sexta-feira, 31 de maio de 2024

FOLCLORE POLÍTICO CXXXVI: Porandubas 805

Abro com hilária historinha contada pelo formidável jornalista e historiador Sebastião Nery em seu livro sobre Folclore Político (Geração Editorial).

José Maria Alkmin (este escriba lembra que foi uma das maiores raposas políticas de nossa história), advogou para um cliente em um caso de um crime bárbaro. No júri, conseguiu oito anos para o réu. Recorreu. Novo júri, pena de 30 anos. O réu ficou desesperado:

- A culpa foi do senhor, dr. Alkmin. Eu pedi para não recorrer. Agora vou passar 30 anos na cadeia.

- Calma, meu filho, não é bem assim. Nada é como a gente pensa da primeira vez. Primeiro, não são 30, são 15. Se você se comportar bem, cumpre só 15. Depois, esses 15 são feitos de dias e noites. Quando a gente está dormindo tanto faz estar solto como preso. Então, não são 15 anos, são 7 e meio. E, por último, meu filho, você não vai cumprir esses 7 anos e meio de uma vez só. Veja bem: vai ser dia a dia, dia a dia. Suavemente.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/385357/porandubas-n-805


quinta-feira, 30 de maio de 2024

BONECAS, TANTAS PARA VER E BRINCAR

Por Célia Perdigão (*)

Ali, nas cercanias do Campus do Pici, ao invés dos Zepelins do tempo da segunda guerra mundial, aterrissaram dezenas de bonecas. Juntas, constituíram um museu comunitário, chancelado pelas instituições oficiais. E o que ele nos apresenta?

Lá na rua Deputado Joel Marques, uma singela e florida fachada nos convida a entrar. De pronto, a sala do fazer, toda adornada com estampados tecidos multicor, aviamentos e uma máquina de costura daquelas de suscitar doces lembranças. Várias bonecas de tamanhos variados, suspensas, nos cumprimentam. Como são belas!

No cômodo a seguir, duas outras personagens mostram, em um painel, a importante missão do museu. Na lateral, uma integrante de grande impacto. Sem os sentidos regulares, sua fisionomia nos incita a múltiplas reflexões. E se...

Em sequência, o grande salão. Isoladas ou agrupadas por alguma similaridade, lá estão quilombolas, brancas, originárias, pretas, portadoras de deficiência física e até estrangeiras.

Lampião e Maria Bonita, palhaços, Emília e ciganas marcam presença.

Entre os mamulengos e dedoches, alguns despertam especial atenção. A vovozinha, o lobo mau e a Chapeuzinho Vermelho integram uma única peça. Só questão de movimento. A menina que nasce de uma flor na mesma toada. Delicadeza de metamorfose.

Outros há que ocupam o pódio. A Metanki mágica, eslava, que protege as famílias e quando se desmancha atende pedidos. Duas Abayomi, pretas, sem linha nem agulha. Acredite, apenas nós. A turma do meio ambiente com os entes da floresta. Presença essencial nos tempos que sobrevivemos. Para concluir, a turma do Bumba meu Boi com estandarte e tudo. Muita cor, brilho e beleza. Estão dançando de verdade?

Agora a sala das oficinas e brincadeiras. Uma gigante vovó nos aguarda com dois baús cheios de surpresas. Quantas possibilidades! Tudo sob o olhar atento de peças de famosos escritores e até uma pequena boneca compenetrada em sua gravidez.

Valeu, Professora Liduína. Seu sonho solitário é um motor possante, gerador de magia, sonhos, memórias e belezas. Avante....

(*) Arquiteta. Especialista em história e conservação de monumentos antigos na França.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/05/24. Opinião, p.18.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

SEM LUZ NO FIM DO TÚNEL?

Por Luiz Eduardo Girão (*)

Enquanto cabeças literalmente rolam nos corredores dos hospitais e facções desfilam armadas "até os dentes" diante da covardia de parlamentares aliados ao governo petista cearense, nos "iluminados" corredores da Assembleia Legislativa, deputados que deveriam confrontar a Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia do Estado, voltam as costas para a população e tentam descaradamente patrocínios milionários, "justamente" de quem eles deveriam investigar. Conflito de interesse mais flagrante eu nuca vi.

A ENEL carrega o obscuro título de campeã em reclamações, que vão desde a falta de energia até cobranças irregulares e, por isso, já foi multada 11 vezes, totalizando a exorbitante quantia de 85 milhões de reais. Eu mesmo já trouxe o Senado Federal até Fortaleza há dois anos, para debater com meus conterrâneos sobre esse descaso da Enel.

Agora o mais grave, depois de tantas crises, finalmente foi instalada uma CPI na Assembleia Legislativa. No entanto, o presidente da Comissão, deputado Fernando Santana, figura como intermediador junto a Enel de uma doação de 1 milhão de reais ao município de Barbalha, com o objetivo de financiar uma festa junina.

Em um outro extremo, vemos a escalada descontrolada da violência na "Terra da Luz". E não falo de furtos e roubos que ocorrem aos milhares enquanto a população fica acuada. Falo da matança impune que faz escorrer sangue das vítimas pelas ruas sombrias de Fortaleza, a 2ª cidade mais violenta do Brasil e a 9ª com mais assassinatos do mundo (Fontes: Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal e World Índex).

O crime de morte, antes justificado pelo fato das pessoas assassinadas estarem ligadas às facções criminosas que tomaram o Ceará pela fraqueza da oligarquia política do PT e PDT, agora é cometido por pessoas tidas como comuns e até em hospitais. Foi o que o fortalezense assistiu atônito, no mês passado, nas dependências do maior hospital de emergência do Ceará.

