, maio de
2021. (Revista Médica Independente do Ceará).