Enquanto isso, descansa na gaveta do presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão, a CPI do crime organizado. Nesse caso, Evandro justifica a sua omissão por temer a ação das facções contra ele e a sua família. Só espero que, semelhantemente ao seu aliado que se socorreu financeiramente com quem deveria investigar, o presidente da Assembleia não busque associação eleitoral com o crime que deveria ser enfrentado.

(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/05/24. Opinião, p.19.

terça-feira, 28 de maio de 2024

ANTISSEMITISMO NO VESTIBULAR DA UECE

Por Maximiliano Ponte (*)

Não é no século passado. O ano é 2024. Na entrada de universidades de diferentes cantos do mundo observam-se ofensas contra os judeus, explícitas ou veladas, gritadas ou escritas. Na entrada de universidades americanas estudantes e professores judeus são perseguidos e hostilizados. No vestibular (meio de entrada) da Universidade Estadual do Ceará, candidatos são submetidos à propaganda antissemita. Três questões da prova, tomadas em conjunto, apresentaram aos jovens a clássica narrativa antissemita, em três atos.

1º Ato: Deslegitimização. A questão 27 aborda o êxodo do Egito. Em seu enunciado afirma que Moysés guiou o povo do Egito para "Palestina". Ocorre que a época a região era chamada de Canaã. O nome Palestina só foi adotado após a conquista romana, já no século I. Nomear de "Palestina" a Canãa bíblica, onde atualmente está o Estado de Israel, é deslegitimizar a ligação espiritual, histórica e identitária do povo judeu a sua terra ancestral.

2º Ato: Desumanização. A questão 29 tratava do tema das guerras e em particular da 2ª guerra mundial. A reposta correta, conforme o gabarito divulgado era que o extermínio de judeus, que ficou conhecido como holocausto, foi uma medida antieconômica, pois os nazistas perderam a oportunidade de utilizar a sua mão de obra escrava. Aqui se coisifica os milhares de judeus e não judeus mortos pela máquina nazista, e os desumaniza.

3º Ato: Demonização. Para acertar a questão 35, o candidato deveria definir sionismo, movimento de busca do retorno do povo judeu para sua terra ancestral, como meramente um movimento expansionista e colonialista israelense. Destaca-se que o enunciado abordava a guerra atual com o grupo terrorista Hamas, mas obviamente não citava a invasão do território israelense, nem o assassinato de mais de mil civis, muito menos o sequestro de mais de 100 pessoas, incluindo um bebê!

Desta forma, na prova apresenta-se a velha narrativa antissemita que deslegitima o direito do povo judeu ao retorno a sua terra ancestral, desumunamiza seu sofrimento e demoniza suas ações. Da universidade não espero anulação de questões, mas sim, desculpas públicas e ações no sentido de punir os responsáveis por produzir e autorizar a utilização de questões claramente antissemitas. Afinal, não podemos esquecer: antissemitismo é crime!

(*) Judeu. Médico psiquiatra.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/05/2024. Opinião. p.18.

CAMINHOS DO CEARÁ: mestre Tarcísio faz a renovação dia 1º de maio

Por Izabel Gurgel (*)

Vai ter festa em Juazeiro do Norte. O Reisado São Miguel Arcanjo faz aniversário nos últimos dias de abril. Há poucos anos, o Sagrado Coração de Jesus foi entronizado na sede do grupo, no bairro João Cabral e, a cada primeiro de maio, renova-se o ato de entrega do lugar e o que nele vive a quem ali reina.

A prática de elevar ao trono o Sagrado Coração se fez tão parte do Cariri cearense como as águas das fontes da cheia de poros Chapada do Araripe. Das forças da natureza ali manifesta, a Chapada reina no desenho da paisagem. E nos olha. Ela filtra a chuva que, nascida do chão, cai das nuvens.

Conta-se a devoção ao Sagrado Coração surgindo a partir da mística Margarida Maria Alacoque, que viveu na Europa entre 1647-1690. Como a juazeirense Maria de Araújo, a beata cujo milagre da hóstia transformada em sangue é um marco na invenção da cidade, Alacoque tinha visões. O Sagrado encarnado, manifestando-se no trono possível do humano, o próprio corpo.

A Igreja Católica a reconhece como Santa (a nascida na França, não a sertaneja). E no século 19 institui o culto ao Sagrado Coração como um modo de expansão do catolicismo ortodoxo. Juazeiro, que tem um evangelho próprio, segundo a Nação Romeira, fez chover bonito na orientação oficial. Tem gosto de fartura, que só tem graça com partilha, a celebração de entronizar e renovar. "Eu vim para que todos tenham vida", diz Jesus na Bíblia.

Que todos tenham vida em abundância acende o menino brincante em Tarcísio Mendes da Silva, 56 anos. Neto e filho de carpinteiro, ele começou criança no Reisado São Sebastião no bairro Romeirão, onde a família de Santa Helena, na Paraíba, passou a morar.

O avô havia vindo antes, por devoção ao Padrinho, Padre Cícero. O pai veio para trabalhar como pedreiro nas obras da Matriz e do mercado, incendiado em 1974. "Meu pais sempre fizeram a reza dos Santos", diz Tarcísio, sobre a Renovação na casa de Maria e Miguel José, a cada 27 de setembro, dia de Cosme e Damião.

Mestre Tarcísio homenageia também seu pai ao batizar o reisado. Auto do ciclo natalino, o reisado louva o Deus Menino que acaba de nascer. A Folia de Reis, a cada 6 de janeiro, é a festa da Epifania, a revelação. Os três Reis, que visitam o filho de Maria e José, vão expandir a boa nova.

Se você estiver em Juazeiro na data-marco da luta das gentes trabalhadoras por decente condição de vida, tome o rumo da rua Odilio Figueiredo, 601. A Renovação na casa-terreiro São Miguel é das mais bonitas. Nunca vi. O rezador é Francisco. O reisado brinca. Come-se, bebe-se. O professor Renato Dantas já viu com Banda Cabaçal abrindo a noite. E me fala sobre. Escuto e bebo na fonte encantada que se revela quando vejo Mestre Tarcísio dançar.

O Reisado São Miguel revelou o menino que nasceu para ser grande. Digo para o Mestre Tarcísio que, dançando, ele parece três vezes maior, uma força da natureza. Ele ri: "me dizem isso". "Quando a gente se traja, já se transforma. Não é mais Tarcísio... Um guia de Deus vem para ajudar a gente".

Outro dia, eu o vi "botar" o Jaraguá. Eu o vi sair de cena, retirar o manto e a coroa de Rei, o peitoral e a espada. E ajustar o cordão da engrenagem que faz o bicho de bico longo brincar de caçar cutucar morder quem está ao redor. Vestiu a coberta da cabeça aos pés, tornando-se um corpo fluido, a bem dizer água. Voltou à cena traquino, dobrando-se sobre si, raspando no chão o bico no alto da cabeça, mais solto do que os cachos de fitas no figurino dos brincantes. Imaginei o faiscar dos olhos do seu mestre de reisado, Sebastião Cosmo (1940-2010). As reinações de um Mestre nos fazem nascer de novo.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/04/24. Vida & Arte, p.2.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

JUSTIÇA SEJA FEITA

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Diz um adágio popular: "Pau que nasce torto morre torto." Talvez o dito seja válido para a rígida madeira, não para seres humanos, pois estes podem e devem ser flexíveis. Algumas infrações levam a prisões, e a Lei de Execução Penal reza em seu artigo 10: "A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade." E outras normas legais preconizam orientações semelhantes.

Muitos magistrados de execução penal, em outros estados, se restringem a julgar. No Ceará é diferente. O nosso Poder Judiciário criou projetos voltados a quem cumpre pena fora das unidades prisionais (monitoradas ou que estão em regime aberto) e aos egressos. Assim, os togados da área penal preocupam-se também com o convívio do novo ser humano em um novo ambiente.

Muitos discordam da ação social em prol dos apenados. Alguns chegam a afirmar: "Bandido bom é bandido morto". Mas nem todos os presos são bandidos, no Brasil não há pena de morte e existem variados tipos de crimes e de pessoas. E ainda: não podemos deixar de levar em conta a lamentável estatística divulgada pelo O POVO, quando noticiou que 34,8% dos lares de Fortaleza auferem renda familiar mensal de até R$ 325,50.

Um rapaz saiu de um presídio cearense com monitoramento eletrônico e, após ser inserido nos projetos "Aprendizes da Liberdade" e "Justiça de Portas Abertas", foi contratado por um órgão público, ingressou no ensino superior e hoje cuida da irmã mais nova. Uma senhora traficou e, depois, já liberada da cadeia e monitorada, foi encaminhada aos projetos "Um Novo Tempo" e "Justiça de Portas Abertas". Aprendeu a fazer bolos e salgados, o que lhe permitiu a abertura de um negócio. Concluiu os ensinos fundamental e médio; hoje cursa Enfermagem e expandiu sua empresa quando passou a realizar decoração de festas infantis. Um programa com esses objetivos é outro grande feito dos cearenses, que, mais uma vez, se destacam no cenário nacional. Justiça seja feita. Não nos causa surpresa o Estado com uma exemplar educação possuir um exemplar Judiciário.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/04/24. Opinião, p.20.

SEM ESTAÇÃO À ESPERA DE TREM

Por Saraiva Junior (*)

A instalação da Rede Ferroviária Cearense em Senador Pompeu (a 265 km de Fortaleza) no ano de 1900 é um marco na história da cidade. O trem chegou para impulsionar o desenvolvimento da região, realizando o transporte de algodão, milho, feijão, cera de carnaúba, gado e peles de animais do sertão para Fortaleza. Além disso, o trem de passageiros facilitou o deslocamento das pessoas entre as cidades do estado do Ceará.

No comboio, vieram bancos financeiros, fábricas de descaroçamento de algodão, escolas, hotéis e um hospital. Houve o aumento do número de empregos e uma evidente melhoria na qualidade do ensino nos colégios Cristo Redentor e Nossa Senhora das Dores. Tais instituições atraíram famílias dos arredores para a cidade. Esse foi o período áureo de Senador Pompeu.

Com a chegada da praga do "bicudo", inseto que se propagava rapidamente pelas plantações e destruía a flor do algodão, deu-se o início da decadência de Senador Pompeu. O avanço da tecnologia do plástico e o investimento do governo nas estradas asfaltadas, beneficiando a indústria automobilística, de certa forma interrompeu o ciclo de desenvolvimento econômico da cidade.

Para muitos, o projeto da nova ferrovia denominada Transnordestina — com o objetivo de conectar o Porto do Pecém (Ceará) à cidade de Eliseu Martins (Piauí) e ao Porto de Suape (Pernambuco) — traria o acalentado retorno do progresso de Senador Pompeu. Uma vez que o município seria contemplado com um Porto Seco. Vale salientar que, atualmente, o município já não exporta algodão, cera de carnaúba, milho e feijão. Pela Transnordestina, chegariam grãos, fertilizantes, cimento, minério e combustíveis.

Senador Pompeu vai exportar apenas sapatos das empresas que vieram do Sul do país, devido aos incentivos fiscais e apoiadas na mão de obra barata de nossos operários. Aquele que imagina tomar o trem na estação de Senador Pompeu está enganado, pois o projeto não prevê trem de passageiros, nem sequer uma estação.

Talvez o real trem que um dia encaminhará novamente Senador Pompeu pelos trilhos do desenvolvimento seja o da educação, através da implementação de uma universidade pública.

(*) Escritor e ex-conselheiro do Conselho de Leitores de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/03/24. Opinião. p.14.


domingo, 26 de maio de 2024

VIVENDO A ALEGRIA DO TEMPO PASCAL

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

O Tempo Pascal é o tempo da alegria, da esperança, da fé e do amor, pois nele se comemora o triunfo de Cristo sobre as forças do mal e se anuncia a sua presença viva e atuante na Igreja e no mundo. É também o tempo da missão, pois os cristãos são chamados a testemunhar, com as suas palavras e obras, a ressurreição de Cristo e o seu projeto de salvação para toda a humanidade.

O Tempo Pascal se estende por 50 dias, até o Domingo de Pentecostes. É o tempo mais longo do ano litúrgico, pois representa a plenitude da Páscoa de Cristo. Dentro desse Tempo está a Oitava da Páscoa, que é a semana que segue o Domingo de Páscoa, na qual se prolonga a celebração da ressurreição com a leitura dos relatos evangélicos das aparições de Cristo aos seus discípulos. Nesta semana canta-se o Glória todos os dias.

O símbolo de maior destaque é o Círio Pascal, que representa a luz de Cristo, que ilumina todas as trevas. O branco é a cor litúrgica usada nas vestes e nos paramentos em todo o Tempo Pascal e simboliza a pureza, a alegria, a glória e a vitória de Cristo ressuscitado. Nos domingos deste período, a primeira leitura virá do livro dos Atos dos Apóstolos, que narra os acontecimentos da Igreja em seus primórdios.

Algumas festas e Domingos que iluminam o sentido da ressurreição de Cristo e da sua obra redentora, neste Tempo, são:

O Domingo da Ressurreição, ou Domingo de Páscoa, que é o dia mais importante do ano litúrgico, pois celebra a ressurreição de Cristo.

O Domingo da Divina Misericórdia, o segundo domingo da Páscoa, instituído pelo papa João Paulo II, que convida os fiéis a contemplar o amor misericordioso de Deus manifestado em Cristo ressuscitado.

O Domingo do Bom Pastor, o quarto domingo da Páscoa, no qual é proclamado o Evangelho de João, que apresenta Cristo como o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.

A Ascensão do Senhor, que é a festa que celebra a subida de Cristo ao céu, 40 dias após a sua ressurreição.

O Domingo de Pentecostes é a festa que encerra o Tempo Pascal. Celebra-se a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e a Igreja, que os encheu de dons e carismas para anunciar o Evangelho às nações.

Que o Tempo Pascal seja para nós um tempo de bênção e de paz e que nos ajude a ser corajosos discípulos missionários de Cristo ressuscitado!

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 20/04/2024. Opinião. p.16.

Expressões em latim que todos deveriam saber IV

6. Nota bene (N.b.)

Às vezes você pode encontrar N.b. como uma nota de rodapé, da mesma forma que você faria P.S. Mas como essas duas abreviações diferem em uso e significado? Bastante, ao que parece, ao contrário do pós-escrito, N.b. NÃO é uma reflexão tardia ou uma observação sobre um assunto totalmente não relacionado. Na verdade, é o oposto - a informação escrita após N.b. é muito importante em uma mensagem ou texto, e é exatamente por isso que é mencionada separadamente. Por exemplo, você pode escrever “N.b. Esta substância é altamente inflamável, portanto, mantenha-a longe do sol.” Quanto à etimologia, N. b. significa Nota bene, que pode ser traduzido como “note bem”. Em essência, quando você vê N.b. como nota lateral ou nota de rodapé, significa "preste atenção!"

7. Et alia (et al.)

Em um artigo anterior intitulado 15 frases latinas que usamos até hoje sem perceber, nós falamos sobre et cetera, mais conhecido como etc., que é uma forma de denotar que a lista de coisas mencionadas em uma frase não é exaustiva, como em "Vegetais crucíferos como repolho, brócolis, couve, etc., aumentaram em popularidade recentemente devido às suas propriedades aparentes de combate ao câncer."

Entretanto, há uma expressão em latim que é muito semelhante a et cetera, mas só pode ser usada para listar pessoas. Esta frase é et alia, mas praticamente usamos apenas sua abreviatura - et al.

Et al. sempre se refere a pessoas, e o lugar mais comum em que você verá essa abreviatura é em textos que citam trabalhos acadêmicos, por ex. “A teoria psicodinâmica (Sigmund Freud et al.) afirma que essas defesas são uma forma de nos distanciarmos do reconhecimento de pensamentos, sentimentos e comportamentos desagradáveis ao longo de nossas vidas.” Em vez de escrever “Sigmund Freud e outros”, o autor usou “Sigmund Freud et al.”

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


MADALENA E A RESSURREIÇÃO

Por Dom Gregório Ben Lâmed Paixão (*)

A palavra Páscoa tem sua origem na língua hebraica (Pessach), que significa passagem. Ela recorda a proeza do Eterno, ao libertar os hebreus da escravidão imposta pelo império egípcio, dando ao povo a alegria de caminhar para uma terra que lhe fora prometida, livres de toda opressão.

Para os cristãos a Páscoa tem o mesmo nome da Pessach judaica, mas com significado novo: refere-se à ressurreição de Jesus Cristo, celebrada como memorial de salvação e de passagem da morte para a vida, superando o sofrimento imposto por aqueles que usaram (e usam) o poder para oprimir, explorar, entristecer e matar.

Dentre os seguidores de Jesus, uma mulher se destaca no dia da ressurreição do Mestre: seu nome é Maria Madalena. Conhecida por sua vida péssima, Madalena carregava a força de sete demônios, segundo a afirmação do Evangelho narrado por Lucas (Lc 8,2). Sua existência era desumana e suas atitudes eram diabólicas.

Ela, então, se encontrou com Jesus. Ele resgatou sua alma dilacerada e entristecida, perdoando os seus pecados e o seu passado, abençoando o seu presente e abrindo as portas para a sua vida futura, que se tornou exemplar. A partir daí, Madalena não mais viveu pelos sentidos, mas deu sentido à sua vida.

Entretanto, a experiência da crucifixão de Jesus foi traumatizante para Madalena. Seu Rabuni (Mestre) foi morto, restando apenas a dor de uma separação traumatizante.

Uma pedra fechava o túmulo onde ele estava. Outra pedra esmagara o coração da discípula. Mas a pedra foi removida; o desespero e as lágrimas foram substituídos pela esperança de rever Jesus, redivivo.

Caberá a ela avisar aos discípulos a boa nova da ressurreição, tornando-a apóstola dos apóstolos do Senhor; anunciadora primeira da alegria pascal.

Maria Madalena nos deu a conhecer a redenção dos que experimentam o poder regenerativo da misericórdia. Discípula fiel, seu coração foi alcançado pela graça e pelo perdão divinos.

Ela deixou de procurar sua realização no túmulo de suas ilusões, afetos desordenados e ressentimentos, recomeçando a partir do Mestre e manifestando ao mundo a vitória pascal.

Desse modo, Maria renasceu pela força do amor que supera o mal e cria relações de fraternidade a partir da fé, esperança e caridade regeneradoras de vidas.

(*) Monge beneditino. Arcebispo metropolitano de Fortaleza.

Fonte: O Povo, de 14/04/2024. Opinião. p.18.

sábado, 25 de maio de 2024

QUEM DIRIA!

Por Rev. Munguba Jr. (*)

O sonho de toda empresa é ser reconhecida nacional e internacionalmente, ter relevância nesse mundo globalizado. Antigamente, bastava ter a matriz em São Paulo para ser proeminente em todo território nacional. Mas hoje, em um mundo sem fronteiras, onde podemos influenciar e sermos influenciados por pessoas e empresas de qualquer lugar, as coisas mudaram muito.

O comércio varejista está passando por uma metamorfose. A nossa feira da rua José Avelino ou, até mesmo, o Centro Fashion, estão obsoletos. As grandes empresas que atuam pela internet, têm aniquilado muitos comerciantes que perderam o trem da história.

Nos últimos dias, conseguimos uma façanha como brasileiros, figuramos no topo do antigo Twitter, agora X. Aparecemos não como líderes no abastecimento mundial, nem como reserva de água, muito menos como matéria prima para medicamentos ou como o pulmão da humanidade, mas como uma democracia em apuros.

Somos, por vocação, um país livre, no entanto, quando perdemos a simplicidade de examinarmos com clareza os postulados que estão nos acusando e, superficialmente buscamos desculpas no tecnicismo pueril, estamos perdendo a rica oportunidade de nos avaliarmos através de outros olhos, irmãos que moram em outras democracias, que sim, podem questionar a conjuntura que produzimos.

Não é vergonhoso pensar, questionar, refazer ou retornar. Vergonha é permanecer no erro, é não ter coragem para mudar.

O Brasil é lindo demais, é forte e tem dado uma grande contribuição as nações civilizadas, contudo, não podemos renunciar às liberdades fundamentais garantidas em nossa Carta Magna.

Não é tempo para revanchismo, partidarismo e negacionismo. Garantir que todos possam falar livremente, assumindo as responsabilidades que já estão dispostas em nosso arcabouço legal, é imprescindível.

A seguinte frase é atribuída a Voltaire: "Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo".

Como cristãos, temos sofrido ataques e blasfêmias de tal monta que chegamos a duvidar ser possível com outros grupos religiosos, como o islamismo, por exemplo. Mesmo discordando do conteúdo e da forma, temos a justiça para dirimir as divergências. Jamais pediremos o cerceamento da liberdade de expressão de qualquer opositor.

Quem diria que um dia leríamos informações tão fortes e contundentes advindas da outra américa no X. Quem diria!

(*) Pastor Munguba Jr. Embaixador Cristão da Oração da Madrugada e Erradicação da Pobreza no Brasil e presidente da Igreja Batista Seven Church.

Fonte: O Povo, 13/04/2024. Opinião. p.16.


A VERDADEIRA RESSURREIÇÃO

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

A ressurreição de Jesus não é apenas um evento do passado, mas uma realidade viva que continua a transformar nossas vidas. Somos convidados a viver como pessoas ressuscitadas em Cristo, testemunhando ao mundo o poder transformador da ressurreição de Jesus.

Jesus, após a sua ressurreição, assume a missão de consolador. Em todas as narrativas da ressurreição, vemos Jesus consolando, animando e conduzindo seus discípulos. Podemos destacar quatro frutos da presença de Jesus ressuscitado na vida dos discípulos e em nossas vidas: paz, alegria, leveza e envio.

Viver a Pascoa é viver ressuscitado com Cristo. O que significa isso? Primeiramente, viver ressuscitado significa viver em vida nova. Assim como Jesus saiu do túmulo, deixemos para trás velhos modos de vida, hábitos destrutivos, escuridões e pecados. A Pascoa é transformação, é passagem do velho à novidade de Deus. Viver o novo de Deus. As coisas velhas já passaram. O que em ti está morto e precisa ressuscitar?

Deixa no sepulcro todo sinal de morte, escuridão ou desesperança. Viver ressuscitado significa viver em liberdade. A ressurreição de Jesus libertou-nos do poder do pecado e da morte. Não estamos mais escravizados pelo passado, pelo medo ou pela culpa. Somos livres para seguir Jesus e viver de acordo com os seus ensinamentos.

Viver plenamente, afinal foi para a liberdade que Cristo te libertou! Ressuscita teus sonhos, fé, força e ousadia! Viver ressuscitado significa viver em esperança. A ressurreição de Jesus nos lembra que, não importa o que aconteça, podemos confiar em seu poder para nos sustentar em todos os momentos. A eternidade de Jesus já vive em mim!

Aqui, já criamos eternidade na nossa capacidade de amar e sermos amados. O que salva é o amor. O que te tira a esperança? Qual a eternidade você hoje está semeando pra amanhã? Por fim, viver ressuscitado significa viver em comunhão com os outros. Que neste período da Páscoa e sempre, possamos verdadeiramente viver ressuscitados em Cristo, permitindo que sua ressurreição transforme cada aspecto de nossas vidas e nos capacite a viver como seus discípulos fiéis. 

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 6/04/2024. Opinião. p.18.


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Maio/2024

 A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de maio/2024, que será realizada HOJE (25/05/2024), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Crônica: “Distópico é meus ‘óvico’!” ... e outros causos

Distópico é meus ‘óvico’!

Essa mundiça, ah esse magote! Eita fulerage grande, essa ruma! Tem jeito não!

Bar dos Papudim, TV ligada em programa nacionalmente consagrado a entrevistas de ilustres. Eis que o escritor "de fala engrolada", sentado ao meio de muitos, bodeja sobre uma tal "distopia". O figurão esclarece solene que, em geral, nos romances distópicos, as pessoas vivem em uma realidade de muito sofrimento, baixa qualidade de vida, opressão, totalitarismo. "Porém, entendo equivocado considerar distópico um mundo só porque existe sofrimento, não necessariamente é assim", informa o inocente entrevistado.

E era distópico pra lá, distópico pra cá, distópico a granel... Até que Dedé de Cabo Justino, o mais professoral entre os colegas de cana dali, pergunta ao grupo que "cão do mêi dos infernos era a fulerage desse distópico". Silêncio absoluto entre eles - e a TV ligada no referido programa, a toda altura. "Hein, negada! Diabeisso? Putaria é essa de distópico? Mozart de Zulmira, o mais calado, se ergue enfim do tamborete e, com ar de quem estava cansado daquele papo, pede vênia e dispara trêfego:

- Distópico é meus óvico!

E se manda, mordendo uma taiada de limão.

O pão do isprito

Muito satisfeito com a volta por cima do amigo poeta da Vila União Jair Moraes. Isso sim é resiliência. Explico: Jair sofreu deveras com a súbita saída, de sua Banda Marmota, do mega-zabumbeiro Michael Jackson. "Uma perda semi-quase-irreparável", afirmou na ocasião do ocorrido. Mas, antes de tudo um fí duma égua, o ilustre "polimúsico" criado no beiço da Lagoa do Opaia encontrou outro tocador de zabumba, senão melhor, com potencial pra superar quem lhe antecedeu. É Lampião da Tia Laurinha.

Que, também compositor, adentra ao grupo que anima as Tapioqueiras nos finais de semana dando o melhor de si e de sol. Ele o autor de verso lapidar criado especialmente para uma música que fez, em parceria com Jair, para homenagear a Padaria Espiritual. Apreciem a beleza poética do zabumbeiro substituto:

"Eu chupei 40 manga

Comi um balai de ovo

Saí cantando na rua

Pisei em merda de cachorro"

Vida longa à tua cachorrinha Marreta, ao Lampião e ao povo todo de casa, Jair! Tu é único, macho véi!

O homem que papocou do papoco

Luiz de Totonho tinha a mercearia mais sortida no Serrote do Gusmão. 47 anos incompletos e o nobre comerciante há pouco "morreu de trevessa", quer dizer, do que não aconteceu de vera pra matar um, mas que determinou a causa mortis "bem morridas". Traduzindo: Luiz papocou duma coisa que não existiu em si, e que nem de longe passou raspando. Ou seja, ele bateu o catolé do susto daquilo lá.

Por outras, estava ele, por volta das 17 horas, nos preparativos pra cerrar as portas do estabelecimento, quando dois fregueses raivosos abrem discussão por motivo fútil e um deles, sacando a arma, dispara, no interior da bodega de Luiz de Totonho, acertando a esmo o telhado. Luiz, o saudoso Luiz que só obrava na madrugada com a luz do celular acesa, contava o dinheiro apurado do dia, tomando tão medonho susto que morreu de repente, deixando uma namorada.

Fonte: O POVO, de 5/04/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


quinta-feira, 23 de maio de 2024

MAIS RESPEITO, POR FAVOR

Por Carlos Viana (*)

Ao longo de quase duas décadas trabalhando com acessibilidade, tenho visto vários exemplos de desrespeito. Não só em relação às pessoas com deficiência, mas também com pessoas que dão duro para estudar e se capacitar para oferecer ao público com deficiência recursos de acessibilidade. No entanto, com o avanço das discussões sobre a necessidade de implementação de recursos de acessibilidade nas mais diversas áreas, e com os editais públicos exigindo que esses recursos estejam presentes, o desrespeito vem aumentando.

Dia desses, uma amiga intérprete, que também tem deficiência física, quase sofreu um acidente quando ia interpretar um evento. Após o incidente, um dos organizadores disse para outra pessoa que, na próxima vez, deveria saber quem era o intérprete para contratar alguém "que pudesse subir degrau sem cair". Porém, instantes depois, uma senhora que estava na plateia e não tinha deficiência, quase caiu no mesmo local.

O organizador do evento esqueceu que acessibilidade é feita para todos, e não apenas para quem tem deficiência. Se o local fosse acessível, não só a intérprete com deficiência física, mas qualquer outra pessoa, estaria livre de preocupações com o tal degrau. Em outro exemplo, outra amiga, também intérprete, explicou a necessidade de o evento contar com o mínimo de dois intérpretes. Por padrão, o intérprete de Libras precisa descansar após cerca de 20 minutos de trabalho. Ao saber disso, o organizador do evento, que já tinha achado elevado o valor cobrado pela profissional, agradeceu e disse que daria um jeito. O jeito dado não foi dos melhores. O evento até contou com intérprete, mas foi um que estudou Libras em um curso Tabajara.

Falando em dinheiro, esse é outro assunto polêmico. Toda vida que algum profissional cobra seu valor, geralmente definido por tabela, sempre aparece um gaiato pedindo para ser mais barato ou, pasmem, de graça. Ora, o profissional, seja ele intérprete ou audiodescritor, deu duro na vida, passando anos e anos estudando, se preparando para prestar o melhor serviço possível.

Portanto, vamos parar de tratar acessibilidade como algo insignificante, e dar mais valor aos profissionais e ao público com deficiência. Afinal de contas, inclusão não é um favor: é lei.

(*) Jornalista. Repórter do Núcleo de Opinião do jornal O POVO.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/04/24. Opinião, p.14.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

A RENOVAÇÃO DA SANTA CASA DE FORTALEZA II

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Olhando para o futuro, a Santa Casa de Fortaleza, dentre outros esforços, realizou um levantamento rigoroso de toda a sua situação econômico-financeira, com o apoio da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), construindo um plano econômico que pode demonstrar os espaços para a otimização de suas receitas e despesas.

As parcerias firmadas com várias instituições são um ponto positivo para que as ações sejam facilitadas, pois exigem muitas energias em um tempo exíguo, mas também representam um desafio que impele ainda mais todos os que acreditam e trabalham pela Santa Casa.

A par disto, e ainda com apoio da Fiec, a Santa Casa desenvolve os primeiros passos para o protocolo ESG, caminho natural, por ser uma instituição eminentemente social, preocupada com o ambiente, e vir aprimorando os fatores de governança, inclusive para a captação de recursos.

A partir de avaliações internas, outra iniciativa está em andamento, na forma de oficinas de trabalho, tendo como fase inicial o desafio da busca pela sustentabilidade no curto prazo, a fim de permitir, nas etapas seguintes, a adoção de ações de médio e longo prazos que reforcem essa sustentabilidade.

Essas oficinas já apontaram caminhos, cuja viabilidade se mostra mais factível. Um deles trata da revisão de todo o modelo de negócios e de marketing institucional, como forma de apoiar as ações em favor do incremento das doações, um dos esteios na captação de recursos.

Considerando o foco especial nos nossos pacientes e a margem que existe para ampliar os atendimentos, um segundo ponto se refere exatamente à melhoria na sua abordagem, resultando em melhorar o acesso, com a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos pela Santa Casa.

Não menos importante será o fortalecimento de um ambiente de confiança e colaboração entre a instituição e os médicos que aqui prestam serviços, visando melhorar a transparência nas operações e aumentar ainda mais o comprometimento desses profissionais com a instituição.

Salvando vidas desde 1861 e convivendo com as dificuldades das filantrópicas, a Santa Casa não esmorece no seu trabalho em prol da saúde daqueles que mais precisam de apoio.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/04/24. Opinião. p.16.

terça-feira, 21 de maio de 2024

ONDE HÁ FUMAÇA…

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Os ataques do bilionário Elon Musk ao ministro Alexandre de Moraes em sua rede X, ex-Twitter, têm mobilizado as atenções nacionais, gerando posições e interpretações diversas. Independentemente de sua motivação ideológica, o empresário não se manifesta apenas como arauto da liberdade de expressão e notório defensor de interesses da direita. Advoga, sobretudo, em favor de seus próprios negócios arquimilionários ao redor do mundo e do Brasil.

Embora possa não ser evidente para os que não são familiarizados com o tema, a concessão de internet para escolas brasileiras está no centro das insurgências verbais de Musk. Uma de suas empresas, a Starlink, é provedora de internet e tem contratos de alto valor no país. De olho no rico potencial de exploração desse lucrativo mercado, Musk viu suas expectativas de participação em programa federal frustradas.

Advertido por reportagem do jornal Estadão (out. 2023), o Ministério da Educação reviu sua posição anterior de limitar a participação a empresas com 50 megabits (mbps) por segundo de capacidade de exploração, em regiões sem fibra ótica, requisito que somente seria preenchido pela Starlink. Quando o jogo parecia ganho, o vasto território das escolas da Amazônia, lhe escapou por entre os dedos.

A radicalização dos pronunciamentos do megaempresário coincide com a recente apreensão de 24 antenas da Starlink pela Polícia Federal em terras yanomanis, em ação com o objetivo de coibir a exploração ilegal do garimpo nessas áreas. Coincide também com a frustração de interesses em relação à exploração de veículos elétricos, pois a Tesla, um dos mais bem sucedidos empreendimentos de Musk, também não conseguiu ainda furar o bloqueio para ingressar no mercado brasileiro.

É de se supor que esta coleção de frustrações se articule à posição política do megaempresário. Não é nada neutro ou inocente seu estardalhaço. Sinal de esperteza, ou não, cabe à sociedade brasileira monitorar interesses que possam contrariar a soberania nacional. Internet nas escolas é um deles. Se onde há fumaça, há fogo, é oportuno vigiar os passos desse cidadão em nossas paragens.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/04/24. Opinião. p.16.


segunda-feira, 20 de maio de 2024

CONVITE: Semeando Cultura da Sobrames-CE (Maio 2024)

 


 A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará (Sobrames-CE) convida para o SEMEANDO CULTURA, a realizar-se no dia 20/05/2024, às 19h, no Auditório da Associação Médica Cearense, na Av. Dom Luís, n° 300, sala 1.122 - Avenida Shopping & Office.

O palestrante do evento será o médico, cronista e membro da Sobrames-CE, Dr. Fernando Melo, que abordará o tema: “Médicos na Literatura - além da literatura médica”.

Contamos com a nobre participação dos colegas, amigos e familiares neste aprazível momento cultural.

Atenciosamente,

Dra.  Maria Sidneuma Melo Ventura

Presidente da Sobrames-CE

IME: berço da Engenharia, centro de excelência, patrimônio nacional

Por João Ferreira Galdino (*)

O Instituto Militar de Engenharia (IME) é legítimo herdeiro da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada em 1792. O pioneirismo e a contribuição para o desenvolvimento, a defesa e a soberania nacionais são marcantes na trajetória do IME. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Embratel, a Petrobras, a Eletrobras e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), dentre outras organizações e corporações essenciais ao desenvolvimento nacional, foram consolidadas ou concebidas com efetiva participação de egressos do IME.

Além das inúmeras ações em prol da indústria de Defesa e da geração de poder de combate do Exército Brasileiro, Imeanos participaram da realização de obras de infraestrutura nacionais, como hidrelétricas, pontes, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Participaram de projetos que evidenciam a aguçada criatividade nacional, como o Programa Proálcool e o Sistema PAL-M, voltado à implantação da TV em cores no Brasil, na década de 1970. O rol de contribuições é surpreendente.

Nesses 231 anos de existência, o IME mantém a tradição de oferecer um ensino de excepcional qualidade. Alguns resultados oficiais lastreiam essa assertiva, como os últimos indicadores do MEC, posicionando-o como a melhor escola de ensino superior em graduação do País, ou a sexta melhor, quando se inclui nessa avaliação a pós-graduação. Esse é um dos motivos de nosso concurso de admissão ser um dos mais difíceis do País.

Nesse mister, é importante mencionar que o Ceará vem se destacando nesses concursos. Nos últimos 10 anos, a média de inscritos no concurso é superior a 1.000 candidatos, dos quais, em média, cerca de 160 são aprovados e 32 conseguem ingressar no IME. O Ceará é um dos três estados da Federação com maior quantidade de aprovados em nossos concursos. Certamente, esse excepcional desempenho é uma consequência dos enormes avanços na educação do Estado, que vêm ocorrendo desde 2005, como sugerem os sucessivos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica.

Na palestra "Instituto Militar de Engenharia: Berço da Engenharia, Centro de Excelência, Patrimônio Nacional", a ser proferida em 24 de abril, na Assembleia Legislativa do Ceará, buscarei desvendar o segredo do sucesso de nossa Instituição e mostrarei que o IME é muito mais do que uma escola de engenharia. Lá são forjados líderes e cidadãos que exercem seus deveres com princípios éticos e valores morais.

(*) Comandante e reitor do Instituto Militar de Engenharia (IME). General de Divisão Engenheiro Militar.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/04/24. Opinião, p.23.

domingo, 19 de maio de 2024

POSSE DA XXIV DIRETORIA DA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA

 

Mesa diretora e acadêmicos na solenidade de posse da XXIV Diretoria da ACM em 17/05/24. (Foto cedida pelo Acad. Arruda Bastos).

A Academia Cearense de Medicina (ACM) realizou na noite de 17/05/2024, no Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), a sessão solene de posse de sua nova diretoria, para o biênio 2024-2026, que terá na sua Presidência o Acad. José Henrique Leal Cardoso, substituindo o Acad. Janedson Baima Bezerra.

Coube ao Acad. Janedson Bezerra dar posse e passar o colar presidencial ao presidente estreante, após o que o presidente recém-empossado nomeou e deu posse aos membros da nova Diretoria Executiva e do respectivo Conselho Fiscal.

O evento foi conduzido de forma exitosa pelo cerimonialista Acad. João Martins de Souza Torres, consoante protocolo elaborado pelo Acad. Vladimir Távora Fontoura Cruz.

Depois do término dos trabalhos, a ACM ofereceu aos acadêmicos e seus convidados um coquetel de congraçamento nos jardins da Reitoria da UFC.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18


 

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